30.11.03

Assisti a um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos: O Albergue Espanhol. Filme francês, fala sobre um grupo de estudantes de diferentes nacionalidades, que participam de um programa de pós-graduação na Espanha, mais precisamente em Barcelona. Estudo, vida noturna, amores, dificuldades, amadurecimento. Acho que me identifiquei muito com tudo aquilo.

O protagonista, Xavier, é um francês que passa a dividir um apartamento com uma inglesa, uma espanhola, um italiano, um alemão e um dinamarquês. Para entrar na turma, ele se submete a uma entrevista. Ao se deparar com várias perguntas desconexas, ele pensa: "Tenho tudo a ver com isso. É como se eu tivesse dentro de mim todas essas diferenças e contradições que eles vivem".

De certa forma, o filme tem um tom positivo. Vê com bons olhos a união das várias nacionalidades européias. O exemplo mais claro disso é quando todo se unem para avisar à inglesa que o namorado dela estava chegando de viagem. Enquanto ela se divertia nos braços de um americano.

Outra passagem bacana, que me emocionou, é quando o protagonista retorna ao seu país de origem, após a conclusão do curso, e depara-se com o seu primeiro emprego. Em um lugar conservador e junto a pessoas com caras de terrivelmente burocráticas. Daí a sua ânsia pela liberdade. Em casa, ele então olha para uma foto, quando era criança, e pensa: "Todo o meu compromisso eh com o que você pensava e queria fazer". Genial.




27.11.03

"A era do escândalo: lições, relatos e bastidores de quem viveu as grandes crises de imagem" é o livro lançado pelo jornalista Mauro Rosa, consultor de imagem, ex-editor da revista Veja e ganhador do Prêmio Esso de jornalismo em 91 e 92.

Analisando ocorrências que geraram arranhões para a imagem de empresas e de profissionais, o livro detalha os procedimentos que foram tomados nessas situações. Os caso relatados são: a queda do voo 402 da TAM, o caso Cacciola, a agonia pública de Covas, os bastidores do apagão, o caso EJ, o drama da atriz Glória Pires, a crise da Telefonica, o afundamento da plataforma P-36, o caso Telemar e o caso Alceni Guerra.

O autor lista pelo menos dez tipos de crises que podem ocorrer: de origem criminosa, de natureza econômica, de informação, desastres industriais, desastres naturais, falhas em equipamentos e construções, de natureza legal, de relações humanas, de risco de vida e regulatórias. Além da ocorrência simultânea de multiplas crises.

O jornalista aborda a importância de se ter um plano de gerenciamento de crises de imagem nas empresas. Para Mauro Rosa, a palavra chave é prevenção. Adotar uma atitude preventiva significa, na prática, "mapear as dificuldades que poderão surgir e definir soluções quando a cabeça não está quente, nem a pressão insuportável".

Publicado no Super Fatos

23.11.03

Acabei preparando uma parte dos camarões de acordo com a receita aí abaixo. Isto é, até a metade do procedimento, pois não flambei. Mesmo assim, o resultado saiu muito bom.

CAMARÃO À PROVENÇAL
INGREDIENTES
(4 pessoas)

Por Olivier Anquier

INGREDIENTES
20 camarões grandes com casca
100 g de manteiga
50 ml de óleo de oliva
2 dentes de alho bem picados
3 colheres (sopa) de herbes de
Provence (mistura de tomilho, alecrim, louro, manjericão)
1 cálice de Pastis (aperitivo em infusão de álcool, perfumado com ervas, alcaçuz e anis)
3 colheres (sopa) de salsinha crespa picada
3 colheres (sopa) de ciboulette picada
Sal e pimenta-do-reino a gosto

PREPARO
Lave bem os camarões. Leve uma frigideira ao fogo. Quando estiver quente, derreta a manteiga com o óleo de oliva. Jogue os camarões e deixe-os dourar em fogo médio, por cerca de 3 minutos de cada lado. Tempere com sal, pimenta e junte o alho. Acrescente as herbes de Provence e deixe de 2 a 3 minutos no fogo.
Coloque o Pastis e flambe. Por último, polvilhe a salsinha e a ciboulette sobre os camarões. Sirva imediatamente.


