O Natal vem e vai, chega e sai. É hora de rever pessoas, de rezar, de confraternizar, de brincar. Algum dia poderei estar distante deste Natal familiar.
Algum dia terei a vizinhança de um frio congelante. Possivelmente terei menos gente ao redor. Certamente sentirei falta do calor. De gente. Mas talvez estarei mais comigo mesmo. E assim, do mesmo modo, estarei contente.
Talvez tenha demorado muito a brincar mais, a me expandir mais, a chegar mais próximo de quem me é próximo. Talvez a mudança tenha me proporcionado a mudança. Aprender a amar ainda mais o que já é tão querido.
Talvez seja mesmo assim a história: um ir-e-vir sem fim. Um pé aqui outro acolá. O sol que brilha aqui, o frio aconchegante em outro lugar.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
25.12.07
24.12.07
Comentários
Com a ausência prolongada dos comentários antigos, ativei os comentários do blogger.com. O resultado está aí. Oba! Já tem gente comentando.
23.12.07
Banquete de casamento
Casamento de uma prima querida. A parte da igreja é sempre menos agradável. Demora para começar, calorão de verão, sermão de padre. Mas, enfim, é o desejo dos noivos e os convidados seguem. A melhor parte é sempre a festa. E que festa.
Vista do Iate Clube
Eu não conhecia o Iate Clube de Ilhéus, fiquei encantado. A noite ajudou, a lua quase cheia prateava o mar calmo sobre o qual o clube está debruçado. Os barcos, as passarelas sobre o mar, a estátua de Netuno, as luzes da cidade. Tudo perfeito.
As mesas dos convidados ficavam debaixo de uma enorme tenda branca. Tudo foi pensado em mínimos detalhes. Havia grande fartura de comida e bebida. Uma mesa só com sushis - e sushiman fazendo a reposição. Outra mesa com pãezinho, queijos, salmão, vinagretes e outras tantas coisas que não consegui nem experimentar. Doces a perder de vista. Também foi servido um prato quente, que não consegui nem experimentar, pois não tinha mais lugar disponível no meu apetite. Pista de dança com DJ. Os convidados ficam ainda mais animados com a distribuição de máscaras, óculos e perucas coloridas, chapéus de plástico, pulseiras fluorescentes. A noiva e o noivo se esbaldaram de dançar. Tomei espumante a noite toda. Show.
Vista do Iate Clube
Eu não conhecia o Iate Clube de Ilhéus, fiquei encantado. A noite ajudou, a lua quase cheia prateava o mar calmo sobre o qual o clube está debruçado. Os barcos, as passarelas sobre o mar, a estátua de Netuno, as luzes da cidade. Tudo perfeito.
As mesas dos convidados ficavam debaixo de uma enorme tenda branca. Tudo foi pensado em mínimos detalhes. Havia grande fartura de comida e bebida. Uma mesa só com sushis - e sushiman fazendo a reposição. Outra mesa com pãezinho, queijos, salmão, vinagretes e outras tantas coisas que não consegui nem experimentar. Doces a perder de vista. Também foi servido um prato quente, que não consegui nem experimentar, pois não tinha mais lugar disponível no meu apetite. Pista de dança com DJ. Os convidados ficam ainda mais animados com a distribuição de máscaras, óculos e perucas coloridas, chapéus de plástico, pulseiras fluorescentes. A noiva e o noivo se esbaldaram de dançar. Tomei espumante a noite toda. Show.
18.12.07
Retrospectiva
Inspirado por outros blogs, eis que decido fazer uma retrospectiva de 2007. Não sou muito de ficar lembrando nem registrando o que passou. Nem ao menos lembro direito o que fiz ou deixei de fazer. Sempre tenho em vista o que virá. Sou muito disperso para ficar anotando filmes, livros e acontecimentos da vida social. Leio um livro e tempos depois mal consigo lembrar dos fatos e personagens.
Mesmo assim, em resumo, 2007 foi um ano especial. Um ano de grandes mudanças. Desfiz o meu apartamento, pedi afastamento do trabalho, joguei tudo para cima e fui viajar. Fui buscar um novo cotidiano, uma vez que o antigo estava me sufocando. Quando a vida chega à rotina da contagem dos minutos de uma trajetória que se repete a cada novo dia, é hora de mudar. Achei uma coragem que pensava que não tinha. Às vezes, durante alguns dias difíceis, tinha a impressão que tateava no escuro e que tudo com que podia contar era uma gigantesca vontade de mudança e de liberdade. Às vezes, em momentos nebulosos, tudo com que a gente conta é simplesmente a esperança.
