29.11.11

As atualizações constantes

As redes sociais da internet me trazem frequentes alegrias. Poderia citar vários exemplos dos motivos. Acho fantástico poder saber das novidades de quem está longe. Para quem mora distante da terra natal, como no meu caso, é muito bom receber atualizaçoes de pessoas conhecidas. Tenho a impressão de que tenho mais interação com alguns amigos brasileiros do que quando morava no país.

Os familiares, amigos ou conhecidos que fazem algum tipo de trabalho criativo mostram as suas novidades. Além das viagens, as fotos e vídeos mostram criações culinárias, projetos arquitetônicos, peças publicitárias, cultivos de flores, pinturas, esculturas. Os textos estão nos blogs, acessíveis por links. As opiniões e discussões estão nos comentários. As festas são combinadas nos eventos.

O bom é que, ao encontrar ao vivo, quase sempre em rápidos momentos, há um sentimento de atualização, como se estivéssemos conversando em vários momentos durante o tempo que passou. Tive essa impressão da última vez que fui ao Brasil, ao reencontrar algumas pessoas.

Também há muitos ativismos e movimentações políticas, que são divulgados facilmente. Ecologia, causas étnicas, sexualidade e temas sociais entram nos assuntos do dia, dentro de casa, sem a necessidade de um apresentador de telejornal. As podridões e corrupções estao expostas como nunca, facilitando a vigilância e a cobrança de medidas. Algo que traz um sentimento de que poderá haver mais controle e que a direção correta e justa do país será mantida. Ou estou sendo ingênuo?

25.11.11

Canadá francês-inglês

Chegando do French-English Language Exchange e sempre contente com o que viu ou com o que reencontrou. Brasileiros habitués dos encontros Toronto Babel, que não falam nada de francês e vão só pela farra. Canadenses anglófonos de várias feições (brancos, olhos puxados, negros) que não falam quase nada do francês que aprenderam na escola, mas persistem. Uma polonesa que conheço do French Meetup, que está há menos de três meses em Toronto e que fala um francês lindo, morou na França. Um francês que morou em Vancouver e acha Toronto mais multicultural, onde ele pode conversar na sua língua materna. Uma peruana muito bonita, de feições orientais, avós chineses, que chegou no Canadá aos dez anos de idade, tem uma irmã que nasceu no Brasil, e se comunica em inglês, espanhol, francês e arranha no português. Uma canadense de Alberta fala espanhol sem sotaque, aprendido em escola bilíngue, mas que capenga no francês. Que mais? Franceses negros, brancos e de origem árabe. A organizadora do evento, sempre simpática, estudante de doutorado em linguística, mas que parece mais contente em organizar eses eventos de intercâmbio linguístico. A galeria de personagens é grande. Da seção "coisas que adoro no Canadá".

22.11.11

Mudança de hábito

A chegada do outono, além das baixas temperaturas, da monotonia do cinza no céu e da menor quantidade de luz durante o dia, ainda diminui a chance de andar de bicicleta ao ar livre. Uma merda. Ou eu achava que era assim. Eu via aquelas pessoas meio estranhas, parecendo corajosas, circulando pela cidade, agasalhadas ao extremo em cima de uma bicicleta, parecendo lunáticos, usando luvas, casacos, cachecol, toucas ou protetores de pescoço. E o capacete, que nunca pode faltar. Eu achava algo diferente, coisa de canadense.

Eu achava que era impossível para mim, que, apesar de adorar circular de bike, não tolero frio demais. Até que, conversando com um amigo brasileiro, que também é ciclista e que mora há mais tempo nesta geladeira, fui convencido do contrário. Ele me disse que roda de bicicleta o ano todo, até no inverno. Basta estar bem protegido.

Então eu tomei coragem e resolvi encarar o frio sobre duas rodas e com vento na cara. Foi muito menos difícil do que eu pensava. Me senti muito confortável, sem sentir calor, andando de bicicleta pela cidade, em temperaturas que se aproximam do zero e com sensaçao térmica chegando aos graus negativos, por causa do vento.

Para pedalar com conforto, é muito importante usar luvas. As mãos vão na frente, no guidom, e recebem todo o frio. Precisam estar protegidas. As orelhas também. Uma touca de lã por baixo do capacete, não precisa nem ser muito grossa, resolve bem. Depois de alguns minutos pedalando, chega-se a suar por baixo de tanta proteção.

Se a gente pensar que o ski, que nunca fiz, é praticado em temperaturas bem mais baixas, em cima do gelo e com um vento bem mais intenso, andar de bicicleta no outono ou mesmo no inverno da cidade é fácil, fácil. Acredite.

