22.8.06

A aprendizagem no tempo da tecnologia

Depois de algum tempo distante do estudo das línguas, estou de volta aos sons inéditos e palavras desconhecidas. Estou estudando francês. Anos depois da aprendizagem do inglês, e junto com as constantes consultas aos dicionários e gramáticas nativos, retorno aos dicionários e gramáticas de outras galáxias.

Desta vez, têm me impressionado a facilidade e os instrumentos que tecnologia nos possibilita nos estudos. Nada mais de perder horas folheando o dicionário procurando as traduções das palavras. Basta sentar na frente do computador, digitar ao que se quer e o programinha tradutor fornece imediatamente o significado.

Não consegui nenhum tradutor direto do francês para o português, mas o que passa do francês para o inglês tem me ajudado muito - inclusive a revisar a língua de Shakespeare. As consultas chegam inclusive às formas conjugadas do verbo - algo que o dicionário não possibilita. Isso enquanto a encomenda que fiz do livro de conjugações verbais não chega na livraria. Alguns sites, como o Babelfish, fazem a tradução direta, mas o meu acesso é discado, o que impede o trabalho on-line.

São tantas as possibilidades de aprendizagem mediadas pela tecnologia que penso que um dias as escolas de línguas não farão mais sentido. Há sites e mais sites com material para aprendizagem. Há um editado na França, o da Radio France Internacionale, que todos os dias publica notícias mundiais em linguagem simplificada, em versão escrita e falada pelos apresentadores, em ritmo pausado, para facilitar o entendimento.

Na internet há vários canais de televisão e rádio, há vídeos e também programas multimídia para o computador. E o PC ainda permite copiar filmes em DVD, para depois ver com calma, com o uso ou não de legendas, em português ou na língua em estudo. Bem, eu não possuo TV por assinatura, o que seria ainda mais uma opção para aprender.

Lembro que, no início dos anos 90, quando eu aprendia inglês, tudo que havia eram fitas cassete e filmes em vídeo. A escola em que eu estudava veiculou na TV um comercial no qual propalava a instalação de uma antena parabólica (!), por meio da qual eram captados sons e imagens de canais em inglês. A então nova ferramenta, na época um inovação, hoje parece perdida no tempo.

Depois fui estudar na Inglaterra e ficava babando com as maquininhas tradutoras dos japoneses na sala de aula. Os notebooks ainda não eram comuns - ou acessíveis - e os japoneses já estavam na frente. Enquanto os alunos folheavam e catavam nos enormes "Oxford Advanced Learners", em poucos segundos eles pegavam a tradução de palavras e expressões. Hoje a tradução instantânea está acessível a todos que têm computador.

A professora de francês fez uma coisa muito legal: elaborou um módulo "Phonétique", impresso, e gravou em CD as pronúncias de fonemas e palavras. Transformei tudo em MP3 e passei para o player.

Eu havia estudado francês durante alguns meses, alguns anos atrás, com uma professora particular. Tinha alguma noção, portanto. Apesar de o francês ser tão complexo quanto o português, a proximidade entre as duas línguas, ambas de origem latina, faz com que a leitura seja mais fácil de ser absorvida com pouca quantidade de vocabulário do que no caso do inglês. Mas eu quero ver na hora de escrever. Aí é que vai ser dureza. Não dá para confiar em tradutor.

Comments

O post sobre a prática de asa delta em Santa Terezinha rendeu comentários bem interessantes. Os proprietários da fazenda onde fica situado o ponto turístico deixaram um comentário informando sobre o site que estão lançando e convidando para visitar novamente o local.

Uma amiga e colega jornalista, que trabalha na produção de uma TV em Salvador, me ligou dizendo que tinha lido o texto. Ela ficou surpresa quando viu o blog Festa dos Sentidos encabeçando a lista das pesquisas na internet sobre a cidade. Ela já havia navegado por aqui, mas nem lembrava mais do endereço. Os pais delas são provenientes daquela região e ela passou várias férias por lá.

O Google faz coisas do arco-da-velha.

15.8.06

Eighties

Uma festa em Salvador está prometendo animar o final de semana. Trata-se de um revival dos anos oitenta. É a Festa Ploc, com direito a divulgação em outdoors e atrações tão díspares quanto estranhas: Luiz Caldas, Banda Ploc, grupo formado por Rosana, Luciano (ex-Trem da Alegria), Afonso (ex-Dominó), Silvinho Blau-Blau, Inimigos do Rei, Perdidos na Selva e outros seres extra-terrestres, provenientes de duas décadas atrás, que até então eram considerados exilados no espaço, talvez deglutidos por algum alien.

Uma boa sacada a história do chiclete Ploc, que não existe mais, perdido entre os alienígenas globalizadores Bubble Gummers e Tridents. Enviei um e-mail para alguns amigos tirando sarro: “Essa festa Ploc-ploc vai bombar. Todo mundo grudado lá. Quem não lembra daquele chicletinho da embalagem amarela? Das bolas que estouravam e grudavam no cabelo. Da carteira da sala de aula cheia de chicletes secos e de melecas na parte de baixo. Essas coisinhas meigas da nossa infância e adolescência.”

Seria mais interessante ainda se as pessoas resolvessem ir a caráter, e arriscassem aquelas preciosidades dos anos 80: blasers com ombreiras (argh!) e cabelos cortados naquele formato (pigmaleão?) repicado nas laterais e mais comprido na parte de trás.

Pelos comentários que circulam, acho que a festa vai ser tão concorrida que nem me aventuro a chegar por perto. Até pensei em ir com a minha fantasia de He-man (versão bombada) ou Esqueleto (versão anorexia), mas desisti da idéia. Vou ficar em casa ouvindo o CD do Balão Trágico. Desejo uma boa festa a quem se arriscar.

9.8.06

Hibridismo

Assiti a uma das coisas mais diferentes e interessantes do teatro baiano, na semana passada: Guilda. Cinco criaturas híbridas que se encontram confinadas em um mesmo ambiente, enquanto se preparam para participar de um concurso de beleza. Hibridismo corporal e travestismo são a tônica da montagem. Ops, olha o trocadilho.

Há umas sacadas bem interessantes. Dublagens de músicas imperdíveis: Maria Betânia em arranjo techno, Ângela Rorô, e até aquela música antiga de Maria Alcina que fala sobre o vendedor de bananas. Há também um número inteligente, hilário e inesquecível com a música da escrava Isaura: “Vida de negro é difícil, é difícil como quê...”

A peça é dirigida por Marcelo Sousa Brito, que também atua. Os demais atores não são profissionais nem estudantes de teatro. Talvez se o espetáculo tivesse um elenco com mais experiência, poderia se tornar ainda mais rico. Mas já está de bom tamanho.

O sucesso começou com a campanha para conseguir doação de sapatos do estilista Fernando Pires. Performances nas ruas e divulgação tiveram sucesso. O estilista gostou do projeto e criou sapatos exclusivos para a peça.

Depois da rápida temporada – lotadíssima – de três semanas no Cabaré dos Novos, no Theatro Vila Velha, resta torcer para Guilda voltar a ficar em cartaz. Para dar boas risadas. Uma dica: chegue com pelo menos meia hora de antecedência, pois a movimentação começa cedo.