14.2.05

Terra do Nunca

Depois de um longo tempo sem empreender passeios a roteiros distantes, no próximo intervalo de descanso vou a paragens diferentes.

Vou ouvir outros sotaques, perceber novos sabores, sentir outros ares e ver novas cores. Vou testar novos limites, vou criar outras imagens mentais. Vou absorver novas energias e mudar de mundo, pelo menos por alguns dias.

Vou abandonar a rotina e me tornar o mais aventureiro dos mortais. Vou seguir uma trilha encantada. Vou continuar um caminho que sempre sonhei perseguir. Vou desatar vários nós pela estrada de pedras. Vou chegar até onde os dragões dobram o vento. Vou emendar tempos e campos.

Se a chuva quiser me impedir, eu nem vou ligar. Vou sair cantando e cantando. Vou mesmo é ouvir música diferente, sentir o cheiro dos vinhos e das uvas tintas. Vou abraçar o céu com as pontas dos dedos. Vou chegar até o lugar onde só estive em sonho. Vou deixar que brisa fria e seca me envolva e me convide para ensaiar uma outra dimensão.

Vou além do que pensei, do que quis, do que relutei em aceitar. Vou correndo buscar novas letras e palavras para compor mais um fragmento da música desafinada que insisto em compor. Vou lá, vou procurar mais peças para o quebra-cabeça de centena de milhares de pedaços, sem roteiro para me guiar.

Vou lá, vou tentar mais uma imagem. Vou atravessar o bosque para procurar o tesouro e completar o encanto. Vou à procura das águas de diamante. Vou passar por dentro de um filme e continuá-lo após a sessão das cinco. Vou ser estrela de uma comédia romântica. Vou despachar os vilões para o purgatório das almas desiguais. E, então, só assim e por assim dizer, voltar como se nada tivesse acontecido.

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