28.11.04

Carne de fumeiro

O restaurante Caminho de Casa, no Itaigara, serve comida sertaneja de qualidade. Há um tempo, uma das receitas do local foi publicada na revista Cláudia Cozinha, com direito a perfil da proprietária e cozinheira. Foi o "Jacaré Penedense", que na verdade é peito de frango desfiado, com azeite-de-dendê e leite de coco. Uma delícia que experimentei da primeira vez em que estive no restaurante.

Depois que ouvi falar de um lauto sarapatel que ocorreu entre pessoas conhecidas, mas não muito próximas - não fui convidado, portanto -, fiquei saudoso do prato e fui experimentar o do Caminho de Casa. O serviço não decepcionou. Estava uma delícia. Além da boa cozinha, o restaurante é um local muito agradável, com paredes decoradas em estilo sertanejo-moderno-arrojado (o que é isso?!) e mesas ao ar livre.

Legal também é que os pratos estão disponíveis em porções diferenciadas. Meia e inteira, com especificação do peso (350 g de carne, por exemplo). Nunca vi tamanha precisão, é impossível que os pratos obedeçam exatamente à estimativa. Mas é algo excelente, pois diminui a responsabilidade do garçom em estimar a quantidade de pratos de acordo com o número de pessoas.

Com a ½ porção de sarapatel, pedimos, eu e mais dois amigos, carne de porco defumada na chapa, com cebolas. Também conhecida como carne de fumeiro, estava uma delícia, macia e com pouca gordura. Fumeiro, para quem desconhece, é o lugar onde são colocadas as carnes para defumar. Além da farofa e do vinagrete, pedimos pirão de aipim. O lombinho veio fervilhando na chapa sobre a chama do fogareiro.

Ah, eu voltei no tempo. Lembrei do meu pai, que costumava encomendar carne de fumeiro proveniente de Valença, no Baixo Sul do Estado. Nos últimos tempos, com o advento (humpf!) do colesterol, era algo que havia sumido da mesa da minha família. Foi ótimo reviver o prato, feito de modo tão saboroso. Mas a preocupação com o colesterol falou alto. Fui para casa, descansei um pouco e toca a caminhar pela orla de Amaralina para queimar as calorias.

A minha amiga E. (ela não vai gostar de ler isso...) comeu sofregamente. Antes de irmos à comida sertaneja, sugeri algum restaurante de pratos leves, como o Manjericão, no Rio Vermelho, próximo de casa. "Ah, eu fiz regime a semana toda, hoje eu quero é me esbaldar", ela disse. No dia-a-dia, ela almoça pouco e leve, em restaurantes vegetarianos. No sábado, procurando companheiro para o crime, ela me ligou. Para cair matando e se esbaldar nas carnes. E ainda pediu sobremesa. Um cheese cake congelado, que foi o único senão do almoço.

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