12.10.05

O filme do vinho

Passando por dias amenos, coloco o cinema em dia. Vi Os Irmãos Grimm, O Coronel e O Lobisomem, O Senhor das Armas e Mondovino.

Mondovino é um documentário sobre o... mundo do vinho. Mas como esse é um mundo muito grande, o diretor restringe-se a falar sobre os produtores e o marketing do vinho. Nada sobre a degustação, uvas, aspectos históricos, etc. Saí um tanto decepcionado, pois esperava mais informações sobre o prazer de quem o consome. Mesmo assim, é interessante para saber mais sobre o que envolve a elaboração e comercialização da bebida.

De um lado estão os tradicionais produtores europeus, principalmente os franceses. Do outro lado, grandes e poderosas corporações americanas, que não se contentam apenas com os seus vinhedos californianos e querem se expandir na Europa. Na França, vinhos com sabores artesanais são produzidos em fazendas de 2 ou 4 hectares. No Brasil, uma terra desse tamanho é só uma chácara. E pequena.

Os produtores franceses fazem maravilhas em pequenas quantidades, mas crescem o olho nos consumidores americanos, responsáveis pela compra de 1 em cada 4 garrafas vendidas no mundo, segundo os dados do filme. Já as corporações americanas fazem vinhos de sabor padronizado, sem personalidade, para agradar aos consumidores de qualquer lugar. E também alguns fantásticos - e caros.

Existe um paradoxo que não entendo no mundo do vinho. No filme isso foi abordado sem aprofundamento. É o seguinte: os vinhos mais caros são colocados para amadurecer em barris de madeira, basicamente de carvalho, o que confere sabores e aromas elaborados, puxando para baunilha ou pão torrado. Os vinhos assim são maravilhosos. O que me intriga é que esses sabores acabam por se tornar mais fortes que os aromas da uva, tão cuidadosamente selecionada.

No Brasil, a maioria dos vinhos é feita em tanques de aço inoxidável, em grandes quantidades.

Sabores artesanais ou padronizados, o mundo do vinho tem o mesmo problema do universo da cozinha: cada um acha que a sua receita é melhor. A decisão fica pelo gosto pessoal, que é impossível de ser padronizado.

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