Passei a noite de Natal na casa de um primo, junto com mais de 60 pessoas, incluindo gente de nossa família e parentes da esposa dele. Uma mega-festa. Rolou uma brincadeira de amigo-ladrão com 45 (!) participantes, que durou quase duas horas, entre as escolhas na pilha de pacotes e os roubos, até que todos conseguissem os seus presentes. Camisas, bolsas e até livro foram os mais disputados, volta e meia mudavam de mão, roubados o tempo todo pelos participantes.
Os primos que moram em São Paulo trouxeram várias guloseimas e novidades na bagagem. As malas foram extraviadas no vôo da véspera, durante a conexão em Brasília, mas felizmente foram devolvidas a tempo de vestí-los para a noite e fornecer alguns artigos para a ceia, entre vários tipos de nozes, frutas secas e frutas exóticas.
A noite toda fiquei bebericando espumante Don Giovanni Brut, premiado em vários concursos. Uma pérola da vinicultura nacional. O anfitrião, conhecedor e apreciador de vinhos, manda buscar as caixas diretamente no Rio Grande do Sul.
As crianças encenaram o nascimento de Jesus, em um pequeno palco improvisado no grande apartamento.
Na parte das comidas, havia vários tira-gostos interessantes: conserva de pimentões vermelhos, patê de gorgonzola e carne fatiada ao vinagrete com pãozinho delícia. No jantar rolou uma salada de camarão e lula que estava deliciosa, além dos tradicionais peru e pernil assados. Para sobremesa, uma gentileza muito interessante e simpática: um enorme bolo confeitado no qual constava o sobrenome de cada família presente.
No domingo foi a vez de uma feijoada na casa de outra prima, irmã do primo e anfitrião da noite. Papos e mais papos com tios e primos de diferentes gerações, regados a cervejinha e com direito a banho de piscina. Almocei e jantei o saboroso feijão, pois cheguei às 13h30 e saí às 22h, direto para a rodoviária, onde fui deixar outros primos que retornariam para Ilhéus. Isso é que foi festa. Agora é boca fechada para perder o peso. Isto é, até a festa do reveillon.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
30.12.05
Ode à pechincha
Não existem adolescentes que não tenham fascínio por roupas de marcas famosas, as tais griffes. Mesmo aqueles que fazem a linha alternativa, esportiva ou roqueira, têm lá as suas preferências. Mesmo se não for pela marca, haverá desejo por algum tipo de indumentária que os caracterizem por pertencer a um grupo. Batas indianas, indefectíveis camisetas pretas - lisas ou com estampas de grupos de rock’n’roll. Os moderninhos, quase sempre seguidores das batidas eletrônicas, talvez herdeiros dos clubbers, tem o visual bastante pensado, pois a vestimenta quer revelar a novidade, a invenção, o futuro.
Não escapei e não escapo do fascínio com as roupas, mas nunca fui fashion victim, desses que se endivida para comprar calças, camisas e acessórios hypados - para usar um termo próprio do mundinho. Enquanto morava com a família, eu me permitia maiores arroubos fashion-gastadores. Amadurecendo, morando por conta própria e tendo que pagar condomínio, luz, telefone, combustível, mercado e vários impostos, o consumo modístico (existe essa palavra?) teve que ficar em escala secundária.
Dou preferência a peças mais baratas, mas sempre de qualidade. Observo que o avanço da tecnologia tem permitido a confecções menores fazer artigos de qualidade e a preços bem menores. Sei que as lojas caras tem vários profissionais de gabarito por trás do alto preço. Desde o estilista até o vitrinista, passando pelo programador visual das campanhas publicitárias.
Mas eu tenho contas a pagar e saio feliz quando economizo nas compras. Como aconteceu antes do Natal. Comprei uma camisa bacaninha em uma loja simples. Em uma outra loja, uma confecção local com pose de bacana, uma camisa idêntica custava 100 reais a mais. Eu me recuso a pagar.
Não escapei e não escapo do fascínio com as roupas, mas nunca fui fashion victim, desses que se endivida para comprar calças, camisas e acessórios hypados - para usar um termo próprio do mundinho. Enquanto morava com a família, eu me permitia maiores arroubos fashion-gastadores. Amadurecendo, morando por conta própria e tendo que pagar condomínio, luz, telefone, combustível, mercado e vários impostos, o consumo modístico (existe essa palavra?) teve que ficar em escala secundária.
Dou preferência a peças mais baratas, mas sempre de qualidade. Observo que o avanço da tecnologia tem permitido a confecções menores fazer artigos de qualidade e a preços bem menores. Sei que as lojas caras tem vários profissionais de gabarito por trás do alto preço. Desde o estilista até o vitrinista, passando pelo programador visual das campanhas publicitárias.
Mas eu tenho contas a pagar e saio feliz quando economizo nas compras. Como aconteceu antes do Natal. Comprei uma camisa bacaninha em uma loja simples. Em uma outra loja, uma confecção local com pose de bacana, uma camisa idêntica custava 100 reais a mais. Eu me recuso a pagar.
24.12.05
Os dias
Aproveitando o dia nublado para pôr as leituras em dia. Estou na companhia de “Até amanhã, outra vez”, livro de crônicas de Nélida Piñon. Adoro crônicas. Me veio na mente o “Crônicas de Viagem”, de Cecília Meireles. Fiquei comparando. Nélida é mais cerebral, racional, filosófica. Cecília é pura sensibilidade, profundidade, quase magia. As duas são fantásticas.
Ontem, no final da tarde, fui me desvencilhar do calor nas águas da praia do Porto da Barra. Ah, que saudade daquele mar quase piscina. Havia marcado com alguns amigos. E. chegou com os últimos raios de sol. Tomamos banho novamente, agora com a praia iluminada pelos refletores.
Não me canso de falar do Porto da Barra. É a praia mais bacana que conheço, quando se reúne beleza, águas tranqüilas para banho e pôr-do-sol no mar, o que é uma raridade no Brasil, pois o sol normalmente se põe do lado do continente.
Hoje estou me preparando para a confraternização em família, que será em um local diferente. O costume é sempre passar em Ilhéus. No almoço, fiquei restrito a uma saladinha de trigo no almoço, para não engordar e poder ficar à vontade no jantar. Nham nham.
Segundo as colunas de astrologia - aquelas mais confiáveis, que elencam a posição dos astros -, o cenário hoje está bom. Estou me sentindo revigorado, depois de um período de chateações profissionais. Tudo passa, ficam as lições. Sem querer ser ingênuo, acho que todas as experiências, prazerosas ou dolorosas, têm sempre uma faceta importante. Agora é só festa.
E, para que o Natal seja pleno, brindarei pela memória daqueles que sempre estiveram por perto, mas que desta vez não estarão: meu avô, meu pai e minha avó, que se foi este ano. Para mim, homenagear os mortos não é cultivar a tristeza da perda. A boa lembrança é pensar como eles foram importantes e como estariam felizes por estarmos juntos. Mesmo que em planos diferentes.
Feliz Natal, caro leitor.
Ontem, no final da tarde, fui me desvencilhar do calor nas águas da praia do Porto da Barra. Ah, que saudade daquele mar quase piscina. Havia marcado com alguns amigos. E. chegou com os últimos raios de sol. Tomamos banho novamente, agora com a praia iluminada pelos refletores.
Não me canso de falar do Porto da Barra. É a praia mais bacana que conheço, quando se reúne beleza, águas tranqüilas para banho e pôr-do-sol no mar, o que é uma raridade no Brasil, pois o sol normalmente se põe do lado do continente.
Hoje estou me preparando para a confraternização em família, que será em um local diferente. O costume é sempre passar em Ilhéus. No almoço, fiquei restrito a uma saladinha de trigo no almoço, para não engordar e poder ficar à vontade no jantar. Nham nham.
Segundo as colunas de astrologia - aquelas mais confiáveis, que elencam a posição dos astros -, o cenário hoje está bom. Estou me sentindo revigorado, depois de um período de chateações profissionais. Tudo passa, ficam as lições. Sem querer ser ingênuo, acho que todas as experiências, prazerosas ou dolorosas, têm sempre uma faceta importante. Agora é só festa.
E, para que o Natal seja pleno, brindarei pela memória daqueles que sempre estiveram por perto, mas que desta vez não estarão: meu avô, meu pai e minha avó, que se foi este ano. Para mim, homenagear os mortos não é cultivar a tristeza da perda. A boa lembrança é pensar como eles foram importantes e como estariam felizes por estarmos juntos. Mesmo que em planos diferentes.
Feliz Natal, caro leitor.
22.12.05
Fim de ano, festas e cansaço
Pessoas correndo pelas ruas em busca dos últimos presentes e eu me mantenho querendo paz, conforto e descanso. É tudo que eu desejo. Terça-feira fui ao aniversário de um amigo que, como de costume, serviu um lauto jantar aos convidados.
Várias pessoas queridas foram abraçá-lo. Fui apresentado a uma atriz baiana que eu só conhecia de nome e de fotos. Ela atualmente trabalha em São Paulo. Dona de um belo par de olhos claros, é de uma simpatia contagiante.
No cardápio da noite, um camarão ao creme com manga. Uma delícia, o camarão estava apenas ligeiramente cozido. Para acompanhar, um risoto de cogumelos secos e nozes. Foi pena que estava tarde e não pude esperar a sobremesa. Não tenho mais pique para virar a noite e trabalhar no dia seguinte. Hoje em dia, o desconforto de acordar com sono fala mais alto do que o prazer de curtir as festas até o final. Prefiro sair antes.
Este ano vou passar o Natal em Salvador. A família vai vir toda para cá. Que bom que não vou precisar pegar a estrada.
Várias pessoas queridas foram abraçá-lo. Fui apresentado a uma atriz baiana que eu só conhecia de nome e de fotos. Ela atualmente trabalha em São Paulo. Dona de um belo par de olhos claros, é de uma simpatia contagiante.
No cardápio da noite, um camarão ao creme com manga. Uma delícia, o camarão estava apenas ligeiramente cozido. Para acompanhar, um risoto de cogumelos secos e nozes. Foi pena que estava tarde e não pude esperar a sobremesa. Não tenho mais pique para virar a noite e trabalhar no dia seguinte. Hoje em dia, o desconforto de acordar com sono fala mais alto do que o prazer de curtir as festas até o final. Prefiro sair antes.
Este ano vou passar o Natal em Salvador. A família vai vir toda para cá. Que bom que não vou precisar pegar a estrada.
Amor sobrenatural
David (Mark Ruffalo) aluga um apartamento, mas surge uma jovem bonita e controladora, Elizabeth (Reese Whiterspoon, de Legalmente Loira), que insiste que o apartamento é dela. Ela aparece e desaparece sem deixar vestígios, o que faz David acreditar que se trata de um fantasma.
E Se fosse Verdade (Just Like Heaven, EUA,2005) é uma comédia romântica que aposta na dupla Ruffalo-Reese para conduzir uma história que não pode ser levada ao pé da letra, pela razão lógica, mas simplesmente aceita. David irá descobrir que ela está em coma e vai lutar para que os aparelhos não sejam desligados.
Um filme leve, água-com-açúcar, com destaque para o roteiro bem amarrado e diálogos espirituosos. A dupla de protagonistas tem um bom entrosamento. Lembra vagamente Ghost. Alguém se lembra?
E Se fosse Verdade (Just Like Heaven, EUA,2005) é uma comédia romântica que aposta na dupla Ruffalo-Reese para conduzir uma história que não pode ser levada ao pé da letra, pela razão lógica, mas simplesmente aceita. David irá descobrir que ela está em coma e vai lutar para que os aparelhos não sejam desligados.
Um filme leve, água-com-açúcar, com destaque para o roteiro bem amarrado e diálogos espirituosos. A dupla de protagonistas tem um bom entrosamento. Lembra vagamente Ghost. Alguém se lembra?
18.12.05
Camarões no mar espesso
Havia, em um reino hoje distante do meu bolso, um restaurante italiano no qual majestosamente reinava um prato de macarrão com camarão ao molho branco. Eram tempos nos quais eu ainda não tinha me iniciado nos segredos das massas.
Aquela massa era saboreada de uma maneira delirante, com a prática da pesca de camarões de bom tamanho em um lago espesso de molho branco com aroma de noz-moscada.
O tempo passou, aprendi algumas nuances do preparo das massas e dos molhos, e, de vez em quando, vou às panelas para matar as saudades. Os molhos italianos não são muito complicados e tem preparo rápido. Portanto, nos dias que correm, ao sair para almoçar ou jantar, prefiro experimentar pratos com os quais não tenho intimidade no preparo ou que não me disponho a fazer. Não é por esquecimento das massas, de forma alguma.
Tanto que ontem fiz um espaguete com camarão ao molho branco. Os camarões vieram de Ilhéus e dormitavam no meu congelador há algum tempo, contando com a minha pouca disposição para retirar-lhes as cascas.
Armado de coragem, paciência e persistência, eis que parto ao trabalho minucioso de descascamento sem desmanchar a carne. Aprendi que primeiro deve-se ferver os camarões para depois descascá-los. Fica mais fácil.
Piquei cebola e pus um pouco de manteiga para refogá-la. Mais um dente de alho picado e um pouco de sal. A seguir os camarões, para tomar gosto. Mexe-mexe, para lá e para cá. Um tantinho de salsa picada. Depois, o creme branco. Leite com um pouco de maisena, para garantir a textura, e mais um pouquinho de manteiga, para a untuosidade. Por fim, uma caixinha de creme de leite.
Eis o meu segredo para os molhos de base cremosa. Adiciono leite com maisena ou farinha de trigo e um pouco de manteiga. Fica mais leve e menos enjoativo do que se somente for usado o creme de leite.
O toque final ficou por conta da noz-moscada ralada na hora. Ah, e do queijo parmesão também ralado no momento de servir.
Aquela massa era saboreada de uma maneira delirante, com a prática da pesca de camarões de bom tamanho em um lago espesso de molho branco com aroma de noz-moscada.
O tempo passou, aprendi algumas nuances do preparo das massas e dos molhos, e, de vez em quando, vou às panelas para matar as saudades. Os molhos italianos não são muito complicados e tem preparo rápido. Portanto, nos dias que correm, ao sair para almoçar ou jantar, prefiro experimentar pratos com os quais não tenho intimidade no preparo ou que não me disponho a fazer. Não é por esquecimento das massas, de forma alguma.
Tanto que ontem fiz um espaguete com camarão ao molho branco. Os camarões vieram de Ilhéus e dormitavam no meu congelador há algum tempo, contando com a minha pouca disposição para retirar-lhes as cascas.
Armado de coragem, paciência e persistência, eis que parto ao trabalho minucioso de descascamento sem desmanchar a carne. Aprendi que primeiro deve-se ferver os camarões para depois descascá-los. Fica mais fácil.
Piquei cebola e pus um pouco de manteiga para refogá-la. Mais um dente de alho picado e um pouco de sal. A seguir os camarões, para tomar gosto. Mexe-mexe, para lá e para cá. Um tantinho de salsa picada. Depois, o creme branco. Leite com um pouco de maisena, para garantir a textura, e mais um pouquinho de manteiga, para a untuosidade. Por fim, uma caixinha de creme de leite.
Eis o meu segredo para os molhos de base cremosa. Adiciono leite com maisena ou farinha de trigo e um pouco de manteiga. Fica mais leve e menos enjoativo do que se somente for usado o creme de leite.
O toque final ficou por conta da noz-moscada ralada na hora. Ah, e do queijo parmesão também ralado no momento de servir.
15.12.05
Mais beleza americana
Sob a aparência de normalidade, uma típica família norte-americana esconde várias crises. Abalados pela perda do filho, campeão de natação, Sandy (Sigourney Weaver), a mãe, passa a usar drogas; Ben (Jeff Daniels), o pai, está à beira da depressão; Tim (Emile Hirsch), o filho mais novo, passa pelas angústias da adolescência. E Sandy está prestes a revelar um segredo doloroso, capaz de dividir a família.
Heróis Imaginários (Imaginary Heroes, Eua, Alemanha, 2004), escrito e dirigido pelo novato Dan Harris, é um filme denso, que aborda temas difíceis e traz um ponto de vista ácido e irônico sobre a vida familiar, pontuado pelo tom de sarcasmo em cima do drama.
Sandy possui um comportamento infantil, até engraçado, e mantém uma tocante relação de cumplicidade com o filho mais novo. Os diálogos são bem construídos e convincentes. Um filme até certo ponto triste, mas sempre com uma ponta de esperança.
Heróis Imaginários (Imaginary Heroes, Eua, Alemanha, 2004), escrito e dirigido pelo novato Dan Harris, é um filme denso, que aborda temas difíceis e traz um ponto de vista ácido e irônico sobre a vida familiar, pontuado pelo tom de sarcasmo em cima do drama.
Sandy possui um comportamento infantil, até engraçado, e mantém uma tocante relação de cumplicidade com o filho mais novo. Os diálogos são bem construídos e convincentes. Um filme até certo ponto triste, mas sempre com uma ponta de esperança.
11.12.05
Na praia, com reclamações
Ainda há tempo para ir à praia em Salvador com certo sossego, sem engarrafamentos monstruosos. A temporada da porteira aberta para os visitantes ainda não começou. Os turistas estão fazendo as compras de Natal e esperando para passar as festas de final de ano com as famílias. Depois, é salve-se quem puder.
Não se consegue estacionar, não se consegue um lugar para sentar. "Não há mesas disponíveis". Preços altos. Como se não bastasse, há um fenômeno acontecendo em Salvador. De tanto vir passear na cidade, os argentinos resolveram se tornar donos de bares. Sei de pelo menos uns três que pertencem aos vizinhos. Não tenho nada contra eles, mas, exatamente em uma das minhas poucas idas à praia, um incidente bobo, mas chato, aconteceu justamente em uma barraca gerenciada por argentinos.
A cobrança indevida de uma cerveja a mais. Só isso. Foram pedidas duas cervejas e cobradas três. Na barraca Aquarela Beach, no final da badalada praia de Stella Maris. O que me chamou a atenção não foi nem a cobrança indevida, mas o modo incisivo como o garçom (se é que aquilo era garçom, estava mais para fugitivo da Febem) afirmou o consumo, e pelo modo como o gerente (argentino, argh!) pareceu conivente com o argumento do garçom. Tudo porque havíamos mudado de mesa. Mas o pedido havia sido transferido de uma para a outra. Ora, duas cervejas não deixam ninguém tonto o suficiente para esquecer como se conta. De nada adiantou mostrar as duas garrafas vazias que jaziam debaixo da mesa.
O gerente me mostrou as comandas. Havia o pedido das três. Mas como garantir a veracidade? Ele perguntou se era a primeira vez que eu frequentava o local. Eu disse que sim e que provavelmente ia ser a última. Ele se mostrou atento, ofereceu até uma sobremesa da casa para levar, o que prontamente recusei.
Tive a impressão de que foi esperteza do garçom ou, pelo modo como se comunicaram, há um acordo para situações desse tipo. Eles pareciam dizer que o cliente nunca tem razão. Quis acreditar que se a gerência fosse brasileira, o tratamento seria melhor. O que também não é nenhuma certeza.
Evite aquela barraca. Se fazem isso com clientes que pedem duas cervejas, imagine com grupos grandes de beberrões. Os argentinos devem ser acostumados com os seus compatriotas, famosos pelo mau comportamento como turistas. Os corretores de imóveis bem sabem. Alugar apartamentos ou casas para temporada a grupos de argentinos é a certeza dos consertos que vão precisar ser feitos depois.
Não se consegue estacionar, não se consegue um lugar para sentar. "Não há mesas disponíveis". Preços altos. Como se não bastasse, há um fenômeno acontecendo em Salvador. De tanto vir passear na cidade, os argentinos resolveram se tornar donos de bares. Sei de pelo menos uns três que pertencem aos vizinhos. Não tenho nada contra eles, mas, exatamente em uma das minhas poucas idas à praia, um incidente bobo, mas chato, aconteceu justamente em uma barraca gerenciada por argentinos.
