22.10.05

Os chineses de Salvador

Os restaurantes chineses proliferam em Salvador. Eles têm longa história na cidade e estão em vários bairros, às vezes um ao lado do outro. Os restaurantes são conhecidos como baratos e por servirem porções generosas.

A culinária chinesa é milenar e riquíssima. Ao lado da cozinha francesa e da italiana, é apontada como uma das três melhores e mais completas do mundo. Li em algum lugar que um famoso prato chinês, o pato laqueado – que sonho em conhecer – tem mais de mil formas de preparo.

Os grandes restaurantes chineses estabelecidos na cidade são tradicionais, estão no mercado há vários anos. Venho notando que os “novos chineses”, isto é, não sei se são chineses ou coreanos, vêm montando seus negócios em locais populares, principalmente no centro da cidade. São restaurantes a quilo, alguns melhores, outros com um aspecto sujinho, o que dá medo até de entrar. Entre o feijão e o arroz, sempre há porções de pratos orientais.

Talvez pela facilidade de encontrar um restaurante chinês e pela popularização – nos finais de semana eles são ensurdecedores, pois são uma das últimas possibilidades para as famílias de classe média saírem unidas para almoçar ou jantar -, acabam por ficar esquecidos quando se quer sair para comer em um local refinado.

Nesta semana, em comemoração a dois aniversários, passei por dois restaurantes. Um mais fino e um chinês. No restaurante mais seleto e mais caro, paguei, é claro, mais caro. Pedi um filezinho aperitivo de entrada. O prato principal foi um badejo na manteiga com molho de camarão, cogumelos, alcaparras e acompanhado de batatas. Estava uma delícia, mas o sal passava do ponto. Para iniciar os trabalhos da noite, tomei ½ garrafa de tinto Terranova Shiraz que estava com preço ótimo: 11 reais. O restaurante deve comprar os vinhos direto no distribuidor. No supermercado, a garrafa custa 16 reais. Ok, fui bem servido, paguei pela refeição um valor que não foi estratosférico.

No dia seguinte, fui a um restaurante chinês, um dos meus favoritos, o Tai San, na avenida Paulo VI. Tradicional, de comida barata e gostosa. Melhor do que aqueles chineses da Barra, cujos pratos sempre vêm gordurosos demais. Foi a festa total. De entrada, um pãozinho chinês no vapor com recheio de porco. Comi um yakissoba de camarão com legumes muitíssimo bem servido. Camarões à vontade. E bem mais em conta que o badejo do dia anterior.

A lição que tirei das duas noitadas, não é nenhuma novidade, foi que a gente nem sempre paga só pela comida. Paga-se o luxo dos guardanapos, dos garçons, das taças, do ambiente mais silencioso. Às vezes, em locais mais baratos, come-se mais e com a mesma qualidade. Difícil é descobrir esses lugares.

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