22.11.03

Neste exato momento, estou ouvindo (não estou vendo, estou no quarto ao lado) o DVD de um show de Donna Summer. Uma viagem no tempo. Como aquelas melodias me marcaram! Às vezes tenho a impressão que a música POP aportou nos anos 70 e 80, e de lá não saiu mais. Gosto muito de música eletrônica, mas acho que a canção, para ficar na memória afetiva, tem que passar pelo vocal de um bom cantor ou cantora. Os ritmos eletrônicos dificilmente marcam o coração, mais do que por um ou dois minutos.


Comprei 3 quilos de camarões frescos para preparar alguma coisa. Ah, nunca mais faço isso. Que trabalho limpar e descascar! Nem consegui terminar de tirar as cascas. Só tirei as cabeças. Estou pensando no que vou fazer com os bichinhos.

Um amigo meu, que agora mora nos Estados Unidos, costumava preparar os camarões com as cascas, sem as cabeças. Ficava saboroso. Ele trabalhou um tempo em um restaurante na Inglaterra. Dizia que era desse modo que eles refogavam o camarão, para manter o sabor. Bom, isso tem lá a sua coerência, mas os ingleses não são, realmente, uma boa referência para práticas culinárias.

20.11.03

Peixe com cogumelos
Passando pelo Shopping Barra, fui jantar no Bonaparte. O restaurante é uma espécie de fast-food de pratos da "cozinha francesa". Experimentei o Peixe ao Sena (era esse mesmo o nome?). Bom, primeiro perguntei qual o peixe servido, a atendente não soube responder. Até que outra pessoa informou que era pescada amarela.

No Bonaparte, o cliente tem direito a escolher até três acompanhamentos. Pedi batatas noisette, espécie de bolinhos fritos de batata, sempre deliciosas; arroz Piemontese, que mais parecia um risoto de queijo; e purê de batatas, muito bom.

O filé de pescada estava salteado no azeite de oliva (pelo menos era o que dizia o cardápio), com molho de camarões (pequenos), alcaparras e um monte de cogumelos fatiados. O resultado estava bom. Talvez um pouco de gordura em excesso. O melhor é que o prato é enoooorme. Quase não consegui comer tudo. Por R$12,90, achei bem razoável.

Alguém aí sabe o que fazer com um jornalista recém-formado em busca de novos rumos?

18.11.03

Matrix
Cinema Comentado

Matrix Revolutions, o terceiro e último capítulo da trilogia Matrix, está em cartaz nos cinemas de Salvador. Mais uma vez, efeitos especiais ajudam a compor o cenário da influência danosa e quase total das máquinas sobre os seres humanos, em um futuro talvez não muito distante.

O foco do filme é a batalha final empreendida entre homens e máquinas. Os heróis, encabeçados por Neo (Keanu Reeves), lutam pela sobrevivência humana. A parte mais longa - e vazia - é o meio da narrativa, basicamente a batalha, cheia de efeitos especiais.

Os irmãos Wachowski, produtores e diretores, não conseguiram mais repetir o belo resultado do primeiro filme da série, cheio de inovações visuais e citações filosóficas, o que o tornou Matrix um trabalho cultuado. Desta vez, até a Igreja Católica reclamou, criticando uma cena em que há certa relembrança do momento da crucificação.

17.11.03

Organizei uma mini confraternização aqui no trabalho para comemorar a conclusão do curso. Foi ótima. A torta integral de goiaba, feita por Johnny, do restaurante Health Valley, fez sucesso!

15.11.03

Para dar água na boca: o salmão que comi era parecido com esse aí.
Fui jantar no Prestige, com um grupo de amigos, para comemorar a apresentação do trabalho e a conclusão do curso. De entrada, pedi queijo de cabra aquecido ao mel e servido com torradas e salada de rúcula. O prato principal foi salmão com molho de queijo roquefort, legumes e batatas sautée. Estava tudo uma delícia.

O Prestige tinha antes o nome Bernard Prestige. Em 2002, foi eleito o melhor restaurante francês da cidade, pelo Guia Veja Salvador. Fica em Ondina, no flat Pier Sul. O ambiente é agradável, lembra um bistrô, tem um clima informal.

De vez em quando, muito de vez em quando, dá para fazer uma comemoração dessas. É uma data especial, valeu a pena.

