6.12.03

O Mercado Cultural e a dança

Os espetáculos de dança sempre trazem energia, alegria, vitalidade, juventude, força. Uma energia que transcende os corpos de dançarinos e dançarinas e atinge a platéia. Os corpos da dança contemporânea em geral são masculinizados. Os dos homens são exaltados. Os das mulheres perdem um pouco da sua feminilidade em troca de força e flexibilidade.

O V Mercado Cultural apresentou na última sexta, dia 05, no Espaço Xisto Bahia (antigo Espaço Xis), dois espetáculos. O primeiro foi Soco no Vento ou Sugestão da Última Palavra, coreografia de João Perene. "Enfatiza os limites do corpo, que são estendidos ao extremo para provocar o ímpeto emocional", segundo o release. Tema urbano, música de base eletrônica.

Duas mulheres e três homens no palco. Em alguns movimentos, feitos em grupo, faltou coordenação. Destaque para as duas dançarinas, que estiveram bem soltas, quase agressivas, enquanto os homens estavam meio que tolhidos. Eles estiveram um tanto quanto presos em seus movimentos, talvez limitados por calças e camisas. É como estivessem limitados às normas vigentes dos costumes sociais da nossa época, que acabam por regular as leis da masculinidade.

O segundo espetáculo foi "Painel Coreográfico", da Gicá Companhia Jovem de Dança, proveniente do Projeto Axé. "Um repertório em que a movimentação afro contemporânea é agregada a elementos da dança moderna e dança folclórica". Destaque para os músicos presentes, que imprimam a energia dos tambores ao espetáculo.

Enquanto trabalho de desenvolvimento de jovens, tem o mérito de revelar talentos promissores. No primeiro movimento, o "Painel" traz movimentos de ginástica. No segundo, retrata um hospital. Há bons momentos, mas muita coisa poderia ser descartada, principalmente na segunda parte. O paciente é o destaque entre os dançarinos.

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