29.10.05

Onde está Wally?


A foto da turma de teatro. Eu sou o único de terno e gravata. Vê se me acha.

Aula de vida

Estou fazendo te-a-tro. Já que Todo Mundo Faz Teatro, também resolvi me juntar a todo mundo, por algumas razões. Primeiro, a vida é um espaço cênico. Escolhemos os nossos papéis e máscaras, que utilizamos de acordo com a situação. Não há como escapar disso, seja no trabalho, na família e no amor. Talvez até quando estamos sozinhos e imaginamos um grande ou pequeno papel para nós mesmos. Algo possível ou não.

As aulas acontecem aos sábados e são deliciosas. Há brincadeiras e jogos com diversos intuitos, que aproximam as pessoas, descontraem e iniciam os exercícios. Ainda estamos nas improvisações, não chegamos aos textos. Gostaria de filmar as aulas para me ver atuando. Deixa quieto, melhor não.

27.10.05

Zorro para menores

Em 1850, depois de lutar para que a Califórnia se torne o 31º Estado dos Estados Unidos, Zorro (Antonio Banderas) pretende cumprir a promessa que fez à sua mulher Elena (Catherine Zeta-Jones) de desistir da sua identidade secreta e levar uma vida normal, como Don Alejandro de la Vega, junto dela e de Joaquin (Adrian Alonso), o filho de ambos. Mas Zorro terá que lutar contra uma organização de origem européia que quer impedir a integração da Califórnia e a futura prosperidade norte-americana.

A Lenda do Zorro (The Zorro Legend, EUA, 2005) é a continuação de A Máscara do Zorro, exibido nos cinemas em 1998, que lançou o espanhol Banderas e a galesa Zeta-Jones no cinema americano. Desta vez o garoto Adrian Alonso tem grande participação, provavelmente para atrair o público infantil. As cenas de comédia estão presentes em boa parte do filme e as cenas de lutas não tem sangue. A Lenda do Zorro é destinado a entrar para a lista da sessão da tarde.

25.10.05

Jornalistas cercados

Uma ex-colega de Faculdade está felicíssima em estágio na Folha de São Paulo. Ela participou de seleção nacional e ficou entre os dez escolhidos. A jovem jornalista conta que no domingo, dia de votação, junto com outra companheira de trabalho – para usar um termo típico -, foi fazer entrevista com Lula. Ela conta que todos os jornalistas foram afastados do presidente e tiveram que ficar aguardando em um “cercadinho”. Os amigos que receberam o e-mail, no qual ela relatava a história, ficaram entre o espanto e a gozação.

Para tentar entender o caso, propus uma enquete. Por que colocaram os jornalistas no cercadinho?

A) Animais perigosos, eles não podiam sair dali. Por isso havia até fio elétrico de isolamento.

B) Mais uma campanha de exploração de jornalistas. Cansaram de tirar sangue e desta vez iriam tirar leite deles.

C) Os seguranças notaram que os jornalistas estavam com fome e os deixaram a saborear os vegetais selvagens que cresciam ali por perto.

D) O cercadinho é o novo modelito econômico de sala de imprensa. Preparem-se, daqui para a frente, todas serão assim.

Vocês decidem.

22.10.05

Os chineses de Salvador

Os restaurantes chineses proliferam em Salvador. Eles têm longa história na cidade e estão em vários bairros, às vezes um ao lado do outro. Os restaurantes são conhecidos como baratos e por servirem porções generosas.

A culinária chinesa é milenar e riquíssima. Ao lado da cozinha francesa e da italiana, é apontada como uma das três melhores e mais completas do mundo. Li em algum lugar que um famoso prato chinês, o pato laqueado – que sonho em conhecer – tem mais de mil formas de preparo.

Os grandes restaurantes chineses estabelecidos na cidade são tradicionais, estão no mercado há vários anos. Venho notando que os “novos chineses”, isto é, não sei se são chineses ou coreanos, vêm montando seus negócios em locais populares, principalmente no centro da cidade. São restaurantes a quilo, alguns melhores, outros com um aspecto sujinho, o que dá medo até de entrar. Entre o feijão e o arroz, sempre há porções de pratos orientais.

