29.7.05

Pecados em preto-e-branco

Sin City - Cidade do Pecado (Sin City, EUA, 2005) é a transposição direta dos quadrinhos do americano Frank Miller para o cinema. O filme não precisou nem de roteiro. O que se vê na tela é o que já estava pronto nas novelas policiais em quadrinhos. A direção é do mexicano Roberto Rodriguez, com co-direção de Miller e participação especial do cultuado Quentin Tarantino.

São três histórias que se entrecuzam, em uma cidade violenta e degradada, na qual mulheres sensuais convivem com assassinos e marginais. Os personagens principais são o lutador de rua Marv (Mickey Rourke), o detetive Dwight (Clive Owen) e o policial John Hartigan (Bruce Willis), este prestes a se aposentar. As imagens são em preto-e-branco com algumas pinceladas de cores. As filmagens foram feitas sobre um fundo verde e os cenários foram geradas em computador.

O resultado é um trabalho original e inovador. Há o culto à violência, mas que é suavizada pelas imagens gráficas - o sangue é branco - e pelos traços de ironia. Apesar da ação dos personagens, depois que a primeira história é encerrada, as seguintes vão se tornando repetitivas. O filme vale pelo caráter de novidade e pela beleza plástica.

28.7.05

Astral

A orgia das novas receitas teve o resultado previsto. Esperado e indesejado: aumento de peso. Voltei a inflar o que havia conseguido secar. Mas já estou em processo de boca fechada novamente.

Ando precisando dar mais atenção às minhas atividades não remuneradas. Preciso concentrar esforços para fazer algumas coisas que sempre postergo. Digitar textos manuscritos, retomar textos antigos, encadernar coisas publicadas, reunir as informações sobre a história da família. Não são compromissos que tenho com ninguém, só comigo mesmo. Acho que por conta disso, vou enrolando, enrolando, deixando para depois.

Costumo dividir o meu interesse por vários assuntos. Não consigo me concentrar em uma coisa só. Há tanta coisa legal para ver, para ler, para fazer. O resultado é que fico sem energia para me dedicar profundamente a um tema único, correndo o risco de fazer abordagens superficiais. Característica típica de Gêmeos, o signo da dualidade. Acho que o desafio é aceitar o fato numa boa e relaxar. Mercúrio, o planeta regente do signo, está em retrogradação por alguns dias, o que amplifica tudo. Fazer o quê?

25.7.05

Pé na cozinha

Rolou degustação dos pratos mexicanos no sábado, com direito a amigo secreto na turma. Comi horrores. Além dos pratos vistos antes, como burritos, nachos, tacos, molhos e arroz mexicano, o instrutor preparou quesadillas e flautitas. Estas últimas são deliciosas espécies de pastéis feitos com a tortilla de trigo enrolada sobre os recheios. Também rolou um badejo com molho de tequila que ficou fantástico.

O cozinheiro não conseguia disfarçar o orgulho e de vez em quando falava alguma coisa sobre seus trabalhos anteriores: “No camarote de Daniela Mercury, eu tinha que fazer flautitas em grande quantidade, então tinha que congelar de véspera para fritar na hora”. O restaurante no qual ele trabalhava é um dos que serve o bufê no camarote da cantora durante o Carnaval.

Detalhe saboroso: se eu tivesse ido a um restaurante provar todos aqueles pratos, teria gasto mais dinheiro do que gastei pagando pelo curso inteiro.

Com o tempo, fui conhecendo melhor as pessoas. Fiquei curioso em saber as ocupações dos participantes e fui perguntando. Havia cozinheiras que irão trabalhar em novo restaurante mexicano que irá inaugurar em Salvador, na Barra. Estudantes universitários de Administração e de Engenharia de Alimentos. Um rapaz que trabalha na área de informática. Um dos instrutores do Senac, que sempre passava pela sala, me disse que cursou Economia, mas abandonou pela metade. Ou seja, as pessoas que gostam de culinária têm as mais diferentes formações. E todas parecem adorar o seu “pé na cozinha”.

