Globo.com muda contrato do Blogger após revolta de usuários
Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters, 17:59) - A versão brasileira da popular ferramenta de diários online Blogger, lançada na semana passada, causou revolta entre alguns usuários, o que fez com que o portal Globo.com alterasse os termos do contrato do serviço.
As reclamações começaram quando alguns 'blogueiros' repararam que os termos de uso do Blogger.com.br permitiam à Globo.com utilizar o conteúdo produzido pelos internautas sem pedir permissão e sem pagar direitos autorais, e ainda cobrar indenização em caso de processo judicial.
O contrato de uso da versão original norte-americana do serviço deixa explícito que os usuários são os donos da informação que publicam na Web.
O problema foi resolvido na quinta-feira passada, dois dias depois de ser lançada a ferramenta brasileira, e foi causado porque a equipe que produziu o contrato aproveitou os termos do serviço de hospedagem de sites Kit.net, também pertencente à Globo.com.
"Para lançarmos o Blogger fizemos uma adaptação do termo de uso do Kit.net", disse a gerente de marketing da Globo.com, Renata Brasil, acrescentando que "de forma alguma a empresa vai se aproveitar do conteúdo produzido pelos usuários".
De acordo com a executiva, o Blogger.com.br já atraiu 10 mil usuários.
Apesar da alteração nos termos de uso do serviço, a Globo.com não deixou claro no contrato que não vai usar os materiais produzidos pelos internautas cadastrados, o que não agradou alguns 'blogueiros'.
"Onde está o texto definindo clara e explicitamente o direito de autor do conteúdo do blog? Se não tiver isso no contrato, qualquer coisa vale", afirmou o editor de arte e designer Mario AV em seu diário digital.
Segundo a gerente de marketing do portal, o público usuário do Blogger é diferente do que usa o serviço do Kit.net, porque produz conteúdo mais intimista e particular. Assim, não há necessidade de incluir termos específicos sobre direitos autorais no contrato.
"Percebemos que o público do Blogger cria um conteúdo muito mais pessoal que o do Kit.net. Não é interesse da empresa usar isso", disse Renata Brasil.
A Globo.com também incluiu uma cláusula que obriga o 'blogueiro' a usar o serviço de acordo com o "moral e os bons costumes aceitos e a ordem pública", o que também gerou insatisfação entre os usuários.
"Tivemos casos graves no Kit.net de gente publicando conteúdos chocantes", justificou a gerente de marketing sobre a necessidade da existência de termos que "protejam a empresa e o usuário". Ela disse que o portal já tirou do ar conteúdos de pedofilia e apologia a racismo publicados no serviço de hospedagem de sites.
Ela acredita, porém, que no caso dos 'blogueiros' isso não deve ocorrer e que o portal não será forçado a tirar sites do ar.