6.1.08

Prainha


Depois do réveillon fui passear com o pessoal de Brasília em Itacaré, que fica a uns 60 km de Ilhéus. A antiga vila de pescadores virou um ponto turístico de alcance nacional, com direito a bons restaurantes, pousadas, bares, lojas. Além, é claro, das praias cinematográficas.

Eu só conhecia algumas praias próximas da cidade. Desta vez fui em praias mais distantes, como Engenhoca e Prainha. Para chegar na Prainha, caminha-se uns 40 minutos morro acima e abaixo. Isso para quem conhece bem o local ou vai acompanhado de guia, o que não foi o nosso caso. O nosso trajeto demorou em torno de uma hora e meia, passando por locais de vegetação rala e por outros de plena mata atlântica. Enfim chegamos, valeu a pena. A praia, tida como uma das dez mais belas do país, é realmente deslumbrante, como se confere na foto acima.

A primeira vez que fui em Itacaré tem muitos anos. Não havia nem estrada de asfalto até lá. Os surfistas eram praticamente os únicos que conheciam a cidade. Uma amiga minha conhecia alguém que tinha casa por lá e saiu convidando vários amigos para ficar na casa da tal pessoa para passar o réveillon. No dia combinado, o grupo cresceu além da conta. Eram quase umas quinze pessoas. Claro que não havia vaga para todo mundo. Acho que não havia vaga sequer para uma pessoa. Tivemos que procurar lugar para ficar. Enquanto a situação não se definia, todos esperavam, de mochilas arriadas, na pracinha da cidade.

A solução foi a melhor possível. Alguém conseguiu que uma família deixasse a sua casa e nos alugasse durante o feriado. Coisa impossível de acontecer hoje em dia, devido ao grande fluxo turístico. O resultado é que o melhor da festa foi a convivência do grupo na casa. Passávamos o dia tomando caipiroskas, dançando, batendo papo, fumando, namorando, ouvindo música. Quase uma sociedade alternativa, sempre na paz, harmonia e no amor.

Até que no dia seguinte, primeiro de janeiro, uma das convidadas, neurótica e careta estudante de Medicina, que havia sido levada por uma outra amiga do grupo, se sentiu incomodada com o clima, digamos, liberal, que estava instalado na casa. As duas, junto com mais outra garota, tinham vindo de Salvador de carro para se juntar à turma. A tal recalcada (ou ingênua) deu um "piti" com a amiga que a havia gentilmente conduzido àquele "antro de perdição" e disse que iria embora no mesmo dia. E foi mesmo, de ônibus, para o alívio de todos, que percebiam que ela não tinha nada a ver com o grupo. Eu espero que, para o bem da Medicina, a tal estudante tenha amadurecido e vencido as suas limitações. Talvez ela consiga atualmente aproveitar melhor Itacaré e as demais belezas da vida.

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