21.7.05

Tacos, nachos e burritos

Mais e mais pratos vão saindo da bancada. Todas as receitas que constam na apostila do curso de cozinha mexicana estão sendo preparadas. No final das tarefas há degustação dos pratos. Não há grandes quantidades, mas há o suficiente para que todos provem. Agora que já chegamos aos pratos principais, que incluem ingredientes como feijão, arroz, queijo, carne e frango, dá para pensar que as “provinhas” da comida são praticamente refeições.

Para começar, tem o feijão refrito. O feijão carioquinha é temperado, cozido, depois batido, com um toque de bacon refogado na cebola. O resultado é um caldo grosso e delicioso. É o prato do dia-a-dia do México.

O arroz mexicano, por sua vez, é temperado com bastante pimentão. Os burritos, que delícia, são as tortilhas de trigo enroladas em formato de panqueca. Levam vários recheios, a gosto do freguês: feijão refrito, frango desfiado, carne moída, queijo cheddar ralado. Mais os molhos à escolha: guacamole (feito de abacate), pico de gallo (tomate e cebola picados e temperados), salsa mexicana (tomate apimentado). Ainda tem os nachos, feitos de pedaços fritos de tortilhas de trigo, e os tacos, que são tortilhas de milho com recheios.

Uma das coisas que mais me deixava curioso e levemente angustiado ao encarar o cardápio mexicano era a variedade. Eu não sabia o que escolher porque não conhecia direito os pratos. Agora começo a conhecer.

18.7.05

Aula na cozinha

Disposto a conhecer mais de um assunto que costumo mais observar e consumir do que praticar a criação, decido me matricular em um curso de culinária. Mais precisamente sobre cozinha mexicana, que eu admiro, mas não conheço muito. O treinamento está ocorrendo no Sesc/Senac Pelourinho.

A sala de aula tem carteiras e cozinha experimental, dessas que a gente vê em programa de televisão, com bancada, armários, geladeira Bosch (daquelas grandes de aço escovado) e espelhos inclinados para facilitar a visualização. Tudo organizado, novinho, com ar-condicionado regulável. Bastante conforto. As receitas vêm em uma apostila com um breve histórico.

O professor é simplesmente o ex-chef de um famoso restaurante mexicano em Salvador. Ele agora executa as receitas do México em um restaurante em Costa do Sauípe.

No grupo de alunos tem desde cozinheira de família rica - cujo patrão é vidrado em pratos mexicanos - até alguns pós-adolescentes que parecem interessados nos altos salários dos restaurantes caros, ou mesmo no sucesso dos cozinheiros da televisão. Passando por gente que enfia a mão no tempero dos restaurantes da cidade.

O clima da aula é muito agradável. Alguns alunos se oferecem para ajudar no preparo e instrutores de outros cursos de culinária do Senac também participam. No final, vem uma das melhores partes: a degustação. Taí uma das coisas que eu gosto desse pessoal que trabalha com cozinha: quase todos são gentis e bem-humorados. Em pouco tempo está todo mundo na maior intimidade, batendo papo, fazendo piadinhas e trocando figurinhas sobre preparo de pratos. A comida tem esse efeito fantástico de aproximar as pessoas. Não é à toa que os diplomatas vivem de freqüentar e oferecer almoços e jantares.

Hoje, o primeiro dia, foram feitas quatro receitas, todos pratos apimentados. Duas entradas: banana frita com chili e cubos de manga também com chili, que é o tempero típico do México. É praticamente pimenta moída. Duas saladas deliciosas de folhas verdes, uma com frango e outra com camarão, acompanhadas de molhos elaborados. O camarão foi preparado na chapa com azeite de oliva e um tempero pronto chamado Lemon, de ervas secas com limão. Ficou uma coisa.

16.7.05

Inclusão pelo talento

Na quarta-feira à noite ocorreu a pré-estréia em Salvador do documentário A pessoa é para o que nasce, de Roberto Berliner, na Sala de Arte do Baiano. A boa divulgação, com direito a capa de segundo caderno, garantiu a lotação da casa.

