10.10.04

Que vem do mar
Quando o Mercado Municipal de Frutos do Mar, em Salvador, foi inaugurado, houve muita polêmica. Os tradicionais vendedores de peixes e mariscos na Feira de São Joaquim protestaram, e com vontade. Afinal, teriam que pagar altas taxas à Prefeitura para alugar e utilizar os boxes no novo local.

Difícil para os comerciantes, bom para os consumidores. Estacionamento fácil, preços em conta e boa oferta de produtos. Conforto na compra. O ambiente é limpo, com azulejos brancos e azuis. Cada box possui pia.

Outro dia, fiz a festa do mar: badejo, atum, cavala, camarão e polvo. Encontra-se tudo e mais um pouco por lá, a preços bem melhores que nos supermercados.

Alguns boxes estão vazios. É preciso ter volume de vendas para garantir os lucros dos comerciantes. Com o perdão do trocadilho, não é para peixe pequeno.

Sem trocadilho, tinha cada peixão... Tinha atum enorme, gigantesco, com cara de quem veio do alto mar, de lugares distantes, contando histórias de outros mundos. Parecia peixe-espada de filme. Tinha camarão-pistola do tamanho de um palmo. Tinha aratu, siri-mole e lula. Tinha chumbinho e sururu. Tinha cheiro de peixe e tinha maresia que trazia lembrança da praia. As batidas de martelos ecoavam por todos os lados: eram as postas pulando para as mãos dos moquequeiros de plantão.

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