Continuação
Primeiros dias de reencontros e festas. A família dela era maior. Ela tinha passado menos tempo fora do Brasil, tinha laços de amizade mais intensos. Ele tinha família menos numerosa e poucos amigos restavam em sua lista desatualizada de telefones. Mas os parentes queriam mesmo era conhecer o pequeno americano de sangue brasileiro.
Chegou a hora de procurar trabalho. A boa reserva financeira que trouxeram não duraria a vida toda. Foi aí que começou a dificuldade. Toca a procurar emprego. Não achavam nada que pagasse mais que dois salários mínimos. Uma miséria em relação ao que estavam acostumados a ganhar. Um terror. Viram a vida cair vertiginosamente de padrão. Nada mais de eletrodomésticos de última geração. As compras no supermercado ficaram caras demais. O plano de saúde estava fora do alcance.
O trabalho que ele mais gostou foi em uma escola de mergulho. Além de administrar o escritório, ele conheceu muitas pessoas e ainda tomou curso de mergulho profissional. Foi algo que iria lher servir mais do que ele poderia imaginar.
A insatisfação profissional foi crescendo. Começaram a ficar preocupados com o futuro do filho. Afinal, ele era americano, teria direito a maiores possibilidades. Quando o irmão do meio ligava de lá para conversar, a dor no peito aumentava. O arrependimento crescia vertiginosamente. Em um ímpeto decidiram voltar.
Como?
O filho era americano. Para a mãe ainda seria possível retornar, pois o visto para os Estados Unidos, apesar de difícil de ser conseguido, normalmente permite múltiplas entradas no país e tem duração longa. Ainda estava na validade. Para ele, no entanto, seria impossível.
Foi então que lembraram dos vários casos de imigrantes que entravam nos Estados Unidos ilegalmente via México. Um particularmente havia marcado a lembrança. O imigrante havia entrado nadando no país. Um barco o deixou perto da costa e o imigrante seguiu batendo braços e pernas na água. Não eram somente os cubanos que faziam isso. Talvez fosse a única solução, uma vez que as entradas terrestres estavam mais que vigiadas.
Ele resolveu então tentar do mesmo modo. Nadando. O curso de mergulho seria mais do que útil nesse momento. Ela chorou, achou que ele poderia morrer. Mas aceitou, não tinha uma outra possibilidade.
Compraram as passagens. O visto para o México ainda não era obrigatório como hoje. Ele viajou direto para lá, enquanto ela partiu para os Estados Unidos com algumas roupas e documentos dele. No México ele pagou alguns milhares de dólares para um homem que organizaria tudo.
O barco o deixou a uma distância da praia que seria impossível para alguém com pouco fôlego e sem preparo. Na praia, exausto, caminhou até encontrar o próximo vilarejo e um telefone público. Para ligar para o irmão.
- Cheguei. Estou bem. Venha me pegar.
Crônicas e comentários de Danilo Menezes. Jornalista brasileiro da Bahia, atualmente morando em Toronto, Ontario, Canada.
29.11.07
24.11.07
Roteiro turístico
Chego cansado de uma manhã de turismo. Cansado, mas satisfeito. Fui mostrar a cidade para turistas estrangeiros. Um casal de americanos. Um senhor e uma senhora bem simpáticos.
A cidade de Ilhéus tem a sorte e o privilégio de estar incluída no roteiros dos navios que cruzam a costa brasileira. Até março, final da temporada de verão, a programação prevê que mais de 40 navios, com turistas brasileiros e estrangeiros, ancorem no porto ilheense. Os visitantes ficam um dia inteiro na cidade e depois seguem viagem.
A Prefeitura tem carência de pessoas que trabalhem como intérpretes de inglês. Fui lá, ofereci meus serviços e atuei no stand turístico, dando informações sobre roteiros de visitas e transportes. Mas o meu intuito era mesmo de acompanhar os passeios, fazendo o papel de intérprete e ajudando a descrever a cidade, sua cultura, economia e locais históricos.
