26.3.06

Pausa

O blog vai continuar sonolento. Pintura no apartamento, vou ter que desinstalar o computer. Espero que na próxima semana esteja tudo pronto.

Os gatos terão que ficar residindo na área de serviço. Tomara que não tenham problema com a tinta.

22.3.06

Aniversário

Dona H., ariana do primeiro dia do calendário astrológico, decidiu comemorar os seus 60 anos ao lado de quase 80 (!) convidadas, entre amigas e parentes. Só para mulheres, na faixa dos 15 aos 80 e lá vai fumaça. Final de tarde, com a bela vista da Baía do Pontal, em Ilhéus. Festinha com direito a musica ao vivo, garçons servindo salgadinhos, coquetel de frutas e jantar light. Pena que não pude passar por lá.

Depois que o álcool do coquetel começou a fazer efeito, o ponto alto da festa ficou com a risadaria do sorteio de alguns mimos para as convidadas. Caixinhas trabalhadas com camisinhas-de-vênus e tanguinhas fio-dental estilo go-go girls. Presentinhos úteis para todas as idades e animações.

Alguns docinhos vieram de avião, correndo para me encontrar e ainda estão me esperando. Preciso voar.

Livros

A Linha da Beleza, de Alan Hollinghurst, toma as minhas horas e as minhas idéias. Estou entregue. Por outro lado, não consigo terminar O Templo do Pavilhão Dourado, do japonês Yukio Mishima. Tive as férias inteiras mas não o finalizei. O ritmo é muito lento, psicológico, incômodo. Restam somente 40 páginas e não consegui e não consigo me concentrar para terminá-lo. Não gostei do livro, que é tido como uma obra-prima. Ou será que me incomodou além do esperado?

19.3.06

Previsões

A passagem do planeta Júpiter por um signo sempre traz boa sorte para aqueles que nascem sob a influência daquele próprio signo. Desde o final de 2005, até o final de 2006, Júpiter transita pela constelação de Escorpião, o que confere bons argúrios para os escorpianos. Achei que isso seria um bom sinal para a reeleição do Presidente Lula.

A minha surpresa foi ler um texto bem interessante, pelo menos para quem tem um pouquinho de conhecimento de astrologia, sobre os aspectos astrológicos que envolvem a eleição deste anos. G. Alkmin também é escorpiano, como Lula. Escorpião é signo persistente e vingativo, que tende a levar tudo para o lado pessoal. A disputa promete ser dura.

Outro aspecto interessante é que as figuras femininas tendem a ganhar projeção e incomodar. Será que a senadora HH vai minar as forças de Lula?

Leia aqui o texto

16.3.06

Frescura

Depois de passar o verão na quentura, agora eu teclo sob as ondas de um ventilador de teto.

Para crianças

Conheci uma escritora famosa e muito simpática. Ela escreve poesia e livros de fazer criança arregalar o olho de alegria. Ela é professora e conta histórias. É irmã de gente mais famosa ainda – e tão talentosa quanto. Uma amiga leu para mim alguns pedaços do seu livro de cartas e foi de arrepiar.

Eu a conheci durante uma reunião para desenvolvimento de um trabalho social-artístico-cultural.

Há projetos a fazer. Há coisas a concretizar. Há pessoas a ajudar. Há gente que ajuda e gente que precisa de ajuda. É preciso ajudar quem ajuda. É preciso ajudar quem precisa de ajuda. Há muita gente que precisa. E muito. É preciso ajudar a quem se disponibiliza a ajudar.

12.3.06

Dia de carne

Churrasco é unanimidade nacional. Do sul ao norte, da casa pobre à rica. Da carne assando no domingão, em cima da laje, ao bufê contratado da churrascaria de luxo, os brasileiros não resistem às carnes espetadas e assadas nas brasas do carvão. Isto é, excluindo os vegetarianos, que não se conformam com o consumo de animais.

De modo geral não como muita carne vermelha. Houve épocas em que só comia peixe, frango e mariscos. Mas não resisto a um bom churrasco, igual ao que fui hoje, domingo. O meu prato é sempre alvo de gozações, pelo tamanho, digamos, além do esperado.