14.11.03

Uhuuuu! Apresentei o meu trabalho de conclusão de curso. Foi super-bem-avaliado! Yeah! De quebra, ainda fui convidado a participar do rallye do dendê. Agora é só fazer o roteiro de comemorações!

13.11.03

A estréia de Lágrimas Amargas foi adiada para o dia 04 de dezembro. Algumas das observações feitas pela turma da oficina de criação já foram incorporadas ao texto.

Para os ensaios, o figurinista Cao Albuquerque bolou modelos semelhantes aos que serão usados no espetáculo, só que em tecidos mais simples. Imaginem a qualidade do que haverá na estréia!

Todos os participantes estão loucos para assistir os ensaios. Mas as atrizes não querem. Pelo menos por enquanto.

Matrix Revolutions

O Vaticano criticou duramente o filme "The Matrix Revolutions", afirmando que a saga oferece "uma comercialização superficial das idéias e símbolos cristãos". Segundo a Radio Vaticano, o herói Neo "luta pela salvação da raça humana através da luta e do sangue em duelos violentos ao estilo oriental, não através do heroísmo das Bem-aventuranças". Ainda afirma que o filme apropria-se das tradições cristãs da maneira "mais baixa" e usa-as na direção oposta do original, somente "para as comercializar".

E aí? Ainda não vi o filme. O comentário ajudou a atiçar a minha curiosidade.

11.11.03

O Casseta e Planeta lançou hoje um produto genial: o Home Sweet HomeBanking Tabajara, que serve para suprir a carência daqueles idosos que não precisam mais ficar indo nas agências bancárias, porque agora podem fazer tudo via internet. O problema fica resolvido: o Banco vai até a casa da pessoa. Hilário. É isso mesmo que acontece. Uma boa parte dos clientes que vai a uma agência é composta de idosos, aposentados, com tempo livre.
Lágrimas amargas de Petra von Kant
Lágrimas amargas de Petra von Kant

8.11.03

Ere - Eterno Retorno

Sejam persistentes e leiam até o final.
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Um bom trabalho de corpo, unido à ótima dicção e voz bem modulada do ator Fábio Vidal (Seu Bonfim, Divinas Palavras), é o que há de mais marcante no monólogo Erê - Eterno Retorno, em cartaz no Theatro XVIII, no Pelourinho.

O espetáculo é um dos resultados do Projeto Solos do Brasil, que teve coordenação artística de Denise Stoklos, criadora do Teatro Essencial, baseado na performance do ator e na economia cênica, na simplicidade. Direção, concepção e figurino são do próprio Fábio Vidal.

O título do espetáculo aproveita as iniciais do Eterno Retorno, paradigma de Friedrich Nietzche, para fazer a aproximação com o Erê, entidade mitológica que brinca, pirraça, é infantil. É bem inteligente e irônica a transformação de "eterno retorno" nietzchiano em repetição pirracenta, típica do Erê.

Por conta do retorno constante, há repetição de movimentos e falas, e o ator arrisca-s a irritar a platéia. E é, efetivamente, o que acaba por acontecer. Alguns espectadores saem durante o espetáculo. A maior parte aguarda até o final, por um encerramento que não acontece. É, como o texto se auto-intitula, o "espetáculo sem fim", em que o ator só sai do palco depois dos espectadores.

Está formada a concorrência entre platéia e ator, para ver quem abandona primeiro o teatro. Se de início a repetição de movimentos e falas pode atrair a atenção do público, com a impressão inicial de "já conheço", isso acaba por cansá-lo. O espectador começa a se sentir ludibriado.

É uma queda de braço para ver quem resiste mais à pirraça. De certa forma, é o ator que está expulsando a platéia, que, indefesa diante das inventividades do texto teatral, aguarda por alguma novidade, após tantas repetições, ainda que o ator indique que aquele é um espetáculo que não termina. E, como sempre, há aqueles espectadores persistentes - ou ingênuos-, que ficam até o cansaço. De certa forma, é como se o público restante fosse formado de expectadores insistentes de um filme. A película já chegou ao final, mas eles aguardam alguma cena extra após os créditos.