Parti em busca de um sonho e continuo lutando por ele. A espera não é sempre agradável, às vezes é torturante. Mas tem fundamento. Tudo tem um sentido, nada que ocorre é em vão, nada é atraso. O tempo é mais um aliado para que os tijolos se encaixem. É um novo ciclo que se inicia, tenho certeza disso. A roda da fortuna, segundo o tarô, mais do que riqueza, é o início de nova etapa.
Mesmo assim, em resumo, 2007 foi um ano especial. Um ano de grandes mudanças. Desfiz o meu apartamento, pedi afastamento do trabalho, joguei tudo para cima e fui viajar. Fui buscar um novo cotidiano, uma vez que o antigo estava me sufocando. Quando a vida chega à rotina da contagem dos minutos de uma trajetória que se repete a cada novo dia, é hora de mudar. Achei uma coragem que pensava que não tinha. Às vezes, durante alguns dias difíceis, tinha a impressão que tateava no escuro e que tudo com que podia contar era uma gigantesca vontade de mudança e de liberdade. Às vezes, em momentos nebulosos, tudo com que a gente conta é simplesmente a esperança.
Parti em busca de um sonho e continuo lutando por ele. A espera não é sempre agradável, às vezes é torturante. Mas tem fundamento. Tudo tem um sentido, nada que ocorre é em vão, nada é atraso. O tempo é mais um aliado para que os tijolos se encaixem. É um novo ciclo que se inicia, tenho certeza disso. A roda da fortuna, segundo o tarô, mais do que riqueza, é o início de nova etapa.
16.12.07
Bem próximo do mar
Fim de semana em frente ao mar. Na praia do São Miguel, no litoral norte de Ilhéus. As obras do porto da cidade alteraram a configuração das praias. Na região central a praia cresceu. Na região do São Miguel, próxima da desembocadura do Rio Almada, a praia diminuiu. Pior, a maré avança sem parar. Já consumiu casas e terrenos que ficavam na beirada do mar. Foram construídos alguns cais de pedra para tentar conter a fúria das águas, mas não foi suficiente. Comenta-se que houve desvio de parte do dinheiro público destinado à construção dessas proteções de pedras que caminham mar adentro. Ficaram menores do que deveriam ser. A população protesta, mas ninguém se responsabiliza pelo patrimônio privado que já foi consumido. O governo promete novas obras para melhorar a situação.
Esquecendo dos problemas, a visão e proximidade do mar durante o final de semana encheram os meus olhos. As tardes, regadas de barulhos de ir e vir de ondas, foram deliciosas para a leitura agradável. Um bem-vindo intervalo na navegação na internet. Que quebro agora.
Esquecendo dos problemas, a visão e proximidade do mar durante o final de semana encheram os meus olhos. As tardes, regadas de barulhos de ir e vir de ondas, foram deliciosas para a leitura agradável. Um bem-vindo intervalo na navegação na internet. Que quebro agora.
14.12.07
Na pele cansada
Tem gente que nasce jovem, mas não tira a velhice de dentro do peito. Tem gente que fica velho, mas não aprende a respirar. Tem gente que fica velho, mas não fica livre dos seus muros. Tem gente que fica velho, mas esquece o que aprendeu no caminho de casa. Tem gente que fica velho, sofre, mas parece que não sofreu o suficiente. Tem gente que fica velho, e ainda quer sofrer mais. Tem gente que fica velho, mas insiste em manter a juventude rebelde. Tem gente que fica velho, e cada vez mais velho, sem cessar por um só momento. Sem se permitir rejuvenescer. Nunca. A juventude é boa. É a alegria, é a energia, é a vitalidade. A juventude é ruim quando a pessoa não aceita se dobrar a nada. Quando não reconhece nada, quando não sabe transformar e relativizar. Tem jovem que nasce velho. Tem velho que quer ser jovem rebelde a vida toda. E quem disse que a rebeldia não é boa? A rebeldia inova. A rebeldia é criativa e produtiva. Porém a rebeldia apenas pela teimosia não serve para nada. É alimento para a criança que habita dentro do velho. Serve apenas para dizer o não e encerrar a conversa. Serve apenas para maltratar a própria pele.