A cobrança indevida de uma cerveja a mais. Só isso. Foram pedidas duas cervejas e cobradas três. Na barraca Aquarela Beach, no final da badalada praia de Stella Maris. O que me chamou a atenção não foi nem a cobrança indevida, mas o modo incisivo como o garçom (se é que aquilo era garçom, estava mais para fugitivo da Febem) afirmou o consumo, e pelo modo como o gerente (argentino, argh!) pareceu conivente com o argumento do garçom. Tudo porque havíamos mudado de mesa. Mas o pedido havia sido transferido de uma para a outra. Ora, duas cervejas não deixam ninguém tonto o suficiente para esquecer como se conta. De nada adiantou mostrar as duas garrafas vazias que jaziam debaixo da mesa.
O gerente me mostrou as comandas. Havia o pedido das três. Mas como garantir a veracidade? Ele perguntou se era a primeira vez que eu frequentava o local. Eu disse que sim e que provavelmente ia ser a última. Ele se mostrou atento, ofereceu até uma sobremesa da casa para levar, o que prontamente recusei.
Tive a impressão de que foi esperteza do garçom ou, pelo modo como se comunicaram, há um acordo para situações desse tipo. Eles pareciam dizer que o cliente nunca tem razão. Quis acreditar que se a gerência fosse brasileira, o tratamento seria melhor. O que também não é nenhuma certeza.
Evite aquela barraca. Se fazem isso com clientes que pedem duas cervejas, imagine com grupos grandes de beberrões. Os argentinos devem ser acostumados com os seus compatriotas, famosos pelo mau comportamento como turistas. Os corretores de imóveis bem sabem. Alugar apartamentos ou casas para temporada a grupos de argentinos é a certeza dos consertos que vão precisar ser feitos depois.
10.12.05
Festas de fim de ano
Final de ano e ruas do comércio infestadas de gente atrás dos presentes. Alguma novidade? Nenhuma. Festas de confraternização. Blá blá blá. Cansaço. As férias estão longe, mas nem tanto. Sonhar é preciso. As baterias da imaginação precisam de recarga.
A programação musical de Salvador vai esquentando com o calor do verão. Para quem tem tempo e disposição, o som rola em todo canto da cidade. Este ano, a promessa é o grupo Afrodisíaco, liderado pelos cantores Jauperi e Pierre Onassis, oriundos de outros grupos de axé. Os ensaios são concorridíssimos, eles estão ocupando o espaço deixado por Margareth Menezes de esquentar a folia antes do Carnaval. Vi o show na festa corporativa promovida pela empresa em que trabalho. Sim, eles estiveram lá animando a noite, no Solar do Unhão, na Avenida Contorno.
O som é bom, eles retomam alguns sons da MPB dos anos 80 e 90. Mas não há nada muito criativo. Eles não se dão ao trabalho nem de mudar a sequência das músicas. É sempre o mesmo roteiro em todo show. Que obedece à mesma sequência do disco. Falta de imaginação ou preguiça de inovar?
A programação musical de Salvador vai esquentando com o calor do verão. Para quem tem tempo e disposição, o som rola em todo canto da cidade. Este ano, a promessa é o grupo Afrodisíaco, liderado pelos cantores Jauperi e Pierre Onassis, oriundos de outros grupos de axé. Os ensaios são concorridíssimos, eles estão ocupando o espaço deixado por Margareth Menezes de esquentar a folia antes do Carnaval. Vi o show na festa corporativa promovida pela empresa em que trabalho. Sim, eles estiveram lá animando a noite, no Solar do Unhão, na Avenida Contorno.
O som é bom, eles retomam alguns sons da MPB dos anos 80 e 90. Mas não há nada muito criativo. Eles não se dão ao trabalho nem de mudar a sequência das músicas. É sempre o mesmo roteiro em todo show. Que obedece à mesma sequência do disco. Falta de imaginação ou preguiça de inovar?
7.12.05
Libelo anti-semita
No século XVI, na cidade de Veneza, Bassanio (Joseph Fiennes) pede um empréstimo ao amigo Antonio (Jeremy Irons) um empréstimo para que possa cortejar Portia (Lynn Collins), uma rica herdeira. Antonio tem recursos, mas o seu dinheiro está comprometido em empreendimentos no exterior. Os dois então recorrem ao judeu Shylock (Al Pacino). O agiota impõe uma condição absurda: se o empréstimo não for pago em três meses, Antonio, enquanto avalista, entregará um pedaço de sua própria carne. O naufrágio das suas embarcações deixa Antonio em situação complicada. O caso é levado à corte para que se defina se a condição será mesmo executada.
O Mercador de Veneza (The Merchandt of Venice, EUA,2004), dirigido por Michael Radford, é baseado na peça teatral de William Shakespeare. A história é claramente anti-semita. O judeu é mostrado como usurário e desumano.
A tradução manteve a língua portuguesa formal, com a utilização da segunda pessoa do verbo. Várias frases em ordem inversa mantêm o caráter poético de Shakespeare, mas exigem esforço de compreensão. O time de atores é de primeira, no entanto a atuação mais destacada é de Al Pacino. O filme tem primorosos e premiados figurinos.
O Mercador de Veneza (The Merchandt of Venice, EUA,2004), dirigido por Michael Radford, é baseado na peça teatral de William Shakespeare. A história é claramente anti-semita. O judeu é mostrado como usurário e desumano.
A tradução manteve a língua portuguesa formal, com a utilização da segunda pessoa do verbo. Várias frases em ordem inversa mantêm o caráter poético de Shakespeare, mas exigem esforço de compreensão. O time de atores é de primeira, no entanto a atuação mais destacada é de Al Pacino. O filme tem primorosos e premiados figurinos.
1.12.05
Oásis
É interessante ler textos antigos publicados no blog. Acho um bocado de alhos e bugalhos: erros de português, bobagens, fatos interessantes, lembranças, frases mal escritas, outras mais inspiradas. Tem coisa que dá vontade de apagar. Tem coisa que dá vontade de reviver. Há certo prazer em ver os textos publicados. Consolo para intervalos de secura criativa.
Elas, os sapatos e a poesia
Maggie (Cameron Diaz) é infantil, desordenada, beberrona e não consegue ficar em nenhum emprego. Rose (Toni Collette) é advogada de sucesso, recatada e organizada. Em comum, além da paixão pelos sapatos, o fato de serem irmãs. Em seu Lugar (In Her Shoes, EUA, 2005), direção de Curtis Hanson (8 Mile – Rua da Ilusões), começa com cara de comédia romântica, mas se estabelece no drama familiar das duas irmãs que perderam cedo a mãe e buscam resgatar o passado. Para isso vão ter a ajuda da recém-descoberta avó Ella (Shirley MacLaine), que elas pensavam estar morta. A avó mora em um agitado retiro para idosos, em uma cidade litorânea.
Mesmo centrado no drama, o humor perpassa todo o filme, o que reduz o peso dos conflitos familiares causados, em boa parte, por dificuldades de comunicação. Fica evidente a mensagem de que a experiência de pessoas idosas pode ser útil na resolução de conflitos da juventude. Bom roteiro, que poderia ser adaptado para novela ou seriado de TV. Imperdíveis as cenas em que Maggie lê poemas de Elizabeth Bishop e E.E. Cummings.
Mesmo centrado no drama, o humor perpassa todo o filme, o que reduz o peso dos conflitos familiares causados, em boa parte, por dificuldades de comunicação. Fica evidente a mensagem de que a experiência de pessoas idosas pode ser útil na resolução de conflitos da juventude. Bom roteiro, que poderia ser adaptado para novela ou seriado de TV. Imperdíveis as cenas em que Maggie lê poemas de Elizabeth Bishop e E.E. Cummings.
28.11.05
Lembranças do México
Final de semana para fazer na-da. Preguiça total. Duas sessões de cinema, leituras e rápido preparo de guacamole, molho mexicano à base de abacate. Para comer com as fantásticas tortillas de maíz (milho), que a minha amiga V. gentilmente trouxe do México, na bagagem de mão, para mim. Além das tortillas, ela ainda me presenteou com salsa picante, jalapeños e salgadinhos de milho picante. Isso é que é cartaz. Ajudado pela pouca disposição de sair para almoçar fora no domingo, devorei as tortillas com guacamole.
Um dos meus restaurantes prediletos, o Aconchego da Zuzu, virou recanto célebre. Foi mostrado em um programa de viagens na MTV como opção barata e agradável, e, por conseqüência, foi virou matéria de uma TV local. Resultado: nenhuma mesa disponível. Na semana passada, domingão de feijoada, tivemos que esperar para que uma ficasse vazia. E isso quase às três da tarde. O restaurante atende em um esquema caseiro, não tem estrutura para muita gente. Tomara que a freqüência não aumente demais.
Um dos meus restaurantes prediletos, o Aconchego da Zuzu, virou recanto célebre. Foi mostrado em um programa de viagens na MTV como opção barata e agradável, e, por conseqüência, foi virou matéria de uma TV local. Resultado: nenhuma mesa disponível. Na semana passada, domingão de feijoada, tivemos que esperar para que uma ficasse vazia. E isso quase às três da tarde. O restaurante atende em um esquema caseiro, não tem estrutura para muita gente. Tomara que a freqüência não aumente demais.
22.11.05
Seu desejo é uma ordem
Parece até que eu estava adivinhando. O circuito Sala de Arte atendeu aos meus pedidos, reclamados no post abaixo. Eu estava comprando a entrada para Manderlay, de Lars von Trier, em plena terça-feira, preço camarada, quando a bilheteira me ofereceu o seguinte: um cartão da casa, com direito a 20 convites, por 100 reais. Cada convite sai por 5 reais! E, caso esteja acompanhado, pode-se utilizar quantos quiser por sessão. O cartão tem validade indefinida.
Oba! Vou voltar ao cinema nos domingos. Sem contar que, no fim do mês, começa um festival de filmes franceses. Estarei lá.
Oba! Vou voltar ao cinema nos domingos. Sem contar que, no fim do mês, começa um festival de filmes franceses. Estarei lá.
21.11.05
Campanha pelo preço baixo no teatro e no cinema baiano
Não sou nenhum conhecedor dos cálculos das produções culturais, mas observo o que se passa nos teatros e salas de cinema de Salvador. Depois do aperto que a Prefeitura deu nas carteiras de estudante falsificadas, ficou visível a redução do público em alguns espaços.
O fato é que teatros e cinemas estão muito caros para o bolso médio do freqüentador. Tem produção local que chega a cobrar 30 reais a inteira no sábado. O resultado é menos da metade do teatro preenchido. E muitos convidados na platéia. As salas de cinema comercial não sofreram muito abalo, pois a maior parte do público é composto de estudantes. Principalmente nos “Domingos Selvagens”, a movimentação continua intensa. Aí não há nem como argumentar. As salas de cinema autoral é que parecem ter sofrido maior redução de público.
O teatro baiano, particularmente, anda caro. Depois que deixei de ser estudante, reduzi bastante as minhas idas. Procuro aproveitar as promoções e convites. Mas não tenho ido com a freqüência que desejaria.
Os espetáculos teatrais mais comerciais e os filmes de arte deveriam baixar de preço. Há pouco tempo, uma peça sobre Raul Seixas atraía uma horda de interessados, pela qualidade do espetáculo e pelo preço acessível. Teatro sempre lotado, difícil até conseguir ingressos. O Theatro XVIII, com seus ingressos a 4 reais, está sempre lotado. A peça 1,99, de Ricardo Castro, também. O Teatro Vila Velha tem espetáculos a preços bem camaradas.
Bem que poderia haver uma campanha de meia entrada para todos. Por exemplo, se a peça custa 30, a meia entrada (para todos os pagantes) ficaria em 15. Mais em conta, maior probabilidade de o público se aproximar.
No início deste ano, quando comecei a notar que as peças estavam mais caras, achei até interessante. Pensei que se tratava de uma “valorização” (monetária) do teatro baiano. Mas quando comparei, nas revistas especializadas, com os preços de espetáculos no Rio e São Paulo (descontando aqueles com atores globais), notei que alguns baianos estão mais caros do que lá!
Abaixem os preços já! Perde-se no valor do ingresso, mas se compensa no aumento dos pagantes. A conta parece valer a pena.
O fato é que teatros e cinemas estão muito caros para o bolso médio do freqüentador. Tem produção local que chega a cobrar 30 reais a inteira no sábado. O resultado é menos da metade do teatro preenchido. E muitos convidados na platéia. As salas de cinema comercial não sofreram muito abalo, pois a maior parte do público é composto de estudantes. Principalmente nos “Domingos Selvagens”, a movimentação continua intensa. Aí não há nem como argumentar. As salas de cinema autoral é que parecem ter sofrido maior redução de público.
O teatro baiano, particularmente, anda caro. Depois que deixei de ser estudante, reduzi bastante as minhas idas. Procuro aproveitar as promoções e convites. Mas não tenho ido com a freqüência que desejaria.
Os espetáculos teatrais mais comerciais e os filmes de arte deveriam baixar de preço. Há pouco tempo, uma peça sobre Raul Seixas atraía uma horda de interessados, pela qualidade do espetáculo e pelo preço acessível. Teatro sempre lotado, difícil até conseguir ingressos. O Theatro XVIII, com seus ingressos a 4 reais, está sempre lotado. A peça 1,99, de Ricardo Castro, também. O Teatro Vila Velha tem espetáculos a preços bem camaradas.
Bem que poderia haver uma campanha de meia entrada para todos. Por exemplo, se a peça custa 30, a meia entrada (para todos os pagantes) ficaria em 15. Mais em conta, maior probabilidade de o público se aproximar.
No início deste ano, quando comecei a notar que as peças estavam mais caras, achei até interessante. Pensei que se tratava de uma “valorização” (monetária) do teatro baiano. Mas quando comparei, nas revistas especializadas, com os preços de espetáculos no Rio e São Paulo (descontando aqueles com atores globais), notei que alguns baianos estão mais caros do que lá!
Abaixem os preços já! Perde-se no valor do ingresso, mas se compensa no aumento dos pagantes. A conta parece valer a pena.
20.11.05
Gente
Tem gente nova aí ao lado. Gente que visito, com mais ou com menos frequência. Gente que chego na casa sem avisar. Há gente que conheço e que não conheço. Tem gente que estava aí e gente que chega agora. Há velhos e novos amigos. Há gente a quem, um dia, vou ser apresentado. Tem gente a quem, um dia, eu vou me apresentar. Tem gente que eu vou demorar de encontrar. Tem gente que vou ver daqui a pouco.
17.11.05
Twist again
O órfão Oliver Twist (Barney Clark) é vendido para o dono de uma funerária, mas, por conta dos maus tratos, resolve fugir para Londres. Lá ele conhece e recebe ajuda do grotesco Fagin (Ben Kingsley, de Gandhi), que lidera um grupo de pequenos marginais e de prostitutas.
O livro do inglês Charles Dickens, lançado em 1838, já teve várias adaptações para o cinema. A nova versão de Oliver Twist (Inglaterra, República Tcheca, 2005) é dirigida por Roman Polanski (de O Pianista), com boa reconstituição da época vitoriana na Inglaterra, marcada por pobreza e doenças.
Histórias de crianças órfãs tendem a atrair o sentimentalismo, mas Polanski evita e direciona para as desventuras do garoto na cidade grande. Funciona até a primeira metade do filme, mas, daí até o final, o resultado é monótono. Vinte minutos a menos de projeção fariam diferença.
O livro do inglês Charles Dickens, lançado em 1838, já teve várias adaptações para o cinema. A nova versão de Oliver Twist (Inglaterra, República Tcheca, 2005) é dirigida por Roman Polanski (de O Pianista), com boa reconstituição da época vitoriana na Inglaterra, marcada por pobreza e doenças.
Histórias de crianças órfãs tendem a atrair o sentimentalismo, mas Polanski evita e direciona para as desventuras do garoto na cidade grande. Funciona até a primeira metade do filme, mas, daí até o final, o resultado é monótono. Vinte minutos a menos de projeção fariam diferença.
Pagode no teatro
Fazer um curso de teatro está sendo muito interessante para mim. Apesar de ser um tanto circunspecto, tenho deixado aflorar um lado brincalhão e até inventivo, que antes só revelava para as pessoas mais próximas. Outro dia fizemos na aula uma atividade na qual os alunos ficavam deitados no chão e tinham que cantar algumas músicas. Cada pessoa teria a sua vez de cantar as variedades escolhidas.
A primeira teria que ser uma música nacional. Cantei um pedaço de Açaí, de Djavan. Não sei por que, pois nem gosto muito dele. A segunda teria que ser uma música em inglês. Quem não soubesse a língua, poderia cantar de qualquer jeito. Foi engraçado ouvir gente cantando Nanana nanaananan, enrolando a língua, cantando como se ouve sem conhecer a letra.
Puxei das catacumbas a letra de Material Girl, de Madonna. Foi a única que consegui lembrar um pedaço em inglês. Acho que fiquei uma coisa fora de série cantando “I’m a material girl”. Hehehe. A sorte é que estávamos deitados e eu não via a cara das outras pessoas. Acho que a intenção de cantar deitado era justamente não encarar os outros.
A letra da terceira música teria que ser inventada na hora. Humm. Na Bahia, achei que deveria privilegiar a cultura popular e inventei um pagode. O Pagode da Periguete. Quer ouvir?
(Gritando) Quebra ordinária
“Fui no pagode
Encontrei a periquete
Eu disse fala periguete
A periguete me pediu um chiclete
Eu disse: ô periguete, só se você me pagar um...
Um o quê?
Ô periguete
Ô periguete”
Que obra-prima! Olha que pérola da MPB.
Teve gente que deu muita risada.
15.11.05
Glauber mais uma vez
Depois de mais ou menos um ano, fui ver novamente Esse Glauber , no Theatro XVIII, que eu tinha visto logo depois da estréia. Desta vez, achei que os desempenhos dos atores quando cantam está bem melhor, com mais segurança e leveza.
Na atuação, R. Assemany, como sempre, brilhando, emocionando e arrasando no papel da cordeira (aquela que segura a corda do bloco de Carnaval) Todo Mundo. D. Lopes conduz o papel do cordeiro Qualquer Um com muito talento, cheio do molejo de um baiano “típico”. O texto é primoroso, a peça merece ser vista mais de uma vez, para permitir a absorção de mais informações. A crítica é pesada à indústria baiana do entretenimento carnavalesco.
Esse Glauber é um espetáculo para quem quer conhecer mais da Bahia que fica ofuscada pelas luzes das festa do Carnaval e para saber mais da população de cedeu espaço nas ruas aos camarotes. A praça, antes palco de festas animadas, já não é mais do povo.
A Bahia que, em Estados como São Paulo, virou sinônimo de preguiça e burrice, mas que serve de balneário concorridíssimo entre os mesmos paulistas. A Bahia que paradoxalmente é objeto de escárnio e de desejo. “Quem desdenha, quer comprar”, dizia o meu pai.
As músicas e as epístolas a Glauber Rocha são um capítulo à parte. Os atores se despem momentaneamente dos personagens e se tornam cantores e oradores vigorosos. A direção musical de Jarbas Bittencout é responsável por grandes momentos. Aplaudi o espetáculo, novamente, de pé e com vontade.
Uma provinha de A. Franco:
Canção da Vida de Camarote
"Quando eu morrer
Eu não quero ir pro céu
Quero ir prum camarote (...)
(balançar o meu chicote)
Vivo eu não entro
eu não tô no poder
Não sou gostoso
nem ganho pra ver,
Não sou modelo
Nem ator de TV
Como é que eu entro?
Só se eu morrer
(...)
Num camarote
Não existe "pobrema"
A vida lá é melhor que cinema
tudo de grátis com vista pro mar
é só morrendo que eu vou frequentar."
