Há cerca de três meses entrei em uma academia de musculação. Uma coisa de faço de tempos em tempos, quando a agenda de atividades e trabalho me permite. E a preguiça não impede. Em torno de dois meses depois do começo, os efeitos começam a surgir. Percebe-se que os músculos estão mais rígidos e que a disposição e o bem-estar aumentam. Mas a famigerada barriga não cede. Não tem jeito. Mesmo os trinta minutos de esteira, que dizem queimar gordura, feitos no final da sessão de musculação, após a execução de todos os exercícios nos aparelhos, não são suficientes para fazê-la encolher.
Qual o mistério?
O caso é que, mesmo gastando muita energia na academia, as calorias eram totalmente recuperadas, pois acabava comendo mais, já que o apetite aumentava. Resolvi apelar para os cuidados médicos. Com colesterol alto não se brinca. Principalmente quando se tem histórico familiar de ocorrências coronárias.
Entrei em um frugal regime de 1300 calorias. Por incrivel que pareça, não precisei mudar muito a minha alimentação, pois já consumo bastantes frutas, verduras e legumes. Fui descobrir (isto é, a gente já sabe, mas não quer acreditar) que o que engorda são os extras: o chocolate do meio do dia, a pizza da noite, o bolo do lanche, essas coisas boas, quase sempre doces.
Deixando as guloseimas de lado, investindo no adoçante, seguindo o cardápio traçado e continuando a malhação, já consegui perder dois quilos. Em 10 dias. Acredito que não vai ser difícil chegar no objetivo de perda total de 6 quilos em dois meses. O bom é que - espero - o colesterol irá baixar e a barriga irá enxugar.
Espero que a lição fique. O caso daqui para a frente, depois de encerrar o regime, é não exagerar, manter o peso e fazer exercícios. A lição é velha, mas não existe outra opção.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
25.1.08
22.1.08
Referência e inspiração
Acabo de dar uma olhada no site citado no post anterior. O blog que relata a estadia em Tóquio me fez perceber como as impressões registradas nas viagens são interessantes - e fugazes. O talento do autor me fez perceber que eu também poderia ter relatado muito mais do que relatei na minha última viagem. E olha que não foi pouca coisa que escrevi. Quantas impressões sobre pessoas, sobre lugares, sobre clima, sobre cultura ainda ficaram sem registro.
O ato de escrever é uma coisa imprevisível. A gente pensa sobre um assunto, mas no meio do caminho outra coisa se emenda. O que a gente escreve quase nunca sai como a gente pensou. Mas esse não é o maior problema, isso quase sempre é enriquecedor.
Eu ainda tenho uma outra pequena-grande dificuldade: disciplina. Energia ordeira para organizar pensamentos, refazer textos, reler e reescrever coisas antigas, digitar coisas manuscritas. Acho isso tudo muito difícil. Se vou para o computador, sou capaz de passar horas navegando na internet, mas sou incapaz de organizar minhas palavras. Não consigo terminar textos dramáticos longos. Não consigo digitar o que já foi rabiscado. Não consigo nem reler as várias páginas que já estão impressas. O papel foi gasto à toa para que eu tentasse ler no conforto da poltrona, do sofá ou da cama aquilo que fora digitado. Nem assim. Algumas pessoas me dizem que sou muito crítico e que isso me bloqueia. Pode até ser, mas não acho que seja só isso. Penso que eu precisaria de um objetivo. Talvez de um prazo marcado. Talvez de um dead-line para o texto.
Por isso o blog é genial. São pequenos tijolos registrados, pedradas leves que acabam de sair do forno e são imediatamente lançadas no ar. Como agora, nesse breve desabafo.
O ato de escrever é uma coisa imprevisível. A gente pensa sobre um assunto, mas no meio do caminho outra coisa se emenda. O que a gente escreve quase nunca sai como a gente pensou. Mas esse não é o maior problema, isso quase sempre é enriquecedor.
Eu ainda tenho uma outra pequena-grande dificuldade: disciplina. Energia ordeira para organizar pensamentos, refazer textos, reler e reescrever coisas antigas, digitar coisas manuscritas. Acho isso tudo muito difícil. Se vou para o computador, sou capaz de passar horas navegando na internet, mas sou incapaz de organizar minhas palavras. Não consigo terminar textos dramáticos longos. Não consigo digitar o que já foi rabiscado. Não consigo nem reler as várias páginas que já estão impressas. O papel foi gasto à toa para que eu tentasse ler no conforto da poltrona, do sofá ou da cama aquilo que fora digitado. Nem assim. Algumas pessoas me dizem que sou muito crítico e que isso me bloqueia. Pode até ser, mas não acho que seja só isso. Penso que eu precisaria de um objetivo. Talvez de um prazo marcado. Talvez de um dead-line para o texto.
Por isso o blog é genial. São pequenos tijolos registrados, pedradas leves que acabam de sair do forno e são imediatamente lançadas no ar. Como agora, nesse breve desabafo.
