Enfim o sol chegou. A primavera colocou a cara para fora. As pessoas estão mais alegres e com roupas mais leves, os casacos mais pesados foram para o armário. Prédios, casas, parques e jardins agora possuem mais detalhes do que possuiam antes. Ou que o frio não possibilitava ver, pois o passo tinha que ser apressado. As cores apareciam menos. Os brotos nascem nas árvores e cercas-vivas. Em breve as flolhas de plátano revelarão os seus tons avermelhados.
Mudei de casa. Saí do bairro onde cheguei inicialmente e agora estou na região central da cidade, em um bairro chamado Plateau Mont-Royal. Há muitas lojas, bares, cafés e restaurantes. É a região plana aos pés do Mont Royal, a colina que deu origem ao nome da cidade.
Montréal é a união dos palavras "mont" e "real". Em português e inglês, o nome da cidade é falado como uma só palavra, pois o "t" é pronunciado e une as duas partes. Em francês é diferente. O nome é dito na forma de duas palavras separadas: "mont", que se pronuncia "mon", pois o "t" é mudo; e "réal", pronunciado da mesma forma que em português. Coisas das línguas.
Pois bem, aos pés do Mont-Royal há um belo parque gramado, no qual acontece acontece todos os domingos a festa do tam-tam. Um bocado de gente se reúne para tomar sol, jogar algum esporte, fazer piquenique e ouvir som. Muita gente mesmo. Desde o final na manhã já passava um bocado de gente pelas ruas em direção ao parque. O povo se resfestela como pode: em toalhas, edredons, esteiras de palha e o tudo mais que pode ser estendido na grama.
A música vem de varios cantos. São batucadas de pequenos tambores (os "tam-tams"). Alguns grupos são mais organizados, possuem bateria, saxofone e alguém tentando reger aquela confusão. Para quem está acostumado com a batida vigorosa dos tambores afro-baianos, a batucada dos canadenses é apenas um "barulhinho bom", como diria Marisa Monte. Mas que serve de animação para um bocado de gente.
E chega gente de bicicleta (a cidade tem vários quilômetros de ciclovias), de patins, de skate, a pé, de carro, de ônibus, de metrô. Vários carrinhos de bebês de todos os modelos. Até rebocado por bicicleta. Muitas pessoas com cachorros. Os cachorros aqui são de todos os tamanhos, dos minúsculos aos que parecem grandes bezerros. Todos parecem dóceis, mesmo os grandões. Criados em apartamentos, eles não tem a função de seguranças de casas, diferente do que normalmente acontece no Brasil.
Se o Québec tem clima latino, em Montréal as manifestações culturais nas ruas são ainda mais intensas. Dizem que no verão as apresentações musicais acontecem por todos os lados. O festival de jazz é um dos mais famosos do mundo. A atividade circense faz parte do espírito local. A cidade é a sede do Cirque du Soleil, que acaba de estrear um novo espetáculo, "Kooza", lançado com estardalhaço e bajulado pela mídial. A tenda do circo fica armada no cais do velho porto, na parte antiga e histórica, chamada "Vieux-Montréal". Quem foi ver disse que há momentos de chegar às lágrimas pela emoção.
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