Quase Natal
Eu
me sinto mais adaptado à vida canadense quando ando de bicicleta pela
cidade no outono quase inverno, em temperaturas quase negativas, com o
vento batendo no rosto semi-coberto, aumentando o frio, com sensação
térmica de estar abaixo do zero. É uma sensação de poder, que quer me
dizer que o frio não é impedimento para os esportes ao ar livre, que não
há a tristeza do confinamento em ambientes aquecidos
durante meses, que o inverno pode ser mais curto do que sempre ameaça. O
calor do movimento do corpo provoca suor e estimula o bem-estar.
Rodando pela cidade, vejo as pessoas circulando pelo centro comercial,
Yonge Street, turistas e nativos, impossível adivinhar, andando sob
pesados casacos, monotonamente de cor preta, salvo a madame da Bloor
Street, logo ali perto, entrando e saindo de lojas finas, em seu
glamouroso casaco de peles, que mais imitava um pássaro ancestral, de
penas brancas com reflexos de negro nas pontas. Estão todos alegres,
quase confiantes, ricos e pobres, cafonas e modernos, pelas luzes das
festas de fim de ano e pelos primeiros reflexos da neve.
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