31.5.05

O baiano interativo
No domingo, eu caminhava pela orla de Amaralina, quando um exemplar típico do baiano interativo - curiosa denominação dada por um perspicaz amigo meu - se aproximou de mim. Ele também vinha caminhando, pés descalços, bermudão meio sujo, parecia estar saindo de um dos babas que sempre acontecem naquela praia pouco disponível para o banho de mar tranqüilo.

O início da conversa foi um comentário sobre um assalto que havia ocorrido ali perto. Ressabiado, olhei logo para o meu pulso. Havia deixado o relógio em casa, felizmente. Mas o cara queria mesmo era puxar papo. Conversa vai, conversa vem, fomos andando atéchegar ao Rio Vermelho. Nesse pequeno trajeto, que não durou quinze minutos, o cara contou a vida toda.

Ele falou que é de Salvador e que foi para São Paulo (eu adoro histórias de quem vai tentar a vida em outro local!) atrás da mulher que o havia abandonado por aqui. Quando chegou lá, ela já estava com outro. Ele ganhouuma grana em Sampa, mas não quis ficar. Voltou logo. Preferiu ficar perto do mar e poder usar a sua bermuda - aquela suja. Lá, segundo ele, quem usa uma bermuda daquelas, tipo surfista, é chamado de tabaréu. Hoje ele vive de fazer bicos e cuida dos seus filhos, que a mulher deixou. E vive a suave vida baiana perto da praia.

Em um intervalo rápido, fiquei sabendo de tudo isso, com detalhes. Até mesmo quando, em São Paulo, a cunhada docemente lhe perguntou: "Você sabia que você é corno?".

A saúde pública precisa oferecer ao povo o serviço de terapeutas. E já.

30.5.05

Palhaços Poéticos

Ontem, no Espaço Xisto Bahia, aconteceu a última dia apresentação do espetáculo O Nariz do Poeta, encenado pelo Viapalco, grupo de Teatro da Uneb, com direção de João Lima.

De início achei a idéia pouco aplicável: a mistura de esquetes de palhaços com poemas de autores consagrados da literatura brasileira. Mas sabe que o resultado não ficou ruim? Os cinco atores seguram o pique e interagem bem com a platéia. O mérito parece ser do bom trabalho de direção, que conseguiu cenas que escapam da freqüente obviedade do teatro clown.

Se a proposta era fazer rir sem cair na baixaria, o resultado foi obtido. Os palhaços em cena estão bem melhores do que os seus colegas do circo, que, na atualidade, usam e abusam do texto popularesco e chulo. O Nariz do Poeta é simples, bonito e divertido. Como um bom poema.

No segundo semestre deste ano, o espetáculo volta a ficar em cartaz em outro teatro. Não me pergunte qual.

28.5.05

Lento
Câmera lenta, slow-motion, quadro-a-quadro. É bem assim que eu me sinto, neste período de muito trabalho e de finalização de energias astrais anuais - o famoso inferno astral, época que antecede o aniversário.

Muita leitura e pouca escrita. Foi um esforço conseguir terminar de ler A Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector. Os fãs que me desculpem, mas achei o livro um saco, um porre, uma cachaça mal tomada. Uma verborragia sem fim, pouco conexa, com alguns raros pedaços interessantes.

Tenho um amigo, estudante de Letras, que é louco pela escritora. Lembro que, quando li A Hora da Estrela, eu tinha gostado. Mas esse tal que acabei de ler é mais introspectivo. E chato. A barata (!), metafórica ou não, com qual a protagonista GH se digladia, deveria tê-la devorado logo no primeiro capítulo. Teria me poupado tempo.
Jogo de perseguição
As linhas do metrô de São Paulo formam o ambiente do jogo montado por um homem para descobrir a mulher da sua vida. O filme Jogo Subterrâneo (Brasil, 2005), dirigido por Roberto Gervitz, é baseado no conto "Manuscrito Encontrado em um Bolso", do escritor argentino Julio Cortázar.

