Dia de fazer na-da. Só descansar. Ah, dei um pulo na praia, fiquei um tempo, mas começou a choviscar, puxei o barco embora. Vi um filme em DVD, preparei salada. Mudei a alimentação, voltei a comer muitos vegetais crus. O sistema digestivo anda estranhando. Acho que estava precisando mesmo de uma mudança. Não costumo comer vegetais crus em restaurantes, só em casa. Não arrisco na limpeza das folhas.
Vou passar o réveillon na Praia da Paciência, no Rio Vermelho. O ingresso da festa foi relativamente barato, mas não dará direito sequer a uma garrafa de água mineral. Melhor, não pretendo beber muito, só o mínimo para animar. Este ano os amigos estão espalhados pelo mundo, não vai rolar festa com turma grande.
Enquanto navego na internet e digito este texto, o gato Lilico passeia pela mesa do computador, pelo teclado e pelo meu colo. Sempre ronronando, parece que tem um motorzinho ligado na barriga.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
30.12.06
28.12.06
No Natal
De volta a Salvador, depois do Natal recheado de confraternizações e reuniões de amigos e familiares em Ilhéus.
A noite de Natal acorreu na bela casa, animada por aquela brincadeira do amigo ladrão, em que um pode pegar o presente do outro. É sempre muito divertido. Isto é, quando as pessoas levam na esportiva e não se apegam aos presentes. Desta vez o “mimo” mais engraçado foi um sapinho de pelúcia. A pessoa que o tirou da embalagem deu um grito e jogou sapo longe: “Uuuuuuuaaaaai, um sapo!!!”. Deu para perceber que ela detesta sapos.
Na mesa do jantar, grande variedade carnes: os tradicionais peru, tender, lombo de porco e pernil de carneiro. Para acompanhar, arroz selvagem com amêndoas, arroz com grãos diversos, salada de frango defumado, farofa de manteiga, torta de palmito. Antes do jantar, os deliciosos pãezinhos baianos de queijo (o petisco é uma glória da cozinha regional, que um dia vai tomar o país de assalto) ficavam à disposição para serem acompanhados com patê de frango, patê de queijo com geléia, além de uma conserva de berinjela com passas e castanhas, que estava de comer de joelhos.
Uma prima que reside em Salvador levou para o Natal um rapaz austríaco de 16 anos que está hospedado na casa dela, fazendo intercâmbio de inglês durante um mês. Como assim? No Brasil? É que o filho dela, da mesma faixa etária, também estuda inglês e é com ele que o austríaco conversa.. De quebra o estrangeiro ainda conhece a cultura do país tropical. Apesar da pouca idade, o austríaco, cuja língua natal é o alemão, já esteve na Inglaterra e na Turquia, fazendo intercâmbio nos mesmos moldes.
Aproveitei para praticar inglês, que anda meio enferrujado. De vez em quando alguma palavra em francês queria escapar, mas era contida. E lá fui eu tentar explicar para o austríaco os pratos servidos. As carnes são conhecidas, ok, sem problemas. Mas como explicar que é farofa de manteiga? E uma torta de palmito? Essas jóias da cozinha nacional – e somente daqui! -, presentes de norte a sul do país.
A torta virou “a dish made of a brazilian vegetable”. A farofa foi impossível. Não tive nenhuma presença de espírito na hora. O vocabulário sumiu. Como explicar que é feita de uma farinha retirada de um tubérculo em forma de raiz, que só é encontrada no Brasil e na África? E ainda fazer isso depois de ter tomado várias taças de um ótimo espumante argentino? Tarefa impossível.
O gringo preferiu não arriscar naquela areia e se concentrou nas carnes, vegetais e frutas, essas coisas mais familiares e menos exóticas.
A noite de Natal acorreu na bela casa, animada por aquela brincadeira do amigo ladrão, em que um pode pegar o presente do outro. É sempre muito divertido. Isto é, quando as pessoas levam na esportiva e não se apegam aos presentes. Desta vez o “mimo” mais engraçado foi um sapinho de pelúcia. A pessoa que o tirou da embalagem deu um grito e jogou sapo longe: “Uuuuuuuaaaaai, um sapo!!!”. Deu para perceber que ela detesta sapos.