13.12.07
Diferenças
O debate sobre as "acomodações razoáveis" dos imigrantes no Quebec continua pegando fogo. No Canadá inglês a discussão é mais antiga, mas o tema é tão complexo que não tem previsão de ser acalmado. Para colocar mais gasolina na fogueira, um muçulmano de Mississauga, Ontário, matou a filha que não queria vestir o hidjab, o véu que cobre orelhas e cabelos.
Uma reportagem no "La Presse" fala das dificuldades de acomodações antes mesmo das crianças irem à escola. Os problemas começam na cheche. Tem criança judia que não come carne de porco. Tem criança indiana que é vegetariana. Tem criança muçulmana que não come frango que não foi abatido do jeito que a religião indica. E, mais recentemente, algumas das novas guardiãs das crianças, que são muçulmanas, podem estar na sua semana anual de jejum. Ou estão conversando entre si na sua língua nativa, que ninguém entende.
Subindo na faixa etária, já na escola, as adolescentes muçulmanas têm que vestir o véu e os jovens sihks indianos têm portar a faca que indica o início da fase adulta.
Complexidade é pouco.
Uma reportagem no "La Presse" fala das dificuldades de acomodações antes mesmo das crianças irem à escola. Os problemas começam na cheche. Tem criança judia que não come carne de porco. Tem criança indiana que é vegetariana. Tem criança muçulmana que não come frango que não foi abatido do jeito que a religião indica. E, mais recentemente, algumas das novas guardiãs das crianças, que são muçulmanas, podem estar na sua semana anual de jejum. Ou estão conversando entre si na sua língua nativa, que ninguém entende.
Subindo na faixa etária, já na escola, as adolescentes muçulmanas têm que vestir o véu e os jovens sihks indianos têm portar a faca que indica o início da fase adulta.
Complexidade é pouco.
12.12.07
Turistas, ora bolas
Continuo trabalhando no receptivo de turistas que chegam no porto de Ilhéus. Na última segunda-feira chegaram dois navios. Chegou gente de vários cantos do mundo. Conversei com indianos, espanhóis, italianos, franceses e até filipinos!
Os filipinos eram bem jovens, três rapazes e uma garota. O motorista que os levou para a praia ficou muito feliz. O acerto do pagamento foi feito em dólares. Eles pagaram a mesma quantidade em euros.
Os indianos seguiram em um grande grupo, que incluía avós, filhos e netos. Foram junto com alguns espanhóis, também idosos. O senhor indiano que negociou o preço do passeio pechinchou até não poder mais. E depois eu soube que eles reclamaram para visitar lugares que não constavam no acerto feito. Depois ainda falam que brasileiro é que quer ser esperto.
Tenho um amigo brasileiro que é guia turístico na América do Norte. Ele faz o seu trabalho em espanhol, com grupos que chegam normalmente da Espanha e do México. De vez em quando faz grupos portugueses. Ele já trabalhou com turistas brasileiros mas prefere não fazer mais isso.
Os brasileiros não gostam de pagar gorjeta, alguns costumam tratar o guia e o motorista do ônibus como simples serviçais. Outros ainda têm aquela "adorável" característica brasileira da gozação depreciativa. Aquele humor barulhento quase sempre ancorado na diminuição do outro. Uma "jóia" da cultura nacional. Sem contar aqueles prepotentes classe-média-alta-em-viagem, que na hora das discussões inflamadas sacam da carteira o "Sabe com quem você está falando?".
Alguém se salva?
Os filipinos eram bem jovens, três rapazes e uma garota. O motorista que os levou para a praia ficou muito feliz. O acerto do pagamento foi feito em dólares. Eles pagaram a mesma quantidade em euros.
Os indianos seguiram em um grande grupo, que incluía avós, filhos e netos. Foram junto com alguns espanhóis, também idosos. O senhor indiano que negociou o preço do passeio pechinchou até não poder mais. E depois eu soube que eles reclamaram para visitar lugares que não constavam no acerto feito. Depois ainda falam que brasileiro é que quer ser esperto.
Tenho um amigo brasileiro que é guia turístico na América do Norte. Ele faz o seu trabalho em espanhol, com grupos que chegam normalmente da Espanha e do México. De vez em quando faz grupos portugueses. Ele já trabalhou com turistas brasileiros mas prefere não fazer mais isso.
Os brasileiros não gostam de pagar gorjeta, alguns costumam tratar o guia e o motorista do ônibus como simples serviçais. Outros ainda têm aquela "adorável" característica brasileira da gozação depreciativa. Aquele humor barulhento quase sempre ancorado na diminuição do outro. Uma "jóia" da cultura nacional. Sem contar aqueles prepotentes classe-média-alta-em-viagem, que na hora das discussões inflamadas sacam da carteira o "Sabe com quem você está falando?".