Na atuação, R. Assemany, como sempre, brilhando, emocionando e arrasando no papel da cordeira (aquela que segura a corda do bloco de Carnaval) Todo Mundo. D. Lopes conduz o papel do cordeiro Qualquer Um com muito talento, cheio do molejo de um baiano “típico”. O texto é primoroso, a peça merece ser vista mais de uma vez, para permitir a absorção de mais informações. A crítica é pesada à indústria baiana do entretenimento carnavalesco.
Esse Glauber é um espetáculo para quem quer conhecer mais da Bahia que fica ofuscada pelas luzes das festa do Carnaval e para saber mais da população de cedeu espaço nas ruas aos camarotes. A praça, antes palco de festas animadas, já não é mais do povo.
A Bahia que, em Estados como São Paulo, virou sinônimo de preguiça e burrice, mas que serve de balneário concorridíssimo entre os mesmos paulistas. A Bahia que paradoxalmente é objeto de escárnio e de desejo. “Quem desdenha, quer comprar”, dizia o meu pai.
As músicas e as epístolas a Glauber Rocha são um capítulo à parte. Os atores se despem momentaneamente dos personagens e se tornam cantores e oradores vigorosos. A direção musical de Jarbas Bittencout é responsável por grandes momentos. Aplaudi o espetáculo, novamente, de pé e com vontade.
Uma provinha de A. Franco:
Canção da Vida de Camarote
"Quando eu morrer
Eu não quero ir pro céu
Quero ir prum camarote (...)
(balançar o meu chicote)
Vivo eu não entro
eu não tô no poder
Não sou gostoso
nem ganho pra ver,
Não sou modelo
Nem ator de TV
Como é que eu entro?
Só se eu morrer
(...)
Num camarote
Não existe "pobrema"
A vida lá é melhor que cinema
tudo de grátis com vista pro mar
é só morrendo que eu vou frequentar."
12.11.05
Receita
Especial para os famintos leitores. Tá com fome? Abriu a geladeira e não tem nada para comer? Os enlatados acabaram e sua fome continua? Seus problemas terminaram. Abra a gaveta de temperos e experimente este molho com uma boa massa. A receita é para 2 pessoas.
4 dentes de alho cortados ao comprido
1 cebola cortada em rodelas finas
5 tomates bem vermelhos
1 colher de sopa de alcaparras
8 azeitonas pretas sem caroço e picadas
Refogue o alho em um um pouco de azeite de oliva sem deixar dourar. Adicione a cebola. Cozinhe mais um pouco adicione os tomates em pedaços não muito pequenos. Deve-se tirar a pele as sementes. Se estiver com preguiça, pode colocar tudo junto, fica um pouco mais ácido, mas não se perde o sabor. Adicione as alcaparras. Cozinhe mais um pouco e por último as azeitonas. Não precisa nem colocar água. O molho é cozido no próprio suco do tomate. Adicione sal a gosto e um pouco mais de azeite. Fica uma coi-sa. E ainda passa por prato elaborado.
Este molho é uma variação do tradicional italiano “alla putanesca”. Na versão original leva anchovas, que não fazem falta. Vá por mim e experimente. A receita é de uma prima paulistana, descendente de italianos. Buono apetito.
4 dentes de alho cortados ao comprido
1 cebola cortada em rodelas finas
5 tomates bem vermelhos
1 colher de sopa de alcaparras
8 azeitonas pretas sem caroço e picadas
Refogue o alho em um um pouco de azeite de oliva sem deixar dourar. Adicione a cebola. Cozinhe mais um pouco adicione os tomates em pedaços não muito pequenos. Deve-se tirar a pele as sementes. Se estiver com preguiça, pode colocar tudo junto, fica um pouco mais ácido, mas não se perde o sabor. Adicione as alcaparras. Cozinhe mais um pouco e por último as azeitonas. Não precisa nem colocar água. O molho é cozido no próprio suco do tomate. Adicione sal a gosto e um pouco mais de azeite. Fica uma coi-sa. E ainda passa por prato elaborado.
Este molho é uma variação do tradicional italiano “alla putanesca”. Na versão original leva anchovas, que não fazem falta. Vá por mim e experimente. A receita é de uma prima paulistana, descendente de italianos. Buono apetito.
10.11.05
Consequências da violência
Para evitar um assalto ao seu restaurante, em uma pequena e tranquila cidade no interior dos Estados Unidos, o pacato Tom Stall (Viggo Mortensen, de O Senhor dos Anéis) mata, em legítima defesa, dois criminosos. Aclamado como héroi, é transformado em celebridade pelos meios de comunicação. A fama atrai a atenção de outros criminosos, que passam a procurá-lo, o que irá abalar suas relações familiares.
Marcas da Violência (A History of Violence, EUA, 2005) é o novo trabalho do diretor David Cronenberg (de A Mosca). Inspirado em uma revista em quadrinhos, poderia passar por mais um filme policial cheio de tiros e lutas, mas segue outro caminho. O drama familiar mantém o realismo psicológico. Fica evidente o questionamento se a violência é inata do indivíduo e se o preço da paz é a própria violência.
O elenco conta com as presenças de Ed Harris e William Hurt e vem conseguindo boa bilheteria nos Estados Unidos.
Marcas da Violência (A History of Violence, EUA, 2005) é o novo trabalho do diretor David Cronenberg (de A Mosca). Inspirado em uma revista em quadrinhos, poderia passar por mais um filme policial cheio de tiros e lutas, mas segue outro caminho. O drama familiar mantém o realismo psicológico. Fica evidente o questionamento se a violência é inata do indivíduo e se o preço da paz é a própria violência.
O elenco conta com as presenças de Ed Harris e William Hurt e vem conseguindo boa bilheteria nos Estados Unidos.
Pausa
Se as palavras não conseguem mover as árvores, é preciso esperar que os bons ventos façam as folhas farfalhar.
6.11.05
O retorno de Crowe
Depois de causar um prejuízo de quase um bilhão de dólares para a sua empresa, Drew (Orlando Bloom, de Cruzada) está à beira do suicídio. É quando recebe um telefonema informando a morte do seu pai. Ele então volta para a cidade natal da família paterna para o funeral. No meio do caminho, ele conhece a aeromoça Claire (Kirsten Dunst) e passa a ter um novo propósito na vida.
A sinopse do filme parece de um drama óbvio ou de uma comédia romântica. O diretor Cameron Crowe escolheu a segunda opção em Tudo Acontece em Elizabethtown (Elizabethtown, EUA, 2005), adicionando algumas pitadas de humor negro, sem descambar para a baixa qualidade. O resultado é um filme divertido, com bons diálogos e destaque para a ótima seleção musical, que mistura rock e blues.
Apesar da presença de um bom elenco, que inclui a atriz Susan Sarandon, e do reconhecimento do diretor por Quase Famosos, seu trabalho anterior, a crítica americana não teve boa receptividade com o filme. Parece que os americanos têm dificuldade em admitir derrotas, seja na guerra, nos negócios ou na carreira profissional.
A sinopse do filme parece de um drama óbvio ou de uma comédia romântica. O diretor Cameron Crowe escolheu a segunda opção em Tudo Acontece em Elizabethtown (Elizabethtown, EUA, 2005), adicionando algumas pitadas de humor negro, sem descambar para a baixa qualidade. O resultado é um filme divertido, com bons diálogos e destaque para a ótima seleção musical, que mistura rock e blues.
Apesar da presença de um bom elenco, que inclui a atriz Susan Sarandon, e do reconhecimento do diretor por Quase Famosos, seu trabalho anterior, a crítica americana não teve boa receptividade com o filme. Parece que os americanos têm dificuldade em admitir derrotas, seja na guerra, nos negócios ou na carreira profissional.
2.11.05
Cidade da Bahia
As águas, os barcos, as luzes, as ladeiras e as baixadas. O jeito próprio de falar, com suas palavras que não chegam às últimas letras. O vocabulário pincelado de palavrões. Os poros, o suor, os olhares cheios de expressões. Está tudo lá, sob a visão de uma câmera que avança e se aproxima de malandros, barqueiros, marinheiros, prostitutas, travestis. Um microcosmo onde nada é completamente errado e nada é totalmente certo.
Os personagens estão expostos até as entranhas em Cidade Baixa, de Sérgio Farias, com os excepcionais Lázaro Ramos, Wagner Moura e Alice Braga. O jeito baiano atual de falar está na tela, como nunca mostrado antes. Algo somente possível pelo fato de ter os dois atores baianos como protagonistas.
É a Bahia refletida nas águas da Baía de Todos os Santos, talvez o seu maior espelho. Imagens próximas e queridas de quem é da terra. A Cidade Baixa com suas casas decadentes e cheias do limo que escurecem as paredes. Os prostíbulos, os botecos sujos e as prostitutas-dançarinas. Pobreza e falta de ocupação. Música tecno e axé-music. Personagens atualizados de Jorge Amado, que dançam sob um som possível em qualquer lugar do mundo. Uma moralidade diferente, mais próxima e menos perceptível do que a classe média-burguesa imagina.
Cidade Baixa é um filme tenso e pesado, com inserções constantes de violência, mas também com muita emoção e delicadeza, em desempenhos fascinantes dos atores, o que compensa o roteiro que precisaria de uma narrativa com mais a dizer. O que está por trás da concorrência dos dois amigos de infância pela prostituta-dançarina? Uma disputa de um homem pelo outro, em uma tensão sexual que só consegue fluir pela violência? O final aberto do filme deixa ao espectador a elaboração das respostas.
Os personagens estão expostos até as entranhas em Cidade Baixa, de Sérgio Farias, com os excepcionais Lázaro Ramos, Wagner Moura e Alice Braga. O jeito baiano atual de falar está na tela, como nunca mostrado antes. Algo somente possível pelo fato de ter os dois atores baianos como protagonistas.
É a Bahia refletida nas águas da Baía de Todos os Santos, talvez o seu maior espelho. Imagens próximas e queridas de quem é da terra. A Cidade Baixa com suas casas decadentes e cheias do limo que escurecem as paredes. Os prostíbulos, os botecos sujos e as prostitutas-dançarinas. Pobreza e falta de ocupação. Música tecno e axé-music. Personagens atualizados de Jorge Amado, que dançam sob um som possível em qualquer lugar do mundo. Uma moralidade diferente, mais próxima e menos perceptível do que a classe média-burguesa imagina.
Cidade Baixa é um filme tenso e pesado, com inserções constantes de violência, mas também com muita emoção e delicadeza, em desempenhos fascinantes dos atores, o que compensa o roteiro que precisaria de uma narrativa com mais a dizer. O que está por trás da concorrência dos dois amigos de infância pela prostituta-dançarina? Uma disputa de um homem pelo outro, em uma tensão sexual que só consegue fluir pela violência? O final aberto do filme deixa ao espectador a elaboração das respostas.
Incorretíssima
“Expresso sola de sapato – é o vale-transporte de pobre”
“Pobre só vai para a frente quando a polícia vem atrás”
Marinete, em A Diarista
“Pobre só vai para a frente quando a polícia vem atrás”
Marinete, em A Diarista
29.10.05
Aula de vida
Estou fazendo te-a-tro. Já que Todo Mundo Faz Teatro, também resolvi me juntar a todo mundo, por algumas razões. Primeiro, a vida é um espaço cênico. Escolhemos os nossos papéis e máscaras, que utilizamos de acordo com a situação. Não há como escapar disso, seja no trabalho, na família e no amor. Talvez até quando estamos sozinhos e imaginamos um grande ou pequeno papel para nós mesmos. Algo possível ou não.
As aulas acontecem aos sábados e são deliciosas. Há brincadeiras e jogos com diversos intuitos, que aproximam as pessoas, descontraem e iniciam os exercícios. Ainda estamos nas improvisações, não chegamos aos textos. Gostaria de filmar as aulas para me ver atuando. Deixa quieto, melhor não.
As aulas acontecem aos sábados e são deliciosas. Há brincadeiras e jogos com diversos intuitos, que aproximam as pessoas, descontraem e iniciam os exercícios. Ainda estamos nas improvisações, não chegamos aos textos. Gostaria de filmar as aulas para me ver atuando. Deixa quieto, melhor não.
27.10.05
Zorro para menores
Em 1850, depois de lutar para que a Califórnia se torne o 31º Estado dos Estados Unidos, Zorro (Antonio Banderas) pretende cumprir a promessa que fez à sua mulher Elena (Catherine Zeta-Jones) de desistir da sua identidade secreta e levar uma vida normal, como Don Alejandro de la Vega, junto dela e de Joaquin (Adrian Alonso), o filho de ambos. Mas Zorro terá que lutar contra uma organização de origem européia que quer impedir a integração da Califórnia e a futura prosperidade norte-americana.
A Lenda do Zorro (The Zorro Legend, EUA, 2005) é a continuação de A Máscara do Zorro, exibido nos cinemas em 1998, que lançou o espanhol Banderas e a galesa Zeta-Jones no cinema americano. Desta vez o garoto Adrian Alonso tem grande participação, provavelmente para atrair o público infantil. As cenas de comédia estão presentes em boa parte do filme e as cenas de lutas não tem sangue. A Lenda do Zorro é destinado a entrar para a lista da sessão da tarde.
A Lenda do Zorro (The Zorro Legend, EUA, 2005) é a continuação de A Máscara do Zorro, exibido nos cinemas em 1998, que lançou o espanhol Banderas e a galesa Zeta-Jones no cinema americano. Desta vez o garoto Adrian Alonso tem grande participação, provavelmente para atrair o público infantil. As cenas de comédia estão presentes em boa parte do filme e as cenas de lutas não tem sangue. A Lenda do Zorro é destinado a entrar para a lista da sessão da tarde.
25.10.05
Jornalistas cercados
Uma ex-colega de Faculdade está felicíssima em estágio na Folha de São Paulo. Ela participou de seleção nacional e ficou entre os dez escolhidos. A jovem jornalista conta que no domingo, dia de votação, junto com outra companheira de trabalho – para usar um termo típico -, foi fazer entrevista com Lula. Ela conta que todos os jornalistas foram afastados do presidente e tiveram que ficar aguardando em um “cercadinho”. Os amigos que receberam o e-mail, no qual ela relatava a história, ficaram entre o espanto e a gozação.
Para tentar entender o caso, propus uma enquete. Por que colocaram os jornalistas no cercadinho?
A) Animais perigosos, eles não podiam sair dali. Por isso havia até fio elétrico de isolamento.
B) Mais uma campanha de exploração de jornalistas. Cansaram de tirar sangue e desta vez iriam tirar leite deles.
C) Os seguranças notaram que os jornalistas estavam com fome e os deixaram a saborear os vegetais selvagens que cresciam ali por perto.
D) O cercadinho é o novo modelito econômico de sala de imprensa. Preparem-se, daqui para a frente, todas serão assim.
Vocês decidem.
Para tentar entender o caso, propus uma enquete. Por que colocaram os jornalistas no cercadinho?
A) Animais perigosos, eles não podiam sair dali. Por isso havia até fio elétrico de isolamento.
B) Mais uma campanha de exploração de jornalistas. Cansaram de tirar sangue e desta vez iriam tirar leite deles.
C) Os seguranças notaram que os jornalistas estavam com fome e os deixaram a saborear os vegetais selvagens que cresciam ali por perto.
D) O cercadinho é o novo modelito econômico de sala de imprensa. Preparem-se, daqui para a frente, todas serão assim.
Vocês decidem.
22.10.05
Os chineses de Salvador
Os restaurantes chineses proliferam em Salvador. Eles têm longa história na cidade e estão em vários bairros, às vezes um ao lado do outro. Os restaurantes são conhecidos como baratos e por servirem porções generosas.
A culinária chinesa é milenar e riquíssima. Ao lado da cozinha francesa e da italiana, é apontada como uma das três melhores e mais completas do mundo. Li em algum lugar que um famoso prato chinês, o pato laqueado – que sonho em conhecer – tem mais de mil formas de preparo.
Os grandes restaurantes chineses estabelecidos na cidade são tradicionais, estão no mercado há vários anos. Venho notando que os “novos chineses”, isto é, não sei se são chineses ou coreanos, vêm montando seus negócios em locais populares, principalmente no centro da cidade. São restaurantes a quilo, alguns melhores, outros com um aspecto sujinho, o que dá medo até de entrar. Entre o feijão e o arroz, sempre há porções de pratos orientais.
Talvez pela facilidade de encontrar um restaurante chinês e pela popularização – nos finais de semana eles são ensurdecedores, pois são uma das últimas possibilidades para as famílias de classe média saírem unidas para almoçar ou jantar -, acabam por ficar esquecidos quando se quer sair para comer em um local refinado.
Nesta semana, em comemoração a dois aniversários, passei por dois restaurantes. Um mais fino e um chinês. No restaurante mais seleto e mais caro, paguei, é claro, mais caro. Pedi um filezinho aperitivo de entrada. O prato principal foi um badejo na manteiga com molho de camarão, cogumelos, alcaparras e acompanhado de batatas. Estava uma delícia, mas o sal passava do ponto. Para iniciar os trabalhos da noite, tomei ½ garrafa de tinto Terranova Shiraz que estava com preço ótimo: 11 reais. O restaurante deve comprar os vinhos direto no distribuidor. No supermercado, a garrafa custa 16 reais. Ok, fui bem servido, paguei pela refeição um valor que não foi estratosférico.
No dia seguinte, fui a um restaurante chinês, um dos meus favoritos, o Tai San, na avenida Paulo VI. Tradicional, de comida barata e gostosa. Melhor do que aqueles chineses da Barra, cujos pratos sempre vêm gordurosos demais. Foi a festa total. De entrada, um pãozinho chinês no vapor com recheio de porco. Comi um yakissoba de camarão com legumes muitíssimo bem servido. Camarões à vontade. E bem mais em conta que o badejo do dia anterior.
A lição que tirei das duas noitadas, não é nenhuma novidade, foi que a gente nem sempre paga só pela comida. Paga-se o luxo dos guardanapos, dos garçons, das taças, do ambiente mais silencioso. Às vezes, em locais mais baratos, come-se mais e com a mesma qualidade. Difícil é descobrir esses lugares.
A culinária chinesa é milenar e riquíssima. Ao lado da cozinha francesa e da italiana, é apontada como uma das três melhores e mais completas do mundo. Li em algum lugar que um famoso prato chinês, o pato laqueado – que sonho em conhecer – tem mais de mil formas de preparo.
Os grandes restaurantes chineses estabelecidos na cidade são tradicionais, estão no mercado há vários anos. Venho notando que os “novos chineses”, isto é, não sei se são chineses ou coreanos, vêm montando seus negócios em locais populares, principalmente no centro da cidade. São restaurantes a quilo, alguns melhores, outros com um aspecto sujinho, o que dá medo até de entrar. Entre o feijão e o arroz, sempre há porções de pratos orientais.
Talvez pela facilidade de encontrar um restaurante chinês e pela popularização – nos finais de semana eles são ensurdecedores, pois são uma das últimas possibilidades para as famílias de classe média saírem unidas para almoçar ou jantar -, acabam por ficar esquecidos quando se quer sair para comer em um local refinado.
Nesta semana, em comemoração a dois aniversários, passei por dois restaurantes. Um mais fino e um chinês. No restaurante mais seleto e mais caro, paguei, é claro, mais caro. Pedi um filezinho aperitivo de entrada. O prato principal foi um badejo na manteiga com molho de camarão, cogumelos, alcaparras e acompanhado de batatas. Estava uma delícia, mas o sal passava do ponto. Para iniciar os trabalhos da noite, tomei ½ garrafa de tinto Terranova Shiraz que estava com preço ótimo: 11 reais. O restaurante deve comprar os vinhos direto no distribuidor. No supermercado, a garrafa custa 16 reais. Ok, fui bem servido, paguei pela refeição um valor que não foi estratosférico.
No dia seguinte, fui a um restaurante chinês, um dos meus favoritos, o Tai San, na avenida Paulo VI. Tradicional, de comida barata e gostosa. Melhor do que aqueles chineses da Barra, cujos pratos sempre vêm gordurosos demais. Foi a festa total. De entrada, um pãozinho chinês no vapor com recheio de porco. Comi um yakissoba de camarão com legumes muitíssimo bem servido. Camarões à vontade. E bem mais em conta que o badejo do dia anterior.