Na mesa do jantar, grande variedade carnes: os tradicionais peru, tender, lombo de porco e pernil de carneiro. Para acompanhar, arroz selvagem com amêndoas, arroz com grãos diversos, salada de frango defumado, farofa de manteiga, torta de palmito. Antes do jantar, os deliciosos pãezinhos baianos de queijo (o petisco é uma glória da cozinha regional, que um dia vai tomar o país de assalto) ficavam à disposição para serem acompanhados com patê de frango, patê de queijo com geléia, além de uma conserva de berinjela com passas e castanhas, que estava de comer de joelhos.
Uma prima que reside em Salvador levou para o Natal um rapaz austríaco de 16 anos que está hospedado na casa dela, fazendo intercâmbio de inglês durante um mês. Como assim? No Brasil? É que o filho dela, da mesma faixa etária, também estuda inglês e é com ele que o austríaco conversa.. De quebra o estrangeiro ainda conhece a cultura do país tropical. Apesar da pouca idade, o austríaco, cuja língua natal é o alemão, já esteve na Inglaterra e na Turquia, fazendo intercâmbio nos mesmos moldes.
Aproveitei para praticar inglês, que anda meio enferrujado. De vez em quando alguma palavra em francês queria escapar, mas era contida. E lá fui eu tentar explicar para o austríaco os pratos servidos. As carnes são conhecidas, ok, sem problemas. Mas como explicar que é farofa de manteiga? E uma torta de palmito? Essas jóias da cozinha nacional – e somente daqui! -, presentes de norte a sul do país.
A torta virou “a dish made of a brazilian vegetable”. A farofa foi impossível. Não tive nenhuma presença de espírito na hora. O vocabulário sumiu. Como explicar que é feita de uma farinha retirada de um tubérculo em forma de raiz, que só é encontrada no Brasil e na África? E ainda fazer isso depois de ter tomado várias taças de um ótimo espumante argentino? Tarefa impossível.
O gringo preferiu não arriscar naquela areia e se concentrou nas carnes, vegetais e frutas, essas coisas mais familiares e menos exóticas.
23.12.06
Natal
O Natal tem gosto de saudade. Pelo menos para mim, que tenho a nostalgia impregnada na pele, apesar do disfarce, nem sempre convincente, de racionalidade. A lua no ascendente entrega o jogo. A lua está em signo de ar, mental, mas brilha minguante em conjunção no ascendente, em direção ao sol. A lua está junto de mercúrio, sempre querendo conversar e desabafar. Eles são amigos e confidentes.
Sinto saudade do meu pai, da minha avó, do meu avô. Sinto falta deles. Mas o Natal é tempo de celebrar a vida. De todos, presentes ou ausentes. Festejar aqueles que chegaram antes, aqueles que sempre estiveram presentes, aqueles que foram verdadeiros presentes. Festejar com os que chegaram na hora, com os que chegaram depois, com os que ainda virão. Com aqueles que já estão e que chegarão mais perto. Com aqueles que vão trazer e vão levar de volta alegria.
Feliz Natal - Merry Christmas - Joyeux Noël!
Sinto saudade do meu pai, da minha avó, do meu avô. Sinto falta deles. Mas o Natal é tempo de celebrar a vida. De todos, presentes ou ausentes. Festejar aqueles que chegaram antes, aqueles que sempre estiveram presentes, aqueles que foram verdadeiros presentes. Festejar com os que chegaram na hora, com os que chegaram depois, com os que ainda virão. Com aqueles que já estão e que chegarão mais perto. Com aqueles que vão trazer e vão levar de volta alegria.
Feliz Natal - Merry Christmas - Joyeux Noël!
17.12.06
Crazy. I’m crazy for feelings.