Alguém se salva?
8.12.07
HR Pufnstuf
O You Tube tem inúmeras coisas bacanas. Uma delas é o registo de eventos em que a pessoa (que pode ser eu, você, ou quem quer que seja) esteve, mas a pessoa não filmou nem fotografou. E quase sempre há um vídeo disponível sobre o assunto. Outra coisa que acho fantástica é o acesso a registros de antigos programas da tv.
Eu me lembrava que, quando era criança, havia um programa que eu gostava muito, mas eu não lembrava o nome. Não tinha certeza se era um seriado ou o mesmo filme que sempre era reprisado na tv.
Havia um garoto e bonecos que se movimentavam. Havia uma bruxa e uma flauta mágica que falava. Eu lembrava que a flauta, que pertencia ao garoto, nas horas de perigo o chamava com uma voz fina e esganiçada: "Oh, Jimmy".
Só que eu não lembrava o nome do programa, mas tinha a impressão que se chamava "A Flauta Mágica". Coloquei na pesquisa do You Tube, porém todos os resultados foram da ópera alemã famosa, que tem o mesmo nome. Fui para o Google e achei aqui a ficha do programa de tv. No Brasil se chamava mesmo A Flauta Mágica.
Descobri que o título original do seriado é H.R. Pufnstuf. Voltei para o You Tube e refiz a pesquisa. Há episódios inteiros disponíveis. Em inglês, no entanto. Só fiquei com mais uma dúvida: acho que na tv brasileira o programa era exibido em preto-e-branco. Mas isso o You Tube não soube responder. Ainda.
Eu me lembrava que, quando era criança, havia um programa que eu gostava muito, mas eu não lembrava o nome. Não tinha certeza se era um seriado ou o mesmo filme que sempre era reprisado na tv.
Havia um garoto e bonecos que se movimentavam. Havia uma bruxa e uma flauta mágica que falava. Eu lembrava que a flauta, que pertencia ao garoto, nas horas de perigo o chamava com uma voz fina e esganiçada: "Oh, Jimmy".
Só que eu não lembrava o nome do programa, mas tinha a impressão que se chamava "A Flauta Mágica". Coloquei na pesquisa do You Tube, porém todos os resultados foram da ópera alemã famosa, que tem o mesmo nome. Fui para o Google e achei aqui a ficha do programa de tv. No Brasil se chamava mesmo A Flauta Mágica.
Descobri que o título original do seriado é H.R. Pufnstuf. Voltei para o You Tube e refiz a pesquisa. Há episódios inteiros disponíveis. Em inglês, no entanto. Só fiquei com mais uma dúvida: acho que na tv brasileira o programa era exibido em preto-e-branco. Mas isso o You Tube não soube responder. Ainda.
5.12.07
Bola de cristal
Depois de contar a história do imigrante que voltou nadando para os Estados Unidos, aí abaixo, leio reportagem do New York Times que fala justamente do contrário. Alguns imigrantes brasileiros ilegais estão deixando a terra do Tio Sam.
As razões são as dificuldades que o governo americano está impondo (não é mais possível revalidar a carteira de motorista), o dólar em baixa (o dinheiro ganho lá já não vale tanto aqui), a crise do sistema imobiliário americano (alguns imigrantes estão entregando os seus imóveis) e na construção civil (uma das maiores fontes de renda dos ilegais), a falta de perspectiva de obter a regularização do status de imigrante e a real possibilidade de ser deportado a qualquer momento.
Somando tudo isso, pessoas com mais de 10 anos por lá, inclusive com filhos nascidos nos EUA, estão voltando para o Brasil. A reportagem do NYT se questiona se o retorno dos imigrantes aos países de origem é uma tendência que os brasileiros estão antecipando em relação a outras nacionalidades.
Eu acho que essa é uma tendência apenas entre os imigrantes de melhores condições econômicas e educacionais. Também acho que a situação econômica nos EUA vai piorar e muito. Espera um pouco. Vou ali pegar a bola de cristal, já volto.
Alguns astrólogos projetam para o ano de 2010 alguns aspectos astrais muito tensos, com uma grave crise no sistema capitalista. Os aspectos são muito semelhantes àqueles da depressão econômica de 1930. Leia aqui. Espero que as previsões não se concretizem.