As cegas-irmãs-cantoras-ex-mendigas-atrizes-estrelas Regina (Poroca), Maria (Maroca) e Conceição (Indaiá) Barbosa, de Campina Grande, Paraíba, estavam presentes, junto com o diretor, dando entrevistas para a TV. Lindas, pequeninas, com sandálias de couro protegendo os pés que mal alcançam o chão quando ficam sentadas. Elas são uma mistura de fragilidade, sensibilidade, força e grandeza.

Coquetel rolando, um povo diferente, que eu não conhecia. Vários convidados dos patrocinadores, atores e atrizes, gente de cinema e de publicidade. Bufê nordestino, como já está virando lugar-comum por aqui. Caldinho de aipim muito bom. Beijus torrados com manteiga e parmesão. Pequenas porções de carne-seca com purê de abóbora. Mini-bolinhos de estudante. Os convidados se acotovelavam, apertados com os manequins fixos e seus trajes criados por estilistas baianos para comemorar os cinco anos do circuito Sala de Arte.

O filme – Depois do coquetel, a sessão. O documentário com ares de narrativa romanceada é bem interessante. A direção conseguiu explorar o lado cômico das irmãs, deixando propositalmente a cargo do espectador a avaliação – sem esquecer um certo incômodo – da situação financeira das ceguinhas e do cuidado que a família dispensa a elas. Apesar de contar com a ajuda de alguns parentes, elas foram (e ainda são) responsáveis pelo sustento de grande parte dos familiares. Cantando, tocando e mendigando nas ruas.

O questionamento pela exploração da miséria alheia fica visível, mesmo que seja perceptível que elas também se utilizam do mesmo expediente, ao cobrar retorno financeiro da produção. Segundo o diretor, com um prêmio ganho foi comprada uma casa para elas, hoje habitada por familiares. Elas continuam morando de aluguel. Maroca, a irmã mais articulada e autora do título do filme, tem uma frase conclusiva: “Trabalha o feio para o bonito comer”.

O filme tem viés politicamente correto, instrutivo por mostrar características e modos de vida dos deficientes visuais. A música popular das cegas-cantoras foi transformada em CD, que terá 50% dos lucros retornados para elas. Uma parte dos lucros do filme será entregue a elas.

Depois da projeção, houve apresentação das estrelas acompanhadas de músicos de uma banda de forró-eletrônico-moderno. No dia da pré-estréia era aniversário de Poroca (Regina). A platéia cantou parabéns, com direito a flores e bolo, o que fez aumentar a carga emotiva do evento.

Para conhecer mais da história das ceguinhas, visite o site do filme.

14.7.05

Retorno turbinado

O fusca Herbie, que começou a carreira em Se Meu Fusca Falasse, lançado em 1968, volta às telas em Herbie - Meu Fusca Turbinado (Herbie: Fully Loaded, EUA, 2005), em produção dos estúdios Walt Disney e direção de Angela Robinson.

Maggie (Lindsay Lohan, de Garotas Malvadas) faz parte de uma família de pilotos de corridas, mas o pai superprotetor (Michael Keaton) não a deixa entrar em competições. Como presente de formatura na Universidade, ela escolhe o sensível e temperamental Herbie, que estava esquecido em um ferro-velho. Ela então o reforma para participar de uma corrida, para concorrer com o campeão Trip Murphy (Matt Dillon).

Direcionado ao público infanto-juvenil, o filme conquista também os
adultos pelo humor, pelas boas escolhas musicais, algumas antigas e
outras recentes, e pelo sabor ingênuo de aventura e romance. Boa
relembrança para aqueles que viram as primeiras aventuras do fusca
ainda crianças.

13.7.05

Morte no pagode

No final da década de oitenta, a axé music despontava em Salvador. Havia festas nos clubes, animadas pelas estrelas em ascensão. Chiclete com Banana, Asa de Águia, Banda Beijo (com Netinho) tocavam a noite inteira, fazendo a galera dançar até o sol revelar as feições cansadas dos festeiros.

