15.1.05

Guerra de opiniões
Dirigido pelo premiado Oliver Stone (Platoon), Alexandre (Alexander, EUA, Inglaterra, Alemanha, 2004) conta a saga do famoso general da Macedônia, país vizinho da Grécia, que expandiu os seus domínios até o Oriente distante, chegando até à India. O elenco inclui Colin Farrel, Angelina Jolie, Val Kilmer e Anthony Hopkins, os dois últimos quase irreconhecíveis pela caracterização dos personagens.

Orçado em 150 milhões de dólares, o filme não vem obtendo a bilheteria esperada. Entre outros aspectos, o diretor foi acusado pela crítica especializada de abordar mais as crises existenciais e detalhes da vida privada do que as conquistas do general.

As cenas de batalhas, especialmente a dos elefantes, são bem filmadas. O resultado da produção, de quase três horas, é superior ao de Tróia, outro filme épico exibido há pouco tempo. Alexandre foi elaborado a partir da biografia do guerreiro, tem o mérito de aproximar o expectador dos fatos históricos e mostrar as artimanhas de um grande líder.

Alexandre é pouco compreendido. É um filme que incomodou, basicamente por mostrar claramente - e de forma delicada - o romance do guerreiro com um dos seus generais. O que mais se ouve no cinema são as risadinhas nervosas nas cenas em que há declarações amorosas. Parece que o público não está preparado para ter à sua frente um amor gay de forma séria e romântica ao mesmo tempo. Em ainda mais proveniente de um guerreiro. O Exército não deixa de ser um dos grandes símbolos da masculinidade. Parece difícil para o mundo ocidental perceber o que era a cultura pré-cristão, com menores restrições comportamentais. Antes de toda a culpa que a Igreja conseguiu incutir na civilização.

Quando vi Alexandre, após já ter lido algumas críticas, tive a impressão de que o filme só terá o seu valor reconhecido daqui a alguns anos. Fiquei satisfeito ao saber que o diretor teve a mesma impressão. Em entrevista à Folha de SP, Oliver Stone revela que ficou chateado com a avalanche de críticas negativas e acha que o trabalho só será compreendido no futuro.

O filme tem reconstituição histórica fabulosa. Dá curiosidade de ler o livro no qual a produção foi baseada. As cenas que retratam a Pérsia e os seus guerreiros remetem àqueles filmes antigos das mil e uma noites. A batalha dos elefantes é muito interessante. Assim como o comportamento político de Alexandre ao estimular os seus soldados para lutar e as alianças com os países conquistados. Não há como escapar da grandiloquência, mas como fazer um épico de outra forma? Achei que o diretor foi muito feliz em conjugar os conflitos íntimos e as batalhas que fizeram a expansão do império Macedônico.

Embora não seja um parâmetro muito confiável, por ora deve-se aguardar o que Mr. Oscar vai dizer.

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