28.12.06

No Natal

De volta a Salvador, depois do Natal recheado de confraternizações e reuniões de amigos e familiares em Ilhéus.

A noite de Natal acorreu na bela casa, animada por aquela brincadeira do amigo ladrão, em que um pode pegar o presente do outro. É sempre muito divertido. Isto é, quando as pessoas levam na esportiva e não se apegam aos presentes. Desta vez o “mimo” mais engraçado foi um sapinho de pelúcia. A pessoa que o tirou da embalagem deu um grito e jogou sapo longe: “Uuuuuuuaaaaai, um sapo!!!”. Deu para perceber que ela detesta sapos.

Na mesa do jantar, grande variedade carnes: os tradicionais peru, tender, lombo de porco e pernil de carneiro. Para acompanhar, arroz selvagem com amêndoas, arroz com grãos diversos, salada de frango defumado, farofa de manteiga, torta de palmito. Antes do jantar, os deliciosos pãezinhos baianos de queijo (o petisco é uma glória da cozinha regional, que um dia vai tomar o país de assalto) ficavam à disposição para serem acompanhados com patê de frango, patê de queijo com geléia, além de uma conserva de berinjela com passas e castanhas, que estava de comer de joelhos.

Uma prima que reside em Salvador levou para o Natal um rapaz austríaco de 16 anos que está hospedado na casa dela, fazendo intercâmbio de inglês durante um mês. Como assim? No Brasil? É que o filho dela, da mesma faixa etária, também estuda inglês e é com ele que o austríaco conversa.. De quebra o estrangeiro ainda conhece a cultura do país tropical. Apesar da pouca idade, o austríaco, cuja língua natal é o alemão, já esteve na Inglaterra e na Turquia, fazendo intercâmbio nos mesmos moldes.

Aproveitei para praticar inglês, que anda meio enferrujado. De vez em quando alguma palavra em francês queria escapar, mas era contida. E lá fui eu tentar explicar para o austríaco os pratos servidos. As carnes são conhecidas, ok, sem problemas. Mas como explicar que é farofa de manteiga? E uma torta de palmito? Essas jóias da cozinha nacional – e somente daqui! -, presentes de norte a sul do país.

A torta virou “a dish made of a brazilian vegetable”. A farofa foi impossível. Não tive nenhuma presença de espírito na hora. O vocabulário sumiu. Como explicar que é feita de uma farinha retirada de um tubérculo em forma de raiz, que só é encontrada no Brasil e na África? E ainda fazer isso depois de ter tomado várias taças de um ótimo espumante argentino? Tarefa impossível.

O gringo preferiu não arriscar naquela areia e se concentrou nas carnes, vegetais e frutas, essas coisas mais familiares e menos exóticas.

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