9.8.06

Hibridismo

Assiti a uma das coisas mais diferentes e interessantes do teatro baiano, na semana passada: Guilda. Cinco criaturas híbridas que se encontram confinadas em um mesmo ambiente, enquanto se preparam para participar de um concurso de beleza. Hibridismo corporal e travestismo são a tônica da montagem. Ops, olha o trocadilho.

Há umas sacadas bem interessantes. Dublagens de músicas imperdíveis: Maria Betânia em arranjo techno, Ângela Rorô, e até aquela música antiga de Maria Alcina que fala sobre o vendedor de bananas. Há também um número inteligente, hilário e inesquecível com a música da escrava Isaura: “Vida de negro é difícil, é difícil como quê...”

A peça é dirigida por Marcelo Sousa Brito, que também atua. Os demais atores não são profissionais nem estudantes de teatro. Talvez se o espetáculo tivesse um elenco com mais experiência, poderia se tornar ainda mais rico. Mas já está de bom tamanho.

O sucesso começou com a campanha para conseguir doação de sapatos do estilista Fernando Pires. Performances nas ruas e divulgação tiveram sucesso. O estilista gostou do projeto e criou sapatos exclusivos para a peça.

Depois da rápida temporada – lotadíssima – de três semanas no Cabaré dos Novos, no Theatro Vila Velha, resta torcer para Guilda voltar a ficar em cartaz. Para dar boas risadas. Uma dica: chegue com pelo menos meia hora de antecedência, pois a movimentação começa cedo.

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