Prédio de classe média alta, aniversário de amigos de amigos, lá fui eu. Empresa contratada servindo, tudo no maior conforto, nem sinal de brasas, cinzas e fumaça. Pratinhos saindo com pedaços de carne, calabresa, coração de galinha e pão de alho assado. Cervejas, uísques, vinhos e roskas circulando. Verdadeira esbórnia.

A estratégia de quem oferece churrasco aos convidados é sempre a mesma. Serve-se a própria carne assada, calmamente, em pequenas porções, como se fosse tira-gosto. Quando a gente pensa que não vem mais nada, que já estamos satisfeitos, eis que a mesa de acompanhamentos é posta. Arroz branco, arroz temperado, feijão tropeiro, salada verde, maionese de batata, farofa, molho de pimenta e vinagrete.

Os acompanhamentos do churrasco variam de acordo com a região do país. Na Bahia, não pode faltar a salada de batata com maionese e o feijão tropeiro. Em outros lugares, a ênfase fica com a farofa, com a salada verde e até aipim (macaxeira).

Depois de ver tão bela mesa servida, como resistir? Faz-se um prato gigantesco, desta vez come-se com mais voracidade do que durante os aperitivos. Terminado o prato, dirige-se à mesa de sobremesas para adoçar o paladar.

A dieta vai para as cucuias.

Cinema alternativo

Um fato interessantíssimo durante a festa foi saber que uma amiga que conheço há pouco tempo foi simplesmente namorada de F. Scorpion.

Quem?

Scorpion foi um ator pornô que morreu há pouco mais de um ano, por complicações médicas durante uma cirurgia de lipoaspiração. Ele estava no auge da carreira, aos 35 anos, depois de protagonizar e produzir inúmeros filmes pornôs, nos quais atuava com mulheres e com travestis. Entre os vários títulos, com os quais ganhou muito dinheiro, ele produziu uma sequência de filmes que chegou até ao Scorpion 49.

O destino das pessoas é uma coisa muito interessante. O nome verdadeiro era Flávio. Ele era de família rica, chegou a se formar em engenharia, mas o seu verdadeiro talento não estava nos números. Estava entre as pernas. Ele parece ter iniciado o que hoje soa como um chavão: tatuagem de escorpião e signo astrológico como um símbolo de sexualidade exacerbada.

A minha amiga o conheceu quando os dois eram estudantes de engenharia. Ele tinha parentes aqui em Salvador e eles se conheceram nas férias. Ela chegou a viajar para o Rio e ficar hospedada na bela casa de praia da família dele. A distância acabou encurtando o relacionamento e ela perdeu o contato.

Ela contou que ele sempre foi muito vaidoso, gostava de se depilar, de malhar, de fazer aeróbica. Gostava de posar e ser fotografado. Em uma época em que não era muito comum tanta vaidade masculina.

Tempos depois, ela soube que ele havia mudado de nome e andava fazendo filmes pornôs. Mais adiante veio a notícia do falecimento. As notícias da imprensa diziam que ele era casado com uma atriz pornô. E que nem ele nem ela se incomodavam que os dois atuassem. Mas, o que se conta à boca pequena, é que ele vivia com um travesti.

Pois é, ela conheceu as intimidades de namorar, na época sem imaginar, um futuro e promissor ator pornô. E diz que foi óoootimo, que o homem era um vulcão.

As pessoas têm talentos que até os deuses duvidam.

9.3.06

Da terrinha

Boa parte da horda de turistas que assolou a cidade no verão já partiu. A filas diminuíram e os camarões voltaram a nadar alegres sobre os acarajés do Rio Vermelho.

W. Moura e L. Ramos fazendo papel de baianos, calmamente curtindo cerveja e acarajés de Cira. Ninguém deu bola. Estavam tão autênticos que não foram reconhecidos.

Mudança de nome

Depois que um dos maiores sucessos musicais do verão baiano, o grupo "Afrodisíaco", teve que mudar de nome, não restou alternativa. Virou o "Broxante".

