No filme mexicano Sexo por Compaixão, dirigido por Laura Mañá, Dolores (Elisabeth Margoni) é uma pacata e religiosa esposa, que mora em um vilarejo quase abandonado em um região desértica do México, e que se transforma após o abandono pelo marido.
Disposta a pecar, ciente de que o ex-marido a havia deixado porque ela era boazinha demais, transforma-se em "Lolita" e passa a fazer sexo com todos os homens do vilarejo - ou pueblo, como dizem os mexicanos -, sempre sob a desculpa de "fazer o bem", por compaixão pelos homens sofridos do local.
A novidade é que o vilarejo se tranforma. O filme, inicalmente em preto e branco, adquire cores. É quase como se a água jorasse no deserto. As mulheres permitem o conforto dos maridos nos braços de Dolores, a quem chamam de santa. O resultado é que as pessoas tornam-se alegres e as famílias têm as suas relações melhoradas.
O filme brinca com a lógica do pecado e da culpa da Igreja Católica. Santa ou prostituta, os habitantes do vilarejo se perguntam. O pároco também fica tentado a cair nas graças de Dolores, ex-ovelha do seu rebanho.
Sexo por compaixão ironiza a forma como a cultura, especialmete de países católicos, estabelece conceitos a respeito de comportamento. Uma reflexão com pitadas do realismo fantástico da literatura latino-americana. Como escreveu um famoso crítico de cinema, está fadado a virar "cult".
É um filme que cabe perfeitamente em treinamentos corporativos. Para abordar liderança e transformações - e a hipocrisia envolvida nisso. Bagdá Café já foi muito utilizado com esse objetivo, mas com uma mensagem mais direta. Parece que a diretora escolheu a protagonista pela semelhança física com Marianne Sagebrecht. Uma idéia em comum nos dois filmes é a transformação de um local seco, desértico, com pessoas também áridas.
1 comment:
ler todo o blog, muito bom
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