Tive o prazer e o privilégio de ver a pré-estréia de Volver, de Almodóvar, em sessão para jornalistas. Penelope Cruz deslumbrante no papel de Raimunda, uma mulher batalhadora e geniosa. É o melhor papel dela, até hoje. Um trabalho de uma magnitude que não foi possível antes em Hollywood. Ela está bem mais solta na fala e nos gestos. Tem-se a impressão de que ela precisou voltar à sua língua original para brilhar intensamente.
O tema do filme é a teia de relações entre as mulheres, sejam elas amigas ou parentes. Almodóvar parece querer provar que as mulheres estão próximas da auto-suficiência emocional. Ou, pelo menos, diluem as carências nas relações de amizade. Situação diferente de Fale com Ela, que mostrava a dependência feminina nas mãos de homens sensíveis.
O roteiro do filme é fantástico. Além do talento de diretor, Almodóvar tem a capacidade de escrever histórias fabulosas e envolventes. Muito talento em uma pessoa só. Ele continua transgressor. Em Volver, a família de Raimunda (mãe, irmã e filha) tem trajetória pouco convencional.
Maravilha. Mas eu continuo sentindo falta, nas últimas produções, daquele humor escrachado de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, Kika, De Salto Alto. Mas acho que o diretor não retorna mais a este ponto. A sua carreira tomou outro rumo. É pura nostalgia minha.
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