Martín (Felipe Camargo), solitário pianista de bar, estabelece trajetos e torce para que a mulher pela qual venha a se interessar siga pelo caminho que ele traçou. Em meio às tentativas, vai conhecendo algumas pessoas que mudam a sua vida: uma tatuadora (Daniela Escobar) com uma filha autista, uma escritora cega (Julia Lemmertz), até encontrar a misteriosa Ana (Maria Luiza Mendonça, em atuação fenomenal), que irá virar as regras do jogo. O perseguidor se tornará vulnerável.

O clima de mistério e surrealismo de Cortázar é mantido, em uma adaptação coerente. O filme é produção nacional da melhor qualidade.

23.5.05

Sem telefone, mas com aniversário

Fiquei sem telefone no final de semana, houve uma pane na central entre o Rio Vermelho e Amaralina. Posts zero. No sábado fui ver Uma Questão de Imagem, na Sala de Arte do Museu. Filme francês, um roteiro ótimo. Uma garota gorda sofre por não se adequar ao modelo estético vigente. A baixa auto-estima é potencializada pela relação difícil com o pai, um escritor egocêntrico. Uma novela brasileira de TV dentro de um filme. Há vários personagens que transitam ao redor da família, todos carregando os seus próprios conflitos.

Domingo foi o dia de cantar parabéns para E. no Aconchego da Zuzu. Sob a mangueira frondosa, feijoada em clima de São João, animada por trio nordestino, forró pé-de-serra.

Hoje em dia bebo menos do que já bebi um dia, no frescor (ui!) dos vinte anos. Acho que desacostumei. O resultado da festa foi que a alegria de rever amigos turbinou a mistura de cerveja e licores, me deixando com um leve enjôo, mas com um mau humor de lança-chamas pelas ventas. Não houve chá de erva cidreira que desse jeito. Hoje estou melhor, gracias.
Melinda duas vezes
No drama, há instantes de riso. Na comédia, há momentos de comoção e tristeza. A vida é uma mistura de gêneros. Em Melinda e Melinda (Melinda and Melinda, EUA, 2004), o mais recente filme de Woody Allen lançado no Brasil, a constatação é que o critério de drama ou comédia é dado pelos protagonistas dos seus filmes pessoais, ou seja, de suas próprias vidas.

Em uma mesa de restaurante em Nova York, dois dramaturgos divagam a respeito dos gêneros que escrevem. Então, a partir de uma mesma idéia, com a protagonista Melinda (Radha Mitchell, nas duas versões), cada um imagina o desenrolar do seu enredo. Um dos filmes é amargo e pessimista. O outro é leve e otimista.

Um dos filmes mais leves e divertidos de Allen, que não sem perder a carga de refinamento intelectual, com os seus característicos questionamentos de amor, fidelidade, vida urbana, prazer, amizade, comunicação. A maior lição parece ser de que não são os acontecimentos que condicionam uma história. E sim a leitura que é feita sobre eles.

19.5.05

Revista de celebridade é o catalogo completo dos paraísos artificiais

Em vez da venda - pelo menos de modo claro ao leitor -de produtos, as revistas de celebridades vendem, de forma mais ostensiva, modelos de vida e comportamento que irão, sem dúvida, aumentar a venda de outros produtos. São mais circos formados, além dos que a TV impõem gratuitamente em nossas casas, todos os dias.

Os meios de comunicação especializados nos famosos buscam, incessantemente, novos personagens. A procura parece ser constante por um casal que se submeta aos ditames da moda-mídia, principalmente no quesito exposição excessiva.

Qualquer pessoa, com um mínimo de bom senso, sabe que um relacionamento é baseada em alguns "ades": intimidade, cumplicidade e sinceridade, por exemplo. Se não houver esses componentes, não tem jeito, não vai para a frente. Não tem beleza, riqueza, negócios em comum, que sustentem a relação.

Só quem não tem um mínimo de percepção não notaria que o caso Cicarelli X Dentução estava fadado ao fracasso. Quem se gosta de verdade não está nem aí para revistas, promoções, visibilidade, marketing pessoal, negócios. O gostar verdadeiro passa muito além de tudo isso. Pelo menos, enquanto dura o amor. Quem gosta de verdade, prefere a reserva.

