28.4.06

Mais gente

Ele chegou ainda bebê, com passos titubeantes amparando novas descobertas. O amarelo dos olhos compartilha a cor do tom mais escuro do pêlo. As patas brancas formam luvas compridas, que se emendam com a barriga recoberta de pêlos cor de neve. Sempre alvos, como só os gatos conseguem manter, com o providencial auxílio dos banhos de língua.

Logo no início ele despertou o ciúme dos outros. Miados se tornaram quase rugidos dos donos da casa. O pequeno, com a inocência das crianças, parecia imune às hostilidades. Nada abalava o seu apetite, entregava-se ágil à comida oferecida. Alguns dias depois, uma surpresa. A gata o adotou. Saudosa da ninhada que foi distanciada dela, recolheu o novato e passou ao chamego total. Ele não é filho, mas é neto. Filhote de uma das gatas da ninhada do ano passado.

Ao observar com mais cuidado, notei que o filhote passou a recorrer com freqüência às tetas da avó castrada e gorda. Curioso, fui checar. Incrivelmente havia leite. Em minha ignorância, eu imaginava que uma gata castrada fosse incapaz de produzir alimento para filhotes.

O veterinário me esclareceu a situação. Assim como nos humanos, o leite não é produzido pelo ovário, mas por outra glândula, se não me engano a hipófise, localizada no cérebro. E o que causa a produção do leite é o estímulo da sucção do filhote. Fiquei sabendo também que no reino animal até os machos podem produzí-lo.

O filhote agora está gordinho e grande. E ainda vai buscar a teta para mamar. A natureza é mais sábia que a gente pensa.

Ah, o nome dele é Cuca Lilico. Acredite.

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