O casal americano, assim como vários outros grupos, recusou o city-tour oferecido por empresas de turismo e preferiu contratar um táxi para um passeio individualizado. Especificamente visita a uma fazenda de cacau. Eu segui junto.
A Fazenda Primavera fica na estrada Ilhéus-Itabuna, bela rodovia de vegetação verde-brilhante, alguns resquícios da Mata Atlântica. A fazenda foi palco da filmagem da novela Renascer, da Globo, e hoje serve de ponto turístico. Além das árvores de cacau, os turistas são apresentados aos equipamentos de processar cacau, recebem informações da produção de chocolate, provam suco de cacau. De quebra ainda visitam o museu instalado na casa-grande da fazenda, que conta a história das famílias Berbert (da qual tenho descendência distante) e Amorim.
Depois da fazenda de cacau, seguimos para uma volta pela cidade. Tive a surpresa de conferir que a capela da escola em que estudei está bem conservada e transformada em um pequeno e interessante museu. A escola tem 90 anos, foi fundada pela irmãs Ursulinas, e continua funcionando a todo vapor. Atualmente até uma faculdade funciona no local.
O navio, com bandeira de Malta, veio dos Estados Unidos. Partiu de Miami, passou pelo Caribe e aportou no Brasil via Recife. Parou em Salvador, depois Ilhéus e segue até São Paulo, onde os turistas americanos tomarão vôos para seus lares. O navio, que inicialmente achei gigantesco, tem capacidade de 800 pessoas. É um dos menores. Por aqui passam daqueles imensos que cabem até 3.000 passageiros.
Foi uma experiência muito interessante, por várias razões. Pude praticar inglês, com gente nativa, durante uma manhã inteira. Ajudei a divulgar a cidade e a atender melhor os turistas, que normalmente dependem de motoristas de taxi - que não falam nada de inglês - para fazer passeios. E ainda ganhei pelos meus préstimos. Nada mal para quem nunca havia trabalhado como guia turístico.
A cidade de Ilhéus tem a sorte e o privilégio de estar incluída no roteiros dos navios que cruzam a costa brasileira. Até março, final da temporada de verão, a programação prevê que mais de 40 navios, com turistas brasileiros e estrangeiros, ancorem no porto ilheense. Os visitantes ficam um dia inteiro na cidade e depois seguem viagem.
A Prefeitura tem carência de pessoas que trabalhem como intérpretes de inglês. Fui lá, ofereci meus serviços e atuei no stand turístico, dando informações sobre roteiros de visitas e transportes. Mas o meu intuito era mesmo de acompanhar os passeios, fazendo o papel de intérprete e ajudando a descrever a cidade, sua cultura, economia e locais históricos.
O casal americano, assim como vários outros grupos, recusou o city-tour oferecido por empresas de turismo e preferiu contratar um táxi para um passeio individualizado. Especificamente visita a uma fazenda de cacau. Eu segui junto.
A Fazenda Primavera fica na estrada Ilhéus-Itabuna, bela rodovia de vegetação verde-brilhante, alguns resquícios da Mata Atlântica. A fazenda foi palco da filmagem da novela Renascer, da Globo, e hoje serve de ponto turístico. Além das árvores de cacau, os turistas são apresentados aos equipamentos de processar cacau, recebem informações da produção de chocolate, provam suco de cacau. De quebra ainda visitam o museu instalado na casa-grande da fazenda, que conta a história das famílias Berbert (da qual tenho descendência distante) e Amorim.
Depois da fazenda de cacau, seguimos para uma volta pela cidade. Tive a surpresa de conferir que a capela da escola em que estudei está bem conservada e transformada em um pequeno e interessante museu. A escola tem 90 anos, foi fundada pela irmãs Ursulinas, e continua funcionando a todo vapor. Atualmente até uma faculdade funciona no local.