As razões são as dificuldades que o governo americano está impondo (não é mais possível revalidar a carteira de motorista), o dólar em baixa (o dinheiro ganho lá já não vale tanto aqui), a crise do sistema imobiliário americano (alguns imigrantes estão entregando os seus imóveis) e na construção civil (uma das maiores fontes de renda dos ilegais), a falta de perspectiva de obter a regularização do status de imigrante e a real possibilidade de ser deportado a qualquer momento.
Somando tudo isso, pessoas com mais de 10 anos por lá, inclusive com filhos nascidos nos EUA, estão voltando para o Brasil. A reportagem do NYT se questiona se o retorno dos imigrantes aos países de origem é uma tendência que os brasileiros estão antecipando em relação a outras nacionalidades.
Eu acho que essa é uma tendência apenas entre os imigrantes de melhores condições econômicas e educacionais. Também acho que a situação econômica nos EUA vai piorar e muito. Espera um pouco. Vou ali pegar a bola de cristal, já volto.
Alguns astrólogos projetam para o ano de 2010 alguns aspectos astrais muito tensos, com uma grave crise no sistema capitalista. Os aspectos são muito semelhantes àqueles da depressão econômica de 1930. Leia aqui. Espero que as previsões não se concretizem.
4.12.07
Blogosfera
Adicionei gente nova aí ao lado. Tem gente que não conheço. Gente para quem nem ao menos mandei um e-mail ou comentário. Mas eu gosto dos blogs e pronto. Essa coisa de gostar do que uma pessoa escreve é muito relativa. Tem escritor super-badalado que não me diz nada. Tem outros com os quais me identifico totalmente. Não vou dar nomes, para não polemizar. Gosto é gosto. Gosto e pronto. Às vezes dá para discutir. Às vezes prefiro não fazer isso. Caaansa.
2.12.07
Na fronteira da sobrevivência
Parece até história de filme. Ou de novela. Ou de blog. No final dos anos 90, o rapaz saiu do Brasil para ir aos Estados Unidos. Insatisfeito com as condições de trabalho, sem formação universitária, foi tentar a sorte em um país rico. Onde ele não precisaria ter que fazer um curso superior meia-boca para ter asseguradas condições razoáveis de vida e de trabalho.
Dificuldades de língua, solidão, saudade. Ele sentiu dificuldades comuns a todos que se aventuram em terras distantes. Fez vários serviços, pouco qualificados, mas que asseguravam grana para pagar as despesas e ainda sobrar um tanto para mandar para a família no Brasil. O tempo passou, mais adaptado, foi entregando pizza que ele começou a ganhar mais dinheiro. Pensou em trabalhar por conta própria. Era empreendedor, como vários outros brasileiros.
Para ajudar a trabalhar na entrega de pizzas, chamou o irmão mais novo, que ainda morava no Brasil. Ele tinha esse irmão, que era o do meio, e mais uma irmã, a caçula. O irmão do meio, mais dedicado aos estudos, havia passado em dois vestibulares. Nessa época, passar em um vestibular ainda era uma grande realização, pois não havia a quantidade imensa de faculdades do tipo "pagou-passou" como hoje.Ele havia sido aprovado em Química, em uma faculdade pública, e em Direito, em uma faculdade privada, mas bem conceituada.
O desejo do irmão do meio era cursar a faculdade de Direito, mas se via impossibilitado, pois não podia pagá-la. Eles haviam perdido o pai ainda jovem. A pensão que a mãe recebia não dava para muita coisa. Apenas para viver dignamente. Então o irmão do meio cursava a faculdade pública, mesmo sendo um curso que não o conquistava.
O irmão do meio decidiu jogar tudo para cima e viajou para os Estados Unidos. Antes de 2001 era mais fácil conseguir vistos para entrar no país. Ele também entrou na atividade da entrega de pizzas, junto com o "brother" mais velho. O dinheiro começou a entrar. Tempos depois foi a vez de chamar a irmã caçula também para se mudar para lá. Do mesmo modo, ela deixou o Brasil em busca de trabalhos mais rentáveis.
O irmão do meio, mais estudioso, fez diversos cursos. Fez faculdade de administração, pagando do próprio bolso. Nada de ajuda do governo americano. Todos os três continuavam ganhando dinheiro, mas continuavam na condição de imigrantes ilegais. Sem direito a saúde, educação ou apoio governamental. Mas pagando impostos.
