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O filme escapa ileso da comédia, da violência, da vida promíscua e das doenças que caracterizam os enredos de cinema que abordam os temas gays. Está situado no melodrama fundamentado nos conflitos de identidade, intensificados por traumas, como é sugerido. Pequenos dramas que se transformam em grandes dificuldades para a paz, o amor e a felicidade. Assim como na vida média, algo próximo da realidade.
Os caubóis se conhecem em 1963, durante o trabalho temporário de pastores de ovelhas em Brokeback Mountain, no Estado de Wyoming. Vivem um romance intenso, que se prolonga durante as próximas visitas à região, em pequenos intervalos dos casamentos heterossexuais vividos pelos dois.
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O personagem Ennis Del Mar revela o sofrimento de uma pessoa inflexível e de sentimentos travados. A carapaça criada por traumas, em vez de proteger, dificulta a resolução de conflitos internos. Indivíduos como esse são talvez os que mais amem e mais se apeguem.
O cineasta Ang Lee (de Banquete de Casamento, O Tigre e o Dragão) não aprofunda o tom psicológico, perdendo em conteúdo. Ganha na estética e no ritmo, que vai agradar ao grande público.
Brokeback já é um marco, um clássico, mas se ganhar um Oscar será um divisor de águas na filmografia mundial. O grande público hollywoodiano, do mais liberal ao mais conservador, terá que deparar com o romance intenso de dois caubóis, com direito a beijos e cenas quentes. Algo que havia começado em Alexandre, de Oliver Stone.
A sociedade realmente está mudando.
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