Um computador atacado por vírus e preocupações martelando na cabeça fazem o blog andar devagar. Acontece muita coisa, mas não dá tempo – ou sobra energia – para registrar. Não tem outro jeito, é preciso separar um tempo para escrever, pensar, gastar energia para estabelecer o raciocínio. Não tem mágica. Eu particularmente preciso ter a cabeça tranquila para raciocinar. Nunca fui daquele tipo de pessoa que tem dez mil atividades. Nunca fui e acho que nunca serei. Preciso ter a energia que o tempo livre me traz.
Para ter um pouco mais de conforto, hoje em dia abdico de vários compromissos sociais, festas e outras atividades culturais e de lazer. Muito do meu lazer consiste e ficar em casa, navegar na internet, ler, estudar um pouco de francês.
Mas a gente sempre acha uma brechinha.
Ontem, sexta-feira foi o dia de Nossa Senhora da Conceição Imaculada, padroeira de Salvador. Festa da Conceição da Praia. Missa non-stop na Basílica da Conceição da Praia, no Comércio, a partir das seis da manhã. Festas espalhadas pela cidade. O calendário de verão da cidade está oficialmente aberto. Mauricinhos, patricinhas, “gente bonita”, fazem as suas festas fechadas com inúmeras atrações musicais da cidade. O povão se diverte é na rua, nas proximidades da igreja, sem precisar pagar nada (além da bebida, é claro) nem vestir camisa para ficar igual a todo mundo. Não estive lá para conferir. Estava me restabelecendo da véspera.
Na quinta-feira, aniversário de uma amiga que comemorou 40 anos com grande festa. No salão nobre de um grande clube da cidade. Fantástico. Tomei espumante importado a noite inteeeira. Perdi as contas de quantas taças. Não dava nem para contar, pois mal o líquido baixava, o garçom vinha repor. A cerveja ficou esquecida. Nesse calor de verão, passo longe do uísque.
O bufê tinha um filé de salmão enorme, cortado em fatias finas como carpaccio. Os cortes devem ter sido feitos com o peixe ainda congelado. É o único modo conseguir aquele resultado. As pessoas se serviam das fatias e colocavam um molho escuro, que parecia ter shoyu entre os ingredientes, mas tinha um leve sabor adocicado de fundo. Molho doce e salgado. Uma coi-sa. Repeti e até hoje lembro com saudade. Havia anéis de lula (em um ótimo tempero com alecrim e pimenta-rosa), mexilhões, queijos inteiros, salada de grão-de-bico, conservas de pimentão, batatinha, berinjela e pepino com iogurte.
O prato principal foi um “picadinho tailandês”, bem interessante, que evocava um leve sabor de coco quimado. A carne era acompanhada de arroz de coco e uma pimenta dedo-de-moça decorativa, que poderia fazer parte do sabor, caso o convidado tivesse atrevimento. Mordi a ponta da pimenta, deu para suportar, mas não fui até o final.
O salão estava tão bacana que havia até lounge. Duas camas para quem quisesse relaxar.
Havia uma pista de dança com DJ. O povo ficou ainda mais animado com os óculos e perucas que foram distribuídos. O tema da festa tinha algo a ver com bonecas. Na parede da pista de dança havia uma montagem de várias bonecas tipo Barbie pintadas de dourado, em posições engraçadas, dentro e fora de bandejas em formato de coração.
Em uma iniciativa bacana, a aniversarante havia pedido aos convidados que levassem brinquedos, que seriam doados para o Natal de crianças carentes.
Dancei até as pernas doerem.
Na segunda-feira anterior fui a um fantástico caruru de Santa Bárbara, promovido por uma ONG de Salvador, que realiza um belo trabalho com adolescentes. Uma camisa criada por um artista era foi o ingresso para entrar no restaurante. Lá dentro, um tabuleiro de baiana com acarajé e abará à vontade. Outra mesa enorme com panelas de barro e uma imensa variedade de pratos. Além dos tradicionais caruru, vatapá e xinxim de galinha, havia rapadura, inhame, abóbora. Milho e feijão de todas as cores. Um grupo de samba animava a noite.
De repente, a chuva caiu. Veio forte e rapidinho foi embora. Como se fosse para avisar que ela estava ali por perto. Iansã, Oyá, ops, Santa Bárbara. Deusa dos raios e trovões.
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