Com o sucesso nacional ocorrido na década de noventa, os clubes ficaram pequenos. Grandes eventos passaram a ocorrer em espaços maiores, como o Parque de Exposições. Ou em locais menores, como o Rock in Rio Café, onde o público também é menor, mas as despesas de infra-estrutura dos shows ficam reduzidas, pois o palco já está montado.

No final de semana passado foi a vez da Birinight Fest, no Parque de Exposições. Vários grupos de pagode reunidos para fazer a quebradeira geral. Birinight é uma bebida do tipo “frizzy drink”, como se chama lá fora. Álcool gaseificado, adoçado e com sabores variados. Do tipo Smirnoff Ice, só que mais barato.

Na festa patrocinada pela bebida, até o horário da meia-noite uma garrafinha, que deve ter uns 400 ml, era vendida por um real! Para entrar na festa, a “casadinha”, para duas pessoas, custava 20 reais. Uma pechincha. Bastava somente economizar valor do ônibus para voltar para casa. Bem do jeito que o pessoal de Salvador gosta: gastar pouco e dançar a noite toda

O resultado é que os ingressos foram totalmente vendidos. Setenta mil pessoas no evento. Se Salvador tem 2,7 milhões de habitantes, isso significa a presença de 2,5% da população da cidade na festa. A cada duzentos moradores da cidade, cinco estiveram por lá. Olha que estamos em inverno chuvoso, não há tantos turistas quanto no verão.

O fato triste na história foi o assassinato de um rapaz durante o evento. Sabe-se que foi morto por alguém que estava armado no Parque de Exposições. Houve reclamações de que a organização da festa, pelo fato de haver vendido todos os ingressos antecipadamente, descuidou da segurança na detecção de metais e também da assistência médica.

Será que o descuido foi pelo fato de o evento ser destinado a um público de poder aquisitivo mais baixo? O incidente apareceu na mídia, mas a empresa organizadora do evento, ligada a uma família poderosa do Estado, não foi notificada. Fala-se por aí que até a queixa policial sumiu dos arquivos.

Depois ainda querem provar que não há violência no Carnaval e nas festas. Que a Bahia é só alegria. Só se vê na Bahia.

Que saudade das festas nos clubes.

11.7.05

Ratinho novo

Depois de passar alguns dias lutando com o ponteiro do mouse, que rodava pelo monitor feito dançarina de pagode em dia de quebradeira, consegui resolver o problema. O ponteiro estava tão impossível e mal-comportado que eu tive que desconectar o mouse.

Uns disseram que era o próprio mouse que estava com problema. Outros disseram que era vírus. Troquei o mouse, passei anti-vírus na máquina. Nada deu jeito. Até que um esperto conhecido me deu a dica. O problema está na porta serial, onde o mouse é conectado. Nesse clima maravilhoso de Salvador - em que a gente poeticamente quase consegue tocar a umidade e o salitre do ar – as partes do computador sofrem oxidação com facilidade.

E a dica foi adiante. Ele me sugeriu que comprasse outro mouse, só que para ser conectado na saída USB do computador. Eu nem sabia que ele podia ser conectado ali. Procurei a criatura roedora dos meus músculos digitais e braçais e achei bem baratinho, lá no centro, perto de onde trabalho. Resultado: o ponteiro está ótimo. Calmo, controlado, comportado. Um gentleman. Está mais para valsa do que para axé.

Por falar em mouse, lembrei que o meu falecido e querido pai, em seus parcos conhecimentos de informática, falou uma vez no “ratinho”. Ele pensou que o nome mouse era utilizado simplesmente porque eu e minha irmã nos recusávamos a falar o nome da peça em bom português. No Brasil de imitações globalizadas, a informática vem transformando termos ingleses em palavras correntes na língua nacional.

Por enquanto, Lupicínio, meu velho computador e brother AMD K6, vai continuar cantando. Pelo menos até aparecer alguma grana extra no horizonte. Ele merece ter a aposentadoria adiada. Muito mérito para quem conseguiu certeiramente socar Roberto Jefferson no olho.

