28.2.08

Livro e filme

Vendo "O Caçador de Pipas" em arquivo .avi baixado da internet, eu me deparo com uma situação pouco comum, pelo menos para mim. Ver um filme pouco tempo depois de ter lido o livro. "O Caçador de Pipas", o livro, parece já ter sido escrito para o cinema. A narrativa parece um roteiro, pronto para ser filmado. Só que o livro é muito mais rico. Todo o drama que perpassa a alma do protagonista aparece muito pouco no filme. Um bom cineasta talvez tivesse mais habilidade em transpor os conflitos íntimos de Amir para a tela. Mas não, o filme ficou com a cara bem americana, quase um filme de aventura e ação, embalado por um draminha banal. O livro é muito mais intenso. Talvez tivesse sido melhor ter visto o filme antes de ter lido o livro. A expectativa teria sido menor.

21.2.08

Calorias

O regime que estou fazendo me permite passar o dia sem fome. Na hora em que o estômago ronca, é o momento de comer algo, mesmo que uma coisa leve. Fruta, salada de fruta, iogurte desnatado, suco. Às vezes nem lembro de comer nos intervalos das refeições. Combinando o regime e os exercícios físicos, a barriga está sumindo, parecendo milagre. Hoje constato que já consegui perder 5 quilos. Em 37dias. Só tenho mais um para perder, pela meta traçada. Mas quero perder dois, para ficar com margem de segurança. Caso de Estado. O fim de semana já começa prometendo guloseimas a partir de sexta-feira.

Nunca fui adepto de produtos light ou diet. Além de pouco saborosos, quase sempre são caros. Mas, para quem está fazendo regime, eles são ajuda importantíssima. Fica uma coisa meio neurótica, a gente passa a ler o rótulo dos produtos, a ler e contabilizar a tabela de calorias. Fica imaginando quanto tempo de esteira teria que fazer para queimar a quantidade ingerida em uma lata de refrigerante normal. Enquanto um diet simplesmente não tem calorias. Ajuda prá caramba.

11.2.08

Na terra

O Carnaval acabou e a vida volta à realidade. Retornei à academia, para continuar o programa de regime e reeducação alimentar. Depois dos feriados e das festas, todo mundo com muita preguiça estampada na cara.

Consegui não engordar muito, menos de 1 quilo, durante o Carnaval. Que bom, estou dentro da meta traçada pela médica. Não se trata somente de regime por causa da vaidade. É por questão de saúde e prevenção.

Durante o Carnaval vários navios aportaram em Ilhéus. Desta vez vieram vários estrangeiros. Franceses, americanos e outros. E todos os intérpretes sumiram. Soube que o pessoal do receptivo tentou entrar em contato comigo, sem sucesso. Eu estava longe, bem longe, curtindo outra festa. Não posso ficar na dependência de convites esporádicos de trabalho. Tenho mais o que fazer. Viajar, por exemplo.

O finzinho do verão ainda mantém turistas em Ilhéus. Em Salvador, alguns projetos musicais foram mantidos em fevereiro para segurar os visitantes na cidade. Aqui, depois de março a cidade vira uma coisa entre um chuveiro e um deserto de almas. Ou seja, muita chuva e pouca gente nas ruas.

8.2.08

A festa do mijo II

Enfim, cheguei, junto com as cinzas do Carnaval. Voltei para casa, em Ilhéus. Salvador é sempre uma delícia, mas atualmente não é mais minha casa. É um local gentil, para onde pretendo sempre ir, quem sabe um dia voltar a morar, mas, por enquanto, não é mais a minha casa.

Tenho sempre boas lembranças de Salvador. Duas faculdades, trabalho, alguns bons e queridos amigos, parentes, o mar, a cultura, a diversão. Salvador me transformou. Uma parte de mim pertence à cidade, não tenho como negar. Lá vivi por vários anos e tenho fascínio e orgulho pela cultura popular que permeia a vida na capital da Bahia.

A grande festa de Carnaval e as deliciosas festas de largo. A comida dourada do dendê que, felizmente, também chega forte ao Sul do Estado. Fui criado no dendê do acarajé, do abará, da moqueca de peixe, de camarão e no almoço-banquete da sexta-feira santa. Eu, soteropolitano de coração, tive de discutir com colegas de trabalho - nativos de Salvador - sobre a importância da festa de Iemanjá, no Rio Vermelho. É preciso mudar de cidade para ver o que sua própria cidade tem de bom a oferecer.

Em Salvador aprendi que a cultura popular é um dos maiores bens de um povo. Aprendi que a vida é muito mais do que o quadrinômio (esse termo existe?) casa-estudo-trabalho-lazer. Aprendi que há um mundo africano, índio e branco que permeia tudo, tudo, tudo. Por mais que pareçe ser somente branco, envolto em ternos, cabelos pintados de loiro e ares-condicionados.

