30.9.06

Francófona

Creio que a cantora canadense Celine Dion é conhecida principalmente pelo grande sucesso da música-tema do filme Titanic, “My Heart Will Go On”. Agora que estou estudando francês, descobri que La Dion é natural do Québec, a parte francófona do Canadá. Portanto, ela canta muitas coisas em francês. E como canta bem.

De tanto ouvir aquela musica chata do Titanic, a pobre da Celine Dion ganhou apelidos nada encorajadores, como Celine Hedionda ou “a cantora que afundou o Titanic com seus agudos”. Agora, descobrindo o que ela canta em francês, a minha opinião mudou. Percebo que ela tem uma voz fantástica, sem aqueles agudos chatos que fazem parte do gosto médio americano. A cantora é um dos orgulhos da cultura do Québec. Mas, infelizmente, o que chega às paradas de sucesso internacional são sempre as versões americanas.

25.9.06

Voto

A eleição é no próximo final de semana e ainda não sei em quem votar aqui no Estado. Os heróis foram para o espaço, as esperanças são mínimas. Resta pouca gente com uma história de vida coerente. Gabeira deveria morar na Bahia.

Sempre em evidência ficam os descendentes de famílias tradicionais no Estado, infelizmente. Mesmo que ainda possuam alguma força política, os tempos são outros, as oligarquias têm que dividir o seu poder. De um lado, alguns poucos detentores de grande poder econômico. De outro lado, grupos sociais organizados.

O lado positivo da grande desilusão política que se instalou no país é (pensando positivamente) uma gradual limpeza. Mas continuamos vemos na TV personagens que se fazem passar por palhaços. Definitivamente não tenho mais paciência para isso. Não se precisa mais da gozação como forma de protesto. Precisamos de gente honesta que cuide do país.

Caso alguém ainda não tenha notado, uma das consequências da revelação da lama política é o encolhimento da propaganda eleitoral. Poucos panfletos, camisetas, carreatas. Pouca coisa vista nas ruas. Sinal dos tempos.

19.9.06

Fábula contemporânea

A internet é cheia de historinhas. Recebi um e-mail, vindo de uma amiga, que relata "o menor conto de fadas do mundo", que transcrevo.

"Era uma vez um rapaz que pediu a uma linda garota:
- Você quer se casar comigo?
Ela respondeu:
- NÃO!
E o rapaz viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol, conheceu muitas outras garotas, orgias, visitou muitos lugares, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava grana, bebia cerveja com os amigos sempre que estava com vontade e ninguém mandava nele. A moça teve celulite, varizes, a barriga cresceu, a bunda e os peitos caíram e ficou sozinha.
FIM"

Achei o conto incorretíssimo e respondi o e-mail, fazendo um comentário e propondo um outro desenrolar.

"Que história triste... Mas não é bem assim não. Me contaram de outro jeito. O rapaz, coitado, de tanto beber, virou alcóolatra e está com início de cirrose. Como se não bastasse, ficou impotente que não tem Viagra que dê jeito. Da última vez que tive notícias, ele estava apaixonado por uma gordinha celulítica dos peitos caídos que lhe fazia companhia e administrava os remédios na hora certa. Ele acreditava que uma enfermeira poderia lhe cair melhor, que ela daria as injeções com mais precisão, mas ele não tinha grana para pagar o serviço.

Foi isso o que me contaram, mas não sei se é verdade. De repente, ele até já morreu de tanto fazer farra, com o fígado e o estômago carcomidos. Mas com um sorriso no rosto. Fim."

16.9.06

Eu li, você lê

Recebi alguns comentários interessantes por conta do blog Festa dos Sentidos. Troquei alguns e-mails com o diretor de Guilda, que encontrou por acaso o comentário que fiz aqui sobre a peça. Eu o havia parabenizado pessoalmente pelo trabalho, mas não comentei que havia publicado o texto.