A repetição, no entanto, não é vazia. É como se fosse uma gravação, um velho vinil arranhado ou um Cd defeituoso. Um ato mecânico, quase de um robô, indicando que o homem pode estar se transformando em máquina, com a incorporação de tantos artefatos tecnológicos ao seu cotidiano. O texto une o momento da criação humana com o momento tecnológico atual e futuro, pela ótica do conhecimento científico e filosófico.

Erê traz críticas às inserções nem sempre bem-vindas de inovações tecnológicas ao corpo e à vida humana. Mudanças que acabam por restringir a liberdade. Um exemplo marcante é quando o ator interrompe a narrativa para simular o atendimento a uma chamada de celular. Fábio Vidal consegue transmitir bem ao público a irritação causada por uma situação daquele tipo.

Os aspectos relacionados ao momento político-cultural do Brasil poderiam ter sido enfocados com mais riqueza, já que era essa uma das propostas do Projeto Solos do Brasil. É que as repetições tomam tempo demais. O espetáculo também poderia conter mais elementos que explorassem o "personagem" Fábio Vidal enquanto pessoa, já que o ator/autor está presente no texto como ele mesmo. Poderia utilizar o bom trabalho corporal desenvolvido para o espetáculo com o fim de explorar mais a sensualidade, por exemplo. O personagem seria enriquecido.

Ao espectador resta o alerta de que as máquinas e o consumismo podem efetivamente condenar as pessoas à desumanização. Nesse intuito, o teatro tem papel fundamental. É uma arte não-reprodutível, diferente, por exemplo, do cinema. Uma arte disposta a provocar a reflexão e clamar pela liberdade humana. Nesse viés, ponto para a concepção e atuação de Fábio Vidal.

6.11.03

O meu trabalho de conclusão de curso é uma série de reportagens sobre o azeite-de-dendê e diversos aspectos relacionados ao produto. Os pratos, os apreciadores, os cozinheiros, os estudiosos. Aspectos históricos e atualidades.

O trabalho rendeu em torno de 50 laudas. Um pequeno livro. Para apresentá-lo, fiz um suplemento especial de jornal, uma espécie de caderno de Gastronomia. O resultado ficou interessante. Vamos ver como será a avaliação da banca.

2.11.03

Blogs



Retirado de um blog



"Pra mim, ler blogs é como descer para um porão cheio de prateleiras de livros bolorentos que você é obrigado a ficar folheando. Prosa ruim, incontáveis resmas de prosa ruim! Falta disciplina, a pessoa acha que qualquer coisa que passa pela sua cabeça é importante ou interessante para os outros. Dizem que o melhor de escrever um blog é que não precisa editá-lo -- que é liberdade de expressão sem o controle institucional. É, pode ser, mas escrever não é masturbação -- você tem que se auto-editar."



Camille Paglia

Comments

Camille Paglia é crítica literária respeitadíssima nos Estados Unidos - e em boa parte do mundo. Discípula de Harold Bloom, escreveu Personas Sexuais: arte e decadência, de Nefertite a Emily Dickinson e Vamps e vampiras. O primeiro é o resultado da sua tese de doutorado, em que avalia a criação artístico-literária desde a Antiguidade, sob o argumento que a homossexualidade está por trás de grande parte do instinto criativo da humanidade. Ah, sim, ela é lésbica.

O comentário de La Paglia sobre os blogs é muito pertinente. Principalmente para aqueles que não suportam ler intermediados pelo desconforto da tela do computador. Os blogs precisam de edição, com certeza. De outra forma correm o risco de se tornarem simples viagens em torno do umbigo, desinteressantes para os leitores. Mas a edição dá trabalho, nem todos estão dispostos a fazê-la. A criação artística precisa ser burilada.

A publicação gratuita na internet vem a dividir espaço com os antigos zines, impressos em mimeógrafos ou fotocopiados. Permite e incentiva a multiplicação da escrita e da leitura. Só por isso, os blogs já devem ser respeitados.

Há muita porcaria online, é preciso fuçar bastante para achar material bem feito. Os textos não podem ser longos, caso contrário correm o risco de cansar o leitor. De certa forma, isso impede aprofundamento nos assuntos, ainda que a possibilidade de arquivamento de textos seja praticamente infinita. Para quem está acostumado com livros impressos, como Camille Paglia, deve ser muito desconfortável deixar a poltrona e ter que se adaptar a ler na frente do computador.