Talvez pela facilidade de encontrar um restaurante chinês e pela popularização – nos finais de semana eles são ensurdecedores, pois são uma das últimas possibilidades para as famílias de classe média saírem unidas para almoçar ou jantar -, acabam por ficar esquecidos quando se quer sair para comer em um local refinado.

Nesta semana, em comemoração a dois aniversários, passei por dois restaurantes. Um mais fino e um chinês. No restaurante mais seleto e mais caro, paguei, é claro, mais caro. Pedi um filezinho aperitivo de entrada. O prato principal foi um badejo na manteiga com molho de camarão, cogumelos, alcaparras e acompanhado de batatas. Estava uma delícia, mas o sal passava do ponto. Para iniciar os trabalhos da noite, tomei ½ garrafa de tinto Terranova Shiraz que estava com preço ótimo: 11 reais. O restaurante deve comprar os vinhos direto no distribuidor. No supermercado, a garrafa custa 16 reais. Ok, fui bem servido, paguei pela refeição um valor que não foi estratosférico.

No dia seguinte, fui a um restaurante chinês, um dos meus favoritos, o Tai San, na avenida Paulo VI. Tradicional, de comida barata e gostosa. Melhor do que aqueles chineses da Barra, cujos pratos sempre vêm gordurosos demais. Foi a festa total. De entrada, um pãozinho chinês no vapor com recheio de porco. Comi um yakissoba de camarão com legumes muitíssimo bem servido. Camarões à vontade. E bem mais em conta que o badejo do dia anterior.

A lição que tirei das duas noitadas, não é nenhuma novidade, foi que a gente nem sempre paga só pela comida. Paga-se o luxo dos guardanapos, dos garçons, das taças, do ambiente mais silencioso. Às vezes, em locais mais baratos, come-se mais e com a mesma qualidade. Difícil é descobrir esses lugares.

20.10.05

Desaparecimento no vôo

Durante um vôo Alemanha-Estados Unidos, a engenheira de projetos de aviação Kyle Pratt (Jodie Foster) entra em pânico com o sumiço de sua filha de 6 anos, Julia (Marlene Lawston), no imenso avião de dois andares, que ela própria ajudou a construir. Kyle Pratt está devastada emocionalmente, devido à recente morte de seu marido. Desesperada, ela precisa provar à tripulação e aos passageiros a sua sanidade e encontrar a filha.

Plano de Vôo (Flightplan, EUA, 2005) traz Jodie Foster em ótima atuação, no papel da mãe que luta até o limite para ter a filha de volta. Em um plano secundário, novamente é abordado - depois do recente filme Vôo Noturno - o pânico dos americanos com incidentes nos vôos. Os árabes presentes no avião se tornam imediatamente suspeitos do sequestro da criança.

A história é mirabolante e com pouca possibilidade de acontecer. Há furos no roteiro e algumas perguntas ficam sem resposta. A compensação é o suspense intenso, do início ao fim. Indicado quem gosta de filmes de ação.

16.10.05

Dança e música eletrônica no teatro

O Ateliê de Coreógrafos Brasileiros , em sua quarta versão, acontece no Teatro Castro Alves, em Salvador, até dia 18. No sábado, foram apresentados os espetáculos “1 Corpo em 5”, de Edvan Monteiro (CE), e “A Lupa”, de Jorge Alencar (BA). Ambos envolvidos por som eletrônico. O primeiro com a presença da cantora Rebeca Matta. O segundo com o músico Nikima.

As atrações que vi no ano anterior foram superiores. “1 Corpo em 5” traz vários vídeos e desperta asco, com recorrentes cenas de vômito, tanto nas projeções quanto entre os dançarinos. Muita plasticidade e pouca dança. O melhor do espetáculo é a parte inicial, em que um dançarino está dentro de uma caixa transparente, com uma projeção ao fundo, conduzindo à impressão de uma cobra aprisionada.