C.R.A.Z.Y- Loucos de Amor é um filme canadense. Do Québec, falado em francês. Foi o representante canadense do Oscar estrangeiro em 2005. Eu tinha visto em DVD, em cópia que consegui de alguém que baixou da internet. Versão sem legendas, não deu para entender quase nada das falas. Só deu para sentir e apreciar. Hoje vi no cinema, na Sala do Museu. A percepção foi bem mais profunda.
C.R.A.Z.Y é um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos. Bem feito, tudo está no lugar correto, das sequências previsíveis aos delírios. Imagens primorosas, direção de arte de encher os olhos. Imagens belas e inusitadas. Figurinos, cenários, maquiagem. Personagens e cenários refletidos em óculos ray-ban, em retrovisores, em vidraças. Espelhos estão em toda a parte, até em frente da pia da cozinha. É um filme que celebra a beleza, mesmo quando não parece ser essa a intenção.
E o prato principal é a trilha sonora do filme. C.R.A.Z.Y. tem música de qualidade. Música que envolve e que quase tele-transporta para as décadas de sessenta, setenta e início dos anos oitenta. Pink Floyd, David Bowie, Rolling Stones e vários outros. De dar inveja às melhores produções americanas.
Zac nasceu no dia 25 de dezembro. A cada ano, no Natal, ele tem que comemorar o seu aniversário junto com a festa em família, com seus pais e os outros quatro irmãos homens. Ele é o número quatro entre os cinco rapazes. Sua mãe acredita que, pela data de aniversário e pelas dificuldades do parto, ele tem poderes especiais de cura. O seu pai lhe direciona um carinho especial e projeta nele várias de suas expectativas. O pai é um tipo atencioso que gosta de cantar músicas do francês Charles Aznavour nas comemorações familiares.
Só que, à medida que a sua sexualidade é depertada, Zac percebe que sente atração por outros rapazes. Está criado o vendaval de emoções alimentado pela culpa – ampliada pela religião católica - e pelo temor de desagradar os pais.
Talvez o ponto mais intenso e interessante do filme seja abordar a dificuldade de trilhar um caminho indesejado pela família, principalmente quando se tem um bom relacionamento com os pais. Ou seja, como é difícil fazer rupturas quando o que mais se deseja é agradar pessoas. Não que o outro caso seja pouco difícil, mas o diretor Jean-Marc Vallée, que também é co-autor do roteiro, mostra uma visão diferente daquela que seria esperada - talvez pelo senso comum e, quem sabe até, pelos psicólogos. Passa distante daquele chavão que todo gay teve um pai ausente e uma mãe dominadora. O filme quer mostrar que a definição da sexualidade vai muito além dos lugares-comuns.
C.R.A.Z.Y. é o nome formado pelas iniciais dos nomes dos cinco irmãos. Crazy é a música que ecoa em vários instantes da narrativa: “Crazy, I’m crazy for feelings...”. A canção é entoada pela cantora cantora favorita do pai de Zac. O irmão mais velho de Zac é louco dependente de drogas e traficante. Zac é jovem durante os loucos anos sessenta e setenta. Zac é “louco” por ter trilhado um caminho diferente.
C.R.A.Z.Y. deve ser visto mais de uma vez. E no cinema. Só a sala escura produz a verdadeira magia do envolvimento pela música e pelas imagens dos filmes.
C.R.A.Z.Y é um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos. Bem feito, tudo está no lugar correto, das sequências previsíveis aos delírios. Imagens primorosas, direção de arte de encher os olhos. Imagens belas e inusitadas. Figurinos, cenários, maquiagem. Personagens e cenários refletidos em óculos ray-ban, em retrovisores, em vidraças. Espelhos estão em toda a parte, até em frente da pia da cozinha. É um filme que celebra a beleza, mesmo quando não parece ser essa a intenção.
E o prato principal é a trilha sonora do filme. C.R.A.Z.Y. tem música de qualidade. Música que envolve e que quase tele-transporta para as décadas de sessenta, setenta e início dos anos oitenta. Pink Floyd, David Bowie, Rolling Stones e vários outros. De dar inveja às melhores produções americanas.