Agora, com muita neve fica difícil. Em Montréal era cena comum bicicletas estacionadas nas ruas durante todo o inverno, sob uma grossa canada de gelo. Como aqui tem Toronto tem menos neve e a coleta parece ser mais efetiva, acho que vai dar para rodar, pelo menos nos dias menos frios. Vamos ver.

20.11.11

29 Ways to Stay Creative

‎1. Faça listas 2. Carregue um caderno para todos os lugares 3. Tente escrever livremente 4. Saia do computador 5.Pare de se reprimir 6. Dê pausas a você 7.Cante no chuveiro 8. Tome café 9. Ouça novas músicas 10. Seja/esteja aberto 11. Fique rodeado de pessoas criativas 12. Obtenha feedback 13. Colabore 14. Nao desista 15. Pratique 16. Permita-se errar 17. Vá a algum lugar novo 18. Conte os seus pontos fortes (bençãos) 19. Descanse bastante 20. Arrisque 21. Quebre regras 22. Não forçe 23. Leia uma página de dicionário 24. Crie um espaço de trabalho (estrutura, moldura) 25. Pare de tentar ser alguém perfeito 26. Teve uma idéia? Escreva 27. Limpe o seu espaço de trabalho 28. Divirta-se 29. Termine algo.

19.11.11

A terra entre as raízes

Termino dois dos melhores livros que já li: The Story of the Night, do irlandês Colm Toíbín, e Mi País Inventado, da chilena Isabel Allende. Nos dois casos, aconteceu algo que raramente faço. Volto a reler algumas partes, pelas quais passei muito rápido, na ânsia pelo desfecho.

Ambos são uma lição de que, para fazer um bom livro, não é preciso vocabulário complicado. O irlandês é reconhecido internacionalmente, recebeu vários prêmios. Escreve em um inglês leve, emotivo e cativante. E não me obriga a ir toda hora ao dicionário. Já Allende é a autora do famoso Casa dos Espíritos e de vários outros títulos que venderam milhões.

Mr. Toíbín me deixou com vontade de conhecer a Irlanda desde quando li outro livro dele, The Empty Family. Mesmo que o retrato traçado por ele do país não seja tão bonito assim.  

Mi País Inventado, por sua vez, é um livro que gostaria de ter lido no final da adolescência ou início da fase adulta. Talvez tivesse tomado decisões mais rápidas sobre alguns caminhos a tomar. Ou, melhor, não. Talvez o melhor momento tenha sido agora, quando vivo na condição de imigrante. De qualquer modo, ler o livro naquela época seria impossível, pois ele foi publicado em 2003.

Por coincidência, os dois têm um largo foco nas ditaduras latino-americanas. The Story of the Night, na Argentina, enquanto Mi País Inventado, no Chile.

Isabel Allende faz uma espécie de autobiografia poética, colocando o Chile como pano de fundo. Ela descreve com leveza e humor as relações familiares, o gosto pela escrita, as caracteristicas do povo chileno, as reviravoltas da vida política no Chile, a condição de exilada na Venezuela, por causa da ditadura, e depois como imigrante nos Estados Unidos, após o casamento com um americano.

Impossível para mim não ter identificação com obra e vida de Allende. O gosto pela escrita, a nostalgia do país de origem, o olhar para a terra natal a partir de um local distante, como se fosse um estrangeiro. Talvez tenha sido melhor mesmo ter lido Allende já morando em outro país. Se não estaria sonhando em ser um exilado político para sair do Brasil.

Ela, filha de diplomatas, teve essa oportunidade desde cedo. Já eu lutei por isso. Quando eu era adolescente, via com olhos de desejo aqueles privilegiados que conseguiam sair do país, via turismo ou estudos. Meus primeiros salários foram economizados para uma viagem ao exterior para estudar inglês. A língua inglesa sempre me atraiu, mas o estudo foi mais desculpa para uma longa viagem. Na volta, fiquei bastante entristecido, pois as minhas condições profissionais (e financeiras) haviam mudado e ficou difícil empreender uma outra aventura como aquela.


Os anos se passaram, outras pessoas chegaram e saíram da minha vida. Um amigo foi morar no Canadá e a minha vontade de viajar aumentou e persistiu. Mas, por que mudar, se existia o conforto de morar bem, carro, amigos, emprego estável? Vontade de jogar tudo para cima e recomeçar a vida. Aventura. Aprender outras línguas. Conhecer novas pessoas. Histórias para contar.

