13.11.07

Ao fundo do fim. De volta ao começo

Um ciclo se inicia. Para que ele comece, no entanto, é preciso retornar a um ponto de partida. Cá estou. Vinte anos depois, retorno à minha cidade natal. Muita coisa mudou em minha vida. Há pessoas que não estão mais aqui. Eu sou uma outra pessoa. Talvez melhor. Talvez mais generoso comigo mesmo e com o mundo.

Retorno para a mesma academia de ginástica e musculação que freqüentei quando era adolescente. O prédio tem outro endereço, mas é a mesma academia. Madonna ainda está lá, animando os exercícios.

Na minha adolescência, os hits eram “Like a Virgin”, “Holliday”, “Lucky Star”. Hoje os últimos hits são “Jump”, “Get Together”, “Isaac”. Isto é, até o lançamento do próximo disco, ops, CD. Tudo gira e tudo volta à mesma coisa. Curioso foi ouvir na academia o remix de “Total Eclipse of the Heart”. Vinte anos depois essa música chatinha não desiste, continua tocando. É resistência e tanto. Essa musica era figurinha repetida em nossas festinhas adolescentes.

Nessa época ainda existiam as “músicas lentas” nas festas. Era a hora de dançar em pares e, quem sabe, ganhar um beijo. Alguns anos depois, essa prática ainda persistia. Nas boates de Salvador, onde morava alguns anos depois, existia o mesmo hábito. Depois das músicas mais agitadas, vinha a sessão das lentas. O axé e o pagode ainda não faziam parte do set list do DJ. Discotecário, disk jockey? Alguém lembra se era assim mesmo que se chamava?

Eu sempre gostei de disco music, de música para dançar. Desde “Os Embalos de Sábado à Noite”, com John Travolta. A adolescência passou, mudei de cidade, fui impregnado pela música baiana, apesar de nunca esquecer a disco music. Nos anos 80 e 90, ela acabou eclipsada pelo pop-rock inglês e nacional.

No meado da década de 90 fiquei muito curioso com o novo tipo de som que se apresentava (pelo menos para mim): a música eletrônica, o techno. Conhecia o trabalho do grupo alemão Kraftwerk, do final dos anos 80, um dos precussores, mas não era uma coisa muito dançável.

Em 97 fui à Inglaterra conferir o som bate-estaca mais de perto. O que para mim era algo relativamente novo, para os ingleses era algo consolidado. A capa da revista Time Out trazia um smile (aquela figurinha de cara redonda amarela, ou seria um comprimido de ecstasy?), comemorando 10 (!) anos do surgimento da música eletrônica. Não perdi tempo.

Cada noite fui a um lugar diferente de Londres para conhecer o som e o ambiente. O dia era quase todo para dormir. Só no quinto dia da viagem, o domingo, fui dar uma caminhada na cidade para conhecer os tradicionais pontos turísticos. Até então, o que mais havia me marcado na cidade tinha sido, ao voltar de uma festa, apreciar a noite deserta. O cais do rio Tâmisa, os prédios e monumentos, tudo bem iluminado na madrugada, revelando a beleza tranquila da Londres agitada. Como sempre acontece comigo nessas ocasiões, uma emoção profunda se instalou. Eu faço então uma espécie de agradecimento aos céus por ter a oportunidade de viajar e de estar em lugares impensáveis na minha rotina, em momentos tão especiais.

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