17.1.05

Estação da música
O verão ferve em Salvador. No curto espaço de algumas semanas até o Carnaval, as opções de festas se multiplicam na cidade. Vários shows ocorrendo, e, o que é melhor, de graça. Fui vez a Noite de Santo Amaro, na Concha Acústica, no projeto Sua Nota é um Show. Mais de três horas de música com as presenças ilustres de Dudu Nobre, J. Veloso, D. Edith do Prato, Mariene de Castro, Edson Cordeiro, Miúcha, Daniela Mercury e do dono da festa: Caetano Veloso.

Nem a persistente chuva, às vezes mais grossa, às vezes mais fina, foi suficiente para desanimar o público, que ficou aglomerado nos poucos espaços cobertos: próximo ao palco e na parte superior, perto do bar. Em pleno verão baiano, uma cena de inverno europeu: pessoas sob os guarda-chuvas ouvindo os sons de músicos e cantores de Santo Amaro e de amigos da cidade - ou, pelo menos, de Caetano

Edson Cordeiro fez apresentação muito legal. Cantou Babalu e se arriscou a cantar I Will Survive acompanhado só com violão. Depois de vários sambistas, o público não se incomodou e ainda aprovou. Dudu Nobre cantou o tema da Grande Família, que é uma delícia. Daniela Mercury mostrou por que é uma estrela. A mulher incendiou o palco, cantando Maimbé Dandá e puxando Caetano para um dueto em Cotidiano. Caê, em sua versão "solteiro em Salvador", ficou babando por ela, que estava linda e simples, apenas de branco: calça, blusa e sapato. Ela deveria se vestir sempre assim. O dia em que Daniela resolver se vestir de maneira simples, ela se vestirá melhor.

No sábado fui fazer umas fotos para uma matéria publicitária que talvez irá circular no jornal A Tarde do próximo sábado. Acreditem, caros amigos, depois de balzaquiano, me convidam para posar. O trabalho foi divertido e interessante. É o lançamento da vodca Smirnoff aromatizada, tridestilada (35% de volume, quase uma bomba!) e adoçada, nos sabores citrus, red fruits e orange. Além de posar, cada convidado tinha que preparar um drinque, junto com o qual seria fotografado. O que inventei - na hora - ficou bonito e uma delícia: Uma dose da vodca Citrus, uma dose de suco de abacaxi concentrado, duas doses de água mineral com gás, gelo, hortelã picada, um pouquinho de açúcar e uma dose de licor de menta, que ficou depositado no fundo do copo alto. O nome escolhido foi "Porto da Barra", pela tonalidade amarelo-esverdeada do drinque e pela bela vista do local onde estávamos: o restaurante japonês Sato, ao lado do restaurante Pereira, próximos da famosa praia da Barra.

A sessão foi divertidíssima, pois todo mundo queria experimentar as criações. A única vez em que havia me aventurado a dar uma de modelo foi em um desfile em um shopping da cidade em que morei por um tempo, no oeste da Bahia. Tive que tomar vários goles de uísque (da garrafa que eu mesmo levei, já antevendo a vergonha de desfilar, e que foi apreciada por todos os "manequins"). A experiência foi ótima - para não repetir.

No domingo, no Parque da Cidade, o show do músico e cantor Peu Meurray, acompanhado da banda Os Pneumáticos. Meurray é o mentor do Galpão Cheio de Assunto, um espaço de eventos musicais que fica nas Sete Portas e que eu não conheço. Ando meio sem saco para o "pop baiano", acho tudo pouco interessante. Mas o show foi uma surpresa deliciosa. É um som meio funk, que passeia com tranquilidade pelo samba e por ritmos baianos, acompanhado por grandes pneus transformados em tambores. Lembrava Jorge Benjor e, em alguns momentos, o antigo grupo A Cor do Som. Meurray estava com um visual diferente: trancinhas grudadas no couro cabeludo e sem óculos, trajando um macacão cor-de-abóbora, daqueles da empresa de coleta de lixo da cidade. Diferente do visual que normalmente usa, que é uma grande cabeleira black power e óculos gigantes. O visual, a energia e a qualidade da música me lembraram Carlinhos Brown no início da carreira. Com um diferencial: Peu Meurray tem uma boa voz. Tomara que o sucesso o encontre. Talento ele tem.

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