28.12.11

Cantando na neve


O dia amanhece com sol discreto. Temperaturas baixas, uma onda de frio desce sobre o lado leste do país, atraindo temperaturas negativas, cancelando vôos e complicando a vida de quem dirige nas ruas e estradas. A chuva de ontem congela no chão e a neve vem caindo em flocos.


Os loucos canadenses e suas bicicletas indomáveis
Havia esquecido como é a sensação de andar com a neve caindo. Quando ela vem em flocos, desce devagar, suave, tentando romper a resistência do ar. É a melhor parte do inverno, enquanto a neve ainda não acumula no chão, enquanto não derrete, enquanto não vira gelo, enquanto é possível andar sem o risco de escorregar. A neve caindo em flocos é uma nuvem de confetes no Carnaval, que vem grudando no corpo. Mas sem a música.
 
As camadas de roupas protegem o corpo, não há desconforto ao andar na rua. A não ser que o vento traga o chicote do frio.  Quando a neve cai é sinal de que a temperatura não está muito baixa. Nem alta, com certeza. Ela não molha como a chuva, não encharca as roupas, não aumenta o terror do frio umido. O rosto arde, as poucas partes que ficam descobertas queimam pela tempeatura. Mas a natureza é sábia. Ela pôs olhos de vidro nos homens. Olhos que não sentem frio e que conduzem os passos apressados.

As pessoas caminham de cabeça baixa, para proteger o pescoço e a respiração. Os movimentos do corpo ficam reduzidos. Toucas e capuzes protegem orelhas mas diminuem a visão lateral. O pedestre tem que contar com a paciência e a atenção redobrada dos motoristas. Estes estão em situaçao privilegiada, protegidos pelos seus aquecimentos móveis e ambulantes.

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