A lição que tirei das duas noitadas, não é nenhuma novidade, foi que a gente nem sempre paga só pela comida. Paga-se o luxo dos guardanapos, dos garçons, das taças, do ambiente mais silencioso. Às vezes, em locais mais baratos, come-se mais e com a mesma qualidade. Difícil é descobrir esses lugares.
20.10.05
Desaparecimento no vôo
Durante um vôo Alemanha-Estados Unidos, a engenheira de projetos de aviação Kyle Pratt (Jodie Foster) entra em pânico com o sumiço de sua filha de 6 anos, Julia (Marlene Lawston), no imenso avião de dois andares, que ela própria ajudou a construir. Kyle Pratt está devastada emocionalmente, devido à recente morte de seu marido. Desesperada, ela precisa provar à tripulação e aos passageiros a sua sanidade e encontrar a filha.
Plano de Vôo (Flightplan, EUA, 2005) traz Jodie Foster em ótima atuação, no papel da mãe que luta até o limite para ter a filha de volta. Em um plano secundário, novamente é abordado - depois do recente filme Vôo Noturno - o pânico dos americanos com incidentes nos vôos. Os árabes presentes no avião se tornam imediatamente suspeitos do sequestro da criança.
A história é mirabolante e com pouca possibilidade de acontecer. Há furos no roteiro e algumas perguntas ficam sem resposta. A compensação é o suspense intenso, do início ao fim. Indicado quem gosta de filmes de ação.
Plano de Vôo (Flightplan, EUA, 2005) traz Jodie Foster em ótima atuação, no papel da mãe que luta até o limite para ter a filha de volta. Em um plano secundário, novamente é abordado - depois do recente filme Vôo Noturno - o pânico dos americanos com incidentes nos vôos. Os árabes presentes no avião se tornam imediatamente suspeitos do sequestro da criança.
A história é mirabolante e com pouca possibilidade de acontecer. Há furos no roteiro e algumas perguntas ficam sem resposta. A compensação é o suspense intenso, do início ao fim. Indicado quem gosta de filmes de ação.
16.10.05
Dança e música eletrônica no teatro
O Ateliê de Coreógrafos Brasileiros , em sua quarta versão, acontece no Teatro Castro Alves, em Salvador, até dia 18. No sábado, foram apresentados os espetáculos “1 Corpo em 5”, de Edvan Monteiro (CE), e “A Lupa”, de Jorge Alencar (BA). Ambos envolvidos por som eletrônico. O primeiro com a presença da cantora Rebeca Matta. O segundo com o músico Nikima.
As atrações que vi no ano anterior foram superiores. “1 Corpo em 5” traz vários vídeos e desperta asco, com recorrentes cenas de vômito, tanto nas projeções quanto entre os dançarinos. Muita plasticidade e pouca dança. O melhor do espetáculo é a parte inicial, em que um dançarino está dentro de uma caixa transparente, com uma projeção ao fundo, conduzindo à impressão de uma cobra aprisionada.
O segundo espetáculo, “A Lupa”, de Jorge Alencar, também diretor do Dimenti, grupo que mistura teatro, dança e música. Desta vez incluído no ateliê de coreógrafos, Alencar mostrou mais teatro do que dança. O seu trabalho no Dimenti consiste em certa reavaliação crítica da dança, frequentemente conduzindo os dançarinos a movimentos cômicos, o que funciona bem em teatro. Mas, para quem espera virtuosismo na dança, o que foi visto em outras edições do Ateliê de Coreografos, “A Lupa” foi decepcionante.
As atrações que vi no ano anterior foram superiores. “1 Corpo em 5” traz vários vídeos e desperta asco, com recorrentes cenas de vômito, tanto nas projeções quanto entre os dançarinos. Muita plasticidade e pouca dança. O melhor do espetáculo é a parte inicial, em que um dançarino está dentro de uma caixa transparente, com uma projeção ao fundo, conduzindo à impressão de uma cobra aprisionada.
O segundo espetáculo, “A Lupa”, de Jorge Alencar, também diretor do Dimenti, grupo que mistura teatro, dança e música. Desta vez incluído no ateliê de coreógrafos, Alencar mostrou mais teatro do que dança. O seu trabalho no Dimenti consiste em certa reavaliação crítica da dança, frequentemente conduzindo os dançarinos a movimentos cômicos, o que funciona bem em teatro. Mas, para quem espera virtuosismo na dança, o que foi visto em outras edições do Ateliê de Coreografos, “A Lupa” foi decepcionante.
12.10.05
O filme do vinho
Passando por dias amenos, coloco o cinema em dia. Vi Os Irmãos Grimm, O Coronel e O Lobisomem, O Senhor das Armas e Mondovino.
Mondovino é um documentário sobre o... mundo do vinho. Mas como esse é um mundo muito grande, o diretor restringe-se a falar sobre os produtores e o marketing do vinho. Nada sobre a degustação, uvas, aspectos históricos, etc. Saí um tanto decepcionado, pois esperava mais informações sobre o prazer de quem o consome. Mesmo assim, é interessante para saber mais sobre o que envolve a elaboração e comercialização da bebida.
De um lado estão os tradicionais produtores europeus, principalmente os franceses. Do outro lado, grandes e poderosas corporações americanas, que não se contentam apenas com os seus vinhedos californianos e querem se expandir na Europa. Na França, vinhos com sabores artesanais são produzidos em fazendas de 2 ou 4 hectares. No Brasil, uma terra desse tamanho é só uma chácara. E pequena.
Os produtores franceses fazem maravilhas em pequenas quantidades, mas crescem o olho nos consumidores americanos, responsáveis pela compra de 1 em cada 4 garrafas vendidas no mundo, segundo os dados do filme. Já as corporações americanas fazem vinhos de sabor padronizado, sem personalidade, para agradar aos consumidores de qualquer lugar. E também alguns fantásticos - e caros.
Existe um paradoxo que não entendo no mundo do vinho. No filme isso foi abordado sem aprofundamento. É o seguinte: os vinhos mais caros são colocados para amadurecer em barris de madeira, basicamente de carvalho, o que confere sabores e aromas elaborados, puxando para baunilha ou pão torrado. Os vinhos assim são maravilhosos. O que me intriga é que esses sabores acabam por se tornar mais fortes que os aromas da uva, tão cuidadosamente selecionada.
No Brasil, a maioria dos vinhos é feita em tanques de aço inoxidável, em grandes quantidades.
Sabores artesanais ou padronizados, o mundo do vinho tem o mesmo problema do universo da cozinha: cada um acha que a sua receita é melhor. A decisão fica pelo gosto pessoal, que é impossível de ser padronizado.
Mondovino é um documentário sobre o... mundo do vinho. Mas como esse é um mundo muito grande, o diretor restringe-se a falar sobre os produtores e o marketing do vinho. Nada sobre a degustação, uvas, aspectos históricos, etc. Saí um tanto decepcionado, pois esperava mais informações sobre o prazer de quem o consome. Mesmo assim, é interessante para saber mais sobre o que envolve a elaboração e comercialização da bebida.
De um lado estão os tradicionais produtores europeus, principalmente os franceses. Do outro lado, grandes e poderosas corporações americanas, que não se contentam apenas com os seus vinhedos californianos e querem se expandir na Europa. Na França, vinhos com sabores artesanais são produzidos em fazendas de 2 ou 4 hectares. No Brasil, uma terra desse tamanho é só uma chácara. E pequena.
Os produtores franceses fazem maravilhas em pequenas quantidades, mas crescem o olho nos consumidores americanos, responsáveis pela compra de 1 em cada 4 garrafas vendidas no mundo, segundo os dados do filme. Já as corporações americanas fazem vinhos de sabor padronizado, sem personalidade, para agradar aos consumidores de qualquer lugar. E também alguns fantásticos - e caros.
Existe um paradoxo que não entendo no mundo do vinho. No filme isso foi abordado sem aprofundamento. É o seguinte: os vinhos mais caros são colocados para amadurecer em barris de madeira, basicamente de carvalho, o que confere sabores e aromas elaborados, puxando para baunilha ou pão torrado. Os vinhos assim são maravilhosos. O que me intriga é que esses sabores acabam por se tornar mais fortes que os aromas da uva, tão cuidadosamente selecionada.
No Brasil, a maioria dos vinhos é feita em tanques de aço inoxidável, em grandes quantidades.
Sabores artesanais ou padronizados, o mundo do vinho tem o mesmo problema do universo da cozinha: cada um acha que a sua receita é melhor. A decisão fica pelo gosto pessoal, que é impossível de ser padronizado.
9.10.05
De volta ao front
Voltei, agora em nova versão tecnológica. Troquei de computador, estou turbinado e zunindo. Vou tentar publicar com mais freqüência.
A Sala de Arte do Baiano está oferecendo um programa bem interessante: pré-estréia aos sábados, aberta ao público, antecedida de apresentação de uma cena de teatro. Ontem, duas meninas da Escola de Teatro da UFBA mostraram um trabalho bacana. Para quem não lembra, antes de se tornar um dos cinemas mais charmosos e de melhor programação na cidade, a Sala funcionava como cine-teatro.
O filme foi o sul-coreano Casa Vazia, do diretor Kim Ki-Duk, de Primavera, Verão, Outono, Inverno. É um estouro de bom. Lento e rápido ao mesmo tempo, os protagonistas, belíssimos, simplesmente não falam, conduzem toda a narrativa nos olhares, atos e gestos. As palavras ficam por conta dos personagens secundários.
O casal principal se conhece enquanto ele pratica o seu hobby: a invasão de casas vazias. De forma meticulosa ele abre fechaduras e passa a noite em casas alheias. Toma banho, prepara o jantar, lava roupa e até conserta os aparelhos que estão quebrados. Ela vive uma relação problemática com o marido e abandona tudo para se dedicar à nova atividade, junto com o invasor, por quem se apaixona. Romance, ação, com toques sutis de comédia e a inovadora presença de técnicas orientais de luta em um drama. Um filme mágico, aplaudido pelo público quando foi exibido em São Paulo durante uma mostra.
A Sala de Arte do Baiano está oferecendo um programa bem interessante: pré-estréia aos sábados, aberta ao público, antecedida de apresentação de uma cena de teatro. Ontem, duas meninas da Escola de Teatro da UFBA mostraram um trabalho bacana. Para quem não lembra, antes de se tornar um dos cinemas mais charmosos e de melhor programação na cidade, a Sala funcionava como cine-teatro.
O filme foi o sul-coreano Casa Vazia, do diretor Kim Ki-Duk, de Primavera, Verão, Outono, Inverno. É um estouro de bom. Lento e rápido ao mesmo tempo, os protagonistas, belíssimos, simplesmente não falam, conduzem toda a narrativa nos olhares, atos e gestos. As palavras ficam por conta dos personagens secundários.
O casal principal se conhece enquanto ele pratica o seu hobby: a invasão de casas vazias. De forma meticulosa ele abre fechaduras e passa a noite em casas alheias. Toma banho, prepara o jantar, lava roupa e até conserta os aparelhos que estão quebrados. Ela vive uma relação problemática com o marido e abandona tudo para se dedicar à nova atividade, junto com o invasor, por quem se apaixona. Romance, ação, com toques sutis de comédia e a inovadora presença de técnicas orientais de luta em um drama. Um filme mágico, aplaudido pelo público quando foi exibido em São Paulo durante uma mostra.
21.9.05
15.9.05
Festa corporativa
A turma que participa do evento é animadíssima. Educadores corporativos, acostumados a fazer dinâmicas de grupos e lidar de forma simpática com as pessoas, são uma animação só. Um simples coquetel com voz, violão elétrico e bateria eletrônica descambou para uma festança, que teve que ser encerrada sob protestos, já que o músico tinha horário para terminar.
Amanhã a farra termina. Ainda bem, preciso voltar urgente para a academia. Essa história de coffee-break toda hora não dá certo. Com tanta comida disponível, gostaria de congelar a cena do serviço - e os componentes das bandejas - para ter disponível durante a semana de trabalho, na qual o máximo disponível é pão com manteiga. Arrrghh.
Amanhã a farra termina. Ainda bem, preciso voltar urgente para a academia. Essa história de coffee-break toda hora não dá certo. Com tanta comida disponível, gostaria de congelar a cena do serviço - e os componentes das bandejas - para ter disponível durante a semana de trabalho, na qual o máximo disponível é pão com manteiga. Arrrghh.
Cardápio globalizado
É uma pena que o dia tomado por atividades, mesmo que algumas muito interessantes, impossibilite melhor curtição do hotel. Bem, atendendo ao pedido de um simpático amigo virtual, vou contar um pouco do cardápio.
O Catussaba tem um dos melhores cafés da manhã que já vi. A variedade de frutas é impressionante. Enorme variedade de pães e frios, além dos tradicionais pratos do cardápio nordestino: bolos, mingaus, ovos mexidos, carne do sol, etc. É uma delícia -e um luxo - ter uma pessoa preparando omeletes na hora.
No almoço, o que me chama a atenção é a presença de muitos de ingredientes e pratos regionais junto com pratos da cozinha internacional. Acho bacana essa valorização. Por exemplo no rechaud de legumes há pedaços deliciosos de aipim, que, para mim, é uma das glórias da cozinha nacional. A farofa também sempre está por perto. É interessante porque há muitos hóspedes estrangeiros no hotel. Fico imaginando a cara deles ao provar essas coisas diferentes.
Depois de comer um robalo com molho de amêndoas, que estava uma delícia, e um medalhão de filé com molho de funghi, que estava meio sem sabor, comentei com uma amiga que, nesses bufês, por mais que os pratos estejam bem preparados, o sabor nunca é igual ao do prato preparado com exclusividade, seja em casa ou em restaurante. Simplesmente, acredito, não há tempo para a carne pegar o sabor. É o mal da pressa.
=x=
Detalhe sórdido: estou aqui teclando e no computador ao meu lado há dois hospedes portugueses visitandos sites de "scort girls". Volta e meia aparece a foto de uma peladona na tela. Eles não estão nem aí para as pessoas ao redor. Devem ter vindo fazer turismo sexual. Hehehe.
O Catussaba tem um dos melhores cafés da manhã que já vi. A variedade de frutas é impressionante. Enorme variedade de pães e frios, além dos tradicionais pratos do cardápio nordestino: bolos, mingaus, ovos mexidos, carne do sol, etc. É uma delícia -e um luxo - ter uma pessoa preparando omeletes na hora.
No almoço, o que me chama a atenção é a presença de muitos de ingredientes e pratos regionais junto com pratos da cozinha internacional. Acho bacana essa valorização. Por exemplo no rechaud de legumes há pedaços deliciosos de aipim, que, para mim, é uma das glórias da cozinha nacional. A farofa também sempre está por perto. É interessante porque há muitos hóspedes estrangeiros no hotel. Fico imaginando a cara deles ao provar essas coisas diferentes.
Depois de comer um robalo com molho de amêndoas, que estava uma delícia, e um medalhão de filé com molho de funghi, que estava meio sem sabor, comentei com uma amiga que, nesses bufês, por mais que os pratos estejam bem preparados, o sabor nunca é igual ao do prato preparado com exclusividade, seja em casa ou em restaurante. Simplesmente, acredito, não há tempo para a carne pegar o sabor. É o mal da pressa.
=x=
Detalhe sórdido: estou aqui teclando e no computador ao meu lado há dois hospedes portugueses visitandos sites de "scort girls". Volta e meia aparece a foto de uma peladona na tela. Eles não estão nem aí para as pessoas ao redor. Devem ter vindo fazer turismo sexual. Hehehe.
14.9.05
Em frente à praia
Pronto. Mal cheguei no hotel e já me aboleto em frente a um computador. Não resisto. Principalmente porque as maquininhas estao enfileiradas, so aguardando a minha chegada.
Estou hospedado no Hotel Catussaba, que fica na praia de... Catussaba, no final de Itapuã, participando de um evento corporativo. O hotel que fica debruçado sobre a praia. O salão de eventos dá para ver o mar. Salvador tem mesmo recantos maravilhosos. Hoje vai rolar um coquetelzinho básico e depois jantar. Vou tirar a barriga da miséeeera, como se diz na Bahia.
Aproveitei os novos ares e me inscrevi no curso "Todo Mundo faz Teatro", que começa no proximo sábado. Ai, meu Deus, só quero ver o que vai acontecer...
Estou hospedado no Hotel Catussaba, que fica na praia de... Catussaba, no final de Itapuã, participando de um evento corporativo. O hotel que fica debruçado sobre a praia. O salão de eventos dá para ver o mar. Salvador tem mesmo recantos maravilhosos. Hoje vai rolar um coquetelzinho básico e depois jantar. Vou tirar a barriga da miséeeera, como se diz na Bahia.
Aproveitei os novos ares e me inscrevi no curso "Todo Mundo faz Teatro", que começa no proximo sábado. Ai, meu Deus, só quero ver o que vai acontecer...
11.9.05
A comida de cada lugar
Exposição rural de Feira de Santana, lá fui eu. Uma das coisas que mais gosto na cidade é o restaurante Bode & Cia, que antes se chamava Baby Bode. O meu prato predileto é o filé de cabrito à parmegiana. Vem com queijo, molho de tomate e bastante manjericão.
A carne é tenra, sem gordura e bastante saborosa. O molho de tomate não é ácido nem gorduroso. Para acompanhar, são servidos tomates com manjericão, purê de batata e arroz. Pedi também uma porção de aipim frito que estava um fenômeno. Crocante e macio por dentro. Algo que só no sertão se consegue fazer. A porção veio acompanhada por um recipiente com um óleo amarelo. Eu logo pensei: "Que azeite mais amarelado!". E coloquei algumas gotas. A surpresa foi constatar que não era azeite coisa nenhuma. Era manteiga de garrafa. O aipim ficou melhor ainda.
Enquanto comia, fiquei pensando que os pratos característicos de cada local são determinados pela disponibilidade dos ingredientes. Que por sua vez dependem das condições climáticas, do solo, além das características culturais. É natural que se consuma aquilo que seja mais barato e que esteja mais próximo do alcance das mãos - e da boca. E é isso que forma a deliciosa variedade de cozinhas do mundo.
Seja no clima frio ou no sertão.
A carne é tenra, sem gordura e bastante saborosa. O molho de tomate não é ácido nem gorduroso. Para acompanhar, são servidos tomates com manjericão, purê de batata e arroz. Pedi também uma porção de aipim frito que estava um fenômeno. Crocante e macio por dentro. Algo que só no sertão se consegue fazer. A porção veio acompanhada por um recipiente com um óleo amarelo. Eu logo pensei: "Que azeite mais amarelado!". E coloquei algumas gotas. A surpresa foi constatar que não era azeite coisa nenhuma. Era manteiga de garrafa. O aipim ficou melhor ainda.
Enquanto comia, fiquei pensando que os pratos característicos de cada local são determinados pela disponibilidade dos ingredientes. Que por sua vez dependem das condições climáticas, do solo, além das características culturais. É natural que se consuma aquilo que seja mais barato e que esteja mais próximo do alcance das mãos - e da boca. E é isso que forma a deliciosa variedade de cozinhas do mundo.
Seja no clima frio ou no sertão.
8.9.05
Eles conseguiram, os danados
Os 2 Filhos de Francisco é um rolo compressor. Sacanagem, podiam ter me avisado. A carga emocional é tão grande que é quase impossível não chorar. Eu não consegui me conter, as lágrimas verteram várias vezes. E não era uma lagrimazinha de cada vez. Eram daquelas grossas, que desciam até o queixo. E olha que não sou de me deixar envolver tanto por um filme. O público sai transtornado do cinema, as pessoas de olhos vermelhos e fungando. Uma garota quase não conseguia levantar, precisou do apoio do namorado.
Não gosto de música sertaneja, mas fui ver o filme apostando no que tinha lido. De forma geral, a crítica especializada gostou. Pudera: co-produção de Paula Lavigne, roteiro de Domingos de Oliveira, Betânia cantando “É o Amor”, atuações destacadas de Ângelo Antônio e Dira Paes.
