7.6.07

Futebol e religião

O mundo tem coisas que a gente não imagina. Conversando com algumas pessoas, soube de aspectos interessantes que ocorrem aqui em Montréal.

A Copa do Mundo e a Copa das Américas movimentam as comunidades dos imigrantes no Canadá. Durante a época da Copa do Mundo, principalmente, Montréal se enche de bandeiras. As mais vistas: Portugal, Itália e França (países que cederam inúmeros imigrantes para o Canadá). E, claro, não poderiam ser esquecidas, as bandeiras do Brasil.

Bacana é que não só os brasileiros as conduzem pela cidade. Praticamente todos os latinos: venezuelanos, colombianos, mexicanos, paraguaios, bolivianos. Não acredito que haja argentinos que façam isso. Até os haitianos, que formam um grande contingente dos imigrantes daqui, pois também têm o francês como língua materna, torcem pelo Brasil.

Nos táxis, que os haitianos costumam conduzir, a bandeirinha do Brasil fica presa na antena do carro durante a Copa. Aqueles jogos amistosos, que o Brasil faz de décadas em décadas no país deles, parecem surtir efeito impressionante. A que isso será devido? A vingança do futebol americano terceiro-mundista contra as potências européias?

Para os canadenses de origem parece ser um espetáculo estranho, uma vez que o esporte nacional aqui é o hóquei, praticado sobre o gelo.

Diferente do que acontece com muitas comunidades de imigrantes, que se reúnem em determinados bairros, os brasileiros se espalham por toda a cidade. Mas eles se reúnem principalmente nos eventos musicais da cidade, quando se apresenta algum artista brasileiro. Nesses eventos, os brasileiros ficam no gargarejo, nas primeiras filas. O Festival de Jazz deste ano será aberto por Carlinhos Brown. No ano passado o papel foi de Daniela Mercury. A brasileirada, com certeza, vai se reunir.

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Montréal tem uma característica interessante, que lembra Salvador. A quantidade de igrejas. O Québec é majoritariamente católico, devido à herança francesa. Até as décadas de 60 e 70, a influência da Igreja Católica sobre a população era intensa, chegando a pregrar que os casais tivessem grande quantidade de filhos casais. Depois da "revolução tranquila", a partir do final dos anos 60, coincidente com a revolução sexual, a influência da Igreja Católica diminuiu. Alguns templos chegaram a ser vendidos, mas a maior parte persiste e existem alguns exemplares fantásticos. O "Oratoire Saint-Joseph" fica em uma colina e é deslumbrante. De lá tem-se uma vista genial da cidade. A igreja tem um órgão gigantesco e guarda os restos mortais de um religioso do Québec que foi canonizado.

A experiência de visitar templos religiosos grandiosos é sempre emocionante. Por mais que a não-prática da religião seja mais forte do que a prática cotidiana, a relembrança da educação e criação familiar sob os preceitos religiosos, e, mais intensamente, a lembrança de pessoas queridas e devotas, sempre me causa muita emoção.

A Catedral de Notre Dame é um outro belo tesouro, ainda a ser visto. Outro aspecto religioso é que aqui em Montréal tem até procissão, realizada pela comunidade portuguesa. Com andor e senhoras com véu. Dá para crer?

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