Entre a praia e a avenida
Uma grande cidade litorânea é um local de contrastes. Salvador, nem se fala. É uma terra incomum. Ao lado de engarrafamentos e de carros fechados em seus ares condicionados, na praia ao lado, a menos de 50 metros, pescadores, mergulhadores, bebedores, banhistas e jogadores de futebol passam o dia como se nada ocorresse no mundo vizinho.
A praia de Amaralina é um bom exemplo. Caminhar na beira da praia é passear no limite entre dois universos. Ônibus e carros passam atentos ao radar de velocidade. Na beira do mar, pescadores vêm puxando uma grande rede. Procurando os peixes e atraindo os olhares dos passantes, repetindo uma atividade que vem da Antiguidade, mas que não perde a beleza e a poesia, já cantada por mentes privilegiadas.
Na rua tranquila, garotos inventam um novo esporte. No país que não pára de gerar pés de talento, aparece o futevôlei sem a rede. Basta marcar o quadro no chão, times a postos, chutes e cabeceios de cá para lá, diversão garantida. Está criado o próximo esporte olímpico. Invenção genuína brasileira.
A maré está baixa, a areia é extensa. Forma-se uma pequena ilha cercada pelos recifes de coral. É espaço suficiente para atrair uma pessoa tocando atabaque e outros dançando ao redor. Ritmo religioso? Diversão? Em uma terra musical como Salvador, podem ser novos talentos - ou simplesmente gente que sabe apreciar as coisas simples da vida.
O sol vai sumindo, chamando para o conforto de casa. O prédio estabelecido ao longe, emoldurado pelas luzes do fim de tarde, sobre a grande pedra e olhando para o mar, é o exemplo mais puro dos contrastes da vida urbana. A caminhada vai terminando. O ritmo das pernas parecer ajudar a arrumar as idéias e a queimar as calorias extras das festanças de fim de ano.
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