Considero um privilégio poder mudar de vida quase aos quarenta anos. Recomeçar tudo: nova língua, estudos, trabalho. Grandes desafios. Mas, como Isabel Allende anota no livro, o século XX foi marcado por migrações e exílios nunca vistos. E, pelo jeito, as coisas continuam fortes até hoje. Faço parte de um fluxo, não estou só.

Até um passado recente, o Brasil sempre esteve isolado, como se fosse uma ilha-continente na América do Sul. Havia poucos intercâmbios com os países vizinhos. Raras pessoas viajavam à Colômbia e Venezuela, por exemplo. Quando eu era adolescente, eu tinha impressão de que tudo que falava e lembrava o espanhol da América do Sul parecia extremamente cafona. Antiquado, perdido no tempo. Um pouco dessa atmosfera ainda não se perdeu, eu pude notar em Montevidéo, no Uruguai, quando estive lá há uns seis anos. A minha impressão na adolescência não era totalmente errada.

Mais tarde, durante a minha época de universidade, Peru e Bolívia me pareciam destinos de aventureiros, alternativos e hippies tardios. Hoje, Chile e Argentina fazem parte de pacotes turísticos da classe média brasileira. O intercâmbio cultural é bem maior. Aprende-se espanhol nas escolas do Brasil e é um idioma que cresce em importância no mundo.

Então ler as imagens poéticas de Allende me traz conforto. Como se me fizesse lembrar da emotividade latina. Ajuda a saber que estar distante das origens não é perder as suas caracteristicas. É como transportar uma árvore de um local para outro. Aquela terrinha que permanece entre as raizes é o que se leva e o que permite à árvore se readaptar. Essa terra está contida nas lembranças e na imaginação.

17.11.11

O sorriso de boca fechada.

Brasil e Canadá têm inúmeras diferenças, todo mudo sabe: clima, línguas, colonização, etc, etc, etc. Ainda assim, são concorrentes em vários domínios econômicos: indústria de aviões, produção de petróleo, minerais, carne, produtos agrícolas. Mas, quando se trata de comunicação interpessoal, brasileiros e canadenses são quase opostos.

O brasileiro é muito falador, não dá para negar. Adora conversar, trocar idéias, opinar sobre o que sabe e o que não sabe. Ama fazer piadinhas, brincadeirinhas, quase sempre em uma tentativa de ser simpático. Ou como se não suportasse intervalos de silêncio nos diálogos. Algumas vezes exagera e cai na ironia e no "veneninho". O que era para ser uma gentileza, acaba sendo uma forma de humor mordaz e depreciativo.

A comunicação não fica só na conversa ao vivo. Em um exemplo bem atual, os brasileiros eram os mais presentes no Orkut. No Twitter, o Brasil consegue emplacar com frequência temas nacionais - às vezes bastante idiotas, como "Volte para cá, Justin Bieber" ou "Cala boca Galvao" - nos trending topics, os temas mais comentados mundialmente.

Já vi comentários de franceses no Twitter, com clara inveja, falando que "novamente, os brasileiros conseguem colocar os seus assuntos nos trending topics". E não existe a ajuda de portugueses, angolanos e moçambicanos, para ficar entre as nações mais populosas que falam português. Praticamente são só brasileiros soltando piados (twitters) na internet sobre temas nacionais. Para temas em inglês existem americanos, canadenses, australianos, ingleses e o escambau fazendo comentários sobre as celebridades, quase sempre americanas.

Quando eu morava no Brasil, achava que às vezes as pessoas falavam demais, até mesmo durante o trabalho. E que tinham dificuldade para parar e escutar. Muitas vezes, as frases não são ditas até o final, pois são cortadas pelo comentário da outra pessoa, que acha a sua posiçao mais interessante ou mais correta. O problema é quando todos pensam assim. Às vezes falam dois ao mesmo tempo em um pequeno grupo. Claro, os seus exemplos pessoais são a prova concreta da suas opiniões e generalizações. "Todo francês é metido. Minha prima é casada com um que é muito chato!"

Além disso, muitos brasileiros não tem a menor dificuldade para falar dos seus problemas pessoais na frente de estranhos. Claro, quer tema mais interessante do que este? Tipo assim, a caixa do supermercado em Salvador, conversando com alguém conhecido na fila, contando que só sairia às 10 da noite do trabalho e ainda teria que cozinhar e lavar roupa ao chegar em casa. Isso eu já vi.

