Na volta da viagem ao Uruguai, trouxe alguns vinhos na mochila. Entusiasmado pela ótima qualidade a preços acessíveis, trouxe o que consegui encaixar na bagagem de mão. Ficou pesado...
Desde que cheguei, dei uma garrafa de presente e tomei outras duas. Restam poucas que ando com uma pena danada de abrir. Dois tintos, um Cabernet Sauvignon e um Tannat. Esta última é a uva típica do Uruguai, também produzida no Rio Grande do Sul. Enquanto na Argentina a uva Malbec virou símbolo nacional, na região cisplatina a Tannat é a mais representativa.Quando será - se é que este dia chegará - que o Brasil terá a sua uva-símbolo? Eleger uma determinada espécie e aperfeiçoá-la foi uma jogada muito interessante. Malbec e Tannat eram uvas que não produziam vinhos lá muito atrativos na Europa. Nas condições sul-americanas os resultados são muito bons, especialmente na Argentina, em altitudes elevadas. No fundo (da taça?), foi uma estratégia de marketing para fazer concorrência aos importados, que pelo simples fato de serem produzidos em regiões delimitadas, tal como Bordeaux e Borgonha, na França, adquirem credibilidade quase imediata.
Mas o Brasil vem aos poucos conquistando o seu espaço. E o interessante é que sempre aparecem os palpiteiros de última hora querendo provar o contrário. A revista Veja fez uma reportagem dizendo, com todas as letras e infográficos, que só se consegue fazer um bom vinho abaixo do paralelo 30. Em solo brasileiro, isso significa a região ao sul de Porto Alegre, excluindo a tradicional serra gaúcha e municípios produtores como Bento Gonçalves, por exemplo.
Aí vem o melhor. Pouco tempo depois, o Brasil foi selecionado entre vários países para uma exportação recorde de vinhos com destino a supermercados franceses. E sabe onde são produzidos? No Nordeste, na região do São Francisco. Aproximando-se do paralelo 10. Os vinhos Miolo Terranova, nas variedades Shiraz e uma outra uva que não lembro, desses mesmos que a gente encontra em nossos supermercados, agora estão também disponíveis para os franceses. Isso não saiu na Veja, ficou restrito aos jornais locais, infelizmente.
É, de tanto falar de vinho, fiquei com vontade de tomar. Vou abrir um. Volto já.

Tudo igual em qualquer lugar
O filme de Godard é puro discurso. As imagens e o enredo talvez fiquem em segundo plano, em relação aos questionamentos que ali são colocados. Deve ser apreciado com muita concentração, para tentar absorver o máximo possível das idéias. E essa é uma dificuldade, pois a grande quantidade de informações estimula o raciocínio a fazer inúmeras associações e voar longe. Há a necessidade de esforço mental para acompanhar os dois planos: o enredo e os questionamentos filosóficos ali contidos. Apesar do ritmo lento de imagens, a velocidade de idéias é grande. Não dá para cochilar.
Todos os filmes tristemente exibem circunstâncias dolorosas e violentas, parecidas em qualquer lugar, não importa o continente. Fico aliviado em perceber que no Brasil vivemos em um tempo sem ditaduras e sem guerras. Ao menos declaradas.
Comédia Musical
Kung Fu em cores fortes
Má ingestão