Como o jogador parece não precisar mais de fama, pois é conhecido e reconhecido internacionalmente, a modelo-apresentadora parecia mais interessada na relação. Acabou a historia, ela ficou triste. Ele, com cara de Zé Mané ludibriado.

16.5.05

Antes da eleição

No que será que ele se transformou depois?
O frio em uma terra quente

As freqüentes variações de temperatura em Salvador têm causado estragos na saúde dos habitantes da cidade. Muita gente reclamando de dores e se ausentando do trabalho. Eu sinto uma sensação às vezes estranha, às vezes agradável: ritmo mais lento, o corpo só faz pedir repouso, parece estar querendo se poupar. Aproveito para ler. Terminei Apontamentos de História Sobrenatural, de Mário Quintana. Estou iniciando A Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector.

O sol de quase-inverno brilhou no domingo. Sem muito calor, um dia de muita luminosidade. Às portas da estação mais fria do ano, as pessoas ficaram curtindo na praia. A cidade é tão quente que o frio máximo acontece sob o ar-condicionado das salas de cinema. É a oportunidade que as pessoas têm de tirar jaquetas e agasalhos do armário. Nesta terra, fica-se feliz por um dia com um pouco mais de frio, quando se pode vestir alguma roupa diferente. Isso pela manhã ou pela noite, pois ao meio-dia o calor não dá trégua, seja verão ou inverno.

Uma provinha de Quintana, com a cara da preguiça de acordar no inverno:

O Tempo

O despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem nós, para não parar.
E todas as manhãs nos chama freneticamente como
um velho paralítico a tocar a campainha atroz.
Nós
é que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de rodas.
Nós, os seus escravos.
Só os poetas
os amantes
os bêbados
podem fugir
por instantes
ao Velho... Mas que raiva impotente dá no Velho
quando encontra crianças a brincar de roda
e não há outro jeito senão desviar delas a sua
cadeira de rodas!
Porque elas, simplesmente, o ignoram...

14.5.05

Boca Livre (ou Boca de Ouro no Curso Livre)

O XX Curso Livre de Teatro da Ufba encena Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, no Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro. Sete atrizes e seis atores revezam-se nos papéis. Há participação especial do ator Sérgio Almeida.

Boca de Ouro é um bicheiro de subúrbio carioca que tem vergonha da sua origem humilde. Enriquecido pela atividade ilícita, sonha em construir um caixão de ouro maciço para ser enterrado.

O diretor e professor Paulo Cunha tem bastante experiência em encenar textos de Nelson Rodrigues, com vários atores entrando na pele de um mesmo personagem. Estratégia utilizada quando se trabalha com um grupo grande. É interessante para quem assiste, pois as variações de interpretação ficam claras - para perceber o melhor ou o pior delas. Por outro lado, há a exigência de atenção para perceber a troca dos papéis. Mas sempre há alguma pista, a exemplo das variações em torno dos figurinos.

Entre os novatos, destaque para Rogério Guimarães, no papel de Leleco - é o único ator que faz o personagem. Ainda que o físico atarracado parece deixá-lo um tanto travado nos movimentos. Também se destaca Norma Santana, no papel de Guigui. Ela tem um brilho especial no olhar. E se sai bem nas cenas de discussão com o marido Agenor (o ator Sérgio Almeida). No cômputo geral, em Boca de Ouro, as atrizes parecem estar melhores que os atores.

Na encenação foram montadas arquibancadas em forma circular, como se fosse um pequeno teatro de arena. O público fica bem próximo dos atores. Ontem, sexta-feira, todos os assentos estavam ocupados. O desconforto é sempre o mesmo: quase duas horas sem ar-condicionado, sem estofamento e encosto. A compensação é o sempre instigante texto de Nelson Rodrigues. Todos torcem para que as verbas de conclusão do Martim Gonçalves comecem logo a fazer efeito.
Casa soterrada
Em 1910, mãe e filha chegam a um local inóspito, onde as areias mudam constantemente de lugar, pela vontade dos ventos. Rodado nos Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Casa de Areia (Brasil, 2005) traz pela primeira vez Fernanda Montenegro e Fernanda Torres - também mãe e filha - juntas no cinema, revezando-se nos papéis em sucessivas gerações, entre as décadas de 10 e 70. A direção é do genro Andrucha Waddington (de Eu, Tu, Eles). Os cantores Seu Jorge, Luiz Melodia e Jorge Mautner aparecem como atores.