15.1.08
No mundo
Não sei quando começou, não sei por que acontece, não imagino como vai terminar. Só sei que é um projeto que enviou 16 escritores brasileiros a cidades dos 5 continentes. A partir de cada lugar, encharcados de tudo que vêem, cada um vai escrever um livro que fala de amores. Amores expressos. Se bem que, pelo que li, eles já voltaram ao Brasil.
O site do projeto tá linkado aí do lado. E o melhor de tudo é que cada escritor tem um blog contando os bastidores de sua viagem. Gostei dos relatos de Tóquio, de JP Cuenca. Li o primeiro livro dele faz um tempo. Achei numa promoção nas Americanas.
O site do projeto tá linkado aí do lado. E o melhor de tudo é que cada escritor tem um blog contando os bastidores de sua viagem. Gostei dos relatos de Tóquio, de JP Cuenca. Li o primeiro livro dele faz um tempo. Achei numa promoção nas Americanas.
Sonho de saudade
Hoje à tarde
sonhei com a dor da saudade.
Dizem que saudade só se sente em português
duvido mais uma vez.
sonhei com a dor da saudade.
Dizem que saudade só se sente em português
duvido mais uma vez.
10.1.08
Batatinhas
Faz calor nessa terra. Vou para a academia e suo horrores. Durante o dia todo há o mesmo calor, o que ajuda é a brisa do mar. À noite, é o velho e bom ar-condicionado que vem quebrar o galho e suavizar o sono.
Há muitos turistas em Ilhéus, que enchem as lojas, bares e restaurantes. Mas é turismo rápido, boa parte dos visitantes vem de navio e permanece somente um dia. Mesmo assim, a cidade fica bem movimentada. O sucesso turístico deste verão é a versão sul-baiana do projeto Casa Cor. Só que aqui os arquitetos planejaram ambiente temáticos, que reconstituem o Bataclan, o cabaré retratado no livro e na novela Gabriela. No prédio original, restaurado e preservado, também há loja de souvenirs temáticos, galeria de arte e restaurante. A Casa do Artista, outra construção interessante, foi reinaugurada, há programação constante de peças locais. Vou conferir.
Um jogo de futebol movimenta a cidade hoje. É o Colo-Colo, time e paixão local, campeão baiano há pouco tempo, que se apresenta. Daqui de casa ouço o barulho e consigo ver uma parte da movimentação. Fogos de artifícios, batucada, gritos. É uma energia contagiante, que mesmo quem não é adepto da loucura do futebol, consegue ficar isento.
Falando sobre o Bataclan, uma prima minha me contou uma história interessante. O pai dela, hoje falecido, um distinto senhor, simples e de boa índole, que fez de tudo na vida, inclusive de trabalhar em banca de apostas de jogo do bicho, ficou impressionado quando a novela Gabriela foi lançada pela Globo. Ele viu na TV a reconstituição perfeita do tempo em que ele frequentava o local. Ele dizia que as mulheres se vestiam e se comportavam da mesma forma. E ficava impressionado com a semelhança física da atriz global (Heloísa Mafalda) com a sua personagem, a dona do cabaré, a cafetina Maria Machadão.
O senhor de pele bem alva, de grandes olhos azuis, herança dos primeiros alemães que vieram plantar cacau no sul da Bahia, dava risadas contando que se divertia muito no local com as meninas. Que em uma certa época chegou mesmo a ficar às custas de uma delas. E que as meninas eram chamadas de "batatinhas". Mas isso nem Jorge Amado e a Globo sabiam ou se lembram. Na novela elas não tinham esse carinhoso apelido.
Há muitos turistas em Ilhéus, que enchem as lojas, bares e restaurantes. Mas é turismo rápido, boa parte dos visitantes vem de navio e permanece somente um dia. Mesmo assim, a cidade fica bem movimentada. O sucesso turístico deste verão é a versão sul-baiana do projeto Casa Cor. Só que aqui os arquitetos planejaram ambiente temáticos, que reconstituem o Bataclan, o cabaré retratado no livro e na novela Gabriela. No prédio original, restaurado e preservado, também há loja de souvenirs temáticos, galeria de arte e restaurante. A Casa do Artista, outra construção interessante, foi reinaugurada, há programação constante de peças locais. Vou conferir.
Um jogo de futebol movimenta a cidade hoje. É o Colo-Colo, time e paixão local, campeão baiano há pouco tempo, que se apresenta. Daqui de casa ouço o barulho e consigo ver uma parte da movimentação. Fogos de artifícios, batucada, gritos. É uma energia contagiante, que mesmo quem não é adepto da loucura do futebol, consegue ficar isento.
Falando sobre o Bataclan, uma prima minha me contou uma história interessante. O pai dela, hoje falecido, um distinto senhor, simples e de boa índole, que fez de tudo na vida, inclusive de trabalhar em banca de apostas de jogo do bicho, ficou impressionado quando a novela Gabriela foi lançada pela Globo. Ele viu na TV a reconstituição perfeita do tempo em que ele frequentava o local. Ele dizia que as mulheres se vestiam e se comportavam da mesma forma. E ficava impressionado com a semelhança física da atriz global (Heloísa Mafalda) com a sua personagem, a dona do cabaré, a cafetina Maria Machadão.
