28.2.07

Curitiba

Estou postando de um totem de informações. Tanto mexi que consegui entrar no Blogger.com. Estou em Curitiba. Vim fazer um treinamento. Estou escrevendo de forma telegráfica pois não tenho muito tempo para ficar aqui, ocupando o terminal.

A cidade é belíssima. Limpa e organizada. De dar inveja a Salvador. A comida é bem mais barata que na Bahia. Não há turista querendo pagar em dólares e euros.

O transporte é tão bom e barato que quase ninguém anda a pé. É chato. É estranho, as ruas quase não têm pedestres. Poucas, pouquíssimas bancas de revistas. As ruas não pulsam.

A cidade é cheia de casas grandes. Ao contrário da maioria das cidades grandes brasileiras, bairros ricos ficam próximos ao centro da cidade. Parece menos brasileira que Porto Alegre. Pessoas de pele clara. Os morenos são minoria, pele negra praticamente não vi.

Inúmeros restaurantes, grandes e bem decorados. Só com mais calma para visitar. Volto amanhã a Soterópolis. Inté.

17.2.07

Alegoria








Caco Galhardo

Arquitetura provisória

A cidade de Salvador tem larga experiência em um tipo de arquitetura interessante: a provisória. Explico. No Carnaval e em outras festas que acontecem nas ruas, é necessário criar estrutura física para que os serviços funcionem: policiamento, saúde, comunicação, administração, espaços reservados para os festeiros - os tais camarotes-, bares.

Da noite para o dia surge tudo a partir do nada. Os tubos de metal vão se encaixando, os andaimes vão subindo, as coberturas aparecem, banheiros químicos são enfileirados, alguns espaços (poucos!) são reservados para a circulação de pessoas. Há uma transformação que poucas cidades do mundo conseguem operar em tão pouco tempo. O mapa da cidade então se modifica.

É uma pena que parte desse esforço não seja realizada em função de melhorias permanentes na cidade. Pelo contrário. Às vezes ficam no chão as marcas das tais palafitas metidas a chiques.

Carnaval sem folia

Depois de muitos carnavais acumulados na bagagem, eis que resolvo abrir mão da festa e fugir da folia. Estou em Ilhéus, onde não há nem sinal de festa por perto. Olha que a animação na cidade já foi bem forte em outras épocas.

Desde criança eu ia para o clube nos bailes infantis. Depois, na adolescência, parti para sair na rua e à noite. Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Trio elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. Inúmeras atrações nacionais já fizeram a festa na cidade, que hoje não existe mais. Os mascarados, também chamados de "caretas", eram presenças constantes e indispensáveis.

Depois mudei para Salvador e continuei na farra. Sempre gostei muito de pular Carnaval. A experiência de somente ler, descansar, navegar na internet é nova para mim. Assim como muita coisa que vem por aí.

3.2.07

Dois de fevereiro

A festa de Iemanjá, que acontece todo dia 02 de fevereiro, é caracterizada pela entrega de presentes, também chamados de oferendas, para a deusa das águas. Flores, perfumes, pentes, espelhos, estatuetas, miniaturas de barcos. Presentes para agradar a vaidosa deusa dos pescadores. E juntos vão inúmeros bilhetinhos de pedidos.

Há alguns anos um grupo de amigos organiza um balaio de presentes para Iemanjá. A oferenda é montada em uma rua do Rio Vermelho. Eu nunca havia participado. Este ano fui, levei um vidro de alfazema. Derramei por cima do balaio e respinguei por cima das pessoas, do mesmo modo como outros também fizeram.

Balaio completo, saímos pelo bairro carregando os presentes e cantando músicas com o tema de Iemanjá, acompanhados de alguns instrumentos musicais. O cortejo, que parecia até procissão, seguiu até a Praia da Paciência. No caminho, algumas barracas que tocavam arrocha e pagode em alto volume, chegavam a impedir o nosso canto,mas não diminuíam a animação . Pessoas saíam às janelas dos edifícios para conferir aquela cantoria improvisada.

O grupo desceu a escada da Praia da Paciência, ao lado da colônia de pescadores, para levar o balaio até depois das ondas. O mar estava tranquilo, e a lua cheia se anunciava, mas ficou parte do tempo escondida sob as nuvens O balaio seguiu para o mar em um barquinho com quatro pessoas. Da praia, os que ficaram, puderam ver que, mesmo no mar calmo, uma onda balançou forte a embarcação. Era como se a deusa da água salgada estivesse puxando os presentes. O balaio boiou sobre as águas até encharcar totalmente e sumir no escuro do mar da noite.

E, já depois da meia-noite, o grupo não cansava de cantar: “Dia dois de fevereiro, eu quero ser o primeiro, a saudar Iemanjá”. Lá se foram as flores, os cheiros, os santos, os mini-vestidos azuis e os pedidos, engolidos pelo mar profundo.