O navio, com bandeira de Malta, veio dos Estados Unidos. Partiu de Miami, passou pelo Caribe e aportou no Brasil via Recife. Parou em Salvador, depois Ilhéus e segue até São Paulo, onde os turistas americanos tomarão vôos para seus lares. O navio, que inicialmente achei gigantesco, tem capacidade de 800 pessoas. É um dos menores. Por aqui passam daqueles imensos que cabem até 3.000 passageiros.
Foi uma experiência muito interessante, por várias razões. Pude praticar inglês, com gente nativa, durante uma manhã inteira. Ajudei a divulgar a cidade e a atender melhor os turistas, que normalmente dependem de motoristas de taxi - que não falam nada de inglês - para fazer passeios. E ainda ganhei pelos meus préstimos. Nada mal para quem nunca havia trabalhado como guia turístico.
13.11.07
Ao fundo do fim. De volta ao começo
Um ciclo se inicia. Para que ele comece, no entanto, é preciso retornar a um ponto de partida. Cá estou. Vinte anos depois, retorno à minha cidade natal. Muita coisa mudou em minha vida. Há pessoas que não estão mais aqui. Eu sou uma outra pessoa. Talvez melhor. Talvez mais generoso comigo mesmo e com o mundo.
Retorno para a mesma academia de ginástica e musculação que freqüentei quando era adolescente. O prédio tem outro endereço, mas é a mesma academia. Madonna ainda está lá, animando os exercícios.
Na minha adolescência, os hits eram “Like a Virgin”, “Holliday”, “Lucky Star”. Hoje os últimos hits são “Jump”, “Get Together”, “Isaac”. Isto é, até o lançamento do próximo disco, ops, CD. Tudo gira e tudo volta à mesma coisa. Curioso foi ouvir na academia o remix de “Total Eclipse of the Heart”. Vinte anos depois essa música chatinha não desiste, continua tocando. É resistência e tanto. Essa musica era figurinha repetida em nossas festinhas adolescentes.
Nessa época ainda existiam as “músicas lentas” nas festas. Era a hora de dançar em pares e, quem sabe, ganhar um beijo. Alguns anos depois, essa prática ainda persistia. Nas boates de Salvador, onde morava alguns anos depois, existia o mesmo hábito. Depois das músicas mais agitadas, vinha a sessão das lentas. O axé e o pagode ainda não faziam parte do set list do DJ. Discotecário, disk jockey? Alguém lembra se era assim mesmo que se chamava?
Eu sempre gostei de disco music, de música para dançar. Desde “Os Embalos de Sábado à Noite”, com John Travolta. A adolescência passou, mudei de cidade, fui impregnado pela música baiana, apesar de nunca esquecer a disco music. Nos anos 80 e 90, ela acabou eclipsada pelo pop-rock inglês e nacional.
No meado da década de 90 fiquei muito curioso com o novo tipo de som que se apresentava (pelo menos para mim): a música eletrônica, o techno. Conhecia o trabalho do grupo alemão Kraftwerk, do final dos anos 80, um dos precussores, mas não era uma coisa muito dançável.
Em 97 fui à Inglaterra conferir o som bate-estaca mais de perto. O que para mim era algo relativamente novo, para os ingleses era algo consolidado. A capa da revista Time Out trazia um smile (aquela figurinha de cara redonda amarela, ou seria um comprimido de ecstasy?), comemorando 10 (!) anos do surgimento da música eletrônica. Não perdi tempo.
Cada noite fui a um lugar diferente de Londres para conhecer o som e o ambiente. O dia era quase todo para dormir. Só no quinto dia da viagem, o domingo, fui dar uma caminhada na cidade para conhecer os tradicionais pontos turísticos. Até então, o que mais havia me marcado na cidade tinha sido, ao voltar de uma festa, apreciar a noite deserta. O cais do rio Tâmisa, os prédios e monumentos, tudo bem iluminado na madrugada, revelando a beleza tranquila da Londres agitada. Como sempre acontece comigo nessas ocasiões, uma emoção profunda se instalou. Eu faço então uma espécie de agradecimento aos céus por ter a oportunidade de viajar e de estar em lugares impensáveis na minha rotina, em momentos tão especiais.