Já o canadense tem um comportamento diferente. Os diálogos são bastante econômicos. Em algumas situações como ao entrar em um elevador, um "bom dia" ou "good morning" seria bem-vindo, mas nem isso acontece. O canadense tenta compensar com gentilezas ao abrir e segurar a porta do elevador, para que você possa entrar, principalmente se você estiver de mãos carregadas. E, em vez fazer algum comentário gentil, dará um sorriso de boca fechada. Como assim? Com os lábios arqueando para cima, como se escondesse os dentes.


O canadense parece que já nasceu politicamente correto, sem a fleuma dos ingleses e sem a impaciência, disfarçada de pragmatismo, dos americanos. Então nada de fazer piadinhas ou gozações, tão queridas aos brasileiros engraçadinhos. Se as pessoas não têm proximidade, não existe o tom de brincadeira ou ironia nas falas, tudo é levado ao pé da letra. Não poderia ser de outra forma, para acolher tantos imigrantes, de tantas culturas tão distintas. As coisas têm que ser ditas de modo direto, senão correm o risco de não serem entendidas.

No ambiente de trabalho, as diferenças na comunicação ficam bem claras. No Canadá há um silêncio nos escritórios que seria impossível no Brasil, com todo o blá-blá-blá durante o cafezinho. O silência reina e pode ser entediante. Já vi brasileiro reclamando do tédio no trabalho.

Mas tudo tem uma contrapartida e, se a rádio corredor parecia excessiva entre os brasileiros, ela faz falta por aqui. Às vezes, percebo que há pouca comunicaçao nas empresas. Temas simples, bobagens, muitas vezes são tratados a portas fechadas, como se fossem secretos e de extrema importância. Os canadenses tentam compensar a falta de informação com boa sinalização e instruções escritas de forma clara. Para tudo tem ordem impressa, nos quadros de aviso ou nas portas.

Lá na piscina do clube existe instrução até de como fazer ultrapassagem na raia, caso a pessoa na sua frente estiver nadando em uma velocidade menor do que a sua. E olhe que cada raia tem sua própria velocidade (alta, média ou baixa). Algo assim: "Toque o pé da pessoa à sua frente e espere ela reduzir o ritmo, só entao ultrapassse".

14.11.11

Do tempo da sala de aula

Eu tenho sonhado com pessoas que fizeram parte do meu passado. Pessoas que fizeram parte da minha história, mas que não foram muito próximas de mim. Colegas de escola e colegas de Faculdade. Pessoas com quem conversava de vez em quando, mas que não posso dizer que fossem meus amigos. Gente que até já morreu. O que será que isso significa? Nostalgia do passado, provavelmente. Mas por que sonhar com pessoas com as quais não tinha muito vínculo? Não haveria gente mais interessante e atualizada para pensar?  É como se o subconsciente me disesse: "Veja só, essa pessoa existiu, você conheceu, o que será que ela anda fazendo no mundo, como estará?"

Existem pessoas com as quais simpatizei, que me davam a impressao que poderiam ser mais próximas, mas que a amizade nunca ocorreu. Sei listar várias pessoas assim. Talvez um estilo de vida diferente, ou mesmo, no fundo, nem tanta afinidade assim, tenha sido o motivo da falta de aproximação. Vá entender.

Keith Haring
Um fato curioso na minha história de estudos é que nunca as minhas turmas escolares e universitárias foram muito unidas. Vejo conhecidos organizando eventos de reencontro de seus grupos: churrascos, passeios, até viagens. Na minha turma de escola em Ilhéus as pessoas eram distantes e eu percebia muita concorrência. Primeiro, por causa do vestibular e pelas vagas em universidades. Depois profissionalmente. Muita comparação entre sucessos e aquisições. De chegar a ponto de piada, com impressão de que alguns comparam entre si a lista de bens da declaração de imposto de renda. Eu achava que só eu notava isso, até que uma antiga colega também comentou comigo, em tom de chacota, que percebia a mesma coisa. O resultado é que um grande reencontro teria pouca possibilidade de sucesso. Dá para imaginar o papo.

Já na minha primeira Faculdade, o clima bélico era bem mais visível. Existiam duas turmas simplesmente inimigas, de chegar às vias de fatos, às agressões físicas. Havia uma diferença de classe social, talvez. Ou mesmo de cor, na  velha afro-Salvador. Os provenientes de classe média alta, apelidados de "branquinhos" pelo grupo oponente. Esses eram mais boas-vidas, mais vivedores, mais despreocupados com o futuro. Do outro lado, uma turma mais esforçada, mais preocupada, mais "moreninha", digamos assim, e sem tanto apoio familiar. Eu me sentia alheio a tudo, nem de um lado, nem de outro.