Os Lençóis Maranhenses fornecem belíssimas locações. O filme se destaca por mostrar uma região do Brasil pouco divulgada. Mas o ritmo é lento, tornando-se eventualmente monótono, pois não há grandes ápices dramáticos, nem humor. Não há nada das pinceladas cômicas que Fernanda Montenegro quase sempre imprime aos seus personagens. Parece que a direção teve a expectativa de que a curiosa troca de papéis entre mãe e filha, duas excelentes atrizes, seria suficiente para manter o interesse do público.

9.5.05

Assado sertanejo
No final de semana preparei um pernil de cabrito assado. Deixei marinando em vinhas d' alho: vinho (duas ou três xícaras), hortelã (1 molho), folha de louro (umas 6) , alho amassado (uns 6 dentes), pimenta do reino (uma colher de chá), azeite de oliva (usei pouco, umas duas colheres de sopa), vinagre (1/2 xícara) e sal. Quase dois dias na geladeira para pegar bem o sabor, virando várias vezes de um lado para outro.

Preciso anotar com cuidado o que utilizo nos preparos, para lembrar depois. Antigamente, costumava seguir as receitas passo a passo, com todos os ingredientes. Quase sempre precisava ir ao mercado complementar o que faltava. Hoje em dia, tomo alguma receita por base e faço com o que tenho em casa. Diminuí o desperdício, principalmente de verduras e temperos. Não sobra mais nada.

Para fazer o cabrito, tomei por referência as instruções do livro A Cozinha Sertaneja da Bahia, de Guilherme Radel, que sempre me orienta quando o papo é o preparo de caprinos, ovinos e outras receitas do sertão baiano. Diminuí a quantidade de gordura e o vinagre e aumentei o vinho, para dar mais sabor. O cabrito levou mais de duas horas assando, mas valeu a pena. O tempero pegou bem. A carne tem pouquíssima gordura e é uma delícia. Para acompanhar, aipim cozido com um pouco de manteiga por cima. Mais sertanejo, impossível.

Perceba o que são os rótulos. Retire o acompanhamento do aipim, sirva com batatas cozidas ou sauté, um raminho de alecrim por cima, um fio de azeite e dê o nome de Assado Montanhês. Sirva em um restaurante de luxo, de cozinha mediterrânea, e ponha um preço absurdo. O filme é novo para você?

7.5.05

Atuação

Ela teve uma miragem:
uma coluna grega que subia
serpenteando aos céus.
Em seu topo,
ao sabor do vento,
um fole exprimia sons majestosos e envolventes.
Ela se apaixonou pela música,
pela dor suave que lhe causava,
pelos arrepios que lhe percorreram a linha vital.
Que se transformaram em jorro de lágrimas
que brilharam nos seus olhos.
As palavras vieram a seguir,
cristalizadas na voz firme da artista.
Em um desempenho fascinante.
Conflitos permanentes
As Cruzadas foram expedições militares, inicialmente estimuladas pela Igreja Católica, que saíram da Europa em direção ao Oriente para lutar pelo domínio da Terra Santa. O filme Cruzada (Kigdom of Heaven, EUA/Inglaterra, 2005) estimula a curiosidade pelos fatos históricos e mostra que as disputas entre cristãos, judeus e mulçumanos são bem mais antigas do que se tem notícia pela TV. E, infelizmente, não têm previsão de terminar.

Em 1187, após perder a esposa e o filho, o ferreiro francês Balian (Orlando Bloom) decide acompanhar o pai Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), barão ligado ao rei de Jerusalém. Após a morte do pai, Balian passa a defender o rei do sultão Saladino.

Dirigido por Ridley Scott (Gladiador, Blade Runner), o filme faz bela reconstituição histórica, com roteiro bem construído, ambientação e sons envolventes. Boa atuação de Orlando Bloom, o elfo de Senhor dos Anéis. Cruzada é superior ao similar Tróia.

