12.1.09

Cervejando

No último sábado, estava prevista uma reunião na casa de A., colega brasileiro da turma de francisação. Ele se mudou para um apartamento bacana e queria apresentá-lo aos colegas. Como alguns não poderiam ir, o anfitrão desistiu e adiou o evento. Mas, para os mais próximos, o convite continuou valendo.

Aqui no Canadá a coisa funciona assim: cada um leva alguma coisa para beber e para comer. É o tal do pot luck, a panela da sorte, consagrada na cultura americana. Bom porque não sobrecarrega o bolso de ninguém.

Levei algumas cervejas Hek, québecoise de souche, fabricada em Montréal. Para comer alguns legumes (cenouras baby, salsão e pepino japonês, os dois últimos cortados em talos) para serem mergulhados em molho rosé temperado com alho. E um saco de batatas fritas. Club size.

Olha que turma multicultural estava lá. Uma japonesa casada com um québecois. Un inglês noivo de uma québecoise de origem grega. Uma turca e três brasileiros.

O resultado foi que o papo rendeu até altas horas. Até gamão aprendi a jogar. Dureza foi na hora da volta. Disposto a economizar o táxi, saí determinado a pegar o transporte noturno público. O frio não deixou. Duas esquinas adiante, acenei e fiz o motorista de um taxi parar. A sorte é que moro perto de onde havia saído.

Por falar em temperatura, esta semana promete. As temperaturas ameaçam a chegar a -25.

4.1.09

Esqui de pobre

Em dias em que a temperatura varia em torno de -10 C, não resta muito a fazer além de ficar em casa, ir para algum lugar fechado (o que pode ser um grande leque de opções) ou fazer algum esporte de neve. Perto de onde moro, há o Mont-Royal. No verão serve para tudo: local de pique-nique, espaço musical, agradável bosque urbano, pista de ciclismo e corrida, local turístico, vista panorâmica da cidade e o que mais se desejar fazer por lá. No inverno, o Lago dos Castores, no topo do monte, se torna uma pista de patinação. E a encosta mais baixa, sobre a Avenue Du Parc, se torna espaço para fazer esqui-bunda.

Esse talvez seja o nome que algum brasileiro possa achar para denominar essa atividade de inverno, quase um esporte, da população de Montréal, especialmente das crianças. Trata-se de deslizar sobre a encosta nevada, com o auxílio de algum equipamento, como um trenó ou uma prancha. Isso para quem é mais organizado. Na prática, o povo usa tudo: pedaços de papelão, caixas de computador, bóias infláveis, tapetes plásticos, e até os cartazes plásticos utilizados como propaganda política, com foto do candidato. Boa reutilização e reciclagem de plástico poliondas.

A prefeitura organiza bem a bagunça, instalando uma tela de proteção e fardos de feno amortecedores, para que os esquiadores não encerrem a descida debaixo das rodas dos carros que transitam pela avenida.

As crianças se divertem horrores. A criança aqui não vê a hora de comprar o seu tapete plástico para começar a descer o morro deslizando sobre a neve. Ou achar um cartaz perdido da última campanha política. Ah, e rezar para continuar inteiro e caminhar sem dores no dia seguinte.