Mesmo bancado pelos próprios cantores, o filme foge do auto-elogio e registra a carreira de sucesso que passou por grandes dificuldades. A dupla Zezé de Camargo e Luciano é o resultado do sonho do pai deles, trabalhador rural, que começou a investir quando os filhos eram crianças. É o retrato do Brasil que a gente precisa. De gente honesta, simples, que trabalha e persiste muito e consegue sucesso. Uma lição em tempos de roubalheiras, mentiras e manipulações na esfera política.
Com esse trabalho, os sertanejos deram mais um “tiro certo”: alcançaram um público mais intelectualizado, os freqüentadores de cinema. Depois de assistir, dá para enxergar e sentir a música deles de outra forma, sem preconceitos bobos. Que eu mesmo já tive.
Não gosto de música sertaneja, mas fui ver o filme apostando no que tinha lido. De forma geral, a crítica especializada gostou. Pudera: co-produção de Paula Lavigne, roteiro de Domingos de Oliveira, Betânia cantando “É o Amor”, atuações destacadas de Ângelo Antônio e Dira Paes.
Mesmo bancado pelos próprios cantores, o filme foge do auto-elogio e registra a carreira de sucesso que passou por grandes dificuldades. A dupla Zezé de Camargo e Luciano é o resultado do sonho do pai deles, trabalhador rural, que começou a investir quando os filhos eram crianças. É o retrato do Brasil que a gente precisa. De gente honesta, simples, que trabalha e persiste muito e consegue sucesso. Uma lição em tempos de roubalheiras, mentiras e manipulações na esfera política.
Com esse trabalho, os sertanejos deram mais um “tiro certo”: alcançaram um público mais intelectualizado, os freqüentadores de cinema. Depois de assistir, dá para enxergar e sentir a música deles de outra forma, sem preconceitos bobos. Que eu mesmo já tive.
Após comentar sobre a monotonia dos meus dias, me vejo em meio a um redemoinho de atividades. Possivelmente terei que passar alguns dias fora do local de trabalho habitual, para cuidar da organização de um evento em um hotel bacana de Salvador. Sabe quais os pontos altos que fico imaginando? O coquetel, o café da manhã, o almoço e o jantar. Ou seja, o rango!
Mas não posso descuidar do processo de “desembagulhamento”. Na academia em que estou malhando – e acho que é assim na maior parte delas -, o público freqüentador é bastante jovem, pós-adolescentes. No entanto, quem mais precisa de exercícios são aqueles não tão jovens, entre os quais estou incluído. Estou sentindo uma diferença gritante em minha disposição física: menos dores nas costas e menos esforços para realizar tarefas diárias simples, as coisas chatas do dia-a-dia, como carregar sacolas de mercado.
Mas não posso descuidar do processo de “desembagulhamento”. Na academia em que estou malhando – e acho que é assim na maior parte delas -, o público freqüentador é bastante jovem, pós-adolescentes. No entanto, quem mais precisa de exercícios são aqueles não tão jovens, entre os quais estou incluído. Estou sentindo uma diferença gritante em minha disposição física: menos dores nas costas e menos esforços para realizar tarefas diárias simples, as coisas chatas do dia-a-dia, como carregar sacolas de mercado.
5.9.05
Feijão jornalístico
Almoço de encontro de ex-colegas de Faculdade, agora colegas de profissão. A promotora do evento, conhecedora dos atrasos da turma, marcou o almoço para as 10 da manhã. As pessoas, inclusive eu, chegaram ao meio-dia. Imagine se ela marca para as 12 horas em ponto...
Errei o caminho para Mussurunga, vulgo MussuCity, que é praticamente uma cidade dentro de Salvador, tem uns cem mil habitantes. Eu não conhecia o local, fiquei rodando pelo bairro e ligando para a casa da “patrocinadora” para confirmar o caminho. Chegando lá, uma feijoadinha caseira e saborosa, feita por Dona L., mãe da anfitriã e leitora deste blog! Olha que eu nem sabia disso.
Conversamos bastante e foi interessante perceber que as inquietações profissionais pelas quais passamos são parecidas. Baixos salários, muito trabalho, pouco reconhecimento. Eu, por ter mais tempo na área do jogo, pois já trabalhava antes de entrar na Faculdade, tenho várias horas acumuladas de reclamações e também satisfações - que ninguém é de ferro.
Um dos colegas pensa em sair do jornal, reclama por não ter hora para terminar o expediente e trabalhar em finais de semana. Já eu não sofro por isso. Tenho horário fixo e sábados e domingos livres. No entanto, os meus dias caem na monotonia e repetição. Mesmo caminho, mesmo horário. Depois de vários anos, me divirto contando os minutos do trajeto. Sei exatamente quanto tempo gasto da porta de casa até sentar na cadeira do trabalho. Coisa de louco? Às vezes dá vontade de jogar tudo para cima e viajar para um país frio e distante. Ou para uma praia ensolarada e deserta.
Outra colega parte para seleção de estágio em um grande jornal nacional. Outra pretende mudar de cidade. Outra quer ganhar mais, pois sente que trabalha muito para o que recebe de salário. Outra investe no seu mestrado profissional. E cada um vai seguindo o seu caminho, entre alegrias de um domingo entre amigos e os obstáculos a superar na profissão.
Errei o caminho para Mussurunga, vulgo MussuCity, que é praticamente uma cidade dentro de Salvador, tem uns cem mil habitantes. Eu não conhecia o local, fiquei rodando pelo bairro e ligando para a casa da “patrocinadora” para confirmar o caminho. Chegando lá, uma feijoadinha caseira e saborosa, feita por Dona L., mãe da anfitriã e leitora deste blog! Olha que eu nem sabia disso.
Conversamos bastante e foi interessante perceber que as inquietações profissionais pelas quais passamos são parecidas. Baixos salários, muito trabalho, pouco reconhecimento. Eu, por ter mais tempo na área do jogo, pois já trabalhava antes de entrar na Faculdade, tenho várias horas acumuladas de reclamações e também satisfações - que ninguém é de ferro.
Um dos colegas pensa em sair do jornal, reclama por não ter hora para terminar o expediente e trabalhar em finais de semana. Já eu não sofro por isso. Tenho horário fixo e sábados e domingos livres. No entanto, os meus dias caem na monotonia e repetição. Mesmo caminho, mesmo horário. Depois de vários anos, me divirto contando os minutos do trajeto. Sei exatamente quanto tempo gasto da porta de casa até sentar na cadeira do trabalho. Coisa de louco? Às vezes dá vontade de jogar tudo para cima e viajar para um país frio e distante. Ou para uma praia ensolarada e deserta.
Outra colega parte para seleção de estágio em um grande jornal nacional. Outra pretende mudar de cidade. Outra quer ganhar mais, pois sente que trabalha muito para o que recebe de salário. Outra investe no seu mestrado profissional. E cada um vai seguindo o seu caminho, entre alegrias de um domingo entre amigos e os obstáculos a superar na profissão.
4.9.05
A luta na Depressão
Depois de se tornar campeão no boxe, Jim Braddock (Russel Crowe, de Gladiador) começa a sofrer derrotas e é obrigado a se afastar dos ringues. É a época da Grande Depressão nos Estados Unidos, na década de trinta, o boxeador tem que se virar como estivador para garantir o sustento da mulher Mae (Renée Zellweger) e dos três filhos pequenos.
Uma última chance é concedida. Braddock retorna às cordas, para preencher um cancelamento de última hora. A Luta pela Esperança (Cinderella Man, EUA, 2005), dirigido por Ron Howard, é a cinebiografia do boxeador que ficou conhecido como Cinderella Man, pois ressurgiu da pobreza. As cenas de luta são eletrizantes, comparando-se aos melhores momentos do gênero, como em Menina de Ouro.
Russel Crowe apresenta um desempenho memorável e emocionante, no papel de um homem íntegro que não mede esforços para garantir a sobrevivência e a união da família. E que se torna símbolo de esperança daqueles que passavam pela profunda crise econômica no país. A única ressalva é a obviedade do filme no realce do "espírito americano" para vencer as adversidades. Mas estamos em Hollywood.
Uma última chance é concedida. Braddock retorna às cordas, para preencher um cancelamento de última hora. A Luta pela Esperança (Cinderella Man, EUA, 2005), dirigido por Ron Howard, é a cinebiografia do boxeador que ficou conhecido como Cinderella Man, pois ressurgiu da pobreza. As cenas de luta são eletrizantes, comparando-se aos melhores momentos do gênero, como em Menina de Ouro.
Russel Crowe apresenta um desempenho memorável e emocionante, no papel de um homem íntegro que não mede esforços para garantir a sobrevivência e a união da família. E que se torna símbolo de esperança daqueles que passavam pela profunda crise econômica no país. A única ressalva é a obviedade do filme no realce do "espírito americano" para vencer as adversidades. Mas estamos em Hollywood.
30.8.05
Da saúde e da gula
O processo de “desembagulhamento” está avançado. Não tenho faltado à academia e sigo o roteiro de exercícios sem ficar enrolando. As dores nas costas diminuíram, também por ter diminuído o tempo que fico sentado em frente ao computador.
Outro dia - que ninguém é de ferro nem sobrevive fazendo exercícios e fotossíntese -, provei um prato no mínimo diferente: carne de ema. Ema? Sim, aquele bicho que parece uma mini-avestruz. E a carne também é muito semelhante à da avestruz. Vermelha, parece carne de boi. Sabor acentuado, textura bastante macia.
Que o Ibama não saiba das minhas aventuras gastronômicas. Esses animais não estão liberados para a caça e o consumo. Quem conseguiu a carne foi um amigo que tem fazenda. Eu ajudei só no preparo. Não é que ficou bom? Pus o tempero básico: cebola, alho, salsa, azeite. E vinho tinto de boa qualidade para amolecer e dar um sabor bacana.
Para acompanhar, um risoto de cogumelos shimeji com creme de leite, feito com arroz carnaroli, um tipo de arroz arbóreo italiano. O arbóreo é um arroz de grão mais arredondado que o arroz comum no Brasil. Demora para cozinhar, absorve bem o sabor dos temperos e libera amido, tornando o risoto cremoso.
Uma italiana que conheci me disse que o arbóreo é o arroz do dia-a-dia do seu país. Por aqui custa mais caro que o nosso comum, mas vale a pena provar de ver em quando, pois o sabor compensa. Eu adoro a maior parte dos pratos feitos com arroz, seja de que tipo for. O tal do arroz selvagem é que não me seduz. Não vejo nada de saboroso. É apenas diferente. Parece um monte de mini-gravetos.
Para felicidade geral da nação baiana, os cogumelos hiratake (parecidos com os shitake) e shimeji estão sendo produzidos perto de Salvador, em Mata de São João. Na Exporural adquiri duas porções a preços camaradas. Uma de cogumelos frescos hiratake e outras de cogumelos secos shimeji.
Preparei os cogumelos hiratake somente refogados na manteiga com alho. Ficou uma delícia. Os shimeji eu fervi na água para hidratar e pus no risoto. Dando uma passada na cebola e alho antes, é claro, para garantir o sabor.
Outro dia - que ninguém é de ferro nem sobrevive fazendo exercícios e fotossíntese -, provei um prato no mínimo diferente: carne de ema. Ema? Sim, aquele bicho que parece uma mini-avestruz. E a carne também é muito semelhante à da avestruz. Vermelha, parece carne de boi. Sabor acentuado, textura bastante macia.
Que o Ibama não saiba das minhas aventuras gastronômicas. Esses animais não estão liberados para a caça e o consumo. Quem conseguiu a carne foi um amigo que tem fazenda. Eu ajudei só no preparo. Não é que ficou bom? Pus o tempero básico: cebola, alho, salsa, azeite. E vinho tinto de boa qualidade para amolecer e dar um sabor bacana.
Para acompanhar, um risoto de cogumelos shimeji com creme de leite, feito com arroz carnaroli, um tipo de arroz arbóreo italiano. O arbóreo é um arroz de grão mais arredondado que o arroz comum no Brasil. Demora para cozinhar, absorve bem o sabor dos temperos e libera amido, tornando o risoto cremoso.
Uma italiana que conheci me disse que o arbóreo é o arroz do dia-a-dia do seu país. Por aqui custa mais caro que o nosso comum, mas vale a pena provar de ver em quando, pois o sabor compensa. Eu adoro a maior parte dos pratos feitos com arroz, seja de que tipo for. O tal do arroz selvagem é que não me seduz. Não vejo nada de saboroso. É apenas diferente. Parece um monte de mini-gravetos.
Para felicidade geral da nação baiana, os cogumelos hiratake (parecidos com os shitake) e shimeji estão sendo produzidos perto de Salvador, em Mata de São João. Na Exporural adquiri duas porções a preços camaradas. Uma de cogumelos frescos hiratake e outras de cogumelos secos shimeji.
Preparei os cogumelos hiratake somente refogados na manteiga com alho. Ficou uma delícia. Os shimeji eu fervi na água para hidratar e pus no risoto. Dando uma passada na cebola e alho antes, é claro, para garantir o sabor.
27.8.05
Hotel Ruanda
É um filme que mostra como o ser humano tem a capacidade de ferir o seu semelhante, de maneira gratuita e ignorante.
Por meio de uma divisão de raças, instituída desde a época dos colonizadores belgas, os habitantes de Ruanda dividem-se em hutus e tutsis. Diferenças “marcantes”, tais como formato do nariz e altura definem as etnias. Vizinhos, casais, colegas de trabalho, de mesma nacionalidade, tornam-se de repente inimigos mortais.
Os hutus e tutsis entram em guerra. Um milhão de pessoas morrem no genocídio, que poderia ter sido minimizado se as tropas da ONU tivessem permanecido no país. Mas os europeus e americanos estavam mais preocupados com os conflitos nos Balcãs, na Europa. Isso não ocorreu há cinqüenta anos. Foi na década passada.
Hotel Ruanda é triste. Triste porque, além de mostrar na tela o sofrimento de uma tragédia, em que vidas foram ceifadas com facões, evoca o sentimento de que nada vale o progresso da humanidade, da ciência e da tecnologia. Os homens ainda vivem como animais.
É um filme que precisava ter sido feito.
Por meio de uma divisão de raças, instituída desde a época dos colonizadores belgas, os habitantes de Ruanda dividem-se em hutus e tutsis. Diferenças “marcantes”, tais como formato do nariz e altura definem as etnias. Vizinhos, casais, colegas de trabalho, de mesma nacionalidade, tornam-se de repente inimigos mortais.
Os hutus e tutsis entram em guerra. Um milhão de pessoas morrem no genocídio, que poderia ter sido minimizado se as tropas da ONU tivessem permanecido no país. Mas os europeus e americanos estavam mais preocupados com os conflitos nos Balcãs, na Europa. Isso não ocorreu há cinqüenta anos. Foi na década passada.
Hotel Ruanda é triste. Triste porque, além de mostrar na tela o sofrimento de uma tragédia, em que vidas foram ceifadas com facões, evoca o sentimento de que nada vale o progresso da humanidade, da ciência e da tecnologia. Os homens ainda vivem como animais.
É um filme que precisava ter sido feito.
Japoneses que vêm e vão
A saga de quatro gerações de japoneses no Brasil, com enfoque em quatro mulheres da mesma família, está presente em Gaijin- Ama-me Como Sou (Brasil, 2005), de Tizuka Yamazaki, que retoma o tema da imigração, iniciado em Gaijin - Caminhos da Liberdade, lançado em 1980.
Com filmagens no Brasil e no Japão, a produção chega às telas com o aval da premiação no Festival de Cinema de Gramado: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Trilha Sonora. Para os padrões brasileiros é uma superprodução: custou quase 11 milhões de reais.
O enredo transcorre do início do século XX, fazendo bela reconstituição da chegada dos imigrantes ao Paraná, até os dias atuais, retratando a ida de dekasseguis ao Japão para trabalhos temporários. O bom roteiro garante duas horas e dez minutos de projeção sem cansaço. O filme está cotado para virar minissérie televisiva, com o aproveitamento do material filmado que não entrou na edição final.
Com filmagens no Brasil e no Japão, a produção chega às telas com o aval da premiação no Festival de Cinema de Gramado: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Trilha Sonora. Para os padrões brasileiros é uma superprodução: custou quase 11 milhões de reais.
O enredo transcorre do início do século XX, fazendo bela reconstituição da chegada dos imigrantes ao Paraná, até os dias atuais, retratando a ida de dekasseguis ao Japão para trabalhos temporários. O bom roteiro garante duas horas e dez minutos de projeção sem cansaço. O filme está cotado para virar minissérie televisiva, com o aproveitamento do material filmado que não entrou na edição final.
24.8.05
A vida imita a arte
Notícia de telejornal. Uma velhinha de mais de oitenta anos ajudou a capturar traficantes de drogas no Rio de Janeiro, inclusive policiais corruptos envolvidos no crime. De tanto ela presenciar cenas de tráfico e consumo de drogas pela janela do seu apartamento, em Copacabana, ela comprou uma câmera em suaves prestações e passou a filmar a movimentação. A dublê de detetive entregou à polícia as gravações feitas durante vários anos.
Não tem como não lembrar de Fernanda Montenegro em O Outro Lado da Rua. A personagem não tinha o que fazer e ficava espionando a vizinhança de binóculo e colaborando com a polícia, contando tudo o que via. Até encontrar um senhor pelo qual se apaixona.
Pela inspiração para o filme, e agora pela notícia da TV, fica comprovado: as velhinhas de Copacabana são todas espiãs.
Não tem como não lembrar de Fernanda Montenegro em O Outro Lado da Rua. A personagem não tinha o que fazer e ficava espionando a vizinhança de binóculo e colaborando com a polícia, contando tudo o que via. Até encontrar um senhor pelo qual se apaixona.
Pela inspiração para o filme, e agora pela notícia da TV, fica comprovado: as velhinhas de Copacabana são todas espiãs.
21.8.05
Perseguições e rock'n'roll
Um traficante de drogas (Daniel Craig), cujo nome nunca é dito, conquistou cedo a sua fortuna e pretende se aposentar. Antes de se afastar das atividades, ele precisa realizar favores a Jimmy Price (Kenneth Cranham), um chefão do crime, que inclui a venda de um carregamento de ecstasy, a droga do amor. Ele vai perceber que não é fácil conseguir a aposentadoria.
Gângsters, traficantes de drogas, assassinos e terroristas sérvios. Os personagens vão se multiplicando e as tramas vão se desenrolando em Nem Tudo é o que Parece (Layer Cake, Inglaterra, 2004), do diretor britânico Matthew Vaughn, o que exige atenção do espectador para identificar quem é quem na história.
Vaughn, que também é produtor dos filmes de Guy Ritchie, o marido de Madonna, montou uma narrativa ágil, com perseguições, flertes, festas, trapaças, tudo embalado por temas de rock'n'roll. Não falta o fino, sutil e irônico humor dos britânicos.
Gângsters, traficantes de drogas, assassinos e terroristas sérvios. Os personagens vão se multiplicando e as tramas vão se desenrolando em Nem Tudo é o que Parece (Layer Cake, Inglaterra, 2004), do diretor britânico Matthew Vaughn, o que exige atenção do espectador para identificar quem é quem na história.
Vaughn, que também é produtor dos filmes de Guy Ritchie, o marido de Madonna, montou uma narrativa ágil, com perseguições, flertes, festas, trapaças, tudo embalado por temas de rock'n'roll. Não falta o fino, sutil e irônico humor dos britânicos.
18.8.05
M. Blog
No começo eram poucos. Hoje se multiplicam mais que piolho em cabeça de criança. Mas, diferentes das minúsculas e chatas criaturas chupadoras do sangue alheio, eles são bem-vindos. São os blogueiros.
O exercício de escrita que os blogs possibilitam é fantástico. Dá para perceber como as pessoas que escrevem com freqüência vêm melhorando os seus textos. Nessa turma, eu também me incluo. Quanta modéstia...
