Os esquilos de Montréal sao diferentes dos de Toronto. Os esquilos que falam francês sao mais peludos e de cor marrom em varias tonalidades. Os esquilos que falam inglês, pelo menos os do centro de Toronto, sao totalmente pretos. E bem mais ariscos. Assim como o homem-aranha, eles escalam prédios. A técnica é a seguinte: eles abrem as patas para aumentar a fixaçao no concreto e, com as garras afiadas, lá vao eles subindo as paredes parecendo aranhas, em uma velocidade impressionante.
Os esquilos passaram a achar que a minha mini-árvore é o seu habitat natural. Um dia um deles ainda me deixou um presente! Uma noz inteira em cima do sofá da sala. Primeiro achei que tinha sido o meu roomate (co-locatário) que havia esquecido a noz ali, mas ele negou de pés juntos. Ninguém nunca comprou uma noz inteira, com casca, desde que moro aqui nesta casa. Acho que o esquilo quis fazer uma gracinha como se fosse por aluguel do uso da mini-árvore. Engraçadinho.
O meu roomate, um dia vendo a tv, presenciou a explicaçao da terra revolvida. O esquilo sobe, apoia a noz na borda do vaso para tentar quebrá-la e em seguida devorar a amêndoa. Entao, desde que a finalidade da invasao foi descoberta, ou a porta de vidro ou a tela de proteçao sempre ficam fechadas, para impedir a entrada dos escaladores dentuços.
Hoje acordei e vi uma das minhas preciosas maças, salvaçao dos intervalos famintos de trabalho, que normalmente repousa no prato sobre a mesa da sala, toda roída no batente da varanda. A porta da varanda tinha ficado aberta durante a noite! Putz. O esquilo ainda deixou metade da casca de um amendoim e a terra do meu caqueiro revolvida e espalhada pelo chao ao redor. A mini-árvore, da qual orgulhosamente reconheci exemplares completos e adultos em ruas de Salvador, pelo menos continua intacta.
Uma professora de francês em Montréal, Mme. Laframboise, contou uma vez na sala que um esquilo a deixou em uma situacao, digamos, engraçada. Para nao dizer vexatória. A sua vizinha plantava cuidadosamente vários bulbos de papoula no jardim, esperando com ansiedade a primavera seguinte e o espetáculo das cores. Um esquilo vinha, cavava, retirava o bulbo e enterrava em outro local. Onde? No jardim da minha professora, que viu o seu jardim florescer sem nenhum trabalho. Difícil foi explicar para a vizinha que havia sido o esquilo-jardineiro o autor do projeto de paisagismo.