O senhor de pele bem alva, de grandes olhos azuis, herança dos primeiros alemães que vieram plantar cacau no sul da Bahia, dava risadas contando que se divertia muito no local com as meninas. Que em uma certa época chegou mesmo a ficar às custas de uma delas. E que as meninas eram chamadas de "batatinhas". Mas isso nem Jorge Amado e a Globo sabiam ou se lembram. Na novela elas não tinham esse carinhoso apelido.
6.1.08
Prainha
Depois do réveillon fui passear com o pessoal de Brasília em Itacaré, que fica a uns 60 km de Ilhéus. A antiga vila de pescadores virou um ponto turístico de alcance nacional, com direito a bons restaurantes, pousadas, bares, lojas. Além, é claro, das praias cinematográficas.
Eu só conhecia algumas praias próximas da cidade. Desta vez fui em praias mais distantes, como Engenhoca e Prainha. Para chegar na Prainha, caminha-se uns 40 minutos morro acima e abaixo. Isso para quem conhece bem o local ou vai acompanhado de guia, o que não foi o nosso caso. O nosso trajeto demorou em torno de uma hora e meia, passando por locais de vegetação rala e por outros de plena mata atlântica. Enfim chegamos, valeu a pena. A praia, tida como uma das dez mais belas do país, é realmente deslumbrante, como se confere na foto acima.
A primeira vez que fui em Itacaré tem muitos anos. Não havia nem estrada de asfalto até lá. Os surfistas eram praticamente os únicos que conheciam a cidade. Uma amiga minha conhecia alguém que tinha casa por lá e saiu convidando vários amigos para ficar na casa da tal pessoa para passar o réveillon. No dia combinado, o grupo cresceu além da conta. Eram quase umas quinze pessoas. Claro que não havia vaga para todo mundo. Acho que não havia vaga sequer para uma pessoa. Tivemos que procurar lugar para ficar. Enquanto a situação não se definia, todos esperavam, de mochilas arriadas, na pracinha da cidade.
A solução foi a melhor possível. Alguém conseguiu que uma família deixasse a sua casa e nos alugasse durante o feriado. Coisa impossível de acontecer hoje em dia, devido ao grande fluxo turístico. O resultado é que o melhor da festa foi a convivência do grupo na casa. Passávamos o dia tomando caipiroskas, dançando, batendo papo, fumando, namorando, ouvindo música. Quase uma sociedade alternativa, sempre na paz, harmonia e no amor.
Até que no dia seguinte, primeiro de janeiro, uma das convidadas, neurótica e careta estudante de Medicina, que havia sido levada por uma outra amiga do grupo, se sentiu incomodada com o clima, digamos, liberal, que estava instalado na casa. As duas, junto com mais outra garota, tinham vindo de Salvador de carro para se juntar à turma. A tal recalcada (ou ingênua) deu um "piti" com a amiga que a havia gentilmente conduzido àquele "antro de perdição" e disse que iria embora no mesmo dia. E foi mesmo, de ônibus, para o alívio de todos, que percebiam que ela não tinha nada a ver com o grupo. Eu espero que, para o bem da Medicina, a tal estudante tenha amadurecido e vencido as suas limitações. Talvez ela consiga atualmente aproveitar melhor Itacaré e as demais belezas da vida.
Na virada
Tempo de sol e praia. A cidade cheia de turistas, nem parece o cemitério do inverno. Navios chegam trazendo visitantes. Muitos carros de Brasília, Minas e Goiás. Pousadas cheias, barracas de praia com muito movimento. Passei o reveillon em um barco que ficou dando voltas pela baía do Pontal. Eu e mais umas setenta pessoas. Foi emocionante ver a cidade toda iluminada na primeira noite do ano. A parte histórica, em torno da avenida Dois de Julho, fica ainda mais bacana com as luzes acesas.
A festa foi organizada por um grupo que só tinha a intenção de divertir, sem pensar em lucro. O resultado foi um excelente serviço, inclusive com garçons, bufê suficiente para o dobro de pessoas, música e gente animada, cerveja à vontade, e até prosecco para o brinde. Tudo por um precinho módico. Em Salvador, uma festa do mesmo quilate seria o dobro ou o triplo do preço. Além de tudo isso, tive a companhia de gente de quem gosto muito.
Foto do barco, conhecido como "chalana".
A festa foi organizada por um grupo que só tinha a intenção de divertir, sem pensar em lucro. O resultado foi um excelente serviço, inclusive com garçons, bufê suficiente para o dobro de pessoas, música e gente animada, cerveja à vontade, e até prosecco para o brinde. Tudo por um precinho módico. Em Salvador, uma festa do mesmo quilate seria o dobro ou o triplo do preço. Além de tudo isso, tive a companhia de gente de quem gosto muito.
Foto do barco, conhecido como "chalana".