Há algum tempo, havia poucas opções de qualidade para ler. Hoje, a produção anda cada vez maior e melhor. Mal consigo acompanhar as atualizações daqueles que estão linkados aí do lado, que dirá fazer comentários. Com linha discada é impossível. O técnico esteve em minha casa, mas não conseguiu instalar a banda larga. Para que a alta tecnologia me alcance, terei que trocar toda a fiação do telefone. Tentei até acesso via rádio, mas era mais caro e de menor velocidade.
Fico imaginando o que resultará dos blogs daqui a alguns anos. A listagem dos dez mais. O blog mais antigo da Internet em funcionamento. O mais visitado. O que tem maior número de posts. Miss e Mister blog. E outras babaquices do tipo.
O exercício de escrita que os blogs possibilitam é fantástico. Dá para perceber como as pessoas que escrevem com freqüência vêm melhorando os seus textos. Nessa turma, eu também me incluo. Quanta modéstia...
Há algum tempo, havia poucas opções de qualidade para ler. Hoje, a produção anda cada vez maior e melhor. Mal consigo acompanhar as atualizações daqueles que estão linkados aí do lado, que dirá fazer comentários. Com linha discada é impossível. O técnico esteve em minha casa, mas não conseguiu instalar a banda larga. Para que a alta tecnologia me alcance, terei que trocar toda a fiação do telefone. Tentei até acesso via rádio, mas era mais caro e de menor velocidade.
Fico imaginando o que resultará dos blogs daqui a alguns anos. A listagem dos dez mais. O blog mais antigo da Internet em funcionamento. O mais visitado. O que tem maior número de posts. Miss e Mister blog. E outras babaquices do tipo.
15.8.05
Problema antigo
A peça A Invasão, de Dias Gomes, está em cartaz até o próximo final de semana na Escola de Teatro, no Canela. A encenação é o resultado de disciplina de conclusão de graduação de alguns atores.
O texto, encenado pela primeira vez em 1962, é atualíssimo. Segundo a sinopse dos jornais “trata da ocupação de um prédio por um grupo de sem-teto”. Ao ler isso, pensei que se tratava de uma releitura, uma adaptação de texto aos acontecimentos dos nossos dias. Que nada. É o texto original.
Os sem-teto e suas ocupações são um nó mais antigo do que eu imaginava. Dias Gomes elaborou um texto muito bacana, com vários personagens, quase uma novela. Há momentos de emoção nas famílias que passam a morar na invasão, seja fugindo da seca ou da pobreza, com as poucas opções que lhes restam na vida. Há ataques dos policiais que querem retirar os invasores. Há o político que aproveita para exercer a demagogia e ganhar votos. Há o intermediário que cobra aluguel dos sem-teto. Há o malandro que sonha ficar rico cantando. Há o louco que se acredita profeta visionário.
Todos esses personagens, freqüentes nos imóveis ocupados e nos jornais da atualidade, já existiam antes do golpe de 64 e da ditadura. Nada foi resolvido. Há poucos dias, o Caderno 10 de A Tarde, voltado ao público juvenil, publicou uma reportagem muito interessante, na qual traçava perfis de moradores jovens dos prédios invadidos.
A dureza é pensar que, em um país que se enriquece mais a cada dia, a situação permanece idêntica, com o agravante de presenciarmos a ruína das esperanças políticas.
A direção de A Invasão é de Harildo Déda. No elenco, alguns destaques promissores. Outros, menos eloqüentes.
O texto, encenado pela primeira vez em 1962, é atualíssimo. Segundo a sinopse dos jornais “trata da ocupação de um prédio por um grupo de sem-teto”. Ao ler isso, pensei que se tratava de uma releitura, uma adaptação de texto aos acontecimentos dos nossos dias. Que nada. É o texto original.
Os sem-teto e suas ocupações são um nó mais antigo do que eu imaginava. Dias Gomes elaborou um texto muito bacana, com vários personagens, quase uma novela. Há momentos de emoção nas famílias que passam a morar na invasão, seja fugindo da seca ou da pobreza, com as poucas opções que lhes restam na vida. Há ataques dos policiais que querem retirar os invasores. Há o político que aproveita para exercer a demagogia e ganhar votos. Há o intermediário que cobra aluguel dos sem-teto. Há o malandro que sonha ficar rico cantando. Há o louco que se acredita profeta visionário.
Todos esses personagens, freqüentes nos imóveis ocupados e nos jornais da atualidade, já existiam antes do golpe de 64 e da ditadura. Nada foi resolvido. Há poucos dias, o Caderno 10 de A Tarde, voltado ao público juvenil, publicou uma reportagem muito interessante, na qual traçava perfis de moradores jovens dos prédios invadidos.
A dureza é pensar que, em um país que se enriquece mais a cada dia, a situação permanece idêntica, com o agravante de presenciarmos a ruína das esperanças políticas.
A direção de A Invasão é de Harildo Déda. No elenco, alguns destaques promissores. Outros, menos eloqüentes.
13.8.05
Puxando ferro
Depois de muito enrolar, resolvo entrar em uma academia para fazer musculação. E lá fui eu, há mais de seis anos sem fazer exercícios regulares. Achei que não ia conseguir andar no dia seguinte. Não é que os alongamentos que eu vinha fazendo em casa, para me poupar de dores nas articulações e nas costas, faziam realmente efeito? Não senti quase nada de dor muscular depois dos exercícios com pesos.
Em nossa pobre mente ocidental, só acreditamos que estão “em forma” aqueles que praticam esporte ou freqüentam academias. De certa forma somos céticos sobre o poder dos exercícios de ritmo mais lento.
Eu sempre gostei de me exercitar, mas parei depois de iniciar processo psicanalítico, baseado em uma linha de “desbloqueio das couraças” de energia corporal. Um processo muito legal que, além do bem-estar emocional, me fez melhorar a postura física. Percebo que depois que o trabalho foi encerrado, relutei em voltar a pegar peso, mesmo que não seja em grande quantidade. O tempo passou, o corpo começou a reclamar.
Como primeiros efeitos da malhação, tenho sentido melhora das dores nas costas. Acho que os músculos precisavam mesmo de fortalecimento. Eu cheguei a ponto de evitar ficar sentado na frente do computador por muito tempo. Agora estou de volta ao vício. Hehehehe.
Em nossa pobre mente ocidental, só acreditamos que estão “em forma” aqueles que praticam esporte ou freqüentam academias. De certa forma somos céticos sobre o poder dos exercícios de ritmo mais lento.
Eu sempre gostei de me exercitar, mas parei depois de iniciar processo psicanalítico, baseado em uma linha de “desbloqueio das couraças” de energia corporal. Um processo muito legal que, além do bem-estar emocional, me fez melhorar a postura física. Percebo que depois que o trabalho foi encerrado, relutei em voltar a pegar peso, mesmo que não seja em grande quantidade. O tempo passou, o corpo começou a reclamar.
Como primeiros efeitos da malhação, tenho sentido melhora das dores nas costas. Acho que os músculos precisavam mesmo de fortalecimento. Eu cheguei a ponto de evitar ficar sentado na frente do computador por muito tempo. Agora estou de volta ao vício. Hehehehe.
10.8.05
A dor e a beleza
Andar de ônibus em Salvador é sempre uma viagem. Nos dois sentidos, o do deslocamento e o da constatação que sempre ocorrem fatos inusitados, às vezes bizarros, às vezes de beleza arrebatadora das pessoas, ruas, encostas e águas, que atravessa os vidros das janelas e fecunda a mente do viajante.
Os vendedores estão com entrada restrita nos ônibus. De cara, há o aviso que proíbe a carona. Mas eles não são os que mais incomodam os passageiros. O mais estranho - e incômodo – é a fauna bizarra de loucos, de físico doente ou não. Tipos que freqüentam sempre gratuitamente os ônibus, amparados pela bondade dos motoristas.
Eta gente que sofre, passageiros e caronistas. A população da cidade parece pagar por pecados cometidos por não se sabe quem. Salvador é a única, entre as grandes cidades brasileiras, a não contar com um mísero quilômetro de metrô, há séculos presente em outros países e cidades. As pessoas vivem indefesas de um lado para o outro sacolejando em ônibus velhos e desconfortáveis.
O que alivia é a beleza da orla marítima, que faz o passeio de ônibus trazer o brilho do mar para os olhos. Em inverno suave, há o sol que se arrisca de longe com a brisa fresca. O cheiro do acarajé que se dissolve nas esquinas. A beleza do povo que caminha sentindo o cheiro do sal e dos mariscos. Os pescadores que puxam juntos o barco do mar, como se fosse uma lança. O berço da tradição da cidade que reduz a pressa dos carros. A claridade que quase ofusca a preguiça que o calor traz. Bem-estar das cores. A orla da cidade.
Os vendedores estão com entrada restrita nos ônibus. De cara, há o aviso que proíbe a carona. Mas eles não são os que mais incomodam os passageiros. O mais estranho - e incômodo – é a fauna bizarra de loucos, de físico doente ou não. Tipos que freqüentam sempre gratuitamente os ônibus, amparados pela bondade dos motoristas.
Eta gente que sofre, passageiros e caronistas. A população da cidade parece pagar por pecados cometidos por não se sabe quem. Salvador é a única, entre as grandes cidades brasileiras, a não contar com um mísero quilômetro de metrô, há séculos presente em outros países e cidades. As pessoas vivem indefesas de um lado para o outro sacolejando em ônibus velhos e desconfortáveis.
O que alivia é a beleza da orla marítima, que faz o passeio de ônibus trazer o brilho do mar para os olhos. Em inverno suave, há o sol que se arrisca de longe com a brisa fresca. O cheiro do acarajé que se dissolve nas esquinas. A beleza do povo que caminha sentindo o cheiro do sal e dos mariscos. Os pescadores que puxam juntos o barco do mar, como se fosse uma lança. O berço da tradição da cidade que reduz a pressa dos carros. A claridade que quase ofusca a preguiça que o calor traz. Bem-estar das cores. A orla da cidade.
7.8.05
Comédia de megera
Quem se casa, casa também com a família do noivo ou da noiva. A máxima é bastante conhecida. A surpresa de Charlotte (Jennifer Lopez) é constatar que a futura sogra é pior do que se poderia imaginar. A Sogra (Monster-in-law, EUA, 2005) marca o retorno de Jane Fonda, ganhadora de dois Oscars, depois de quinze anos afastada das telas do cinema.
É da atriz veterana o papel de Viola, uma famosa jornalista da TV que acaba de perder o emprego – e não quer perder o filho, o médico Kevin, para Charlotte, uma moça simples que tem emprego temporário e faz bicos para ganhar a vida, inclusive passear com cachorros.
Está instalado o duelo entre a futura noiva e a sogra, com direito a pirraças de alto requinte. Em uma comédia romântica com bom texto, Jane Fonda rouba o espetáculo na pele da megera cômica. Alguns críticos americanos acharam que ela merecia um papel melhor, talvez mais dramático e denso. Independente disso, o público aprecia o filme e dá boas gargalhadas.
É da atriz veterana o papel de Viola, uma famosa jornalista da TV que acaba de perder o emprego – e não quer perder o filho, o médico Kevin, para Charlotte, uma moça simples que tem emprego temporário e faz bicos para ganhar a vida, inclusive passear com cachorros.
Está instalado o duelo entre a futura noiva e a sogra, com direito a pirraças de alto requinte. Em uma comédia romântica com bom texto, Jane Fonda rouba o espetáculo na pele da megera cômica. Alguns críticos americanos acharam que ela merecia um papel melhor, talvez mais dramático e denso. Independente disso, o público aprecia o filme e dá boas gargalhadas.
2.8.05
Gato de rua
Enquanto teclo em frente ao computador, a gatinha Kika suavemente pula em meu colo. Ela não pode me ver sentado, seja lendo ou escrevendo, que vem logo se aconchegando em busca de afagos. O gato Ronrom fica olhando, sempre ressabiado – e com ciúme. Antes eu achava que ele tinha ciúme da atenção que eu dispenso a ela. Mas outro dia percebi que ele não gosta é que ela o veja também pedindo afagos a mim. Acho que ele tem vergonha.
Enquanto eu não tinha animal de estimação, não ligava para os bichos de rua. Cachorros e gatos, soltos por aí, não me diziam nada. Depois que os gatos chegaram a minha casa, não posso ver um passeando perdido pela rua, que tenho vontade de trazê-lo para dentro de casa. Vontade contida mais do que rapidamente, por algum lapso de bom-senso.
Outro dia eu vinha subindo a rua em que moro, uma ladeira de inclinação não muito acentuada. Era início da noite, a iluminação já vinha dos postes. De repente vi um bicho que parecia um rato, tinha o tamanho de um enorme. Era cinzento feito uma enorme ratazana. Rato que nada, era um filhote de gato com um palmo de comprimento. O bichinho ficava pra lá e pra cá seguindo os passantes, especialmente aqueles que vinham com sacolas do mercado, que fica logo ali bem próximo. Ele estava com fome, procurava comida.
Me deu uma dó danada e por alguns instantes pensei em trazê-lo para casa. Ele parecia ter se desgarrado da mãe há pouco tempo. Talvez ainda estivesse se alimentando à base de leite. Eu me contive e vi que não poderia cometer uma loucura daquelas. Já tenho dois em casa. Havia um senhor ali por perto que não conseguia esconder a sua vontade de também levar o bichinho para casa. Mas ele também aparentava notar a impossibilidade de fazer um ato tão ousado. Parecia ter mais medo de tomar uma vassourada da patroa. Com gato e tudo.
Já pensou se todo mundo resolvesse levar gato de rua para casa? Não ia sobrar um gato passeador. Que seria dos vendedores de churrasquinho durante o Carnaval? E dos clientes, foliões famintos? O consumo durante a festa deve ser a única explicação pela qual não há milhares de gatos espalhados pelas ruas. Os bichanos se reproduzem em uma velocidade espantosa.
Enquanto eu não tinha animal de estimação, não ligava para os bichos de rua. Cachorros e gatos, soltos por aí, não me diziam nada. Depois que os gatos chegaram a minha casa, não posso ver um passeando perdido pela rua, que tenho vontade de trazê-lo para dentro de casa. Vontade contida mais do que rapidamente, por algum lapso de bom-senso.
Outro dia eu vinha subindo a rua em que moro, uma ladeira de inclinação não muito acentuada. Era início da noite, a iluminação já vinha dos postes. De repente vi um bicho que parecia um rato, tinha o tamanho de um enorme. Era cinzento feito uma enorme ratazana. Rato que nada, era um filhote de gato com um palmo de comprimento. O bichinho ficava pra lá e pra cá seguindo os passantes, especialmente aqueles que vinham com sacolas do mercado, que fica logo ali bem próximo. Ele estava com fome, procurava comida.
Me deu uma dó danada e por alguns instantes pensei em trazê-lo para casa. Ele parecia ter se desgarrado da mãe há pouco tempo. Talvez ainda estivesse se alimentando à base de leite. Eu me contive e vi que não poderia cometer uma loucura daquelas. Já tenho dois em casa. Havia um senhor ali por perto que não conseguia esconder a sua vontade de também levar o bichinho para casa. Mas ele também aparentava notar a impossibilidade de fazer um ato tão ousado. Parecia ter mais medo de tomar uma vassourada da patroa. Com gato e tudo.
Já pensou se todo mundo resolvesse levar gato de rua para casa? Não ia sobrar um gato passeador. Que seria dos vendedores de churrasquinho durante o Carnaval? E dos clientes, foliões famintos? O consumo durante a festa deve ser a única explicação pela qual não há milhares de gatos espalhados pelas ruas. Os bichanos se reproduzem em uma velocidade espantosa.
1.8.05
Caro leitor
O tempo ausente é reflexo de certa impaciência e secura criativa que assola os meus dias. O que anda acontecendo, não sei dizer. Não tenho tido paciência para ler livros ou mesmo grandes reportagens. Que dirá elaborar textos. O tempo parece estar exigindo de mim mais atenção aos cuidados com o corpo e a saúde. A energia precisa descer do plano mental para cansativamente ser gasta em exercícios físicos que se transformarão em saúde.
Preciso malhar! Mais do que uma questão estética, é pela saúde.
(Tô falando isso para ver se me convenço)
Preciso malhar! Mais do que uma questão estética, é pela saúde.
(Tô falando isso para ver se me convenço)
29.7.05
Pecados em preto-e-branco
Sin City - Cidade do Pecado (Sin City, EUA, 2005) é a transposição direta dos quadrinhos do americano Frank Miller para o cinema. O filme não precisou nem de roteiro. O que se vê na tela é o que já estava pronto nas novelas policiais em quadrinhos. A direção é do mexicano Roberto Rodriguez, com co-direção de Miller e participação especial do cultuado Quentin Tarantino.
São três histórias que se entrecuzam, em uma cidade violenta e degradada, na qual mulheres sensuais convivem com assassinos e marginais. Os personagens principais são o lutador de rua Marv (Mickey Rourke), o detetive Dwight (Clive Owen) e o policial John Hartigan (Bruce Willis), este prestes a se aposentar. As imagens são em preto-e-branco com algumas pinceladas de cores. As filmagens foram feitas sobre um fundo verde e os cenários foram geradas em computador.
O resultado é um trabalho original e inovador. Há o culto à violência, mas que é suavizada pelas imagens gráficas - o sangue é branco - e pelos traços de ironia. Apesar da ação dos personagens, depois que a primeira história é encerrada, as seguintes vão se tornando repetitivas. O filme vale pelo caráter de novidade e pela beleza plástica.
São três histórias que se entrecuzam, em uma cidade violenta e degradada, na qual mulheres sensuais convivem com assassinos e marginais. Os personagens principais são o lutador de rua Marv (Mickey Rourke), o detetive Dwight (Clive Owen) e o policial John Hartigan (Bruce Willis), este prestes a se aposentar. As imagens são em preto-e-branco com algumas pinceladas de cores. As filmagens foram feitas sobre um fundo verde e os cenários foram geradas em computador.
O resultado é um trabalho original e inovador. Há o culto à violência, mas que é suavizada pelas imagens gráficas - o sangue é branco - e pelos traços de ironia. Apesar da ação dos personagens, depois que a primeira história é encerrada, as seguintes vão se tornando repetitivas. O filme vale pelo caráter de novidade e pela beleza plástica.
28.7.05
Astral
A orgia das novas receitas teve o resultado previsto. Esperado e indesejado: aumento de peso. Voltei a inflar o que havia conseguido secar. Mas já estou em processo de boca fechada novamente.
Ando precisando dar mais atenção às minhas atividades não remuneradas. Preciso concentrar esforços para fazer algumas coisas que sempre postergo. Digitar textos manuscritos, retomar textos antigos, encadernar coisas publicadas, reunir as informações sobre a história da família. Não são compromissos que tenho com ninguém, só comigo mesmo. Acho que por conta disso, vou enrolando, enrolando, deixando para depois.
Costumo dividir o meu interesse por vários assuntos. Não consigo me concentrar em uma coisa só. Há tanta coisa legal para ver, para ler, para fazer. O resultado é que fico sem energia para me dedicar profundamente a um tema único, correndo o risco de fazer abordagens superficiais. Característica típica de Gêmeos, o signo da dualidade. Acho que o desafio é aceitar o fato numa boa e relaxar. Mercúrio, o planeta regente do signo, está em retrogradação por alguns dias, o que amplifica tudo. Fazer o quê?
Ando precisando dar mais atenção às minhas atividades não remuneradas. Preciso concentrar esforços para fazer algumas coisas que sempre postergo. Digitar textos manuscritos, retomar textos antigos, encadernar coisas publicadas, reunir as informações sobre a história da família. Não são compromissos que tenho com ninguém, só comigo mesmo. Acho que por conta disso, vou enrolando, enrolando, deixando para depois.