Zac nasceu no dia 25 de dezembro. A cada ano, no Natal, ele tem que comemorar o seu aniversário junto com a festa em família, com seus pais e os outros quatro irmãos homens. Ele é o número quatro entre os cinco rapazes. Sua mãe acredita que, pela data de aniversário e pelas dificuldades do parto, ele tem poderes especiais de cura. O seu pai lhe direciona um carinho especial e projeta nele várias de suas expectativas. O pai é um tipo atencioso que gosta de cantar músicas do francês Charles Aznavour nas comemorações familiares.
Só que, à medida que a sua sexualidade é depertada, Zac percebe que sente atração por outros rapazes. Está criado o vendaval de emoções alimentado pela culpa – ampliada pela religião católica - e pelo temor de desagradar os pais.
Talvez o ponto mais intenso e interessante do filme seja abordar a dificuldade de trilhar um caminho indesejado pela família, principalmente quando se tem um bom relacionamento com os pais. Ou seja, como é difícil fazer rupturas quando o que mais se deseja é agradar pessoas. Não que o outro caso seja pouco difícil, mas o diretor Jean-Marc Vallée, que também é co-autor do roteiro, mostra uma visão diferente daquela que seria esperada - talvez pelo senso comum e, quem sabe até, pelos psicólogos. Passa distante daquele chavão que todo gay teve um pai ausente e uma mãe dominadora. O filme quer mostrar que a definição da sexualidade vai muito além dos lugares-comuns.
C.R.A.Z.Y. é o nome formado pelas iniciais dos nomes dos cinco irmãos. Crazy é a música que ecoa em vários instantes da narrativa: “Crazy, I’m crazy for feelings...”. A canção é entoada pela cantora cantora favorita do pai de Zac. O irmão mais velho de Zac é louco dependente de drogas e traficante. Zac é jovem durante os loucos anos sessenta e setenta. Zac é “louco” por ter trilhado um caminho diferente.
C.R.A.Z.Y. deve ser visto mais de uma vez. E no cinema. Só a sala escura produz a verdadeira magia do envolvimento pela música e pelas imagens dos filmes.
9.12.06
Calendário de festas
Um computador atacado por vírus e preocupações martelando na cabeça fazem o blog andar devagar. Acontece muita coisa, mas não dá tempo – ou sobra energia – para registrar. Não tem outro jeito, é preciso separar um tempo para escrever, pensar, gastar energia para estabelecer o raciocínio. Não tem mágica. Eu particularmente preciso ter a cabeça tranquila para raciocinar. Nunca fui daquele tipo de pessoa que tem dez mil atividades. Nunca fui e acho que nunca serei. Preciso ter a energia que o tempo livre me traz.
Para ter um pouco mais de conforto, hoje em dia abdico de vários compromissos sociais, festas e outras atividades culturais e de lazer. Muito do meu lazer consiste e ficar em casa, navegar na internet, ler, estudar um pouco de francês.
Mas a gente sempre acha uma brechinha.
Ontem, sexta-feira foi o dia de Nossa Senhora da Conceição Imaculada, padroeira de Salvador. Festa da Conceição da Praia. Missa non-stop na Basílica da Conceição da Praia, no Comércio, a partir das seis da manhã. Festas espalhadas pela cidade. O calendário de verão da cidade está oficialmente aberto. Mauricinhos, patricinhas, “gente bonita”, fazem as suas festas fechadas com inúmeras atrações musicais da cidade. O povão se diverte é na rua, nas proximidades da igreja, sem precisar pagar nada (além da bebida, é claro) nem vestir camisa para ficar igual a todo mundo. Não estive lá para conferir. Estava me restabelecendo da véspera.
Na quinta-feira, aniversário de uma amiga que comemorou 40 anos com grande festa. No salão nobre de um grande clube da cidade. Fantástico. Tomei espumante importado a noite inteeeira. Perdi as contas de quantas taças. Não dava nem para contar, pois mal o líquido baixava, o garçom vinha repor. A cerveja ficou esquecida. Nesse calor de verão, passo longe do uísque.