Na minha segunda Faculdade, a minha interação com os colegas foi menor. Eu trabalhava e quase não tinha tempo livre para interagir. E não era sem inveja que eu via os colegas, em tempo de aula vaga ou de greve, indo para algum boteco enquanto eu ia para o trabalho.  Mesmo com o tempo restrito, guardei bons amigos, com os quais ainda mantenho contato.


Tenho um primo, hoje médico, proveniente também da minha cidade, que terminou a escola há mais de três décadas. E que se reúne com a sua turma quase todos os anos. Hoje na faixa dos 50 anos, os colegas ainda organizam jantares de reencontro e acho que ainda vão continuar organizando. Mas penso que é uma exceção.

Talvez as características da minha geração, a tal da X, a tornem mesmo uma incógnita. Cheia de yuppies com seus desejos e lutas sem fim por sucesso e riqueza, o que termina por afastar as pessoas. O que é uma pena.



11.11.11

De graça, para você

Imagine um estabelecimento com os produtos dispostos em estantes. Eles têm diversas cores e estampas bem convidativas.  Você vai passeando, procurando o que quer, manuseando, experimentando algumas partes. Os formatos são semelhantes. Os produtos vêm de diversas regiões do mundo, conheceram os mais diferentes cenários, se poderia dizer que falam diferentes línguas. Os produtos estão ali, à sua disposiçao, ao alcance da sua mão, para que você possa levar para casa e aproveitá-los durante algum tempo. Gratuitamente. Depois disso, se você pedir com interesse e vontade, os produtos podem ficam mais alguns dias com você. Depois eles voltam para o local de onde vieram, para que, em tempos de  consciência ecológica, possam ser reaproveitados por outras pessoas, indefinidamente. Falo dos livros e do sistema de bibliotecas públicas do Canadá.

É realmente um sistema que funciona. Pelo site, é possível fazer a consulta do que interessa. E saber se estão na estante ou emprestados, quando serão retornados. Pesquisa-se por autor, por título, por tema, por local, por língua, por tipo de publicação.

Há uma grande biblioteca central, que fica no coração de Toronto. Há várias outras nos bairros, que procuram se adequar ao local onde estão instaladas. Em região onde a comunidade chinesa é muito presente, provavelmente haverá uma grande seção de livros em mandarim ou cantonês. Na biblioteca do bairro português há a presença de muitos autores brasileiros, portugueses e outros lusófonos. Em alguns casos, os livros em francês, uma das línguas oficiais do Canadá, estão em menor quantidade do que livros estrangeiros. 

Na biblioteca St-James, a mais próxima de minha casa, depois das publicações em inglês, a maior quantidade é de livros em mandarim e tâmil (a língua do Sri Lanka). A seguir em russo, tagalog (a língua das Filipinas) e espanhol. Já vi que há alguns da chilena Isabel Allende, trouxe Mi País Inventado para casa . A quantidade é menor em francês, coreano e urdu (do Paquistao e partes da India).

Há terminais de pesquisa na internet, sala de estudos, jornais e revistas. Há também muitos CDs, DVDs, AudioBooks e E-books, que você pode baixar direto no seu computador, sem precisar nem mesmo ir na biblioteca. E, o melhor, você tem acesso a tudo isso, sem gastar nada.

6.11.11

Gramática

Olhe Repare Pense Peça Faça Diga Ouça Pegue Espere Aguarde Reflita Aja Produza Reaja Conduza Reflita Sorria Tenha Avance Trabalhe Descanse Reze Leia Releia Escreva Descreva Relaxe Endureça Recuse Afirme Confirme Assista Desista Persista.

Na terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo. Concordando com... VOCÊ!

Pensando

"Não existe outro modo. Sem enganar, sem humilhar, sem atrasar o lado do outro.
Pra que mesmo sacanear com o Outro que pode fazer você crescer e crescer com você?"

Do Facebook de AF.

4.11.11

De novela

"Odorico - Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu."

Dias Gomes, O bem-amado, Ed. Ediouro
O trechinho do livro de Dias Gomes me fez voltar no tempo. Uma vez, em uma cidade do interior da Bahia, durante uma simples cerimônia de inauguração, presenciei uma figura pública discursar em uma linguagem bem parecida com a do prefeito criado por Dias Gomes. Como se não bastasse, empolgado pelos aplausos, ele começou a declamar uma poesia (de sua própria autoria, claro) que tinha um vocabulário tão rebuscado e pomposo, ainda ampliado pelo gestual dramático. Virou uma caricatura fora de hora e de local, levando aos risos abafados de boa parte da platéia. Virou comédia. Algumas pessoas públicas parecem sofrer da síndrome de Odorico Paraguaçu.