Costumo dividir o meu interesse por vários assuntos. Não consigo me concentrar em uma coisa só. Há tanta coisa legal para ver, para ler, para fazer. O resultado é que fico sem energia para me dedicar profundamente a um tema único, correndo o risco de fazer abordagens superficiais. Característica típica de Gêmeos, o signo da dualidade. Acho que o desafio é aceitar o fato numa boa e relaxar. Mercúrio, o planeta regente do signo, está em retrogradação por alguns dias, o que amplifica tudo. Fazer o quê?
25.7.05
Pé na cozinha
Rolou degustação dos pratos mexicanos no sábado, com direito a amigo secreto na turma. Comi horrores. Além dos pratos vistos antes, como burritos, nachos, tacos, molhos e arroz mexicano, o instrutor preparou quesadillas e flautitas. Estas últimas são deliciosas espécies de pastéis feitos com a tortilla de trigo enrolada sobre os recheios. Também rolou um badejo com molho de tequila que ficou fantástico.
O cozinheiro não conseguia disfarçar o orgulho e de vez em quando falava alguma coisa sobre seus trabalhos anteriores: “No camarote de Daniela Mercury, eu tinha que fazer flautitas em grande quantidade, então tinha que congelar de véspera para fritar na hora”. O restaurante no qual ele trabalhava é um dos que serve o bufê no camarote da cantora durante o Carnaval.
Detalhe saboroso: se eu tivesse ido a um restaurante provar todos aqueles pratos, teria gasto mais dinheiro do que gastei pagando pelo curso inteiro.
Com o tempo, fui conhecendo melhor as pessoas. Fiquei curioso em saber as ocupações dos participantes e fui perguntando. Havia cozinheiras que irão trabalhar em novo restaurante mexicano que irá inaugurar em Salvador, na Barra. Estudantes universitários de Administração e de Engenharia de Alimentos. Um rapaz que trabalha na área de informática. Um dos instrutores do Senac, que sempre passava pela sala, me disse que cursou Economia, mas abandonou pela metade. Ou seja, as pessoas que gostam de culinária têm as mais diferentes formações. E todas parecem adorar o seu “pé na cozinha”.
O cozinheiro não conseguia disfarçar o orgulho e de vez em quando falava alguma coisa sobre seus trabalhos anteriores: “No camarote de Daniela Mercury, eu tinha que fazer flautitas em grande quantidade, então tinha que congelar de véspera para fritar na hora”. O restaurante no qual ele trabalhava é um dos que serve o bufê no camarote da cantora durante o Carnaval.
Detalhe saboroso: se eu tivesse ido a um restaurante provar todos aqueles pratos, teria gasto mais dinheiro do que gastei pagando pelo curso inteiro.
Com o tempo, fui conhecendo melhor as pessoas. Fiquei curioso em saber as ocupações dos participantes e fui perguntando. Havia cozinheiras que irão trabalhar em novo restaurante mexicano que irá inaugurar em Salvador, na Barra. Estudantes universitários de Administração e de Engenharia de Alimentos. Um rapaz que trabalha na área de informática. Um dos instrutores do Senac, que sempre passava pela sala, me disse que cursou Economia, mas abandonou pela metade. Ou seja, as pessoas que gostam de culinária têm as mais diferentes formações. E todas parecem adorar o seu “pé na cozinha”.
21.7.05
Tacos, nachos e burritos
Mais e mais pratos vão saindo da bancada. Todas as receitas que constam na apostila do curso de cozinha mexicana estão sendo preparadas. No final das tarefas há degustação dos pratos. Não há grandes quantidades, mas há o suficiente para que todos provem. Agora que já chegamos aos pratos principais, que incluem ingredientes como feijão, arroz, queijo, carne e frango, dá para pensar que as “provinhas” da comida são praticamente refeições.
Para começar, tem o feijão refrito. O feijão carioquinha é temperado, cozido, depois batido, com um toque de bacon refogado na cebola. O resultado é um caldo grosso e delicioso. É o prato do dia-a-dia do México.
O arroz mexicano, por sua vez, é temperado com bastante pimentão. Os burritos, que delícia, são as tortilhas de trigo enroladas em formato de panqueca. Levam vários recheios, a gosto do freguês: feijão refrito, frango desfiado, carne moída, queijo cheddar ralado. Mais os molhos à escolha: guacamole (feito de abacate), pico de gallo (tomate e cebola picados e temperados), salsa mexicana (tomate apimentado). Ainda tem os nachos, feitos de pedaços fritos de tortilhas de trigo, e os tacos, que são tortilhas de milho com recheios.
Uma das coisas que mais me deixava curioso e levemente angustiado ao encarar o cardápio mexicano era a variedade. Eu não sabia o que escolher porque não conhecia direito os pratos. Agora começo a conhecer.
Para começar, tem o feijão refrito. O feijão carioquinha é temperado, cozido, depois batido, com um toque de bacon refogado na cebola. O resultado é um caldo grosso e delicioso. É o prato do dia-a-dia do México.
O arroz mexicano, por sua vez, é temperado com bastante pimentão. Os burritos, que delícia, são as tortilhas de trigo enroladas em formato de panqueca. Levam vários recheios, a gosto do freguês: feijão refrito, frango desfiado, carne moída, queijo cheddar ralado. Mais os molhos à escolha: guacamole (feito de abacate), pico de gallo (tomate e cebola picados e temperados), salsa mexicana (tomate apimentado). Ainda tem os nachos, feitos de pedaços fritos de tortilhas de trigo, e os tacos, que são tortilhas de milho com recheios.
Uma das coisas que mais me deixava curioso e levemente angustiado ao encarar o cardápio mexicano era a variedade. Eu não sabia o que escolher porque não conhecia direito os pratos. Agora começo a conhecer.
18.7.05
Aula na cozinha
Disposto a conhecer mais de um assunto que costumo mais observar e consumir do que praticar a criação, decido me matricular em um curso de culinária. Mais precisamente sobre cozinha mexicana, que eu admiro, mas não conheço muito. O treinamento está ocorrendo no Sesc/Senac Pelourinho.
A sala de aula tem carteiras e cozinha experimental, dessas que a gente vê em programa de televisão, com bancada, armários, geladeira Bosch (daquelas grandes de aço escovado) e espelhos inclinados para facilitar a visualização. Tudo organizado, novinho, com ar-condicionado regulável. Bastante conforto. As receitas vêm em uma apostila com um breve histórico.
O professor é simplesmente o ex-chef de um famoso restaurante mexicano em Salvador. Ele agora executa as receitas do México em um restaurante em Costa do Sauípe.
No grupo de alunos tem desde cozinheira de família rica - cujo patrão é vidrado em pratos mexicanos - até alguns pós-adolescentes que parecem interessados nos altos salários dos restaurantes caros, ou mesmo no sucesso dos cozinheiros da televisão. Passando por gente que enfia a mão no tempero dos restaurantes da cidade.
O clima da aula é muito agradável. Alguns alunos se oferecem para ajudar no preparo e instrutores de outros cursos de culinária do Senac também participam. No final, vem uma das melhores partes: a degustação. Taí uma das coisas que eu gosto desse pessoal que trabalha com cozinha: quase todos são gentis e bem-humorados. Em pouco tempo está todo mundo na maior intimidade, batendo papo, fazendo piadinhas e trocando figurinhas sobre preparo de pratos. A comida tem esse efeito fantástico de aproximar as pessoas. Não é à toa que os diplomatas vivem de freqüentar e oferecer almoços e jantares.
Hoje, o primeiro dia, foram feitas quatro receitas, todos pratos apimentados. Duas entradas: banana frita com chili e cubos de manga também com chili, que é o tempero típico do México. É praticamente pimenta moída. Duas saladas deliciosas de folhas verdes, uma com frango e outra com camarão, acompanhadas de molhos elaborados. O camarão foi preparado na chapa com azeite de oliva e um tempero pronto chamado Lemon, de ervas secas com limão. Ficou uma coisa.
A sala de aula tem carteiras e cozinha experimental, dessas que a gente vê em programa de televisão, com bancada, armários, geladeira Bosch (daquelas grandes de aço escovado) e espelhos inclinados para facilitar a visualização. Tudo organizado, novinho, com ar-condicionado regulável. Bastante conforto. As receitas vêm em uma apostila com um breve histórico.
O professor é simplesmente o ex-chef de um famoso restaurante mexicano em Salvador. Ele agora executa as receitas do México em um restaurante em Costa do Sauípe.
No grupo de alunos tem desde cozinheira de família rica - cujo patrão é vidrado em pratos mexicanos - até alguns pós-adolescentes que parecem interessados nos altos salários dos restaurantes caros, ou mesmo no sucesso dos cozinheiros da televisão. Passando por gente que enfia a mão no tempero dos restaurantes da cidade.
O clima da aula é muito agradável. Alguns alunos se oferecem para ajudar no preparo e instrutores de outros cursos de culinária do Senac também participam. No final, vem uma das melhores partes: a degustação. Taí uma das coisas que eu gosto desse pessoal que trabalha com cozinha: quase todos são gentis e bem-humorados. Em pouco tempo está todo mundo na maior intimidade, batendo papo, fazendo piadinhas e trocando figurinhas sobre preparo de pratos. A comida tem esse efeito fantástico de aproximar as pessoas. Não é à toa que os diplomatas vivem de freqüentar e oferecer almoços e jantares.
Hoje, o primeiro dia, foram feitas quatro receitas, todos pratos apimentados. Duas entradas: banana frita com chili e cubos de manga também com chili, que é o tempero típico do México. É praticamente pimenta moída. Duas saladas deliciosas de folhas verdes, uma com frango e outra com camarão, acompanhadas de molhos elaborados. O camarão foi preparado na chapa com azeite de oliva e um tempero pronto chamado Lemon, de ervas secas com limão. Ficou uma coisa.
16.7.05
Inclusão pelo talento
Na quarta-feira à noite ocorreu a pré-estréia em Salvador do documentário A pessoa é para o que nasce, de Roberto Berliner, na Sala de Arte do Baiano. A boa divulgação, com direito a capa de segundo caderno, garantiu a lotação da casa.
As cegas-irmãs-cantoras-ex-mendigas-atrizes-estrelas Regina (Poroca), Maria (Maroca) e Conceição (Indaiá) Barbosa, de Campina Grande, Paraíba, estavam presentes, junto com o diretor, dando entrevistas para a TV. Lindas, pequeninas, com sandálias de couro protegendo os pés que mal alcançam o chão quando ficam sentadas. Elas são uma mistura de fragilidade, sensibilidade, força e grandeza.
Coquetel rolando, um povo diferente, que eu não conhecia. Vários convidados dos patrocinadores, atores e atrizes, gente de cinema e de publicidade. Bufê nordestino, como já está virando lugar-comum por aqui. Caldinho de aipim muito bom. Beijus torrados com manteiga e parmesão. Pequenas porções de carne-seca com purê de abóbora. Mini-bolinhos de estudante. Os convidados se acotovelavam, apertados com os manequins fixos e seus trajes criados por estilistas baianos para comemorar os cinco anos do circuito Sala de Arte.
O filme – Depois do coquetel, a sessão. O documentário com ares de narrativa romanceada é bem interessante. A direção conseguiu explorar o lado cômico das irmãs, deixando propositalmente a cargo do espectador a avaliação – sem esquecer um certo incômodo – da situação financeira das ceguinhas e do cuidado que a família dispensa a elas. Apesar de contar com a ajuda de alguns parentes, elas foram (e ainda são) responsáveis pelo sustento de grande parte dos familiares. Cantando, tocando e mendigando nas ruas.
O questionamento pela exploração da miséria alheia fica visível, mesmo que seja perceptível que elas também se utilizam do mesmo expediente, ao cobrar retorno financeiro da produção. Segundo o diretor, com um prêmio ganho foi comprada uma casa para elas, hoje habitada por familiares. Elas continuam morando de aluguel. Maroca, a irmã mais articulada e autora do título do filme, tem uma frase conclusiva: “Trabalha o feio para o bonito comer”.
O filme tem viés politicamente correto, instrutivo por mostrar características e modos de vida dos deficientes visuais. A música popular das cegas-cantoras foi transformada em CD, que terá 50% dos lucros retornados para elas. Uma parte dos lucros do filme será entregue a elas.
Depois da projeção, houve apresentação das estrelas acompanhadas de músicos de uma banda de forró-eletrônico-moderno. No dia da pré-estréia era aniversário de Poroca (Regina). A platéia cantou parabéns, com direito a flores e bolo, o que fez aumentar a carga emotiva do evento.
Para conhecer mais da história das ceguinhas, visite o site do filme.
As cegas-irmãs-cantoras-ex-mendigas-atrizes-estrelas Regina (Poroca), Maria (Maroca) e Conceição (Indaiá) Barbosa, de Campina Grande, Paraíba, estavam presentes, junto com o diretor, dando entrevistas para a TV. Lindas, pequeninas, com sandálias de couro protegendo os pés que mal alcançam o chão quando ficam sentadas. Elas são uma mistura de fragilidade, sensibilidade, força e grandeza.
Coquetel rolando, um povo diferente, que eu não conhecia. Vários convidados dos patrocinadores, atores e atrizes, gente de cinema e de publicidade. Bufê nordestino, como já está virando lugar-comum por aqui. Caldinho de aipim muito bom. Beijus torrados com manteiga e parmesão. Pequenas porções de carne-seca com purê de abóbora. Mini-bolinhos de estudante. Os convidados se acotovelavam, apertados com os manequins fixos e seus trajes criados por estilistas baianos para comemorar os cinco anos do circuito Sala de Arte.
O filme – Depois do coquetel, a sessão. O documentário com ares de narrativa romanceada é bem interessante. A direção conseguiu explorar o lado cômico das irmãs, deixando propositalmente a cargo do espectador a avaliação – sem esquecer um certo incômodo – da situação financeira das ceguinhas e do cuidado que a família dispensa a elas. Apesar de contar com a ajuda de alguns parentes, elas foram (e ainda são) responsáveis pelo sustento de grande parte dos familiares. Cantando, tocando e mendigando nas ruas.
O questionamento pela exploração da miséria alheia fica visível, mesmo que seja perceptível que elas também se utilizam do mesmo expediente, ao cobrar retorno financeiro da produção. Segundo o diretor, com um prêmio ganho foi comprada uma casa para elas, hoje habitada por familiares. Elas continuam morando de aluguel. Maroca, a irmã mais articulada e autora do título do filme, tem uma frase conclusiva: “Trabalha o feio para o bonito comer”.
O filme tem viés politicamente correto, instrutivo por mostrar características e modos de vida dos deficientes visuais. A música popular das cegas-cantoras foi transformada em CD, que terá 50% dos lucros retornados para elas. Uma parte dos lucros do filme será entregue a elas.
Depois da projeção, houve apresentação das estrelas acompanhadas de músicos de uma banda de forró-eletrônico-moderno. No dia da pré-estréia era aniversário de Poroca (Regina). A platéia cantou parabéns, com direito a flores e bolo, o que fez aumentar a carga emotiva do evento.
Para conhecer mais da história das ceguinhas, visite o site do filme.
14.7.05
Retorno turbinado
O fusca Herbie, que começou a carreira em Se Meu Fusca Falasse, lançado em 1968, volta às telas em Herbie - Meu Fusca Turbinado (Herbie: Fully Loaded, EUA, 2005), em produção dos estúdios Walt Disney e direção de Angela Robinson.
Maggie (Lindsay Lohan, de Garotas Malvadas) faz parte de uma família de pilotos de corridas, mas o pai superprotetor (Michael Keaton) não a deixa entrar em competições. Como presente de formatura na Universidade, ela escolhe o sensível e temperamental Herbie, que estava esquecido em um ferro-velho. Ela então o reforma para participar de uma corrida, para concorrer com o campeão Trip Murphy (Matt Dillon).
Direcionado ao público infanto-juvenil, o filme conquista também os
adultos pelo humor, pelas boas escolhas musicais, algumas antigas e
outras recentes, e pelo sabor ingênuo de aventura e romance. Boa
relembrança para aqueles que viram as primeiras aventuras do fusca
ainda crianças.
Maggie (Lindsay Lohan, de Garotas Malvadas) faz parte de uma família de pilotos de corridas, mas o pai superprotetor (Michael Keaton) não a deixa entrar em competições. Como presente de formatura na Universidade, ela escolhe o sensível e temperamental Herbie, que estava esquecido em um ferro-velho. Ela então o reforma para participar de uma corrida, para concorrer com o campeão Trip Murphy (Matt Dillon).
Direcionado ao público infanto-juvenil, o filme conquista também os
adultos pelo humor, pelas boas escolhas musicais, algumas antigas e
outras recentes, e pelo sabor ingênuo de aventura e romance. Boa
relembrança para aqueles que viram as primeiras aventuras do fusca
ainda crianças.
13.7.05
Morte no pagode
No final da década de oitenta, a axé music despontava em Salvador. Havia festas nos clubes, animadas pelas estrelas em ascensão. Chiclete com Banana, Asa de Águia, Banda Beijo (com Netinho) tocavam a noite inteira, fazendo a galera dançar até o sol revelar as feições cansadas dos festeiros.
Com o sucesso nacional ocorrido na década de noventa, os clubes ficaram pequenos. Grandes eventos passaram a ocorrer em espaços maiores, como o Parque de Exposições. Ou em locais menores, como o Rock in Rio Café, onde o público também é menor, mas as despesas de infra-estrutura dos shows ficam reduzidas, pois o palco já está montado.
No final de semana passado foi a vez da Birinight Fest, no Parque de Exposições. Vários grupos de pagode reunidos para fazer a quebradeira geral. Birinight é uma bebida do tipo “frizzy drink”, como se chama lá fora. Álcool gaseificado, adoçado e com sabores variados. Do tipo Smirnoff Ice, só que mais barato.
Na festa patrocinada pela bebida, até o horário da meia-noite uma garrafinha, que deve ter uns 400 ml, era vendida por um real! Para entrar na festa, a “casadinha”, para duas pessoas, custava 20 reais. Uma pechincha. Bastava somente economizar valor do ônibus para voltar para casa. Bem do jeito que o pessoal de Salvador gosta: gastar pouco e dançar a noite toda
O resultado é que os ingressos foram totalmente vendidos. Setenta mil pessoas no evento. Se Salvador tem 2,7 milhões de habitantes, isso significa a presença de 2,5% da população da cidade na festa. A cada duzentos moradores da cidade, cinco estiveram por lá. Olha que estamos em inverno chuvoso, não há tantos turistas quanto no verão.
O fato triste na história foi o assassinato de um rapaz durante o evento. Sabe-se que foi morto por alguém que estava armado no Parque de Exposições. Houve reclamações de que a organização da festa, pelo fato de haver vendido todos os ingressos antecipadamente, descuidou da segurança na detecção de metais e também da assistência médica.
Será que o descuido foi pelo fato de o evento ser destinado a um público de poder aquisitivo mais baixo? O incidente apareceu na mídia, mas a empresa organizadora do evento, ligada a uma família poderosa do Estado, não foi notificada. Fala-se por aí que até a queixa policial sumiu dos arquivos.
Depois ainda querem provar que não há violência no Carnaval e nas festas. Que a Bahia é só alegria. Só se vê na Bahia.
Que saudade das festas nos clubes.
Com o sucesso nacional ocorrido na década de noventa, os clubes ficaram pequenos. Grandes eventos passaram a ocorrer em espaços maiores, como o Parque de Exposições. Ou em locais menores, como o Rock in Rio Café, onde o público também é menor, mas as despesas de infra-estrutura dos shows ficam reduzidas, pois o palco já está montado.
No final de semana passado foi a vez da Birinight Fest, no Parque de Exposições. Vários grupos de pagode reunidos para fazer a quebradeira geral. Birinight é uma bebida do tipo “frizzy drink”, como se chama lá fora. Álcool gaseificado, adoçado e com sabores variados. Do tipo Smirnoff Ice, só que mais barato.