O Carnaval é a grande prova da mistura, e que parece mesmo não ter fim. No bloco Skol, na terça-feira, durante a apresentação do DJ Fat Boy Slim, as cabeleiras eram basicamente aloiradas e ruivas, as peles claras. Com certeza poucos falavam português. Mas também havia muita, mas muita gente morena e mais escura acompanhando o trio elétrico. A música eletrônica veio para ficar na Bahia.

Fora das cordas dos blocos, em toda o percurso da festa, havia vários garotos catando latas nas ruas. Alguns pequenos, magros e - mais cruel - descalços e sem nada que lembrasse uma luva. Circulavam lado a lado com as placas da Prefeitura apregoando o fim do trabalho infantil no Carnaval de Salvador. A quem as autoridades querem enganar?

Pulei, curti prá caramba, cantei, dancei, encontrei amigos. Tomei muito S. Ice, aquela bebida enlatada de vodca e limão, que estava por um preço bem em conta, pouco mais que uma cerveja, que também estava muito barata. Convenhamos, uma latona de cerveja gelada, de quase meio litro, por apenas 2 reais é de beber até o cu fazer bico. O chato é só a mijação e a disputa por um banheiro químico ou uma parede qualquer. Isso para os homens, porque a última moda entre as garotas no carnaval de Salvador é o truque do short molhado.

Descrição do evento: agacha-se, entre carros ou em plena avenida, deixa-se o mijo escorrer pelo short. Para dar o truque geral, joga-se um pouco de água mineral entre as pernas. A foliã em seguida se levanta, alegre e faceira, como se nada tivesse acontecido. A festa continua. O cheiro também.

Mas o meu Carnaval mesmo, esse mais particular, foi na quinta-feira. Foi uma brasa, mora? Nada de cinzas. Simbora véio.

5.2.08

A festa do mijo

Ontem fiquei ate a madrugada na rua, vendo a animacao e pulando atras dos trios. Segui o Crocodilo, de Daniela Mercury, para mim a melhor cantora da axe music. A participacao da banda Vixe Mainha foi legal, animou o povo. Hoje ainda estou descansando para enfrentar o ultimo dia de folia. Quero ver o DJ Fat Boy Slim. E Daniela novamente, eh claro.

As ruas de Ondina estao cheias. Tenho a impressao de que o movimento de pessoas estah migrando para esse circuito da festa. Ha razoes para isso. As ruas sao mais largas, da para ver os trios e os cantores com mais conforto. Os caminhoes dos trios eletricos estao cada vez mais tecnologicos e mais luxuosos.

Muito lixo e cheiro de mijo nas ruas. Nao tem banheiro quimico que de conta da mijacao coletiva.

4.2.08

Carná

Muitos anos habitando a metrópole da axé music me deixaram com experiência suficiente para transitar com tranquilidade entre os vários pontos carnavalescos da cidade. Este ano, tenho um outro ponto de apoio: o bairro do Canela. Mais próximo do Campo Grande e também próximo do circuito Barra-Ondina. Estou hospedado na maior mordomia.

Acabo de chegar do Campo Grande, onde via a mudança do Garcia e os trios de Ivete e do Ciclete com Banana. Ontem acompanhei Daniela Mercury com o bloco Crocodilo. Anteontem fui à festa de Iemanjá, no querido Rio Vermelho. Fui a um almoço no novo apartamento de uma amiga. Um delicioso arroz de polvo. A festa estava tranquila. O Carnaval fez dividir a população festeira. O resultado é que ficaram no bairro aqueles que realmente gostam do clima da festa de Iemanjá. Havia um palco onde Carlinhos Brown ciceroneou vários artistas. Caetano Veloso, Mariene de Castro, Riachão e até Débora Blando deram as suas palhinhas no palco da festa, em plena Rua da Paciência.

Encontrei muita gente conhecida. Foi muito bom e além de tudo havia chuva chata, como na quinta-feira feira anterior. Nesse dia, eu tinha ficado horas esperando a chuva passar, entre Ondina e Barra, debaixo de marquises e toldos. E sem a menor perspectiva de conseguir um táxi. A sorte foi ter encontrado, já na subida para a Graça, o amigo Mattei, antropólogo holandês em estadia de estudos na Bahia, que nos convidou para tomar um café em seu apartamento, enquanto esperávamos a chuva passar. Junto com ele estavam mais dois americanos e um brasileiro. O papo foi em uma mistura de português e inglês, uma vez que um dos americanos - que eu havia conhecido algumas horas antes na feijoada da casa de uma amiga - não falava quase nada de português.

A chuva só deu trégua quase às sete da manhã. Antes disso, para completar, os taxistas faziam pouco caso para transportar os foliões encharcados para suas casas. Um absurdo.