Retorno para a mesma academia de ginástica e musculação que freqüentei quando era adolescente. O prédio tem outro endereço, mas é a mesma academia. Madonna ainda está lá, animando os exercícios.
Na minha adolescência, os hits eram “Like a Virgin”, “Holliday”, “Lucky Star”. Hoje os últimos hits são “Jump”, “Get Together”, “Isaac”. Isto é, até o lançamento do próximo disco, ops, CD. Tudo gira e tudo volta à mesma coisa. Curioso foi ouvir na academia o remix de “Total Eclipse of the Heart”. Vinte anos depois essa música chatinha não desiste, continua tocando. É resistência e tanto. Essa musica era figurinha repetida em nossas festinhas adolescentes.
Nessa época ainda existiam as “músicas lentas” nas festas. Era a hora de dançar em pares e, quem sabe, ganhar um beijo. Alguns anos depois, essa prática ainda persistia. Nas boates de Salvador, onde morava alguns anos depois, existia o mesmo hábito. Depois das músicas mais agitadas, vinha a sessão das lentas. O axé e o pagode ainda não faziam parte do set list do DJ. Discotecário, disk jockey? Alguém lembra se era assim mesmo que se chamava?
Eu sempre gostei de disco music, de música para dançar. Desde “Os Embalos de Sábado à Noite”, com John Travolta. A adolescência passou, mudei de cidade, fui impregnado pela música baiana, apesar de nunca esquecer a disco music. Nos anos 80 e 90, ela acabou eclipsada pelo pop-rock inglês e nacional.
No meado da década de 90 fiquei muito curioso com o novo tipo de som que se apresentava (pelo menos para mim): a música eletrônica, o techno. Conhecia o trabalho do grupo alemão Kraftwerk, do final dos anos 80, um dos precussores, mas não era uma coisa muito dançável.
Em 97 fui à Inglaterra conferir o som bate-estaca mais de perto. O que para mim era algo relativamente novo, para os ingleses era algo consolidado. A capa da revista Time Out trazia um smile (aquela figurinha de cara redonda amarela, ou seria um comprimido de ecstasy?), comemorando 10 (!) anos do surgimento da música eletrônica. Não perdi tempo.
Cada noite fui a um lugar diferente de Londres para conhecer o som e o ambiente. O dia era quase todo para dormir. Só no quinto dia da viagem, o domingo, fui dar uma caminhada na cidade para conhecer os tradicionais pontos turísticos. Até então, o que mais havia me marcado na cidade tinha sido, ao voltar de uma festa, apreciar a noite deserta. O cais do rio Tâmisa, os prédios e monumentos, tudo bem iluminado na madrugada, revelando a beleza tranquila da Londres agitada. Como sempre acontece comigo nessas ocasiões, uma emoção profunda se instalou. Eu faço então uma espécie de agradecimento aos céus por ter a oportunidade de viajar e de estar em lugares impensáveis na minha rotina, em momentos tão especiais.
10.11.07
O que me espera
Um amigo que mora no Canadá, em Toronto, me informa via Msn que as primeiras neves já caíram em pontos nos arredores da cidade. Ué, mas o inverno não começa formalmente só no dia 21 de dezembro? Normalmente sim, mas no Canadá o inverno dura 5 meses! Tô frito!
O lado bom é que nada pára por causa disso. O meu amigo que informa que, com frio ou sem frio, ele estaria saindo para uma festa que vai rolar com os melhores DJs do país.
O lado bom é que nada pára por causa disso. O meu amigo que informa que, com frio ou sem frio, ele estaria saindo para uma festa que vai rolar com os melhores DJs do país.