Anos se passaram. Depois de uma relação tumultuada com uma mexicana, o irmão mais velho reencontrou uma ex-namorada brasileira. A energia do reencontro foi forte. Mesma língua, mesma cultura, até a confiança em alguém que ele conhecera no passado, em sua terra natal. A mesma saudade do dendê e do acarajé. Ficaram juntos. Tiveram um filho que nasceu em solo americano. Americaníssimo o garoto. Mais uma contribuição para o crescimento do país.
O irmão do meio, por sua vez, depois de algumas namoradas, caiu de amores por uma inglesa já naturalizada americana. Entre os participantes do eixo EUA-Canadá-Reino Unido-Austrália é tudo mais fácil. Estão todos debaixo da mesma coroa. Ele se casou com a inglesa e automaticamente virou cidadão americano.
O irmão mais velho, a mulher e o pequeno filho se cansaram daquela vida. Sem poder sair do solo americano, sem poder levar levar o filho para conhecer o país dos seus pais. Sem direito algum dentro de um pais estrangeiro. Decidiram voltar para o Brasil. Voltar para Pindorama. Recomeçar a vida, agora uma família. Tudo seria mais fácil. Eles se achavam mais fortalecidos.
Voltaram.
(Não acabou. Continua no post abaixo)
Dificuldades de língua, solidão, saudade. Ele sentiu dificuldades comuns a todos que se aventuram em terras distantes. Fez vários serviços, pouco qualificados, mas que asseguravam grana para pagar as despesas e ainda sobrar um tanto para mandar para a família no Brasil. O tempo passou, mais adaptado, foi entregando pizza que ele começou a ganhar mais dinheiro. Pensou em trabalhar por conta própria. Era empreendedor, como vários outros brasileiros.
Para ajudar a trabalhar na entrega de pizzas, chamou o irmão mais novo, que ainda morava no Brasil. Ele tinha esse irmão, que era o do meio, e mais uma irmã, a caçula. O irmão do meio, mais dedicado aos estudos, havia passado em dois vestibulares. Nessa época, passar em um vestibular ainda era uma grande realização, pois não havia a quantidade imensa de faculdades do tipo "pagou-passou" como hoje.Ele havia sido aprovado em Química, em uma faculdade pública, e em Direito, em uma faculdade privada, mas bem conceituada.
O desejo do irmão do meio era cursar a faculdade de Direito, mas se via impossibilitado, pois não podia pagá-la. Eles haviam perdido o pai ainda jovem. A pensão que a mãe recebia não dava para muita coisa. Apenas para viver dignamente. Então o irmão do meio cursava a faculdade pública, mesmo sendo um curso que não o conquistava.
O irmão do meio decidiu jogar tudo para cima e viajou para os Estados Unidos. Antes de 2001 era mais fácil conseguir vistos para entrar no país. Ele também entrou na atividade da entrega de pizzas, junto com o "brother" mais velho. O dinheiro começou a entrar. Tempos depois foi a vez de chamar a irmã caçula também para se mudar para lá. Do mesmo modo, ela deixou o Brasil em busca de trabalhos mais rentáveis.
O irmão do meio, mais estudioso, fez diversos cursos. Fez faculdade de administração, pagando do próprio bolso. Nada de ajuda do governo americano. Todos os três continuavam ganhando dinheiro, mas continuavam na condição de imigrantes ilegais. Sem direito a saúde, educação ou apoio governamental. Mas pagando impostos.
Anos se passaram. Depois de uma relação tumultuada com uma mexicana, o irmão mais velho reencontrou uma ex-namorada brasileira. A energia do reencontro foi forte. Mesma língua, mesma cultura, até a confiança em alguém que ele conhecera no passado, em sua terra natal. A mesma saudade do dendê e do acarajé. Ficaram juntos. Tiveram um filho que nasceu em solo americano. Americaníssimo o garoto. Mais uma contribuição para o crescimento do país.
O irmão do meio, por sua vez, depois de algumas namoradas, caiu de amores por uma inglesa já naturalizada americana. Entre os participantes do eixo EUA-Canadá-Reino Unido-Austrália é tudo mais fácil. Estão todos debaixo da mesma coroa. Ele se casou com a inglesa e automaticamente virou cidadão americano.
O irmão mais velho, a mulher e o pequeno filho se cansaram daquela vida. Sem poder sair do solo americano, sem poder levar levar o filho para conhecer o país dos seus pais. Sem direito algum dentro de um pais estrangeiro. Decidiram voltar para o Brasil. Voltar para Pindorama. Recomeçar a vida, agora uma família. Tudo seria mais fácil. Eles se achavam mais fortalecidos.
Voltaram.
(Não acabou. Continua no post abaixo)