Halloween, dia das bruxas. Em Toronto as festividades sao intensas. As casas sao decoradas e as festas acontecem por todos os cantos. As pessoas circulam fantasiadas nas ruas e no transporte público. A data é 31 de outubro, mas bem antes disso já tem canadense se exibindo com máscara, peruca, fantasia ou pintura no rosto. É muito engaçado ver gente de terno e gravata, indo ou voltando do trabalho, ao lado de múmias, bruxas, diabos e o escambau. Uma antiga moradora de Toronto me disse que é um fenômeno recente, de uns dez anos para cá. A festa tem mais tradiçao nos Estados Unidos.
As indústrias de doces faturam alto nesta época. A criatividade nao tem fim. Bombons, pirulitos e jujubas viram caveiras, gatos pretos, esqueletos, olhos de monstros, chapéus de bruxa. As delícias sao oferecidas às crianças para que nao façam nenhuma travessura. Entao, ao saborear um pacote de guloseimas monstruosas, incluindo bala de olho ensanguentado e jujuba de gato preto, lembrei do meu primeiro Halloween.
Acho que eu tinha uns treze anos. A escola de inglês em que eu estudava organizou uma bela festa, que movimentou a cidade. Havia um mapa indicando as casas dos alunos participantes. Na porta de cada uma delas havia um jack-o'-lantern, aquela abóbora recortada com uma vela acesa dentro.
A gente ia passando de carro pelas casas. Estávamos todos fantasiados. Eu saí vestido de fantasma. Eram uns três ou quatro amigos, todos na mesma faixa de idade. Um deles nao era nem aluno da escola. Era uma cidade pequena, naquela época nao havia fiscalizaçao rígida e, aos catorze anos, os moleques viviam de carro para cima e para baixo. A gente localizava as casas e chegava falando 'trick or treat' para encher de bombons a sacola de tecido que a escola havia nos dado.
Acho que nunca comi tantos doces na vida.
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