9.11.07
Aluguel e dor-de-cabeça
Depois de três meses vazio, finalmente consigo alugar o meu apartamento quarto-e-sala, que fica em Salvador, na Barra. O último inquilino saiu em no final de julho. Eu ainda estava no Canadá. A imobiliária fez a burrice de não me comunicar via e-mail, para que eu autorizasse uma nova contratação. Eles alegaram que haviam tentado me contactar via telefone. É claro que não me acharam. Nem fizeram o esforço de mandar uma correspondência escrita. Eu já tinha atualizado o meu endereço e havia feito isso via e-mail! Ainda tem empresa na qual os funcionários não sabem utilizar correio eletrônico.
No final de agosto, eu me dei conta da falta do pagamento, liguei para a imobiliária e fui informado. Fiquei puto, mas fazer o que, autorizei a busca de novo inquilino. O tempo foi passando e nada de gente interessada. Enquanto isso, eu tinha que pagar condomínio, taxas extras e IPTU.
Há algumas semanas viajei e fui conferir se havia algum problema com o apartamento. É claro que havia. Depois de 2 anos e meio de aluguel, sempre há alguma coisa para fazer. Deixei uma lista na imobiliária com tudo que precisava ser feito. Mas vi que seria preciso mais do que isso para atrair gente nova.
Então tive que gastar uma grana para dar uma melhorada. Comprei espelho novo para o banheiro. Coloquei novas esquadrias de alumínio na sala e no quarto. Reformei uma parede do banheiro, quebrei o azulejo antigo e pintei de tinta esmalte branca. Fiz uma operação tapa-buraco no mármore Bege Bahia da pia do banheiro. Para completar, quase tudo pronto, na hora de verificar uma suspeita de vazamento na parede do quarto, tive uma surpresa chata. Havia praticamente um córrego que vinha do andar superior. Lá fui eu convencer o morador a verificar o vazamento.
O apartamento de cima é alugado por temporada. A dona mora em São Paulo e atualmente está na Europa. Que dificuldade. Quem administra o imóvel é uma argentina que mora no prédio, no apartamento que fica dois andares acima do meu. Ela foi simpática e, por sorte, a pessoa que estava ocupando o imóvel por temporada era um espanhol que não se incomodou de abrir a porta para nos atender.
Resultado, o vazamento era em uma tubulação do prédio. Felizmente a síndica também foi muito solícita e resolveu tudo. Inclusive refez a pintura da parede e do armário. Eu estava lá todo o tempo, de olho, conferindo que os trabalhos caminhassem. Tive que estender a minha estadia em Salvador para resolver as coisas. Pelo menos tudo foi feito.
A boa notícia é que um novo contrato de locação já foi assinado. É aquela velha história, o dono tem que estar por perto para que as coisas andem. Essa grana será fundamental para pagar as minhas despesas quando voltar para o Canadá.
No final de agosto, eu me dei conta da falta do pagamento, liguei para a imobiliária e fui informado. Fiquei puto, mas fazer o que, autorizei a busca de novo inquilino. O tempo foi passando e nada de gente interessada. Enquanto isso, eu tinha que pagar condomínio, taxas extras e IPTU.
Há algumas semanas viajei e fui conferir se havia algum problema com o apartamento. É claro que havia. Depois de 2 anos e meio de aluguel, sempre há alguma coisa para fazer. Deixei uma lista na imobiliária com tudo que precisava ser feito. Mas vi que seria preciso mais do que isso para atrair gente nova.
Então tive que gastar uma grana para dar uma melhorada. Comprei espelho novo para o banheiro. Coloquei novas esquadrias de alumínio na sala e no quarto. Reformei uma parede do banheiro, quebrei o azulejo antigo e pintei de tinta esmalte branca. Fiz uma operação tapa-buraco no mármore Bege Bahia da pia do banheiro. Para completar, quase tudo pronto, na hora de verificar uma suspeita de vazamento na parede do quarto, tive uma surpresa chata. Havia praticamente um córrego que vinha do andar superior. Lá fui eu convencer o morador a verificar o vazamento.