10.7.05

A melhor carne do bairro

Conheci um restaurante excepcional na categoria que mais me agrada: bom e barato. Melhor ainda: aqui mesmo no Rio Vermelho, pertinho de onde moro. É bem simples, praticamente um botequim. Nos dias de sol, as mesas são colocadas debaixo das árvores que ficam na calçada em frente. No dia em que fui, o vento só permitiu a permanência na parte interna.

O restaurante Mercosul (não haveria um nome mais inspirado?) fica na rua Archibaldo Baleeiro, aquela em forma de U, em frente ao Shopping Iemanjá. É daqueles restaurantes de bairro, sem propaganda, cujos principais freqüentadores são os moradores das vizinhanças. Na placa, a dica não é modesta: “O melhor churrasco do Rio Vermelho”. Pede-se o espeto de picanha acompanhado de aipim cozinho, farofa de feijão fradinho, salada de tomate picado, arroz e o que mais for desejado. Há frango, bode e outras opções.

A carne é simplesmente a melhor picanha que já comi até hoje. Macia, suculenta, deliciosa, quase derrete na boca. Bem melhor do que aquelas servidas na chapa, em outros restaurantes. O aipim era uma coisa de louco, bem molinho, coberto de manteiga derretida, em uma tigela enorme. Vinte reais para duas pessoas, por seiscentos gramas de carne.

Depois de experimentar, estou repassando aos leitores a dica que a minha amiga V. me deu. Ela não mora aqui no bairro, mas sabe tuuido quando a questão é onde comer bem. Às vezes as melhores coisas estão debaixo do nosso nariz a gente não percebe ou não tem a informação.

8.7.05

Mistério

Eu só queria saber quais os Reai$$ motivos que levaram a secretária do publicitário Marcos Valério a tirar cópias da agenda do chefe, desde o ano passado, para apresentar em uma comissão de inquérito meses depois. Quem está por trás das denúncias da secretária?

A ex-funcionária insatisfeita preferiu denunciar o patrão ao Congresso do que entrar na Justiça do Trabalho para receber os salários atrasados? Uma paixão mal resolvida pelo careca? Será que ela ficou revoltada porque Valério não aceitou a sugestão dela para que ele fizesse um implante capilar?

CPMI badalada

Danuza Leão conseguiu transformar a cobertura da CPI em um evento fashion. Com o título "Cenário lindo é palco de espetáculo deprimente", ela fez uma crônica interessante e quase engraçada para a Folha de São Paulo. Para quem tem acesso, clique aqui.

Ela conta que ACM Neto, sempre babado pelo avô, masca chicletes o tempo todo. E ela se pergunta onde será que ele o coloca quando vai falar. Debaixo do tampo da mesa, como os colegiais?

A jornalista conta que "a paquera rolou solta" no restaurante do prédio, entre assessores, jornalistas, lobistas e deputados (de ambos os sexos). Dá para crer ou a colunista parece ter tido um certo deslumbramento com o poder?

Só faltou o espumante.

6.7.05

Os picaretas

O mar de lama da política brasileira está com ondas cada vez mais altas. Dá até medo ligar a TV. A cada dia aparecem novas revelações bombásticas.

A impressão é que todas as atividades ilícitas delatadas sempre ocorreram na história da Câmara e ocorriam com frequência desde antes do governo Lula, com alguns dos mesmos personagens no estrelato. O tal do Marcos Valério já operava desde 1999.

Uma hora em que as investigações vão ter que parar, porque as maracutaias correm o risco de atingir os governos anteriores - e até, quem sabe, os deputados que estão fazendo as investigações, por meio da CPI. O saldo é que não restaria ninguém no Congresso.

O presidente Lula parece ter razão quando fala que antes essas coisas não apareciam porque a sujeira ficava escondida. Já que é assim, melhor que sejam feitas as mudanças necessárias e urgentes, que incluem a questão da revisão de financiamentos das campanhas políticas, por exemplo. Ora, o deputado gasta uma fortuna para se eleger. Claro que vai querer cobrar a conta fazendo trezentas artimanhas.

