MultCult#3 O despertador toca alto, não deixa dúvida que a hora chegou, não importa se ainda tudo está escuro, mesmo se a contagem já passa do 7. Os olhos ardem e pesam, há um quase-desespero rondando. Um café bem escuro ajuda a clarear o dia. Hora de luvas, cachecol, touca. Capacete, bicicleta pronta.
A primeira pedalada é dolorosa. A perna está endurecida sob o termometro a 3 graus. Tudo que protege é apenas uma jaqueta pouco espessa, só reforçada contra o vento. Nada de proteção extra nas pernas, além da calça nossa de todo dia. Depois de cinco minutos o corpo começa a acostumar, o frio vai embora e o calor começa a chegar, sem longo intervalo. Momento de abrir uma fresta no casaco.
O viaduto se aproxima. Do verde exuberante do vale não resta mais nada, tudo foi destruído pela temperatura inclemente e pelos ventos do outono. Só um céu cinza persiste, com um resto de esperança de alguns feixes de luz solar. O vento sopra forte, os prédios historicos se aproximam, transportando a atmosfera para um lugar imaginário, impossível de ser localizado. Poderia ser em qualquer lugar onde culturas se unem.
Sao tijolos e construções baixas que hospedam restaurantes, cafés, bares, mercados, padarias, lojas, bancos. Tudo que faz uma cidade ser viva, alegre e atraente. O cenário vai se transformando, os arcos gregos e as igrejas dão forma a uma comunidade ativa, que sobrevive e floresce no frio, longe da história e do mar, mas que, nesse instante, ainda parece sonolenta pela hora cinzenta.
A viagem curta vai chegando ao fim, o frio cede lugar para o suor que vai surgindo por debaixo do agasalho. É tempo de procurar abrigo e começar o dia.
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