O apartamento de cima é alugado por temporada. A dona mora em São Paulo e atualmente está na Europa. Que dificuldade. Quem administra o imóvel é uma argentina que mora no prédio, no apartamento que fica dois andares acima do meu. Ela foi simpática e, por sorte, a pessoa que estava ocupando o imóvel por temporada era um espanhol que não se incomodou de abrir a porta para nos atender.
Resultado, o vazamento era em uma tubulação do prédio. Felizmente a síndica também foi muito solícita e resolveu tudo. Inclusive refez a pintura da parede e do armário. Eu estava lá todo o tempo, de olho, conferindo que os trabalhos caminhassem. Tive que estender a minha estadia em Salvador para resolver as coisas. Pelo menos tudo foi feito.
A boa notícia é que um novo contrato de locação já foi assinado. É aquela velha história, o dono tem que estar por perto para que as coisas andem. Essa grana será fundamental para pagar as minhas despesas quando voltar para o Canadá.
6.11.07
Luz do sol
Voltei para a academia. Não a científica, a da malhação mesmo. Vou ver se ainda dá tempo de recuperar o corpitcho até o verão - que na realidade já está instalado. Até que não estou fora de forma. Alguns minutos de bicicleta ergométrica em casa estavam ajudando a segurar as calorias dentro do limite. Ontem, o primeiro dia de exercícios foi sem muitas dificuldades. Hoje estou sentindo o esforço feito nos músculos dos braços. As pernas não sentem dores, estavam mais acostumadas.
O sol traz um brilho especial para a cidade. Os turistas dão as caras. Assim como Salvador, Ilhéus também atrai muitos turistas. Menos estrangeiros, mais gente que vem de Minas, Goias, Brasília e Espírito Santo.
Por falar em estrangeiros e luz do sol, li uma crônica interessante no jornal "La Presse" (www.cyberpresse.ca), de Montréal, na qual o cronista reclamava que estava se sentindo muito cansado e com sono. É outono no Canadá, o frio já chegou e a luz do dia vai diminuindo.
Nos comentários, os leitores, preocupados com os sintomas de depressão, recomendam que o jornalista faça desde exercícios até a utilização de "photothérapie (ou luminothérapie)". Um deles faz uma recomendação ainda mais interessante. O jornalista deverá usar sandálias amarelas (de preferência Havaianas - isso mesmo, havaianas!). Para quando o olhar deixar a linha do horizonte e for baixando, irá encontrar de supetão uma sandália amarela brilhante. O ânimo será então prontamente recuperado. O leitor ainda diz que pode parecer esnobe da parte dele, mas é melhor que o jornalista utilize as havaianas. Ou seja, é chique usar havaianas.
Outro conselho do mesmo leitor era pedir a um amigo para dar um chute nas canelas. Assim o jornalista não iria conseguir dormir. Humor canadense, sem muita graça.
O que eu achei mais engraçado é que, há algumas semanas, eu comprei exatamente um par de havaianas amarelas para levar para o Canadá. Daquelas bem nacionalistas, nas cores do país, amarelona com três linhas finas (nas cores azul, branca e verde) entre as borrachas do solado. E com bandeirinha do Brasil presa na tira verde, igual à da foto. Espero com isso ficar preparado para o outono canadense. Humor brasileiro, sem graça nenhuma.
Eis a transcrição do recado, para não parecer invenção.
"Achètes-toi des gougounes jaunes (je voudrais pas passer pour un snob, mais je pense que ça fonctionne mieux avec de Havaianas). Quand ton regard va quitter la ligne d’horizon, il va descendre tranquilement et PAF!!! va frapper du jaune flashant et tu vas revenir instantanément à tes esprits.
Un autre truc, un peu plus radical celui-là, est de demander à un ami de te donner un bon coup de pied dans les schnoles. Difficile de se rendormir après ça.
