Boca Livre (ou Boca de Ouro no Curso Livre)
O XX Curso Livre de Teatro da Ufba encena Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, no Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro. Sete atrizes e seis atores revezam-se nos papéis. Há participação especial do ator Sérgio Almeida.
Boca de Ouro é um bicheiro de subúrbio carioca que tem vergonha da sua origem humilde. Enriquecido pela atividade ilícita, sonha em construir um caixão de ouro maciço para ser enterrado.
O diretor e professor Paulo Cunha tem bastante experiência em encenar textos de Nelson Rodrigues, com vários atores entrando na pele de um mesmo personagem. Estratégia utilizada quando se trabalha com um grupo grande. É interessante para quem assiste, pois as variações de interpretação ficam claras - para perceber o melhor ou o pior delas. Por outro lado, há a exigência de atenção para perceber a troca dos papéis. Mas sempre há alguma pista, a exemplo das variações em torno dos figurinos.
Entre os novatos, destaque para Rogério Guimarães, no papel de Leleco - é o único ator que faz o personagem. Ainda que o físico atarracado parece deixá-lo um tanto travado nos movimentos. Também se destaca Norma Santana, no papel de Guigui. Ela tem um brilho especial no olhar. E se sai bem nas cenas de discussão com o marido Agenor (o ator Sérgio Almeida). No cômputo geral, em Boca de Ouro, as atrizes parecem estar melhores que os atores.
Na encenação foram montadas arquibancadas em forma circular, como se fosse um pequeno teatro de arena. O público fica bem próximo dos atores. Ontem, sexta-feira, todos os assentos estavam ocupados. O desconforto é sempre o mesmo: quase duas horas sem ar-condicionado, sem estofamento e encosto. A compensação é o sempre instigante texto de Nelson Rodrigues. Todos torcem para que as verbas de conclusão do Martim Gonçalves comecem logo a fazer efeito.
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