O segundo espetáculo, “A Lupa”, de Jorge Alencar, também diretor do Dimenti, grupo que mistura teatro, dança e música. Desta vez incluído no ateliê de coreógrafos, Alencar mostrou mais teatro do que dança. O seu trabalho no Dimenti consiste em certa reavaliação crítica da dança, frequentemente conduzindo os dançarinos a movimentos cômicos, o que funciona bem em teatro. Mas, para quem espera virtuosismo na dança, o que foi visto em outras edições do Ateliê de Coreografos, “A Lupa” foi decepcionante.

12.10.05

O filme do vinho

Passando por dias amenos, coloco o cinema em dia. Vi Os Irmãos Grimm, O Coronel e O Lobisomem, O Senhor das Armas e Mondovino.

Mondovino é um documentário sobre o... mundo do vinho. Mas como esse é um mundo muito grande, o diretor restringe-se a falar sobre os produtores e o marketing do vinho. Nada sobre a degustação, uvas, aspectos históricos, etc. Saí um tanto decepcionado, pois esperava mais informações sobre o prazer de quem o consome. Mesmo assim, é interessante para saber mais sobre o que envolve a elaboração e comercialização da bebida.

De um lado estão os tradicionais produtores europeus, principalmente os franceses. Do outro lado, grandes e poderosas corporações americanas, que não se contentam apenas com os seus vinhedos californianos e querem se expandir na Europa. Na França, vinhos com sabores artesanais são produzidos em fazendas de 2 ou 4 hectares. No Brasil, uma terra desse tamanho é só uma chácara. E pequena.

Os produtores franceses fazem maravilhas em pequenas quantidades, mas crescem o olho nos consumidores americanos, responsáveis pela compra de 1 em cada 4 garrafas vendidas no mundo, segundo os dados do filme. Já as corporações americanas fazem vinhos de sabor padronizado, sem personalidade, para agradar aos consumidores de qualquer lugar. E também alguns fantásticos - e caros.

Existe um paradoxo que não entendo no mundo do vinho. No filme isso foi abordado sem aprofundamento. É o seguinte: os vinhos mais caros são colocados para amadurecer em barris de madeira, basicamente de carvalho, o que confere sabores e aromas elaborados, puxando para baunilha ou pão torrado. Os vinhos assim são maravilhosos. O que me intriga é que esses sabores acabam por se tornar mais fortes que os aromas da uva, tão cuidadosamente selecionada.

No Brasil, a maioria dos vinhos é feita em tanques de aço inoxidável, em grandes quantidades.

Sabores artesanais ou padronizados, o mundo do vinho tem o mesmo problema do universo da cozinha: cada um acha que a sua receita é melhor. A decisão fica pelo gosto pessoal, que é impossível de ser padronizado.

9.10.05

De volta ao front

Voltei, agora em nova versão tecnológica. Troquei de computador, estou turbinado e zunindo. Vou tentar publicar com mais freqüência.

A Sala de Arte do Baiano está oferecendo um programa bem interessante: pré-estréia aos sábados, aberta ao público, antecedida de apresentação de uma cena de teatro. Ontem, duas meninas da Escola de Teatro da UFBA mostraram um trabalho bacana. Para quem não lembra, antes de se tornar um dos cinemas mais charmosos e de melhor programação na cidade, a Sala funcionava como cine-teatro.

O filme foi o sul-coreano Casa Vazia, do diretor Kim Ki-Duk, de Primavera, Verão, Outono, Inverno. É um estouro de bom. Lento e rápido ao mesmo tempo, os protagonistas, belíssimos, simplesmente não falam, conduzem toda a narrativa nos olhares, atos e gestos. As palavras ficam por conta dos personagens secundários.

O casal principal se conhece enquanto ele pratica o seu hobby: a invasão de casas vazias. De forma meticulosa ele abre fechaduras e passa a noite em casas alheias. Toma banho, prepara o jantar, lava roupa e até conserta os aparelhos que estão quebrados. Ela vive uma relação problemática com o marido e abandona tudo para se dedicar à nova atividade, junto com o invasor, por quem se apaixona. Romance, ação, com toques sutis de comédia e a inovadora presença de técnicas orientais de luta em um drama. Um filme mágico, aplaudido pelo público quando foi exibido em São Paulo durante uma mostra.