O PSDB não vai botar lenha na fogueira. Se há alguma perspectiva de eleger o mineiro Aécio Neves no próximo ano, os tucanos preferem ficar quietos. Onde é a base de ações do dito publicitário e lobista Marcos Valério? Em Minas Gerais.

O mais irônico de tudo é que o cara-de-pau do Roberto Jefferson se transformou no justiceiro-mor da política brasileira. Que brincadeira...

5.7.05

Nascimento do morcego

Batman Begins (EUA, 2005), em cartaz há algumas semanas, conta o início da saga do herói dos quadrinhos e do cinema. Marcado pelo assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) viaja pelo mundo e depois retorna a Gotham City, sua cidade-natal, para lutar contra as injustiças. Para conseguir os seus objetivos, ele idealiza o modo de ação: construir o super-herói Batman, o justiceiro mascarado que usa força, inteligência e arsenal tecnológico para combater o crime.

A direção de Christopher Nolan, de Amnésia, configura ao filme ambiente sombrio, em atmosfera inspirada nos quadrinhos originais, e traz a imagem humanizada do super-herói. A atuação de Christian Bale é inspirada e tem sido bastante elogiada pela crítica especializada. O elenco de primeira linha traz Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman e Rutger Hauer. O resultado é uma das melhores versões de Batman para o cinema.

4.7.05

Finde

É sempre assim. Os convites chegam todos de uma vez só. Às vezes não aparece nada. Quando aparecem, a gente tem que se virar para atender aos chamados. E desistir de algumas coisas, por consequência.

No sábado, depois de recusar o convite da tarde, por absoluta falta tempo e energia, fui a jantar em família, regado a espumante nacional e vinhos portugueses, escolhidos por gente que conhece e cultiva o assunto. Foi um tal de ficar experimentando e cheirando. "Hummm, maçãs! Não. Frutas vermelhas. Não. Madeira. Não. Lima." Até descobrir, fica-se bêbado e não se chega a consenso. E a delícia reside nessa brincadeira. Além de apreciar os perfumes e sabores, é claro.

No jantar tinha uma massa do tipo farfalle (gravatinha) com salmão, creme, pimenta-rosa e alho poró que estava excepcional. Não conhecia o prato, gostei muito do sabor. Também havia salada de arroz selvagem com camarões, batatas gratinadas e um filé com uma cara ótima que não tive tempo nem de chegar perto.

Saí de fininho e fui para a festa do meu amigo MS, que transformou o restaurante desativado do Bahiano de Tênis em um disco club dos anos oitenta, com DJ profissional. Decoração mais que caprichada, com sofás, objetos, luminárias, pista de dança com globo. Mesa de frios, bebidas à vontade. Lá pela madruga, o jantar foi servido: frango com açafrão e alcaparras. Reencontrei gente que não via desde o tempo de colégio. Foi muito legal.

No domingo no Shopping Barra ver Guerra dos Mundos, de Spielberg, com Tom Cruise. O filme é adrenalina todo o tempo. Quase não dá tempo de fazer avaliações. Boa diversão. Depois, almoço no Camarão e Cia, onde há um camarão decente a preço camarada. O resto do dia foi uma mistura de preguiça e inércia que não permitiu nenhuma atividade mais ágil do que ler toda a cobertura da Veja sobre a crise política do país. Que anda cada hora mais lamacenta.

2.7.05

"Malandro? Malandro é pato, que nasce com dedo colado para não usar aliança", Marinete, em A Diarista.
Lupicínio, meu computador, está alucinado. Saiu da sua tranquilidade habitual e parece ter tomado algum aditivo químico turbinado. A ponteira do mouse fica passeando por toda a tela, sem que eu consiga fazê-la parar onde quero clicar. Achei que era o mouse, que estava antigo e meio baleado. Não teve resultado, o problema continua. Segundo soube, pode ser vírus ou a placa na qual o mouse fica conectado.

Atualizei o AVG, fiz o scan pelos arquivos, mas nada foi detectado pelo programa. Estou blogando sem mouse, o que é quase uma atividade para loucos. Acho que o jeito vai ser mandar Lupicínio cantar em outras paradas.