11.12.05

Na praia, com reclamações

Ainda há tempo para ir à praia em Salvador com certo sossego, sem engarrafamentos monstruosos. A temporada da porteira aberta para os visitantes ainda não começou. Os turistas estão fazendo as compras de Natal e esperando para passar as festas de final de ano com as famílias. Depois, é salve-se quem puder.

Não se consegue estacionar, não se consegue um lugar para sentar. "Não há mesas disponíveis". Preços altos. Como se não bastasse, há um fenômeno acontecendo em Salvador. De tanto vir passear na cidade, os argentinos resolveram se tornar donos de bares. Sei de pelo menos uns três que pertencem aos vizinhos. Não tenho nada contra eles, mas, exatamente em uma das minhas poucas idas à praia, um incidente bobo, mas chato, aconteceu justamente em uma barraca gerenciada por argentinos.

A cobrança indevida de uma cerveja a mais. Só isso. Foram pedidas duas cervejas e cobradas três. Na barraca Aquarela Beach, no final da badalada praia de Stella Maris. O que me chamou a atenção não foi nem a cobrança indevida, mas o modo incisivo como o garçom (se é que aquilo era garçom, estava mais para fugitivo da Febem) afirmou o consumo, e pelo modo como o gerente (argentino, argh!) pareceu conivente com o argumento do garçom. Tudo porque havíamos mudado de mesa. Mas o pedido havia sido transferido de uma para a outra. Ora, duas cervejas não deixam ninguém tonto o suficiente para esquecer como se conta. De nada adiantou mostrar as duas garrafas vazias que jaziam debaixo da mesa.

O gerente me mostrou as comandas. Havia o pedido das três. Mas como garantir a veracidade? Ele perguntou se era a primeira vez que eu frequentava o local. Eu disse que sim e que provavelmente ia ser a última. Ele se mostrou atento, ofereceu até uma sobremesa da casa para levar, o que prontamente recusei.

Tive a impressão de que foi esperteza do garçom ou, pelo modo como se comunicaram, há um acordo para situações desse tipo. Eles pareciam dizer que o cliente nunca tem razão. Quis acreditar que se a gerência fosse brasileira, o tratamento seria melhor. O que também não é nenhuma certeza.

Evite aquela barraca. Se fazem isso com clientes que pedem duas cervejas, imagine com grupos grandes de beberrões. Os argentinos devem ser acostumados com os seus compatriotas, famosos pelo mau comportamento como turistas. Os corretores de imóveis bem sabem. Alugar apartamentos ou casas para temporada a grupos de argentinos é a certeza dos consertos que vão precisar ser feitos depois.

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