7.8.11

Línguas que seduzem

Ainda há muita estrada à minha frente quando se trata de inglês. Apesar de ter estudado e experimentado mais a língua inglesa do que a francesa durante a vida escolar e profissional, o mergulho no francês foi mais profundo. Vários cursos intensivos, sessoes sobre a cultura do Québec, treinamento de francês escrito, um ano de curso técnico com sete horas por dia de convívio na língua de Molière. Várias leituras de autores franceses e quebequenses durante invernos cinzentos em Montreal.

A decisao de vir para Toronto foi rápida e nao sobrou muito tempo para a dedicaçao ao inglês. O convívio em português também nao ajuda muito. Estudo de inglês no Canadá, em sala, foram apenas os quatro meses de aulas diárias em Montreal.

Com a leitura de jornais e livros, o meu vocabulário vem aumentando consideravelmente. Já consigo ler sem precisar ir toda hora ao dicionário. Às vezes um adjetivo ou advérbio fica incompreendido, mas dá para pegar o sentido geral. À medida que a lista de livros aumenta, o entendimento fica mais firme.

Mas é questao de tempo para acostumar o ouvido. Tem uma hora em que nao adianta estudar mais, pois a língua que as pessoas falam nas ruas é muito mais rápida do que a do professor na sala de aula. Entao o tempo, a convivência com os falantes e a exposicao à uma língua serao os grandes professores. Ouvir rádio e tv ajudam muito também.

Em um mundo altamente conectado, a vontade de aprender mais uma língua sempre fica martelando. Seja pela vontade de fazer uma viagem, seja pela influência de um amigo vindo de outro país, seja pela culinária, seja por uma música, seja por uma atraçao qualquer.

Quando eu morava no Brasil uma das minhas grandes vontades era poder praticar outras línguas, poder entender, falar e ler fluentemente. Esse sonho se realiza duplamente no Canadá, em inglês e francês. E, para mim, essa é uma das grandes riquezas deste país, uma das coisas que mais adoro aqui.

Mas o comichao da superficialidade está sempre à espreita. Entao, pensar em estudar mais uma língua? Calma, nada de longos estudos, pois a prioridade agora é o inglês. Mas no futuro poderá ser italiano. Ou alemao. Ou russo. Cada uma dessas línguas tem os seus atrativos e as suas dificuldades. Vejamos.

Italiano. A proximidade com o português é um grande facilitador. Há o fascínio pela culinária do país, a beleza das cidades e do seu povo. A vontade de rodar toda a bota. Como ponto negativo, a restriçao a um único país. Como uma língua tao bonita nao se expandiu mais pelo mundo?

Alemao. A língua mais falada da Europa, mas que também se restringe à Alemanha e Áustria. Ouço falar que o alemao da Suiça é quase outra língua, os suiços dizem que se chama "suiço-alemao". Tenho muita vontade de conhecer o país, mas tenho a impressao de que os alemaes mais articulados e interessantes sabem falar inglês e vao querer praticá-lo, principalmente com uma pessoa vinda do Canadá (olha eu aí me achando...). Além disso, a língua nao é fácil, tem várias declinaçoes (masculino, feminino, neutro).

Russo. O alfabeto cirílico é lindo, parece um código secreto em um filme de aventura. Está aí um grande desafio: aprender um outro alfabeto. Além disso, há várias declinacoes, conjugaçoes verbais e pouca coisa do francês ou do inglês que possa ajudar na aprendizagem do novo vocabulário. Vantagens: os russos, pelo menos os do Canadá, sao pessoas bem legais, simpáticas, gostam de conversar. Vários países do leste europeu e da Ásia falam a língua russa. Muita vontade de viajar pela Rússia, conhecer Moscou e Sao Petersburgo. E também conhecer a Ucrânia.

Entao, o que decidir? Bom, é coisa para o futuro, para daqui a alguns anos.

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