Na festa patrocinada pela bebida, até o horário da meia-noite uma garrafinha, que deve ter uns 400 ml, era vendida por um real! Para entrar na festa, a “casadinha”, para duas pessoas, custava 20 reais. Uma pechincha. Bastava somente economizar valor do ônibus para voltar para casa. Bem do jeito que o pessoal de Salvador gosta: gastar pouco e dançar a noite toda
O resultado é que os ingressos foram totalmente vendidos. Setenta mil pessoas no evento. Se Salvador tem 2,7 milhões de habitantes, isso significa a presença de 2,5% da população da cidade na festa. A cada duzentos moradores da cidade, cinco estiveram por lá. Olha que estamos em inverno chuvoso, não há tantos turistas quanto no verão.
O fato triste na história foi o assassinato de um rapaz durante o evento. Sabe-se que foi morto por alguém que estava armado no Parque de Exposições. Houve reclamações de que a organização da festa, pelo fato de haver vendido todos os ingressos antecipadamente, descuidou da segurança na detecção de metais e também da assistência médica.
Será que o descuido foi pelo fato de o evento ser destinado a um público de poder aquisitivo mais baixo? O incidente apareceu na mídia, mas a empresa organizadora do evento, ligada a uma família poderosa do Estado, não foi notificada. Fala-se por aí que até a queixa policial sumiu dos arquivos.
Depois ainda querem provar que não há violência no Carnaval e nas festas. Que a Bahia é só alegria. Só se vê na Bahia.
Que saudade das festas nos clubes.
11.7.05
Ratinho novo
Depois de passar alguns dias lutando com o ponteiro do mouse, que rodava pelo monitor feito dançarina de pagode em dia de quebradeira, consegui resolver o problema. O ponteiro estava tão impossível e mal-comportado que eu tive que desconectar o mouse.
Uns disseram que era o próprio mouse que estava com problema. Outros disseram que era vírus. Troquei o mouse, passei anti-vírus na máquina. Nada deu jeito. Até que um esperto conhecido me deu a dica. O problema está na porta serial, onde o mouse é conectado. Nesse clima maravilhoso de Salvador - em que a gente poeticamente quase consegue tocar a umidade e o salitre do ar – as partes do computador sofrem oxidação com facilidade.
E a dica foi adiante. Ele me sugeriu que comprasse outro mouse, só que para ser conectado na saída USB do computador. Eu nem sabia que ele podia ser conectado ali. Procurei a criatura roedora dos meus músculos digitais e braçais e achei bem baratinho, lá no centro, perto de onde trabalho. Resultado: o ponteiro está ótimo. Calmo, controlado, comportado. Um gentleman. Está mais para valsa do que para axé.
Por falar em mouse, lembrei que o meu falecido e querido pai, em seus parcos conhecimentos de informática, falou uma vez no “ratinho”. Ele pensou que o nome mouse era utilizado simplesmente porque eu e minha irmã nos recusávamos a falar o nome da peça em bom português. No Brasil de imitações globalizadas, a informática vem transformando termos ingleses em palavras correntes na língua nacional.
Por enquanto, Lupicínio, meu velho computador e brother AMD K6, vai continuar cantando. Pelo menos até aparecer alguma grana extra no horizonte. Ele merece ter a aposentadoria adiada. Muito mérito para quem conseguiu certeiramente socar Roberto Jefferson no olho.
Uns disseram que era o próprio mouse que estava com problema. Outros disseram que era vírus. Troquei o mouse, passei anti-vírus na máquina. Nada deu jeito. Até que um esperto conhecido me deu a dica. O problema está na porta serial, onde o mouse é conectado. Nesse clima maravilhoso de Salvador - em que a gente poeticamente quase consegue tocar a umidade e o salitre do ar – as partes do computador sofrem oxidação com facilidade.
E a dica foi adiante. Ele me sugeriu que comprasse outro mouse, só que para ser conectado na saída USB do computador. Eu nem sabia que ele podia ser conectado ali. Procurei a criatura roedora dos meus músculos digitais e braçais e achei bem baratinho, lá no centro, perto de onde trabalho. Resultado: o ponteiro está ótimo. Calmo, controlado, comportado. Um gentleman. Está mais para valsa do que para axé.
Por falar em mouse, lembrei que o meu falecido e querido pai, em seus parcos conhecimentos de informática, falou uma vez no “ratinho”. Ele pensou que o nome mouse era utilizado simplesmente porque eu e minha irmã nos recusávamos a falar o nome da peça em bom português. No Brasil de imitações globalizadas, a informática vem transformando termos ingleses em palavras correntes na língua nacional.
Por enquanto, Lupicínio, meu velho computador e brother AMD K6, vai continuar cantando. Pelo menos até aparecer alguma grana extra no horizonte. Ele merece ter a aposentadoria adiada. Muito mérito para quem conseguiu certeiramente socar Roberto Jefferson no olho.
10.7.05
A melhor carne do bairro
Conheci um restaurante excepcional na categoria que mais me agrada: bom e barato. Melhor ainda: aqui mesmo no Rio Vermelho, pertinho de onde moro. É bem simples, praticamente um botequim. Nos dias de sol, as mesas são colocadas debaixo das árvores que ficam na calçada em frente. No dia em que fui, o vento só permitiu a permanência na parte interna.
O restaurante Mercosul (não haveria um nome mais inspirado?) fica na rua Archibaldo Baleeiro, aquela em forma de U, em frente ao Shopping Iemanjá. É daqueles restaurantes de bairro, sem propaganda, cujos principais freqüentadores são os moradores das vizinhanças. Na placa, a dica não é modesta: “O melhor churrasco do Rio Vermelho”. Pede-se o espeto de picanha acompanhado de aipim cozinho, farofa de feijão fradinho, salada de tomate picado, arroz e o que mais for desejado. Há frango, bode e outras opções.
A carne é simplesmente a melhor picanha que já comi até hoje. Macia, suculenta, deliciosa, quase derrete na boca. Bem melhor do que aquelas servidas na chapa, em outros restaurantes. O aipim era uma coisa de louco, bem molinho, coberto de manteiga derretida, em uma tigela enorme. Vinte reais para duas pessoas, por seiscentos gramas de carne.
Depois de experimentar, estou repassando aos leitores a dica que a minha amiga V. me deu. Ela não mora aqui no bairro, mas sabe tuuido quando a questão é onde comer bem. Às vezes as melhores coisas estão debaixo do nosso nariz a gente não percebe ou não tem a informação.
O restaurante Mercosul (não haveria um nome mais inspirado?) fica na rua Archibaldo Baleeiro, aquela em forma de U, em frente ao Shopping Iemanjá. É daqueles restaurantes de bairro, sem propaganda, cujos principais freqüentadores são os moradores das vizinhanças. Na placa, a dica não é modesta: “O melhor churrasco do Rio Vermelho”. Pede-se o espeto de picanha acompanhado de aipim cozinho, farofa de feijão fradinho, salada de tomate picado, arroz e o que mais for desejado. Há frango, bode e outras opções.
A carne é simplesmente a melhor picanha que já comi até hoje. Macia, suculenta, deliciosa, quase derrete na boca. Bem melhor do que aquelas servidas na chapa, em outros restaurantes. O aipim era uma coisa de louco, bem molinho, coberto de manteiga derretida, em uma tigela enorme. Vinte reais para duas pessoas, por seiscentos gramas de carne.
Depois de experimentar, estou repassando aos leitores a dica que a minha amiga V. me deu. Ela não mora aqui no bairro, mas sabe tuuido quando a questão é onde comer bem. Às vezes as melhores coisas estão debaixo do nosso nariz a gente não percebe ou não tem a informação.
8.7.05
Mistério
Eu só queria saber quais os Reai$$ motivos que levaram a secretária do publicitário Marcos Valério a tirar cópias da agenda do chefe, desde o ano passado, para apresentar em uma comissão de inquérito meses depois. Quem está por trás das denúncias da secretária?
A ex-funcionária insatisfeita preferiu denunciar o patrão ao Congresso do que entrar na Justiça do Trabalho para receber os salários atrasados? Uma paixão mal resolvida pelo careca? Será que ela ficou revoltada porque Valério não aceitou a sugestão dela para que ele fizesse um implante capilar?
A ex-funcionária insatisfeita preferiu denunciar o patrão ao Congresso do que entrar na Justiça do Trabalho para receber os salários atrasados? Uma paixão mal resolvida pelo careca? Será que ela ficou revoltada porque Valério não aceitou a sugestão dela para que ele fizesse um implante capilar?
CPMI badalada
Danuza Leão conseguiu transformar a cobertura da CPI em um evento fashion. Com o título "Cenário lindo é palco de espetáculo deprimente", ela fez uma crônica interessante e quase engraçada para a Folha de São Paulo. Para quem tem acesso, clique aqui.
Ela conta que ACM Neto, sempre babado pelo avô, masca chicletes o tempo todo. E ela se pergunta onde será que ele o coloca quando vai falar. Debaixo do tampo da mesa, como os colegiais?
A jornalista conta que "a paquera rolou solta" no restaurante do prédio, entre assessores, jornalistas, lobistas e deputados (de ambos os sexos). Dá para crer ou a colunista parece ter tido um certo deslumbramento com o poder?
Só faltou o espumante.
Ela conta que ACM Neto, sempre babado pelo avô, masca chicletes o tempo todo. E ela se pergunta onde será que ele o coloca quando vai falar. Debaixo do tampo da mesa, como os colegiais?
A jornalista conta que "a paquera rolou solta" no restaurante do prédio, entre assessores, jornalistas, lobistas e deputados (de ambos os sexos). Dá para crer ou a colunista parece ter tido um certo deslumbramento com o poder?
Só faltou o espumante.
6.7.05
Os picaretas
O mar de lama da política brasileira está com ondas cada vez mais altas. Dá até medo ligar a TV. A cada dia aparecem novas revelações bombásticas.
A impressão é que todas as atividades ilícitas delatadas sempre ocorreram na história da Câmara e ocorriam com frequência desde antes do governo Lula, com alguns dos mesmos personagens no estrelato. O tal do Marcos Valério já operava desde 1999.
Uma hora em que as investigações vão ter que parar, porque as maracutaias correm o risco de atingir os governos anteriores - e até, quem sabe, os deputados que estão fazendo as investigações, por meio da CPI. O saldo é que não restaria ninguém no Congresso.
O presidente Lula parece ter razão quando fala que antes essas coisas não apareciam porque a sujeira ficava escondida. Já que é assim, melhor que sejam feitas as mudanças necessárias e urgentes, que incluem a questão da revisão de financiamentos das campanhas políticas, por exemplo. Ora, o deputado gasta uma fortuna para se eleger. Claro que vai querer cobrar a conta fazendo trezentas artimanhas.
O PSDB não vai botar lenha na fogueira. Se há alguma perspectiva de eleger o mineiro Aécio Neves no próximo ano, os tucanos preferem ficar quietos. Onde é a base de ações do dito publicitário e lobista Marcos Valério? Em Minas Gerais.
O mais irônico de tudo é que o cara-de-pau do Roberto Jefferson se transformou no justiceiro-mor da política brasileira. Que brincadeira...
A impressão é que todas as atividades ilícitas delatadas sempre ocorreram na história da Câmara e ocorriam com frequência desde antes do governo Lula, com alguns dos mesmos personagens no estrelato. O tal do Marcos Valério já operava desde 1999.
Uma hora em que as investigações vão ter que parar, porque as maracutaias correm o risco de atingir os governos anteriores - e até, quem sabe, os deputados que estão fazendo as investigações, por meio da CPI. O saldo é que não restaria ninguém no Congresso.
O presidente Lula parece ter razão quando fala que antes essas coisas não apareciam porque a sujeira ficava escondida. Já que é assim, melhor que sejam feitas as mudanças necessárias e urgentes, que incluem a questão da revisão de financiamentos das campanhas políticas, por exemplo. Ora, o deputado gasta uma fortuna para se eleger. Claro que vai querer cobrar a conta fazendo trezentas artimanhas.
O PSDB não vai botar lenha na fogueira. Se há alguma perspectiva de eleger o mineiro Aécio Neves no próximo ano, os tucanos preferem ficar quietos. Onde é a base de ações do dito publicitário e lobista Marcos Valério? Em Minas Gerais.
O mais irônico de tudo é que o cara-de-pau do Roberto Jefferson se transformou no justiceiro-mor da política brasileira. Que brincadeira...
5.7.05
Nascimento do morcego
Batman Begins (EUA, 2005), em cartaz há algumas semanas, conta o início da saga do herói dos quadrinhos e do cinema. Marcado pelo assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) viaja pelo mundo e depois retorna a Gotham City, sua cidade-natal, para lutar contra as injustiças. Para conseguir os seus objetivos, ele idealiza o modo de ação: construir o super-herói Batman, o justiceiro mascarado que usa força, inteligência e arsenal tecnológico para combater o crime.
A direção de Christopher Nolan, de Amnésia, configura ao filme ambiente sombrio, em atmosfera inspirada nos quadrinhos originais, e traz a imagem humanizada do super-herói. A atuação de Christian Bale é inspirada e tem sido bastante elogiada pela crítica especializada. O elenco de primeira linha traz Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman e Rutger Hauer. O resultado é uma das melhores versões de Batman para o cinema.
A direção de Christopher Nolan, de Amnésia, configura ao filme ambiente sombrio, em atmosfera inspirada nos quadrinhos originais, e traz a imagem humanizada do super-herói. A atuação de Christian Bale é inspirada e tem sido bastante elogiada pela crítica especializada. O elenco de primeira linha traz Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman e Rutger Hauer. O resultado é uma das melhores versões de Batman para o cinema.
4.7.05
Finde
É sempre assim. Os convites chegam todos de uma vez só. Às vezes não aparece nada. Quando aparecem, a gente tem que se virar para atender aos chamados. E desistir de algumas coisas, por consequência.
No sábado, depois de recusar o convite da tarde, por absoluta falta tempo e energia, fui a jantar em família, regado a espumante nacional e vinhos portugueses, escolhidos por gente que conhece e cultiva o assunto. Foi um tal de ficar experimentando e cheirando. "Hummm, maçãs! Não. Frutas vermelhas. Não. Madeira. Não. Lima." Até descobrir, fica-se bêbado e não se chega a consenso. E a delícia reside nessa brincadeira. Além de apreciar os perfumes e sabores, é claro.
No jantar tinha uma massa do tipo farfalle (gravatinha) com salmão, creme, pimenta-rosa e alho poró que estava excepcional. Não conhecia o prato, gostei muito do sabor. Também havia salada de arroz selvagem com camarões, batatas gratinadas e um filé com uma cara ótima que não tive tempo nem de chegar perto.
Saí de fininho e fui para a festa do meu amigo MS, que transformou o restaurante desativado do Bahiano de Tênis em um disco club dos anos oitenta, com DJ profissional. Decoração mais que caprichada, com sofás, objetos, luminárias, pista de dança com globo. Mesa de frios, bebidas à vontade. Lá pela madruga, o jantar foi servido: frango com açafrão e alcaparras. Reencontrei gente que não via desde o tempo de colégio. Foi muito legal.
No domingo no Shopping Barra ver Guerra dos Mundos, de Spielberg, com Tom Cruise. O filme é adrenalina todo o tempo. Quase não dá tempo de fazer avaliações. Boa diversão. Depois, almoço no Camarão e Cia, onde há um camarão decente a preço camarada. O resto do dia foi uma mistura de preguiça e inércia que não permitiu nenhuma atividade mais ágil do que ler toda a cobertura da Veja sobre a crise política do país. Que anda cada hora mais lamacenta.
No sábado, depois de recusar o convite da tarde, por absoluta falta tempo e energia, fui a jantar em família, regado a espumante nacional e vinhos portugueses, escolhidos por gente que conhece e cultiva o assunto. Foi um tal de ficar experimentando e cheirando. "Hummm, maçãs! Não. Frutas vermelhas. Não. Madeira. Não. Lima." Até descobrir, fica-se bêbado e não se chega a consenso. E a delícia reside nessa brincadeira. Além de apreciar os perfumes e sabores, é claro.
No jantar tinha uma massa do tipo farfalle (gravatinha) com salmão, creme, pimenta-rosa e alho poró que estava excepcional. Não conhecia o prato, gostei muito do sabor. Também havia salada de arroz selvagem com camarões, batatas gratinadas e um filé com uma cara ótima que não tive tempo nem de chegar perto.
Saí de fininho e fui para a festa do meu amigo MS, que transformou o restaurante desativado do Bahiano de Tênis em um disco club dos anos oitenta, com DJ profissional. Decoração mais que caprichada, com sofás, objetos, luminárias, pista de dança com globo. Mesa de frios, bebidas à vontade. Lá pela madruga, o jantar foi servido: frango com açafrão e alcaparras. Reencontrei gente que não via desde o tempo de colégio. Foi muito legal.
No domingo no Shopping Barra ver Guerra dos Mundos, de Spielberg, com Tom Cruise. O filme é adrenalina todo o tempo. Quase não dá tempo de fazer avaliações. Boa diversão. Depois, almoço no Camarão e Cia, onde há um camarão decente a preço camarada. O resto do dia foi uma mistura de preguiça e inércia que não permitiu nenhuma atividade mais ágil do que ler toda a cobertura da Veja sobre a crise política do país. Que anda cada hora mais lamacenta.
2.7.05
Lupicínio, meu computador, está alucinado. Saiu da sua tranquilidade habitual e parece ter tomado algum aditivo químico turbinado. A ponteira do mouse fica passeando por toda a tela, sem que eu consiga fazê-la parar onde quero clicar. Achei que era o mouse, que estava antigo e meio baleado. Não teve resultado, o problema continua. Segundo soube, pode ser vírus ou a placa na qual o mouse fica conectado.
Atualizei o AVG, fiz o scan pelos arquivos, mas nada foi detectado pelo programa. Estou blogando sem mouse, o que é quase uma atividade para loucos. Acho que o jeito vai ser mandar Lupicínio cantar em outras paradas.
Atualizei o AVG, fiz o scan pelos arquivos, mas nada foi detectado pelo programa. Estou blogando sem mouse, o que é quase uma atividade para loucos. Acho que o jeito vai ser mandar Lupicínio cantar em outras paradas.
28.6.05
Depois do exílio
O encontro de pai e filho na Argentina dos anos oitenta, imediatamente após a ditadura militar, é retratado no filme Ilusão de Movimento (Argentina, 2003), de Hector Molina. Gerardo (Carlos Resta) regressa a Rosario, sua terra natal, para conhecer David (Matías Grappa), de sete anos, de quem desconhecia a existência. A mãe do garoto fora assasinada durante o regime militar. O pai tenta se aproximar do filho, que, por sua vez, mantém certa distância.
O cinema argentino atual vem produzindo excelentes trabalhos, mas não é o caso de Ilusão de Movimento, marcado por direção e montagem irregulares. Há cortes abruptos, que não proporcionam continuidade da narrativa de forma agradável. As sequências basicamente intercalam a convivência de pai e filho com as lembranças em preto-e-branco da violência da ditadura. O resultado é pífio tanto em uma situação como na outra. Arrisque por conta própria.
O cinema argentino atual vem produzindo excelentes trabalhos, mas não é o caso de Ilusão de Movimento, marcado por direção e montagem irregulares. Há cortes abruptos, que não proporcionam continuidade da narrativa de forma agradável. As sequências basicamente intercalam a convivência de pai e filho com as lembranças em preto-e-branco da violência da ditadura. O resultado é pífio tanto em uma situação como na outra. Arrisque por conta própria.
27.6.05
Carnaval, que nada
Alguém ainda duvida que o São João é a festa mais popular do Brasil? Enquanto o Carnaval torna-se cada vez mais elitista, pois é preciso pagar para participar de blocos, camarotes e escolas de samba, os festejos de São João são mais democráticos. Em cada pequena cidade há pelo menos um trio de sanfona-zabumba-triângulo tocando. E muita gente participando. Gente que mora no campo, ou perto dele, e não tem muitas opções de diversão.
A festas juninas fazem o resgate orgulhoso das origens rurais da população brasileira. No Nordeste, a cada ano as comemorações vêm obtendo mais espaço na mídia e atraindo visitantes, ajudando a consolidar a indústria do turismo em época também de inverno. Viva São João!