4.5.05

Se for assim, auto-ajuda já!

Quase tudo o que a escritora gaúcha Lya Luft escreve parece óbvio. Só que ela escreve e descreve o óbvio com muita propriedade. De uma forma gentil, que nos faz sentir quase uma carícia. É uma das poucas vozes que se levanta para criticar as pequenas ditaduras que a moda, o consumismo e a vida moderna nos impõem de forma cruel.

Talvez por ser mulher, com sensibilidade apurada, sinta mais profundamente algumas das pequenas tragédias que a vida nos traz todos os dias. Perceber que estamos envelhecendo, sentir que não ficaremos ricos, constatar que não teremos os corpos malhados dos homens ou mulheres estampados nas revistas, observar que precisamos mais ouvir que falar, que precisamos ser menos exigentes com nós mesmos e com as outras pessoas, e que todos nós- ricos ou pobres, feios ou bonitos, famosos ou anônimos, cultos ou incultos - teremos o mesmo fim. Que não é preciso nem dizer qual é.

O que Lya Luft argumenta passa distante das polêmicas midiáticas. Ela sempre procura um tom sensível, sem agredir o leitor ou procurando agredir o mínimo possível. Ela comenta pequenos detalhes que os escritores mais jovens e os articulistas das revistas não têm interesse em combater. Há alguma revista feminina que tenha uma linha de pensamento crítico semelhante ao da escritora? Ou é mais fácil produzir matérias de moda, beleza e comportamento de consumo, quase sempre estimuladas por empresas?

E o que tem acontecido com o senso crítico das pessoas em relação ao seu próprio umbigo? Na falta de eco para as suas reclamações, precisam de analista para reforçar as suas opiniões e posicionamentos contrários ao modo vigente de viver, modos de consumir, modos de se comportar, modos de raciocinar. Ou mesmo para conseguir forças para lutar contra suas próprias dificuldades de perceber o mundo de forma clara. Para enfrentar tudo que normalmente é tido como o esperado pela sociedade conservadora - sempre pouco complacente com a subjetividade alheia.

Uma vez presenciei um comentário interessante. Alguém ganhou um livro da escritora de presente. Se não me engano, foi o Perdas e Ganhos. Outra pessoa não se conteve: "Ah, Lya Luft! Soube que é livro de auto-ajuda". Em um tom levemente depreciativo.

Ah, se todos os escritores brasileiros, de auto-ajuda ou não, tivessem a capacidade de tradução (ela também é tradutora de alemão!) das alegrias e dores da vida cotidiana como a gaúcha tem...

2.5.05

Dendê internacional
O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, atualmente em visita ao Brasil, desembarcou em Salvador no último domingo, para receber os títulos de doutor honoris causa, da Univesidade Federal da Bahia, e de cidadão baiano. Em comemoração, houve extensa programação de eventos culturais: música, lançamento de livros, mostra de pinturas e gastronomia.

Participei do curso de culinária angolana, ministrado pelo chef africano Silvino Augusto e por sua assistente. Na sexta à tarde, aconteceu a aula teórica, no auditório do Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), no Pelourinho. No sábado pela manhã, aula prática na cozinha do restaurante O Coliseu. O Festival gastronômico ocorreu no restaurante Jardim das Delícias, também no Pelourinho.

Pela colonização portuguesa nos dois páises e a pela forte influência africana aqui no Estado, era de se esperar bastante semelhança da culinária angolana com a baiana. Não restou nenhuma dúvida. A maioria dos pratos utiliza o azeite-de-dendê. O chef angolano chegava a refogar temperos no óleo dourado. Entre as diferenças, aqui na Bahia usa-se muito leite de coco, o que não é comum por lá, pelo menos nos pratos que foram elaborados. E os angolanos utilizam poucas ervas aromáticas, restringindo os temperos basicamente à cebola, tomate e alho. Interessante que os pratos não eram indigestos.

Fiz inúmeras anotações. Depois falo mais sobre o assunto. Ainda estou com um resto de torcicolo que dificulta a digitação.