O bufê tinha um filé de salmão enorme, cortado em fatias finas como carpaccio. Os cortes devem ter sido feitos com o peixe ainda congelado. É o único modo conseguir aquele resultado. As pessoas se serviam das fatias e colocavam um molho escuro, que parecia ter shoyu entre os ingredientes, mas tinha um leve sabor adocicado de fundo. Molho doce e salgado. Uma coi-sa. Repeti e até hoje lembro com saudade. Havia anéis de lula (em um ótimo tempero com alecrim e pimenta-rosa), mexilhões, queijos inteiros, salada de grão-de-bico, conservas de pimentão, batatinha, berinjela e pepino com iogurte.
O prato principal foi um “picadinho tailandês”, bem interessante, que evocava um leve sabor de coco quimado. A carne era acompanhada de arroz de coco e uma pimenta dedo-de-moça decorativa, que poderia fazer parte do sabor, caso o convidado tivesse atrevimento. Mordi a ponta da pimenta, deu para suportar, mas não fui até o final.
O salão estava tão bacana que havia até lounge. Duas camas para quem quisesse relaxar.
Havia uma pista de dança com DJ. O povo ficou ainda mais animado com os óculos e perucas que foram distribuídos. O tema da festa tinha algo a ver com bonecas. Na parede da pista de dança havia uma montagem de várias bonecas tipo Barbie pintadas de dourado, em posições engraçadas, dentro e fora de bandejas em formato de coração.
Em uma iniciativa bacana, a aniversarante havia pedido aos convidados que levassem brinquedos, que seriam doados para o Natal de crianças carentes.
Dancei até as pernas doerem.
Na segunda-feira anterior fui a um fantástico caruru de Santa Bárbara, promovido por uma ONG de Salvador, que realiza um belo trabalho com adolescentes. Uma camisa criada por um artista era foi o ingresso para entrar no restaurante. Lá dentro, um tabuleiro de baiana com acarajé e abará à vontade. Outra mesa enorme com panelas de barro e uma imensa variedade de pratos. Além dos tradicionais caruru, vatapá e xinxim de galinha, havia rapadura, inhame, abóbora. Milho e feijão de todas as cores. Um grupo de samba animava a noite.
De repente, a chuva caiu. Veio forte e rapidinho foi embora. Como se fosse para avisar que ela estava ali por perto. Iansã, Oyá, ops, Santa Bárbara. Deusa dos raios e trovões.
Para ter um pouco mais de conforto, hoje em dia abdico de vários compromissos sociais, festas e outras atividades culturais e de lazer. Muito do meu lazer consiste e ficar em casa, navegar na internet, ler, estudar um pouco de francês.
Mas a gente sempre acha uma brechinha.
Ontem, sexta-feira foi o dia de Nossa Senhora da Conceição Imaculada, padroeira de Salvador. Festa da Conceição da Praia. Missa non-stop na Basílica da Conceição da Praia, no Comércio, a partir das seis da manhã. Festas espalhadas pela cidade. O calendário de verão da cidade está oficialmente aberto. Mauricinhos, patricinhas, “gente bonita”, fazem as suas festas fechadas com inúmeras atrações musicais da cidade. O povão se diverte é na rua, nas proximidades da igreja, sem precisar pagar nada (além da bebida, é claro) nem vestir camisa para ficar igual a todo mundo. Não estive lá para conferir. Estava me restabelecendo da véspera.
Na quinta-feira, aniversário de uma amiga que comemorou 40 anos com grande festa. No salão nobre de um grande clube da cidade. Fantástico. Tomei espumante importado a noite inteeeira. Perdi as contas de quantas taças. Não dava nem para contar, pois mal o líquido baixava, o garçom vinha repor. A cerveja ficou esquecida. Nesse calor de verão, passo longe do uísque.
