11.2.06

Viajando

Eu estou em Morro e o Morro está em mim. Novamente. Desta vez viajei de carro até Valença e de lá peguei lancha rápida até a ilha. Preferi assim, pois vou para Ilhéus, visitar a família, depois daqui.

Em dois anos, percebo que algumas coisas mudaram. Outras continuam no mesmo estágio. Novas pousadas, novos empreendimentos comerciais, o Morro de São Paulo vai ganhando uma cara de mais conforto - com o inconveniente da inserção do progresso. Por enquanto, as feições estão mais ou menos mantidas. As praias continuam belas e convidativas. As águas quentes são um presente para os sentidos.

O que não muda é a presença maciça de estrangeiros. Ouve-se todo tipo de língua, com destaque para o espanhol dos argentinos e o hebraico dos jovens israelenses que viajam pelo mundo depois de concluir o serviço militar. Adicione-se italiano e alemão. Não muda também o trabalho da rapaziada, mulheres e homens, que vêm da região para fazer a linha nativa-étnica e conseguir algum trocado pelos serviços prestados noite adentro. E ainda se divertir ao som de techno e axé. E, talvez, em um lance de sorte, quem sabe, conseguir algum coração que fale outra língua, que os levem para outras paragens.

Os europeus gostam muito de ler na praia. Para não ficar fora do clima, levei Pequenos Pássaros - Histórias Eróticas, contos da francesa Anais Nin, para ler. A edição de bolso facilitava o manuseio. Tenho certeza que foi uma coisa muito edificante ficar lendo este tipo de assunto diante de tantas beldades passeando à frente. Um parágrafo, uma olhadinha. Outro parágrafo, mais uma olhada. A leitura foi leeenta... Mas prazerosa, para ficar no clima dos textos. Nunca havia levado um livro para a praia, no máximo jornais e revistas. A leitura para mim é um ato solitário, de introspecção, concentração e entrega, quase de fragilidade. Ler na praia foi muito legal.

Conheci uma nova casa noturna, Pulsar, que não existia na última vez em que estive aqui, há uns dois anos. Fica em uma encosta, próxima do Forte. A construção preservou as árvores e tem linhas curvas. O resultado é interessante. Para chegar até os bares e a pista de dança, onde também acontecem shows, é necessário subir vários degraus. Soube que o local pertence a um alemão.

As festas acontecem no Morro quase que diariamente, na Pulsar e nas barracas de praia. As que acontecem na Funny, antiga Caitá, tem concorrência do som gratuito das barracas vizinhas. Em uma delas, a Coco Verde, um DJ alemão colocava um som techno contagiante. Só não sei como o povo aguenta ficar dançando e pulando na areia fofa. Deve ser o E.

Do lado de fora das festas são armadas várias barracas de venda de caipiroscas. Chama atenção a bela arrumação das frutas, tropicais ou não, que formam painéis coloridos. Experimentei jambo branco, que nem sabia que existia e é típico da região.

Os preços são altos, principalmente das bebidas. Uma cerveja em lata chega fácil aos 4 reais. O acesso à internet também é caro, custa R$0,10 o minuto, o que faz uma hora custar 6 reais. Este texto eu digitei off-line em um notebook emprestado. Levei em disquete e só fiz publicar.

Aqui há um clichê que diz que as coisas são caras porque são transportadas via barco. Ironizando, ouvi alguém falar que a internet deve ser cara porque as ondas também devem vir de barco até o Morro.

Comida há de todo preço. Para prestigiar a cozinha local, tenho preferido peixes e mariscos, o que não é nenhum sacrifício.

Estou aguardando a rave que vai acontecer na lua cheia da próxima semana, na Praia do Macaco, na Gamboa.

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