O pessoal de Carne em Verbo também me escreveu convidando para ver a peça, que está em cartaz no Teatro Sesi do Rio Vermelho, até o dia 1º de outubro. O elenco é composto por parte do grupo de uma das turmas do curso livre de teatro da Ufba. O grupo havia encenado Beijo no Asfalto e os atores leram o comentário que foi publicado aqui na época.

Na semana passada, recebi alguns comentários de pessoas que também passearam por estas bandas. O que me surpreende é que esse retorno acontece em um período de publicações pingadas em gotas. Várias atividades, trabalhos e estudos, secam as palavras das minhas mãos. Elas passam rápidas pela cabeça, não consigo domá-las e publicá-las. Também não posso comentar nada agora sobre projetos em andamento. Só quando eles puderem ser tocados com os olhos.

8.9.06

Marés



Deixo a cidade grande e vou descansar um pouco. O ônibus é confortável e o frio que faz lá fora é ampliado pelo ar-condicionado. Frio intenso. Chego, um belo café está à minha espera. Depois, a novidade: um computador novinho com acesso rapidíssimo à internet. Como descansar? Muita coisa para ler, para atualizar, para reler. Passeios pelo Orkut, coisa que não faço há muito tempo.

Desconecto, pois há longas e esclarecedoras conversas. Palavras que precisavam ser conhecidas. Novos nomes ao vocabulário comum. Novidades que atiçam a inquietação, mas não se trata de dor ou preocupação. Trata-se de impulso, de mudança, de renovação. O que parece ansiedade na verdade é excitação. Um monte de "ão".

Tudo, tudo agora parece tão calmo, tão harmônico, como sempre foi e parecia esquecido. Desacreditado. A tempestade que durou vários anos se acalmou. Sofremos e crescemos, como sempre acontece. A ressaca das ondas neste instante é resultado apenas da maré alta, imensa como nunca vi, acionada pela lua cheia e frio que persiste. Mais alguns dias prolongando o fim de um inverno tardio.

3.9.06

Roteiro

Final de semana cultural. Sexta-feira fui à estréia de Minha Amiga Mente Pra Mim, no Theatro XVIII. Sábado fui ao Cinema do Museu ver Estrela Solitária, belo filme de Win Wenders. Hoje fui assistir a Obrigado por Fumar, no Cinema do Museu.

Estrela Solitária é um filme genial. Um ator decadente (Sam Sheppard), perdido em álcool e drogas, abandona o set de filmagem e segue em busca do seu passado. A story line parece comum, mas o filme é envolvente e bem feito. Belíssimas locações e primorosos movimentos de câmera. Coisa do mestre Win Wenders. Muito interessante ver Jessica Lange envelhecida. Por onde ela andou desde o tempo em que era a estrela jovem e belíssima de King Kong (versão dos anos 80)? Como Hollywood é cruel com as mulheres acima dos quarenta anos.

Obrigado por Fumar mostra o trabalho de um lobista da indústria americana do fumo. O filme é forte e expõe aspectos muito interessantes da mídia, da indústria do cigarro e da própria indústria do cinema. O ator Aaron Ekhart atua de modo irrepreesível no papel de um ladino articulador de palavras e argumentos.

Minha Amiga Mente Pra Mim fala de uma amiga de praticamente toda a população brasileira: a televisão. Com Diogo Lopes e Márcia Andrade. Muita sátira e comentários políticos. O público parece ter aprovado. Eu particularmente não gosto quando há muita mistura de vídeo e teatro. Mas isso é cá com meus botões e suas casas.

Recado

Recebi um comentário muito gentil de uma amiga virtual, blogueira e leitora deste blog. Foi uma participação no “Blog Day 2006”, uma brincadeira que consiste em fazer indicações de outros blogs, com a seleção de um fragmento de texto do blog indicado e uma pequena apresentação. O comentário dela foi muito legal. Uma massagem no ego com óleo aromático. Valeu pessoinha!