Tudo igual em qualquer lugar
Tenho visto vários filmes. Estou tirando o atraso da viagem, quando praticamente não fui ao cinema.
Bons longas latinos em cartaz, produzidos nos próprios países latino-americanos ou com historias que se passam neles. Vi o chileno Machuca, que se passa no período ligeiramente anterior à ditadura; o colombiano (e americano) Maria Cheia de Graça, sobre o tráfico de drogas pelas mulas, aquelas pessoas que engolem pequenos pacotes de cocaína para passar pela alfândega; e o mexicano Vozes Inocentes, que se passa em El Salvador.
Em todos, as realidades são parecidas. Diferencas sociais, pobreza e conflitos urbanos. Dramas sociais. Dificil escolher o melhor dos três. Machuca e Vozes Inocentes são mais que informativos, são aulas de história. Maria Cheia de Graça é atual, ousado e tenso.
Mas os conflitos e os atrasos não se restringem à América. Em Nossa Musica (Notre Musique), de Godard, tem-se Sarajevo, a 500 km de Roma, sofrendo as dores da guerra pela qual passou.
O filme de Godard é puro discurso. As imagens e o enredo talvez fiquem em segundo plano, em relação aos questionamentos que ali são colocados. Deve ser apreciado com muita concentração, para tentar absorver o máximo possível das idéias. E essa é uma dificuldade, pois a grande quantidade de informações estimula o raciocínio a fazer inúmeras associações e voar longe. Há a necessidade de esforço mental para acompanhar os dois planos: o enredo e os questionamentos filosóficos ali contidos. Apesar do ritmo lento de imagens, a velocidade de idéias é grande. Não dá para cochilar.
Todos os filmes tristemente exibem circunstâncias dolorosas e violentas, parecidas em qualquer lugar, não importa o continente. Fico aliviado em perceber que no Brasil vivemos em um tempo sem ditaduras e sem guerras. Ao menos declaradas.
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