12.3.12

Sabores que rodam o mundo

Ainda não foi por agora que a famosa comida da Etiópia passou a fazer parte do rol das minhas experiências gastronômicas. Mais uma vez o tal restaurante estava fechado. Para as férias de março. Eu nunca ouvi falar nessas férias.

Os donos do restaurante não devem ser bons administradores, de acordo com o que li em comentários na internet. Em um deles, a pessoa anotava que o atendimento não era bom, apesar da cozinha "de diamante". Ele dizia ainda que se o restaurante se preparasse para vender comida para levar para casa, como é bem comum por aqui, poderia ganhar uma fortuna. Mas talvez isso faça a diferença do local. O modo slow food. Comida lenta e bem feita. 

Já que a comida etíope estava de férias, talvez tenha ido passear nas suas origens africanas,  fiquei em dúvida entre os galetos assados portugueses - e seus pratos gigantescos - ou a "cozinha caribenha de Pam", que eu já havia provado e aprovado. Fui visitar a simpática madame Pam, originária da Guiana, que se apoderou da cultura do Caribe para ganhar os seus trocados. Tudo bem, a Guiana está ali na beira do Mar do Caribe, faz parte da liga dos países da região, mas será que o Brasil também não poderia requisitar do mercado turístico a sua porção caribenha?  

O pouco lembrado Amapá está ao lado da Guiana francesa, tem um litoral gigantesco, mas, pelo que pude pesquisar, já que nunca andei por aquelas terras, o Estado não incorpora elementos da cultura do Caribe. O prato mais forte é o tacacá, típico da regiao norte. Dominante como a cultura brasileira é, a feijoada e o churrasco devem ser mais comum por lá do que o "jerk chicken" caribenho. O Estado brasileiro que parece mais dialogar com o Caribe é o Maranhão, com a intensa paixão popular pelo reggae jamaicano.

Na cozinha de Pam provei o prato principal da casa: o roti. Uma espécie de crepe recheado com opçoes de carne, frango, camarão ou legumes, com batatas, grão-de-bico e bastante temperado. O sabor do cominho (ou seria curry?) é bem intenso.  Pedi a versao jerk chicken e, como da vez anterior, aquele molho escuro do frango estava delicioso. O "envelope" de roti é muito bem feito, o molho não encharca o invólucro nem vaza.

Era a cara desse da foto. Bom, né?
Fui buscar mais informaçoes sobre o roti. Na verdade é um pão sem fermento, de origem indiana, que recobre o que achei com cara de crepe. As Guianas, tanto inglesa, como holandesa e francesa - isso é algo novo para mim -, receberam muitos imigrantes chineses e indianos. Os sabores indianos passaram a fazer parte da cultura da América do Sul. Então ficou explicado o sabor apimentado e marcante de curry que havia no prato.

Barriga cheia, mas sempre existe espaço para o café e o doce. E, em plena região portuguesa, nada mais imediato do que pensar em pastel de nata, acompanhado pelo café expresso da padaria. Voltei para casa carregando um daqueles sacos de papel marrom cheio de pães portugueses, crocantes por fora e macios por dentro, como os das melhores padarias brasileiras. Mas com um sabor de qualidade portuguesa dificil de copiar.

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