Exercícios e saldo de gordura
Houve uma época em que eu gostava de me exercitar. Musculação na academia, natação, ciclismo. Gostava de andar de bicicleta quando morava no interior e o tráfego de veículos não me assustava. A natação era consequente: ia pedalando ao clube. Na capital, o exercício ficava circunscrito a locais fechados: as badaladas (ou nem tanto) academias de ginástica e musculação.
O tempo caminhou e Saturno me pegou de jeito. Passou inclemente por Gêmeos e me conduziu a milhares de questionamentos profissionais. Decido voltar a estudar e encarar mais quatro anos de Faculdade. Que dureza. De resultados positivos, consegui novas amizades, novas atividades, novos conhecimentos e percepções. O tempo livre encurtou e eu desaprendi a gostar de me exercitar. Passei a me contentar com algumas parcas caminhadas na orla, no Porto da Barra (quando estava na Graça), em Amaralina ou no Jardim de Alá.
Somente quando o uso do computador faz os músculos doerem, é que me lembro de fazer os alongamentos que me trazem tanto bem-estar. A bicicleta ergométrica fica parada em um canto da sala (ela não cabe no quarto!) e parece ter o fim inexorável de todas as bicicletas ergométricas dentro de casas apertadas: virar cabide, onde as roupas teimam em se amontoar.
São tanto livros para ler, tantos filmes e peças para assistir e tantas palavras a escrever - que vão pingando aos poucos e precisam de um recipiente constante para apará-las. Fiquei mesquinho com a energia e o tempo que me sobram. Recuso-me a sair de casa para ir à academia. Para manter o peso, o jeito está sendo apelar para o regime. Virei marmiteiro. Levo a minha pequena porção para o trabalho, esquento no micro-ondas corporativo, onde outros comensais se acotovelam, e ainda economizo grana. Ao contrário do meu saldo financeiro, o saldo adiposo das férias veio muito positivo. Mas já está sumindo.
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