6.3.06

Oscar

Gostei de os prêmios de melhor roteiro original e de melhor montagem terem ido para Crash. O filme é muito bom. J. Wilker disse que é cheio de clichês. Achei o comentário infeliz. A trama é muito bem montada, os detalhes vão se casando. Tudo bem que há situações pouco críveis, como no caso do policial que se transforma de algoz em herói. A mensagem da intolerância racial não é e nunca foi um clichê, não é toda hora que é vista no cinema americano.

Na categoria de melhor filme, eu preferia que Brokeback Mountain tivesse ganho o prêmio. O filme de Ang Lee ficou com melhor direção, roteiro adaptado e trilha sonora. Achei Munique, de Spielberg, desprestigiado. Reese Whitherspoon arrasando. Rica, premiada, bem casada. Ela tá com tudo, hein? Bacana é que ela não é assim um modelo de beleza.

Philipe Seymour mereceu com louvor o prêmio de melhor ator. Apareceu de de cabelos despenteados, bem diferente do seu personagem. Os atores de Brokeback estavam de barba e bigode. Com certeza para dar ar masculino e escapar dos caubóis gays.

3.3.06

Jornalismo sem sangue frio

Capote (Capote, EUA, 2005) retrata o jornalista americano Truman Capote, que escreveu o célebre livro-reportagem “A Sangue Frio”. O filme mostra como foi o processo de confecção do livro, que relata o que levou dois homens ao assassinato de quatro membros de uma família do interior dos Estados Unidos.

As artimanhas inicialmente utilizadas por Truman Capote para realizar o trabalho acabam virando o jogo contra ele próprio. As prorrogações de prazo para a execução dos assassinos, necessárias para a coleta de dados, tornaram-se tortura para o jornalista. A partir de certo ponto, ele precisava que a história se encerrasse, para que pudesse concluir o livro e publicá-lo. O processo durou vários anos. O livro foi um sucesso, é uma referência até hoje, mas fez com que a propensão de Capote para a bebida se agravasse.

Capote serve de espelho para jornalistas. Até onde se deve ir para obter informações? Até que ponto é ético chegar? O que se deve dizer às fontes e o que não se deve?

Os dramas de consciência acabaram por atingir em cheio o jornalista, que, durante o trabalho, passou a se identificar com aquele que se revelou o mais cerebral entre os dois criminosos – e que passou a fazer manipulações emocionais, das quais Capote não escapou.

Desempenho fabuloso de Philipe Seymour (Cold Mountain, Quase Famosos), que já ganhou o Globo de Ouro como melhor ator. Dicção perfeita e expressões faciais marcantes. À primeira vista um homem com disposição frágil e hesitante, talvez amplificada pelos trejeitos afeminados, mas de persistência férrea para a realização daquela que viria a ser a sua obra-prima.

1.3.06

Cinzas

No último dia do Carnaval 2006, o DJ inglês Fatboy Slim, acompanhado dos brasileiros Patife e Marky, levou o circuito Barra-Ondina ao delírio. Quem imaginaria ver no Carnaval baiano a música eletrônica fazer sucesso? Mudanças. Já pensou se a moda pega e os trios passam a ser animados por artistas de fora?

Se cada vez mais o Carnaval é programado pensando no turismo, outros sons diferentes do axé soam mais familiares e mais fáceis, principalmente entre os estrangeiros. Era figurinha fácil ver os gringos cantando os hits de Mr. Slim.

Outra tendência irreversível é que os trios elétricos se tornaram palcos móveis e gigantes. Foi o que se viu no de Daniela Mercury. Cantora e dançarinas, todas fantasiadas, conduzindo o show. Foi o que se viu no bloco com o DJ inglês.

Achei o Crocodilo e Os Mascarados bem desanimados. A voz de Daniela estava bem reduzida e ela pôs outras pessoas para cantar no trio. Um recurso muito utilizado para economizar as gargantas do axé. Até um desanimado Orlando Moraes se arriscou a cantar. Em Os Mascarados não quase nenhum folião mascarado. A quinta-feira é o melhor dia do bloco.

A rua lotada e a chuva, que este ano felizmente só deu as caras na terça-feira, ajudaram a me trazer para casa mais cedo.