Si t’as d’autres problèmes à régler, n’hésite pas! On a des solutions!"
O sol traz um brilho especial para a cidade. Os turistas dão as caras. Assim como Salvador, Ilhéus também atrai muitos turistas. Menos estrangeiros, mais gente que vem de Minas, Goias, Brasília e Espírito Santo.
Por falar em estrangeiros e luz do sol, li uma crônica interessante no jornal "La Presse" (www.cyberpresse.ca), de Montréal, na qual o cronista reclamava que estava se sentindo muito cansado e com sono. É outono no Canadá, o frio já chegou e a luz do dia vai diminuindo.
Nos comentários, os leitores, preocupados com os sintomas de depressão, recomendam que o jornalista faça desde exercícios até a utilização de "photothérapie (ou luminothérapie)". Um deles faz uma recomendação ainda mais interessante. O jornalista deverá usar sandálias amarelas (de preferência Havaianas - isso mesmo, havaianas!). Para quando o olhar deixar a linha do horizonte e for baixando, irá encontrar de supetão uma sandália amarela brilhante. O ânimo será então prontamente recuperado. O leitor ainda diz que pode parecer esnobe da parte dele, mas é melhor que o jornalista utilize as havaianas. Ou seja, é chique usar havaianas.
Outro conselho do mesmo leitor era pedir a um amigo para dar um chute nas canelas. Assim o jornalista não iria conseguir dormir. Humor canadense, sem muita graça.
O que eu achei mais engraçado é que, há algumas semanas, eu comprei exatamente um par de havaianas amarelas para levar para o Canadá. Daquelas bem nacionalistas, nas cores do país, amarelona com três linhas finas (nas cores azul, branca e verde) entre as borrachas do solado. E com bandeirinha do Brasil presa na tira verde, igual à da foto. Espero com isso ficar preparado para o outono canadense. Humor brasileiro, sem graça nenhuma.
Eis a transcrição do recado, para não parecer invenção.
"Achètes-toi des gougounes jaunes (je voudrais pas passer pour un snob, mais je pense que ça fonctionne mieux avec de Havaianas). Quand ton regard va quitter la ligne d’horizon, il va descendre tranquilement et PAF!!! va frapper du jaune flashant et tu vas revenir instantanément à tes esprits.
Un autre truc, un peu plus radical celui-là, est de demander à un ami de te donner un bon coup de pied dans les schnoles. Difficile de se rendormir après ça.
Si t’as d’autres problèmes à régler, n’hésite pas! On a des solutions!"
Casas e ruas
Visitei a Casa de Jorge Amado, aqui em Ilhéus, onde ele viveu a infância e adolescência e escreveu "O País do Carnaval". O acervo é pequeno, pois a maior parte das coisas está em Salvador, com a família, e na Casa de Jorge Amado, no Pelourinho. Mesmo assim vale a pena dar uma olhadinha. O escritor esteve na inauguração do museu ilheense, ocorrida há uns 10 anos.
O primeiro nome da rua em que moro era Jorge Amado. Depois que a Prefeitura organizou o Quarteirão Cultural, no centro da cidade, a minha rua precisou trocar de nome. Virou rua Vinte e Oito de Junho, que é a data de aniversário de Ilhéus. A rua Jorge Amado agora fica no centro da cidade. É a rua onde está a Casa de Jorge Amado.
Preciso ler urgente Gabriela Cravo e Canela. Li pouca coisa de Jorge Amado.
O primeiro nome da rua em que moro era Jorge Amado. Depois que a Prefeitura organizou o Quarteirão Cultural, no centro da cidade, a minha rua precisou trocar de nome. Virou rua Vinte e Oito de Junho, que é a data de aniversário de Ilhéus. A rua Jorge Amado agora fica no centro da cidade. É a rua onde está a Casa de Jorge Amado.
Preciso ler urgente Gabriela Cravo e Canela. Li pouca coisa de Jorge Amado.