O bufê tinha um filé de salmão enorme, cortado em fatias finas como carpaccio. Os cortes devem ter sido feitos com o peixe ainda congelado. É o único modo conseguir aquele resultado. As pessoas se serviam das fatias e colocavam um molho escuro, que parecia ter shoyu entre os ingredientes, mas tinha um leve sabor adocicado de fundo. Molho doce e salgado. Uma coi-sa. Repeti e até hoje lembro com saudade. Havia anéis de lula (em um ótimo tempero com alecrim e pimenta-rosa), mexilhões, queijos inteiros, salada de grão-de-bico, conservas de pimentão, batatinha, berinjela e pepino com iogurte.
O prato principal foi um “picadinho tailandês”, bem interessante, que evocava um leve sabor de coco quimado. A carne era acompanhada de arroz de coco e uma pimenta dedo-de-moça decorativa, que poderia fazer parte do sabor, caso o convidado tivesse atrevimento. Mordi a ponta da pimenta, deu para suportar, mas não fui até o final.
O salão estava tão bacana que havia até lounge. Duas camas para quem quisesse relaxar.
Havia uma pista de dança com DJ. O povo ficou ainda mais animado com os óculos e perucas que foram distribuídos. O tema da festa tinha algo a ver com bonecas. Na parede da pista de dança havia uma montagem de várias bonecas tipo Barbie pintadas de dourado, em posições engraçadas, dentro e fora de bandejas em formato de coração.
Em uma iniciativa bacana, a aniversarante havia pedido aos convidados que levassem brinquedos, que seriam doados para o Natal de crianças carentes.
Dancei até as pernas doerem.
Na segunda-feira anterior fui a um fantástico caruru de Santa Bárbara, promovido por uma ONG de Salvador, que realiza um belo trabalho com adolescentes. Uma camisa criada por um artista era foi o ingresso para entrar no restaurante. Lá dentro, um tabuleiro de baiana com acarajé e abará à vontade. Outra mesa enorme com panelas de barro e uma imensa variedade de pratos. Além dos tradicionais caruru, vatapá e xinxim de galinha, havia rapadura, inhame, abóbora. Milho e feijão de todas as cores. Um grupo de samba animava a noite.
De repente, a chuva caiu. Veio forte e rapidinho foi embora. Como se fosse para avisar que ela estava ali por perto. Iansã, Oyá, ops, Santa Bárbara. Deusa dos raios e trovões.
1.12.06
Oyá é a única que pode agarrar os chifres do búfalo
Oyá doma os raios e os búfalos. Oyá se cobre com a manta feita de couro de búfalo e segue disfarçada, apontando os chifres pela mata. Oyá é danada. Vai em frente, guerreando, lutando pela sua vida, pelos seus filhos.Oyá é filha de Marte. Quem tem proteção de Oyá segue para frente na vida. Abre caminhos e fecha fronteiras. Quem tem Oyá de proteção segue pela vida sem medo de errar e fazer de novo.
Oyá usa chifres e chicotes para conseguir as suas certezas. Oyá brilha no céu, entre os raios que nascem das nuvens escuras e ameaçadoras. Oyá surge brilhante na noite. Oyá guarda um monte de segredos. Só ela conversa com o mundo invisível.
Chifres grandes e imponentes, cor preta misteriosa, o búfalo ameaça os inimigos. Mas o búfalo é manso. É domesticável e trabalhador. Oyá se aproveita, mata o búfalo e toma os chifres para si. Pele e cornos se transformam em armas de guerra.
Oyá é cheia de surpresas. O que Oyá anda a nos reservar?
Oyá usa chifres e chicotes para conseguir as suas certezas. Oyá brilha no céu, entre os raios que nascem das nuvens escuras e ameaçadoras. Oyá surge brilhante na noite. Oyá guarda um monte de segredos. Só ela conversa com o mundo invisível.
Chifres grandes e imponentes, cor preta misteriosa, o búfalo ameaça os inimigos. Mas o búfalo é manso. É domesticável e trabalhador. Oyá se aproveita, mata o búfalo e toma os chifres para si. Pele e cornos se transformam em armas de guerra.
Oyá é cheia de surpresas. O que Oyá anda a nos reservar?